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sábado, 5 de março de 2022

Das reuniões na "sala 03" até John Textor, porta-voz faz balanço da Botafogo SAF


Projeto passou por altos e baixos desde 2019, superou o momento crítico da pandemia e chega a 2022 no processo final. André Chame: "A gente acredita em um time competitivo já para o Brasileirão"


O assunto clube-empresa pautou o dia a dia do Botafogo muito antes da chegada de John Textor e da aprovação da lei da Sociedade Anônima do Futebol. Enquanto o congresso ainda discutia o projeto e o novo dono vislumbrava a oportunidade de investir no Brasil, os alvinegros já apostaram tudo na chance de se agarrar ao salva-vidas para o mar de dívidas. Porta-voz da SAF do Bota, o advogado André Chame, lembrou ao ge a caminhada que começou em 2019.


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De lá para cá, foram diferentes nomes envolvidos, projetos apresentados e consultorias contratadas. Duas iniciativas para transformar o clube em empresa fracassaram até o final de 2021, quando o empresário americano apareceu. Tempo em que o clube mudou de diretoria, contratou novos profissionais e tomou decisões de impacto fora de campo, com algumas vitórias e muitos sacrifícios.





André Chame, advogado e porta-voz do Botafogo SAF — Foto: Divulgação/BFR


Na conversa com a reportagem, Chame refez os passos dos últimos três anos e contou os detalhes da passagem de bastão para o novo dono do futebol alvinegro. O advogado citou as cláusulas de desempenho no contrato para afirmar: o torcedor deve esperar um time competitivo para o início do Campeonato Brasileiro.


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ge: Essa iniciativa começou em 2019, e muita gente não lembra. Como foi todo o processo?

André Chame: Em 2019, recebemos o estudo da Enerst Young por botafoguenses ilustres. Nessa época, eu fazia parte do conselho deliberativo do clube e fui chamado para ajudar no projeto de formatação do primeiro projeto da S/A. Começamos as reuniões e chamamos o grupo de Sala 03, que era o número lá no meu escritório. Eram reuniões sempre às terças-feiras, com presenças do Laércio, que liderava, além de presidente, ex-presidentes e outras pessoas envolvidas com o clube. Ainda não tinha lei da SAF.



Depois, ainda veio o projeto do Gustavo Magalhães, que eu não participei mas sabia o que estava acontecendo. Finalmente, tivemos a transição da presidência para o Durcesio Mello, a chegada do CEO Jorge Braga, e o Durcesio me deu a honra de continuar no projeto. O Jorge fez todo o trabalho interno para a chegada do investidor. Eu gostava de dizer que mais importante do que achar o investidor, era estar com a casa pronta. É a mesma coisa que colocar um apartamento para vender. Ele tem que estar certinho antes de aparecer um comprador.


Com a lei da SAF, e eu participei de algumas reuniões para ajudar na redação, tudo ficou mais fácil. Veio a chance de organizar a dívida do clube, que foi um passo muito importante. Com a chegada da XP Investimentos, que nos apresentou o investidor, tudo se resolveu. Recebemos o contato quase na véspera de Natal, assinamos o primeiro documento no dia 24, e começamos essa operação.



Assinatura do contrato com John Textor é oficializada no Botafogo (https://ge.globo.com/video/assinatura-do-contrato-com-john-textor-e-oficializada-no-botafogo-10357642.ghtml)



Houve momentos delicados, principalmente no início da pandemia...


O primeiro projeto foi um grande esforço para montar, com seis ou sete consultorias auxiliando. E aí, veio a pandemia, com uma retração muito forte de capital naquele momento. Não conseguimos ir a mercado e levar adiante o primeiro projeto. Na época, comentei que era a derrota mais dolorosa que tinha sentido como botafoguense. Até aquele dia, era o jogo contra o Juventude, em 1999. Aquela conseguiu superar.


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Sabemos que o investimento do Textor será de R$ 400 milhões. Mas não necessariamente será só isso, certo?


O John tem uma obrigação de aporte mínimo, que é de R$ 400 milhões e mais o investimento necessário para as metas de folha e orçamento anuais. Mas, nada impede que faça aportes adicionais, se for do interesse. Se o clube não conseguir aportar o seu percentual nesse investimento a mais, se dilui a sociedade, como em qualquer empresa. Só que há uma trava nos 5%, para que o clube nunca perca esse percentual mínimo.


Um exemplo: se em um capital de R$ 500 milhões o investidor aportar mais R$ 100 milhões, são 20%. Se o Botafogo não acompanhar, o capital será diluído. Mas, nunca a menos de 5% para o clube.


Por que esse percentual é importante?

Enquanto o clube tem ao menos uma cota da SAF, a empresa é obrigada a respeitar todas as marcas, distintivos, bandeiras, hinos, toda a identidade do clube, se manter no Rio de Janeiro. Mesmo se o investidor pensasse em fazer isso, dependeria obrigatoriamente do voto afirmativo do Botafogo. A não ser que algum presidente no futuro aceita uma mudança dessas, o que eu não imagino. É isso que dá garantias para mantermos sempre toda a identidade alvinegra, além da presença nos conselhos Fiscal e de Administração.



O que o Botafogo deve fazer de imediato com os R$ 100 milhões do Textor? Setorista Davi Barros explica (https://ge.globo.com/video/o-que-o-botafogo-deve-fazer-de-imediato-com-os-r-100-milhoes-do-textor-setorista-davi-barros-explica-10354830.ghtml)



A partir de agora, o que falta para o contrato estar 100%?


Ainda temos alguns ajustes burocráticos para serem feitos nos próximos dias, mas a presença do John já é uma realidade. Por razão de confidencialidade, não posso contar quais são, mas são pontos meramente burocráticos.


Ou seja, não existe mais possibilidade de o negócio não acontecer.


A gente pode dizer que está 100% certo. Os detalhes não são de maneira nenhuma impeditivos para a chegada do John. Não parece factível uma reversão disso. O investidor já está no Botafogo.


Como foram as últimas semanas, com a ansiedade para finalizar o contrato?


Esses últimos 40 dias foram de trabalho hercúleo. Uma transação desse porte não acontece em menos de seis meses. E nós fizemos tudo isso em 60 dias. Havia a necessidade de fazer nesse tempo porque precisávamos virar a chave no clube. O Campeonato Brasileiro está chegando.


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Na minha carreira, foi inédito, porque as outras pessoas da equipe de trabalho, formada por muitos botafoguenses ilustres, também tinham as próprias atividades profissionais. Conseguimos juntar isso à dedicação para acelerar esse processo. Envolveu até sacrifício nesse lado profissional de alguns. Mas, no final, tudo deu certo.


Você fez parte do Comitê de Transição. Qual foi o trabalho nesse período?


A ideia era preparar o terreno para a chegada do investidor, porque sabíamos que não seria um período longo. Até por isso, decidimos que as contratações fossem feitas com mais calma, com decisões por parte do John. Foi até um pedido dele, que tivéssemos um pouco de calma. Foi interessante até para debater isso com o novo treinador que ele deve trazer, junto dos novos dirigentes que eles trouxeram para auxiliar na gestão do clube.


Você segue com algum vínculo com o clube ou a SAF a partir de agora? Ou a sua contribuição fica por aqui?

Eu disse ao presidente Nelson e ao presidente Durcesio: sou um soldado do clube, sempre quero ajudar. Se o John precisar, estarei a postos, assim como se o clube precisar. Mas, não há nada concreto pensando no dia seguinte. O Botafogo é uma parte importante da minha vida e sempre ajudarei quando for preciso.


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Fonte: GE/Por Thayuan Leiras — Rio de Janeiro

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