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sexta-feira, 11 de março de 2022

Mezenga dedica seu gol ao pai, que morreu antes de ele chegar ao Botafogo: "Ensinou o certo e o errado"


Primeiro gol como profissional do jovem zagueiro alvinegro foi mais uma homenagem ao seu Marcelo, vítima de um câncer quando ele ainda era jogador do Nova Iguaçu




Lucas Mezenga marcou o segundo gol do Botafogo contra o Volta Redonda



Cobrança de escanteio de Vitor Marinho na primeira trave, desvio de Barreto e Lucas Mezenga aparece para completar com o pé direito e marcar o segundo gol do Botafogo em cima do Volta Redonda. Na comemoração, grita e puxa a própria camisa enquanto corre em direção ao banco de reservas. Abre os braços com a palma das mãos viradas para cima, olha para o céu, agradece a Deus e recebe o abraço de Rikelmi. Depois, beija a parte interna do antebraço esquerdo e aponta para cima.


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O beijo não é à toa. É ali que fica a tatuagem que Lucas fez para o pai, Marcelo, vítima de um câncer quando ele ainda estava no Nova Iguaçu. O desenho tem uma criança e o pai de mãos dadas, ambos de costas, e na camisa do pai está escrito o nome de Marcelo com o número 2. Na primeira entrevista ao ge, Lucas Mezenga dedicou o gol ao falecido pai, que ensinou tudo ao jovem de 20 anos.



- Ele sempre esteve comigo desde pequeno na caminhada do futebol. Sempre ia nos meus jogos, me incentivava e apoiava muito, ensinando o que é certo e o que é errado. Ele faleceu e esse gol foi pra ele. É um cara que eu amo muito e que me ajudou muito até certo ponto da minha carreira. Ele me ensinou a ter sempre muito foco e determinação, dar tudo dentro de campo. Não é pra jogar e depois pensar coisas que poderia ter feito, não. É pra deixar tudo dentro de campo, me entregar ao máximo e dar meu melhor. Ele me ensinou a ter isso, muito foco e determinação.


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Lucas Mezenga beija a tatuagem em homenagem ao pai, a quem dedicou o primeiro gol da carreira — Foto: Vitor Silva/Botafogo



Lucas, que não tem Mezenga no sobrenome, ele herdou do tio atacante da Ferroviária-SP e revelado pelo maior rival do Botafogo, chegou a jogar no Bota no início da adolescência. Garoto que gostava de jogar bola nas ruas de São Gonçalo com os primos, foi para o projeto social Karanba, na cidade natal e de lá para o atual clube. Só que dois anos depois, foi dispensado e passou a jogar no Nova Iguaçu.


Por lá, chegou a enfrentar o próprio Botafogo nas semifinais da Taça Rio do Campeonato Carioca de 2021. O destaque na equipe da Baixada Fluminense o levou para o Sub-20 do Bota, mas ele jogou apenas uma partida e logo subiu para os profissionais, com menos de um mês desde o retorno já era relacionado e fez a estreia contra o Brusque, pela 12ª rodada da Série B, a primeira após a demissão de Marcelo Chamusca.


Lucas continuou a ser chamado para compor o banco de reservas do Botafogo no restante da temporada e atuou em outras três partidas. O número até poderia ter sido maior, caso um imbróglio judicial não o tirasse dos relacionados de algumas partidas. A proposta que chegou do Emirates Club fez com que o jogador tentasse a saída na justiça alegando atraso nos pagamentos de FGTS, o que foi negado pela Justiça. O episódio, porém, é considerado águas passadas pelo jogador, que foi contratado em definitivo pelo Bota e agora tem vínculo até o fim de 2024.



- Foi uma situação que eu e minha família não gostamos. E claro que ela acontece. Acho que é até normal entre clube, empresários... mas também é uma situação que eu não queria que fosse daquela forma. Acho que faltou um pouco de conversa, mas graças a Deus caminhou tudo certo e do jeito que eu, minha família, meu empresário e clube queríamos. Só tenho que agradecer a Deus por ter renovado o contrato e estar passando por esse momento maravilhoso na minha vida de ser campeão com o Botafogo, viver o que vivi com o grupo e estou muito feliz de estar no Botafogo. É o que eu queria.


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Lucas Mezenga aponta para o céu na comemoração do segundo gol do Botafogo contra o Volta Redonda — Foto: Vitor Silva/Botafogo



- Acho que faltou um pouco sentar, conversar e resolver a situação, porque não é dessa forma de querer sair, ir lá pra fora e deixar o Botafogo. Eu mesmo não queria sair, queria ficar. Tenho uma relação muito boa com o Botafogo, não só eu como a minha família também. O que eu mais queria era renovar.


O clima interno ficou bem resolvido, com conversas com Eduardo Freeland, Enderson Moreira e a comissão técnica. Agora, Lucas considera estar totalmente focado no Bota e enxerga essa determinação, que aprendeu com seu Marcelo, uma das melhores qualidades que vê em si mesmo. Daqui pra frente, com o novo clube que se forma diante do jovem zagueiro, o otimismo é o maior possível.


- É um momento histórico no Botafogo. Estou muito feliz por tudo que está acontecendo. É tudo muito novo. Estou feliz por estar participando desse projeto que o Botafogo tá passando, de mudanças e, se Deus quiser, vai dar tudo certo. Já está dando certo, caminhando tudo bem, muitas coisas boas estão acontecendo no clube, com mudanças e acho que a trajetória com isso tudo só vai ficar melhor ainda e vai dar tudo certo.


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Fonte: GE/Por Davi Barros — Rio de Janeiro

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