No entanto, atualmente o clube-empresa ainda está na fase de captação de recursos, etapa que é considerada a mais complicada: "Ainda tem chão pela frente"
"A expectativa é que a S/A saia ainda no segundo semestre de 2020". A frase compartilhada por alguns dirigentes do Botafogo nos últimos meses aumentou a ansiedade dos alvinegros pelo clube-empresa. Mas e aí, o projeto será concretizado quando? O ge foi atrás dessa resposta com pessoas envolvidas no processo de implementação e transição para o novo modelo.
Ainda não há uma data definida para que a S/A comece na prática. Os profissionais dedicados ao projeto se reúnem todas as semanas para traçar os próximos passos. Atualmente, o clube-empresa ainda está na fase de captação de recursos, etapa que é considerada a mais complicada.
Entende-se que a pandemia do novo coronavírus atrasou o processo de apresentação do projeto aos investidores. Alguns interessados ainda conversam com o clube, que precisou redefinir o plano de negócios e estipular um novo "valor mínimo" de aporte financeiro para o pontapé inicial na S/A.
"Ainda tem chão pela frente".
Esse é o sentimento compartilhado nos bastidores. Acredita-se que a ansiedade pode prejudicar o andamento do projeto nesse momento, por isso aqueles que se dedicam exclusivamente à S/A preferem o silêncio, até para "não criarem uma expectativa que está longe da realidade", como revelou uma fonte.
Os próximos passos? Tudo depende dos investidores. Com o capital mínimo garantido, o clube-empresa passará por outros processos, como aprovações em conselhos e assembleias e satisfação aos credores. O avanço até a realidade do projeto só deve acontecer de fato durante a próxima gestão do Botafogo. O novo presidente será escolhido em novembro.
S/A ainda está na fase de captação de recursos — Foto: Fred Gomes/ge
Gestão da S/A
Conforme a reportagem apurou, nem mesmo os nomes que vão compor a administração da S/A estão definidos. Há uma ideia dos profissionais que vão tocar o clube-empresa, mas nenhum martelo foi batido.
Um nome conhecido pelo menos deverá figurar na gestão da S/A: Paulo Autuori será convidado para assumir a função de diretor técnico e, caso aceite, continuará no futebol do Botafogo.
Em entrevista ao podcast ge Botafogo, o treinador disse que poderá exercer outra função no clube após a transição para a S/A, mas que ainda não houve um convite oficial.
- Isso vai depender dos investidores. Não vou mais assumir nenhuma equipe no Brasil como treinador. Com a realidade financeira do Botafogo, que precisava de alguém com estofo, eu me predispus a correr esse risco. Eu devo a esse clube, vou correr esse risco em vez de queimarem um profissional novo que a gente precisa no futebol brasileiro. A partir do momento que a S/A entrar, eu estarei liberto disso. Se eles acharem que eu possa exercer outra função, vamos conversar - disse Autuori ao ge.
Botafogo S/A: Paulo Autuori será convidado para assumir a função de diretor técnico — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Perfis dos investidores
Com cerca de 70% do montante inicial já adquirido, o Botafogo tem uma certa linha no perfil dos investidores. A maioria deles é de brasileiros e pessoa física. Pelo sigilo - seja por contrato ou para evitar vazamentos - quem trata diariamente da S/A prefere evitar tocar neste assunto. Porém, informalmente é possível tentar traçar quem são essas pessoas.
Historicamente, o investimento em um clube de futebol não está diretamente ligado ao fato de ter um retorno financeiro. Um exemplo claro disso é o russo Roman Abramovich. Dono do Chelsea, ele comprou o clube em 2003 e o tornou a potência que conhecemos hoje. Porém, o próprio já disse em entrevistas que não investia no clube para ter dinheiro. Para isso, tinha as outras empresas.
Portanto, quem aceita colocar dinheiro em um clube de futebol raramente busca essa quantia de volta. Na visão de quem elaborou o projeto, o investidor que topar a empreitada assumiria um papel de vanguarda na reestruturação do futebol brasileiro, dado que o Botafogo é o primeiro clube grande a aprovar a inovação, além do fato de o Brasil não ter esse tipo de clube-empresa.
Os desafios ainda são muitos. As dívidas sufocam os dirigentes - já são quase quatro meses de salários atrasados a funcionários e dois meses a jogadores - e o comitê segue com dois desafios principais: equacionar os efeitos da pandemia no passivo do clube e alinhar o modelo de negócios aos interesses e necessidades dos investidores.
Fonte: GE/Por Davi Barros, Emanuelle Ribeiro e Thayuan Leiras — Rio de Janeiro
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