Técnico também explica expulsão e diz: "Não permito que ninguém intervenha na minha equipe"
O Botafogo levou a melhor no clássico com o Flamengo na tarde deste domingo, ganhou por 3 a 2 no Maracanã e assumiu a liderança do Campeonato Brasileiro. Em entrevista coletiva após a partida, Luís Castro rasgou elogios para sua equipe: "Foi talento, trabalho e coragem". O técnico português, no entanto, minimizou o primeiro lugar na Série A depois de 10 anos:
Flamengo 2 x 3 Botafogo - Melhores momentos - 3ª rodada do Brasileirão 2023
- Sobre o nosso primeiro lugar, não dou importância. Dou importância porque, afinal, ganhamos os jogos. Agora, isso ter significado para o futuro... admito que haja pessoas tão ambiciosas como eu, agora mais... OK, pode haver, mas acho que é muito difícil. Todos clubes sonhamos em ganhar, mas não deixa enganar pelo futebol, por uma liderança em terceira rodada - declarou, sendo surpreendido ao saber que a torcida gritou seu nome:
- Ah é? Não ouvi. Que pena (risos). Era para compensar outras que ouvi (risos). A lei da compensação da vida, não é?
+ Luís Castro é expulso por confusão em substituição durante Flamengo x Botafogo; veja vídeo
Apesar do Botafogo ser o único com 100% de aproveitamento no Brasileirão, Castro rebateu o início de temporada perfeito, mas saiu em defesa do grupo e elogiou o comprometimento dos jogadores:
Luís Castro abre o sorriso em entrevista coletiva do Botafogo — Foto: Reprodução / Botafogo TV
- Foi um começo não perfeito. Potencialmente mais cheio de defeitos do que aquilo que exatamente teve. Já falei isso várias vezes, não vou mais falar, porque nunca vão perceber o que acontece nas equipes quem não está dentro delas. Mas nós, por mais que falássemos... não adianta, nem quero falar mais nisso. O que representa (a liderança)? Representa trabalho, dedicação, representa muita união, muito espírito de sacrifício, representa dedicação total dos jogadores, total da torcida, representa dedicação de todo o departamento de futebol, que se esforça para que nada nos falte, para que possamos trabalhar em paz. Significa tudo isso.
- Quando temos talento e quando temos aliado ao talento trabalho e coragem, normalmente essa mistura dá origem ao sucesso. Acho que foi o que aconteceu hoje aqui. Foi talento, trabalho e coragem. Jogadores correram muito, muito, muito. Trabalham muito e se recuperam bem, porque se dedicam muito à profissão. Aconteça o que acontecer até o final do campeonato, e eles sabem, vou estar sempre ao lado deles. São grandes profissionais de futebol, se dedicam muito e gosto muito que eles se dedicam com seriedade e que sejam honestos intelectualmente com a profissão que abraçaram.
Veja outras respostas de Castro:
Expulsão
- A árbitra comanda a equipe dela e eu comando a minha. Eu tinha dito que não queria substituição na bola parada porque o jogador que ia retirar de campo é alto, o Junior Santos, e ia colocar um jogador mais baixo em campo. O futebol tudo pode acontecer, e nesse momento o jogo do canto (escanteio), imagine que era gol a favor do Flamengo, e toda a mídia diria que eu era maluco porque tinha feito uma substituição naquele momento do jogo. Mas nem só por isso, era uma decisão minha naquele momento e informei à equipe de arbitragem que não queria a substituição naquele momento, portanto não era para ser feita. Não permito que ninguém intervenha na minha equipe, não admito isso.
Luis Castro é expulso pela árbitra Edna Alves no clássico Flamengo x Botafogo — Foto: André Durão
Estratégia e postura
- O Botafogo nunca abdicou da posse de bola. Queríamos ter a bola, agora queríamos tê-la nas zonas que tínhamos definido para ter. Elas estavam bem definidas, assim como estavam bem definidas as zonas nas quais queríamos fazer pressão. Fomos surpreendidos por um Santos muito em cima, muito alto, eu tinha dado sinais de que podia ter posicionamento mais adiantado, mas foi sempre posicionamento mais perto da área dele. Desta vez, posicionou-se muito alto. Nossa estratégia para o jogo era pressionar os três homens da linha 3 deles. Mas eles tentavam ir no Santos e tentavam nos atrair ali.
- Por decisão nossa, nós não pressionamos o Santos, só o pressionamos no momento em que nós tínhamos garantia de que ou íamos recuperar ou ficar muito perto de recuperar a bola. E para isso era melhor guardar posição para fechar todas as linhas de passe. A partir do momento em que o Flamengo errava, partir para o ataque e tentar finalizar dessa forma. O jogo foi correndo à feição dentro daquilo que tínhamos planejado e acabamos por concretizar o que era nosso objetivo fundamental, ganhar os três pontos do jogo e tivemos ali momentos muito bons de bola. No global a estratégia desenhada e a tarefa executada pelo Botafogo foi bem desempenhada.
"Nunca desconfiei da minha equipe"
- O Flamengo é um grande potencial vencedor do Brasileirão, como são outras equipes. Como são todos candidatos, muito mais aqui no Brasil, em que alguns estão em cima, depois estão embaixo, uma competição muito grande. Não esperemos campeonato muito regular todas as equipes, tão competitivo que com certeza vai haver muitas oscilações. Agora, a confiança cresce com as vitórias. A forma como se aborda um lance quando vem de cinco derrotas é diferente de quando você vem de vitórias. É tudo assim na vida. Nós temos que ter a responsabilidade de responder com muito trabalho. Essa confiança gerada dentro do clube, espero que, quando houver um réves, que a confiança não se vá. Evidente que podemos fazer as coisas bem.
- E quando provamos que podemos, temos que continuar sempre nesse caminho. Não podemos desviar desse caminho e não vou permitir que ninguém se desvie do caminho nos momentos mais difíceis. Mesmo que aconteça o que acontecer. Eles sabem disso, eu nunca vou admitir que eles sejam beliscados, eles têm que acreditar nesse caminho. Eles estão no caminho do trabalho e no caminho do sucesso. Mesmo nos momentos mais difíceis no início da temporada, em que antes de uma coletiva se falava, entre a imprensa, que "o treinador tem de ir embora, ele vai embora, embora, ele vai embora". Mesmo nesses momentos, nunca desconfiei do meu time.
Nome gritado pela torcida
- Ah é? Não ouvi. Que pena (risos). Era para compensar outras que ouvi (risos). A lei da compensação da vida, não é? Umas vezes por aqui, outras por ali. Mas uma coisa a torcida sabe, eu respeito sempre a torcida. O que é que eu acho: o futebol é uma modalidade que a emoção está presente e a torcida é muito apaixonado, pelo seu clube, pelo Glorioso, pela vitória, sofre muito com as derrotas. Como eu sofro também. Só que quando eu sofro com as derrotas, não posso insultar ninguém, mas torcida sim, há essa liberdade (risos). Mas eu compreendo, compreendo tudo. A minha profissão é assim. É por isso que não gosto da minha torcida? Não, mas como todos gosto de ser acarinhado, sou pessoa, não sou máquina. Mas eles (torcedores) fizeram se sentir ao longo do jogo e já se fizeram sentir em outros momentos também. Para nós tem sido parceria muito boa. Eles têm nos resgatado em momentos difíceis e hoje foi bonito ver o Maracanã com a nossa torcida. Sentir-se ouvida e parte integrante do jogo, a torcida ajudou nos 90 minutos do jogo, isso é fantástico e faz parte do futebol.
Equilíbrio
- É o que sempre fiz em toda a minha vida. A vida do treinador é manter elencos equilibrados. É uma missão que não custa minimamente, só trabalhando da forma como estamos a trabalhar, descansando como estamos fazendo e isso tudo nos permite a estar na melhor exigência dos jogos. Portanto, não é por aí que vamos desequilibrar. A vitória só desequilibram aqueles que não têm consciência da realidade. Eu tenho e passo a meus jogadores. Todos os dias eu digo que o futebol é fértil em de repente nós perdemos o domínio das coisas. Aquilo que não controlamos. O que controlamos, o treino, a recuperação e o jogo. Todo o resto não dominamos. Aquilo que dominamos vamos fazer bem com certeza, treinar, descansar e jogar.
Danilo e Tchê Tchê juntos
- Cada jogo tem suas particularidades. Para este jogo entendemos que o Tchê Tchê, em relação aos concorrentes, era jogador que nos trazia benefícios tanto no momento ofensivo quanto defensivo. É um jogador que para início tem grande zona de abrangência, depois quando Carlos Eduardo saiu ficou na linha da direita e é um jogador que percorre esses caminhos. E compensa o Danilo quando ele faz a pressão mais alta, então o Tchê Tchê conseguia guardar aquilo que era o espaço na frente dos centrais. Quando Tchê saísse na pressão na frente, o Danilo conseguia guardar esse espaço. São jogadores que se complementam muito bem naquilo que era a missão para hoje. Tenho grande confiança em todos jogadores da equipe, mas depende da missão que quero dar a cada um deles em cada um dos jogos que nos aparece pela frente.
Arbitragem mais severa com comportamento?
- Acho que não. As regras dentro do futebol são para serem cumpridas. Se elas forem de forma transversal não vejo problema nenhum. Desde que todos árbitros ao longo da temporada, com todas as equipes, tenham o mesmo critério, por mim está tudo bem. Agora, se tiverem critérios diferentes, está tudo mal. Agora, se trouxer benefícios ao jogo, tem que ser igual para todos.
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Fonte: Por Redação do ge — Rio de Janeiro
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