Em entrevista ao ge, atacante revela expectativas na volta ao futebol brasileiro
Depois de 10 anos, nove clubes e seis países diferentes, Lucas Piazon quer fincar raízes. O atacante não reclama da época de andanças pela Europa, pelo contrário, mas, ao decidir acertar com o Botafogo, optou por mais estabilidade e pela chance de criar identificação em um dos clubes de massa do futebol brasileiro.
Em entrevista ao ge, o camisa 43 abriu o jogo sobre as escolhas da carreira e as motivações para deixar a Europa e se tornar um dos primeiros reforços da era John Textor. Em 2022, ele joga pela primeira vez como atleta profissional no próprio país.
De 2011 a 2021, Piazon passou por Inglaterra, Espanha, Holanda, Alemanha, Itália e Portugal. Vestiu as camisas de Chelsea, Málaga, Vitesse, Eintracht Frankfurt, Reading, Fulham, Chievo, Rio Ave e Braga.
Veja a entrevista com Piazon no Globo Esporte deste sábado, às 13h (de Brasília).
Piazon cumprimenta botafoguenses em Brasília — Foto: Vitor Silva/BFR
O que te fez voltar depois de ter feito a vida na Europa?
Vim realizar um sonho, que é jogar no futebol brasileiro, jogar o Campeonato Brasileiro.
Não passava pela minha cabeça voltar agora, ainda tenho contrato com o Braga. Foi inesperada a proposta do Botafogo, eu estava machucado na época, um mês e meio parado. Pensei muito, porque minha mulher não é brasileira, nunca tinha morado aqui.
Fui conversando com as pessoas próximas e pensamos que seria legal. Nunca joguei no Brasil, o Botafogo vai melhorar muito com o novo investidor. O começo é difícil, porque o clube está se restaurando, mas o projeto me atraiu muito.
A ideia é ficar ou voltar para lá ao fim do contrato?
Já passei por tanto lado, agora fiz uma grande mudança para o Brasil. Seria o melhor para a minha carreira ficar, esse é o meu desejo.
A adaptação está difícil?
No campo foi difícil. Jogo diferente, campeonato diferente. Demora a pegar no tranco. O futebol brasileiro é muito competitivo, muito disputado. A cada ano os clubes se reforçam mais. Você entra em campo contra qualquer um e não sabe se vai ganhar, perder, empatar.
O começo foi difícil para mim, mas aos poucos fui entendendo as exigências do jogo. Espero ter sucesso no Botafogo.
Piazon recebeu a reportagem do ge na última sexta-feira — Foto: Thayuan Leiras/ge
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E fora de campo, para a família?
A família está bem mais tranquila. Meu filho adora o condomínio aqui, é como se fosse a Disney para ele. Porque em Portugal ele só ficava no apartamento. Minha esposa gosta das opções de restaurante, eu tenho família aqui no Rio. Gosto muito de estar aqui.
Com que avaliação você lembra desse período de muitas mudanças no futebol europeu?
Foi interessante. Saí daqui muito cedo, com 17 anos. Fui para a Inglaterra, onde tudo é diferente. Pessoas, comida, clima. Demora para adaptar, mas eu gostava bastante. Chegou em um momento que era sempre um aninho de empréstimo, então ficava na expectativa de onde seria a próxima parada, qual país poderia conhecer. Levei na boa, como aprendizado de vida.
No Chelsea, a molecada mais jovem não tinha muito espaço, era muito concorrido. Quem tinha 20, 21 anos já começava a projetar onde jogaria. Alemanha, Espanha, França... Se levar de uma maneira saudável, era divertido.
O que você aprendeu por todos os países que passou?
Cada país tinha uma coisa diferente. Na Holanda não tinha almoço. Chegava a tarde e só tinha pão, sanduíche, e eu querendo comer "comida". Na Inglaterra, minha mãe foi comigo, chegou depois de uns seis meses. Ela cozinhava, eu até levava os moleques do Chelsea e eles se amarravam.
Diversificava muito de país para país. Senti mais dificuldade quando saí da Holanda para a Alemanha. Na Holanda, era um futebol para frente. Na Alemanha, era muito físico, muito intenso. Demora um pouco, mas a gente se adapta. Na Inglaterra, tive a diferença de sair da Premiere League (1ª divisão) para a Championship (2ª divisão), que mudava muito o estilo de jogo. Mas tudo isso agrega em experiência.
O que sentiu de diferente nessa volta ao Brasil? Campo, torcida, imprensa...
Senti a pressão, porque aqui no Brasil vem de todo lado. Portugal é mais tranquilo, pelo menos nos clubes que passei. No Rio Ave, fizemos uma temporada muito boa, então não teve pressão. O Braga sempre está brigando em cima também, mas a pressão de verdade é nos três maiores, que é quando fica mais parecido com o Brasil.
Você sentiu essa pressão logo no início, com cobranças da torcida. Como recebeu isso?
Foi um pouco diferente, não estava acostumado. Todo mundo dá opinião, todo mundo tem algo a dizer. Tem que jogar, tem que ganhar, todo jogo é importante. Agora, já sei que sempre vai ter alguém falando mal e alguém falando bem. O importante é fazer o trabalho bem feito.
A gente vê alguns comentários que não refletem o que você é ou o que você faz em campo. Mas o jeito de reverter é continuar o trabalho. Eu sabia que não estava no meu melhor, aquela primeira impressão não era a ideal. Estou tentando reverter isso.
Também tem um outro lado, de maior calor da torcida...
Na estreia, a torcida fez um show muito legal. E chegada depois do jogo contra o Inter foi uma loucura, fiquei até assustado, porque estava com tipoia no ombro. É muito legal. A gente tem que se acostumar com a cobrança, mas também sabemos que quando a resposta é boa, o carinho também é grande.
O divisor de águas, de forma positiva, foi a vitória sobre o São Paulo?
Foi um momento muito importante do ano. Estávamos na zona (de rebaixamento), com quatro derrotas seguidas e teríamos São Paulo, Inter e Fluminense na sequência. Tive a oportunidade de voltar ao time e em uma formação que eu vinha jogando nos últimos anos. Sei exercer bem a posição que o Castro pediu. Fiz um bom jogo, o time inteiro fez, e ganhamos confiança.
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Por Bernardo Serrado, Juliano Lima e Thayuan Leiras — Rio de Janeiro
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