Com contrato até o fim do ano, goleiro garante que fica para a Série B. Paraguaio reclama de antigos integrantes do DM, mas documento enviado à seleção paraguaia rebate
Gatito Fernández quer jogar a Série B no Botafogo
Depois de notícias, especulações e até bate-boca público, Gatito garantiu: quer ficar no Botafogo para a Série B. Em recuperação de lesão, o goleiro afastou rumores sobre saída e afirmou que trabalha para voltar a campo pelo clube alvinegro na temporada de 2021.
- Sim, eu fico, fico no Botafogo. Meu contrato é até o fim desse ano. Falaram tantas coisas nesse momento, que se o Botafogo caísse eu iria sair do clube, coisa que nunca falei, não existe no meu contrato. As pessoas dentro do clube sabem que eu vou ficar, porque meu pensamento está no clube. Meu comprometimento com o clube é o mesmo que eu tenho desde que cheguei em 2017 - disse ao ge e à TV Globo.
- Eu quero fazer parte dessa reconstrução - completou o goleiro.
Gatito quer ficar na Série B — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Recuperação problemática
Para ajudar a reerguer o Botafogo, Gatito precisa, primeiro, ter condições de voltar a jogar. O jogador se recupera de um edema ósseo no joelho direito desde o fim de setembro. A recuperação mais longa do que o esperado teve idas e vindas e chegou a render acusações do ex-presidente Carlos Augusto Montenegro. O paraguaio deu a própria versão do ocorrido.
- Não sabia da gravidade da minha lesão, nunca explicaram para mim que a lesão era de muito cuidado. Não grave, mas de cuidado. Tanto que fui para a seleção e já me sentia bem. Me falaram no clube que tinha que ficar parado de 12 a 15 dias, o que eu já tinha feito. Fui para a seleção e, no aquecimento, voltei a sentir as dores que eu tinha. No intervalo, tomei injeção, porque no primeiro tempo a dor foi grande, como já tinha feito no Botafogo quando machuquei o punho em 2018 - explicou.
- Pode ter sido erro meu ter ido para a seleção, mas não sou médico, não sabia da gravidade da lesão. Jogador sempre quer jogar. Assim como já joguei várias vezes em vários clubes onde passei machucado, inclusive no Botafogo. Se eu soubesse da minha lesão, que poderia prejudicar a minha carreira, eu não me arriscaria a jogar um ou dois jogos pela seleção, sendo que perderia muito mais - continuou.
Atuação contra o Peru complicou recuperação — Foto: Norberto DUARTE / AFP
Gatito revelou ainda que já havia tomado injeção para suportar a dor no jogo em que saiu lesionado, em 23 de setembro, contra o Vasco, pela Copa do Brasil. Desde então, o jogador não entrou mais em campo pelo Bota, mas jogou pelo Paraguai em 8 de outubro.
A versão do atleta vai de encontro à comunicação entre o clube, a federação paraguaia e a Conmebol. No dia 25 de setembro, o goleiro realizou exames e ficou sete dias em repouso e com restrição de carga de treinamentos. Depois, foi orientado a ficar mais 14 dias em observação para fazer outro exame no dia 16 de outubro, como mostra a carta enviada pelo Bota à qual o ge teve acesso.
Comunicação do Botafogo com a federação paraguaia — Foto: Reprodução
Ao invés de aguardar até o dia 16, Gatito treinou normalmente com a seleção e entrou em campo contra o Peru no dia 8. Com dores, levou infiltração para suportar todo o jogo e voltou ao Brasil com a lesão agravada. Na época, o departamento médico era conduzido pela equipe de Christiano Cinelli, que deixou General Severiano na última semana. Agora, a área de saúde é de responsabilidade do coordenador científico Altamiro Bottino, e a diretoria busca reposições.
Com a situação confusa aliada às acusações de alguém que comandou o Botafogo na temporada de 2020, Montenegro, o ge questionou o Bota sobre a condição de momento do jogador e os detalhes da recuperação. Gatito poderia ter jogado mesmo no sacrifício? As injeções prejudicaram a recuperação? E a seleção paraguaia? Quais são os próximos passos? O clube não respondeu até a publicação.
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Planos para o futuro
Do boletim médico para os bastidores: a situação contratual de Gatito ainda é discutida internamente. No planejamento para a próxima temporada, a diretoria calcula gastos e estuda individualmente a situação dos jogadores mais caros do elenco, e o goleiro está entre eles.
Diferentemente de nomes como Cícero, Kalou e Pedro Raul, o Bota quer continuar com o paraguaio, visto como ídolo do clube. A ideia é manter a folha salarial em cerca de R$ 2,5 milhões mensais com o futebol, o que, para os dirigentes, permite alguns poucos atletas mais valorizados, e o camisa 1 é prioridade.
Outras situações podem influenciar, como as conversas com Kalou e propostas que podem livrar o clube da dívida de quase R$ 10 milhões com Pedro Raul. Os alvinegros também esperam boas ofertas por Matheus Babi, Kanu e Marcelo Benevenuto, o que ainda não aconteceu.
Mais da entrevista com Gatito
Negociou para sair?
Meus representantes entraram em contato com Montenegro e a comissão que estava levando o Botafogo no ano passado. Eles conversaram com eles para saber o que estava acontecendo com a minha situação no clube, porque eu tinha quase 10 meses de salário atrasado (nove meses de imagem e quatro meses de CLT). Então, eles falaram que, no caso de não conseguir ficar em dia comigo, que se chegasse futura proposta me deixassem sair, óbvio. Desde que seja bom para o clube também.
Declarações de Montenegro
Me surpreendeu pela gravidade da palavra que ele usou, a palavra covarde. Porque não é a primeira vez que ele me ataca. Vou fazer cinco anos de clube e é a terceira vez que ele me ataca. Nunca quis responder, não sou de criar polêmica. Mas acho que passou do limite com relação a minha pessoa.
Recuperação
Hoje em dia eu estou usando muletas, evitando ter carga no joelho, só fazendo fisioterapia. Dentro de algumas semanas, vou fazer exame para saber quanto já melhorou do edema.
Fonte: Por Davi Barros, Emanuelle Ribeiro, Rodrigo Cerqueira e Thayuan Leiras — Rio de Janeiro
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