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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Análise profunda de possíveis reforços e da estrutura do futebol: Textor define próximos passos no Botafogo


Com primeiro aporte previsto para entrar na conta alvinegra na próxima semana, investidor diz: "Estou aqui para criar uma organização bem estruturada, não só para ganhar o próximo jogo"



Em seu escritório com vista para o mar em Palm Beach, no estado americano da Flórida, John Textor analisa números levantados pelo estafe do Crystal Palace - clube inglês do qual o americano tem aproximadamente 40% de participação - sobre o Botafogo. Em uma "longa e profunda conversa", como definiu o investidor, Textor contou à reportagem do ge o que espera dos próximos passos do clube após ter assinado o contrato de mútuo na quarta-feira.


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À frente de uma parede cheia de pôsteres de filmes produzidos pela sua antiga empresa de tecnologia e efeitos visuais - aqueles que ganharam o Oscar têm réplicas das estatuetas expostas em uma prateleira do local de trabalho -, Textor dá um spoiler: a contratação de jogadores em momento algum acontecerá de forma afobada, priorizando soluções imediatas, sem estudar impactos a longo prazo.





John Textor no estádio Nilton Santos — Foto: Vitor Silva/Botafogo



Busca por reforços

A velocidade da aquisição de 90% das ações da SAF alvinegra impressiona o americano. O ritmo acelerado, no entanto, não deve ser a tônica da nova gestão. E muito menos da captação de reforços: sem um completo levantamento de dados sobre o jogador em questão, nada feito. O investidor se recusa a considerar indicações sem uma análise minuciosa do atleta.


Após o empate com o Boavista, na terça, o técnico Enderson Moreira pediu rapidez da diretoria para contratar jogadores. Pela estratégia de Textor, no entanto, não haverá pressa. Segundo o investidor, nomes de reforços podem até surgir de pedidos da comissão técnica. Mas só haverá acerto depois de uma profunda análise de cada nome, dentro de um processo pré-estabelecido.


Em reunião por vídeo com o departamento de futebol na manhã desta sexta, Textor mostrou insatisfação com as cobranças do técnico por reforços. O investidor reconheceu a necessidade de contratações e garantiu que elas ocorrerão, mas pediu paciência.


O primeiro aporte de Textor, no valor de R$ 50 milhões, deve entrar na conta do Botafogo no início da próxima semana. Segundo o empresário, a prioridade não será encontrar reforços para o Carioca, que ele considera uma preparação para Copa do Brasil e Brasileirão. O objetivo é aprimorar dados para análise dos jogadores que já estão no elenco e identificar necessidades para a sequência do ano.




Freeland, sobre situação do Botafogo: "A gente não tá rico, mas tá bem perto de ficar um clube rico" (https://ge.globo.com/video/freeland-sobre-situacao-do-botafogo-a-gente-nao-ta-rico-mas-ta-bem-perto-de-ficar-um-clube-rico-10237109.ghtml)


O levantamento dos atletas alvinegros já feito - e ainda não finalizado - pelos profissionais de scout do Crystal Palace impressiona pela quantidade de detalhes esmiuçados nas análises: cada categoria (passe, ataque, embate em jogadas e defesa) tem pelo menos cinco indicadores que destacam o desempenho do jogador.


- Meu foco é criar uma organização de scouting bem estruturada e robusta. Não limitar o escopo a contratações de ocasião para ganhar o próximo jogo - afirma Textor.



Estrutura do futebol

Textor não abre mão do processo que considera ideal para tirar do papel o plano de transformar o Botafogo em potência no futebol brasileiro. O investidor, que, pelas suas contas, assiste entre 200 e 300 jogos por ano, prioriza a montagem de “um departamento de futebol devidamente estruturado e operante, o que começa com dados”.



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A cada partida, empresas do mundo todo computam dados sobre os jogadores e fornecem diferentes interpretações. Há a possibilidade de o Botafogo contratar esse tipo de serviço e selecionar que tipo de atletas se encaixam no perfil procurado. Porém, para aumentar a taxa de sucesso na contratação de reforços, é necessário construir um departamento de scout numeroso, o que não é comum em clubes brasileiros.





John Textor chega ao Botafogo no Estádio Nilton Santos — Foto: Vitor Silva/Botafogo


A estrutura desejada pelo americano já funciona no Crystal Palace. As etapas são: partir dos dados colhidos, passar para a análise da lista de jogadores, conferir o que os vídeos e os serviços contratados mostram e só então o departamento de scout avalia se as informações correspondem ao que eles viram nas gravações. Por último, há a possibilidade de enviar profissionais para assistir aos jogos pessoalmente.



O desafio é construir e implementar essa estrutura no Botafogo. Até agora, foi o Crystal Palace que emprestou esses recursos e profissionais ao clube carioca. O plano também prevê uma rede de profissionais pelo mundo para observação dos atletas cujos dados estão sendo estudados.



Próximos passos


Um ponto crucial dos próximos 40 a 60 dias é decidir o que fica sob responsabilidade do Botafogo e o que será transferido para a SAF. As decisões partirão do comitê de transição, que pode, por exemplo, definir se rompe ou se mantém contratos firmados anteriormente que digam respeito ao departamento de futebol. Em caso de rompimento, a SAF é obrigada a arcar com parte da multa rescisória.


- O clube é enorme e tem outras atividades além do futebol. O processo é como separar gêmeos siameses, cujo objetivo é tomar cuidado para que ambos sobrevivam com saúde e possam prosperar. Sei que é uma analogia estranha - explica, sorrindo, o investidor.


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Veja a primeira parte da entrevista concedida por Textor no dia 9 de janeiro (https://ge.globo.com/video/exclusivo-john-textor-detalha-negocio-com-o-botafogo-e-explica-os-planos-para-o-clube-10205168.ghtml)



Em um primeiro momento, ele se prepara para aumentar, e não diminuir, a estrutura de pessoal do Botafogo - afinal, houve demissão em massa quando o clube caiu para a Série B, no início de 2021.


A intenção é reforçar posições estratégicas e usar os primeiros meses para estudar quem pode ser agregado, além de avaliar as habilidades de quem já está no clube. A gestão do futebol e o setor de scout são áreas que terão atenção especial. Textor prega que as escolhas devem ser técnicas e não políticas.


Dificuldade para assistir ao Carioca

Sem CPF e com cartão internacional, Textor não conseguiu assinar o pacote de transmissão do Carioca. Ironicamente, o investidor precisou de um brasileiro para pagar sua assinatura e ver o empate entre Botafogo e Boavista. Para quem já foi dono de uma empresa de streaming de esportes, a experiência não foi positiva.


- Como podemos expandir o mercado brasileiro se não podemos nem mostrar nosso conteúdo para o mundo inteiro? É um problema com solução fácil - diz.


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Veja a segunda parte da entrevista concedida por Textor no dia 9 de janeiro (https://ge.globo.com/video/exclusiva-parte-2-john-textor-analisa-dividas-e-fala-sobre-a-possibilidade-de-reforcos-10205291.ghtml)



O empresário citou a Premier League como exemplo de sucesso na divisão de ganhos de transmissão: primeiro chegou o dinheiro, depois os jogadores qualificados. Para ele, a liga inglesa tornou-se a maior do mundo não necessariamente por praticar o melhor futebol, mas por ter os melhores acordos de TV, o que só foi possível com a cooperação entre os clubes, um dos objetivos de Textor no Brasil.


Perfil dos sonhos


“Jogadores com tranquilidade, fisicamente rápidos, mas que veem o jogo em câmera lenta”. Essas características, segundo John Textor, são fundamentais para botar em prática o estilo de jogo preferido do empresário.


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A preferência por uma determinada forma de atuar também é baseada em dados, que compilam, por exemplo, quanto tempo um atleta leva para dominar a bola, para mudar o ritmo do jogo. Quanto mais calma, maior é a probabilidade de fazer escolhas inteligentes. O que não significa que o time não terá atletas velozes, importantes para ocupar espaços no time adversário. Textor finaliza reforçando que a busca por reforços não deve ser por nomes específicos, mas por características que são necessárias ao time.


- Temos que jogar xadrez, não damas.



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Fonte: GE/Por Renata de Medeiros — Rio de Janeiro

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