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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Campeão da Copa Conmebol volta ao Botafogo para treinar base feminina em busca de apoio da SAF



Cláudio Henrique, zagueiro no título de 1993, treina garotas na base para abastecer time feminino




Cláudio Henrique pode dizer que faz parte do Botafogo do passado e do Botafogo do futuro. Aos 50 anos, o ex-zagueiro, campeão da Copa Conmebol em 1993, está à frente de um projeto promissor na base do futebol feminino do clube e vislumbra sua primeira grande chance como treinador.


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Nesta sexta, 30 de setembro, o título conquistado sobre o Peñarol, no Maracanã, completa 29 anos. E, no mês passado, Cláudio comemorou o primeiro ano como técnico de futebol. Ele treina as equipes femininas sub-12 e sub-15 do Botafogo, promovendo, de maneira independente, a transição do salão para o campo. O objetivo é abastecer o sub-20 com jogadoras criadas em General Severiano.





Cláudio Henrique, treinador do sub-12 e sub-15 feminino do Botafogo — Foto: Arquivo pessoal


- Minha missão é fazer que cada atleta treinada por mim, quando perguntada sobre qual o pé de domínio, responda: sou ambidestra - garante Cláudio.


Título dos "modestos"

Cláudio era um recém-promovido jovem da base em 1993. Ele e outros cinco "juniores" foram integrados ao time principal depois do desmonte da equipe que perdeu o título do Brasileiro de 1992 para o Flamengo.





Fotografia do time campeão é guardada como recordação — Foto: Arquivo pessoal


- Foi-se formando um time muito modesto. Havia um pessoal que queria dar a volta por cima e outro que buscava uma primeira oportunidade, como era meu caso. Tivemos a grata oportunidade de ter um treinador muito renomado, Carlos Alberto Torres, o Capita do Tri. O que faltava para nós, ele segurava as pontas. Não tínhamos atuações brilhantes, mas conseguíamos resultados - recorda-se Cláudio.


O grupo foi se forjando com o passar da temporada. E quis o destino que Cláudio estreasse na Copa Conmebol justamente no jogo de volta da final. Na ida, o Botafogo havia empatado em 1 a 1 com o Peñarol no Uruguai. Na decisão, em um Maracanã cujas arquibancadas foram tomadas por 40 mil alvinegros, o então zagueiro de 21 anos fazia seu primeiro jogo pela competição graças à suspensão do titular da posição, Rogério Pinheiro.





Botafogo, Peñarol, Copa Conmebol 1993 — Foto: Acervo Antônio Rodrigues


A partida toda foi tensa - tanto que terminou em um novo empate, em 2 a 2. Foi nos pênaltis, com uma vitória por 3 a 1, que o Botafogo comemorou o título da competição. O primeiro de Cláudio como profissional - que veio com o "carimbo" de um cartão amarelo de quem sabia que não poderia errar naquela final.


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- Ah, o ritmo do Peñarol... Era um time encardido. Tinham atacantes muito rápidos. Aí tem que tomar cartão mesmo, se for em prol do time. O momento pediu uma chegada mais ríspida e eu usei as ferramentas - brincou Cláudio, que garante que preferia usar a técnica, mas admite, entre risos, que "para um zagueiro, nem sempre é possível".


Aquele foi o ápice do garoto que, ao todo, ficou 10 anos no Botafogo. Cláudio chegou ao clube aos 14 anos, em 1986. Uma década depois, sem ter conquistado muito espaço entre os profissionais, rodou pelo futebol: chegou a atuar pelo The Strongest, da Bolívia, no Goiás e e encerrou a carreira na Alemanha, onde jogou pela terceira divisão. Lá, aos 33 anos, largou a carreira após uma lesão no tendão patelar (a mesma que Ronaldo Fenômeno sofreu e que impressiona até hoje pelas imagens que mostram parte do joelho totalmente fora do lugar).


- Volto para o Botafogo depois dessa vivência de campo e com um diploma embaixo do braço. Torço que olhem para isso.


Retorno: sonho como treinador

Após rodar o mundo jogando futebol, Cláudio decidiu estudar para continuar vivendo do Esporte. Seu objetivo: virar treinador. Foi então que ingressou na faculdade de Educação Física, cursada em Manaus. A graduação terminou em 2013. E a caminhada em busca do sonho começou ali.


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Cláudio iniciou a trajetória com o pensamento de devolver à sociedade o que o futebol o ajudou a conquistar. Assim, em 2015, assumiu um projeto social na Favela do Muquiço, na Zona Oeste do Rio. Lá, treina garotos de até 18 anos. O time, inclusive, disputará a final da Taça das Favelas em 8 de outubro.


O trabalho na comunidade, e também em uma escolinha do Leme, na Zona Sul carioca, fizeram Cláudio chegar ao Botafogo. A missão é realizar a transição das meninas do futsal do sub-12 e do sub-15 para o campo. Em apenas um ano, o técnico já conseguiu despertar olhares para duas meninas de 13 anos e uma de 15 treinadas por ele, que foram alçadas ao sub-20 do clube.





Treino futsal feminino Botafogo — Foto: Arquivo pessoal


O projeto, embora promissor, não é abraçado oficialmente pelo Botafogo. Realidade que Cláudio espera mudar a partir da chegada da SAF e de um olhar mais profissional no futebol feminino.


- Esse é o nosso momento. O futebol feminino tem muita coisa para melhorar, mas o que se avançou em pouco tempo é muito significativo. Competição, remuneração, estrutura, qualidade. Isso desafia todo mundo a fazer trabalho de excelência - defende.


Falar sobre seu trabalho entre as meninas é tão emocionante para Cláudio quanto retornar ao clube que o formou para o futebol:


- É quase um sonho, me enche de entusiasmo, de positividade. Considero ser um caso de sucesso no Botafogo. Fiquei 10 anos no clube. Consegui dar ao clube títulos na base e no profissional. Acho que inicio minha carreira como treinador com sucesso também. Quero repetir essa história. Se a oportunidade chegar, quero aproveitar - projeta.


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