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quinta-feira, 11 de maio de 2023

Com Botafogo líder, Luís Castro rebate críticas do início do ano: "Nos jogaram no lixo"



Treinador português foi ovacionado pelos torcedores no estádio Nilton Santos após a partida que venceu por 3 a 0




O Botafogo venceu o Corinthians por 3 a 0, gols de Tiquinho Soares (2) e Eduardo, chegou à quinta vitória em cinco rodadas do Campeonato Brasileiro e é o líder da competição. Depois da partida, o treinador Luís Castro rebateu as críticas que a equipe sofreu após o começo ruim de temporada.




Botafogo 3 x 0 Corinthians - Melhores Momentos - 5ª rodada do Brasileirão 2023


- Nós já tínhamos dado sinais, na temporada passada, que éramos um time a ficar de olho nos campeonatos. Mas o ser humano esquece muito rápido. Por conta de um estadual, que nem fizemos pré-temporada, nos jogaram no lixo. Isso mexe com os brios das pessoas. Esse momento diz que o tempo é precioso, muito mais do que as palavras, e carrega de colocar as coisas no lugar. Não é preciso dizer nada - disse o treinador.


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O treinador português comentou também os pedidos de demissão que sofreu ao longo do começo do ano, com direito a faixa estendida pelos torcedores nas arquibancadas do estádio Raulino de Oliveira.


- Querem melhorar o futebol brasileiro? Destaque o que há de melhor no futebol brasileiro. Sou ser humano, erro como os outros. Não posso errar? Em outros trabalhos as pessoas erram uma ou três vezes ninguém fala para afastar. E aqui tem que me afastar. Deem tempo aos treinadores também.


"Não é no Botafogo, é em todos os clubes. Deem tempo como dão a muito de vocês que vão para as profissões e erram uma, duas, três vezes e os mantém nos cargos e depois são grandes jornalistas, médicos ou engenheiro. Não é para mim que quero tempo, deem tempo ao futebol" - afirmou.



Giba Perez, sobre sucesso do Botafogo: "Serve de exemplo para o futebol brasileiro" (https://ge.globo.com/podcasts/video/giba-perez-sobre-sucesso-do-botafogo-serve-de-exemplo-para-o-futebol-brasileiro-11598977.ghtml)



Invicto há 15 jogos, o Botafogo lidera o campeonato de forma isolada, seguido pelo Palmeiras, que tem dois pontos a menos. Apesar do bom momento, Castro tratou a sequência como algo que "se esvai com o tempo".


- O prestígio dos clubes caminha ao longo dos tempos e não precisa de vitórias, precisa de dignidade. Mas o que nos preocupou foi dignidade. E fomos sempre dignos. Trabalhamos muito. A derrota é só uma derrota, só que a derrota às vezes apagam toda a dignidade que levamos a campo. E tem pessoas desonestas intelectualmente, que colocam em pauta os seres humanos nesse momento.


"O Botafogo realmente está de volta, mas é pelo seu prestígio ao longo dos tempos e fica mais vivo. Não é pelo resultado", completou


No próximo domingo (14), o Botafogo terá a chance de se tornar o recordista isolado de vitórias para iniciar um Brasileiro de pontos corridos quando enfrentar o Goiás na Serrinha às 18h30. Confira todas as respostas de Luís Castro na entrevista coletiva:


Momento

- Podemos justificar com várias respostas, mas a maior de todas é o trabalho, dedicação, ambição dos jogadores e o rigor que eles colocam em cada momento do jogo. A forma como eles entendem o jogo, todas as estratégias, e que tentam reproduzir no momento ofensivo e defensivo.


- Talvez explique também que muitos desses jogadores não tinham chances nas equipes que jogavam antes e viram aqui uma oportunidade de voltar ao que eram antes. Hoje é fácil dizer que o elenco é muito bom. É bom, é verdade, mas não jogava.


- Nós já tínhamos dado sinais na temporada passada que éramos um time a ficar de olho nos campeonatos. Mas o ser humano esquece muito rápido. Por conta de um estadual que nem fizemos pré-temporada, nos jogaram no lixo. Isso mexe com os brios das pessoas. São pessoas que sentem e se sentiram muito agredidas. Tentaram dizer que éramos lixo, que éramos o último dos últimos seres humanos em relação ao futebol.


- Esse momento diz que o tempo é precioso, muito mais do que as palavras, e se encarrega de colocar as coisas no lugar. Não é preciso dizer nada. Vamos continuar o trabalho, seguir humildes, e fazer aquilo que é obrigação do treinador, fazer a torcida feliz, a administração feliz e os jogadores felizes.





Luís Castro em Botafogo x Corinthians — Foto: André Durão



Resgate do Botafogo

- Prefiro pegar mais abaixo, a mudança do Botafogo. Prefiro pegar no evento que teve no Botafogo esta semana com todos os departamentos, aí está o futuro, a grande mudança do Botafogo, através do professor João Paulo Costa, com o staff em volta dele para fazer uma academia que tem qualidade, mas que precisa percorrer caminho para chegar à excelência para servir um clube de excelência.


- A fama dos times que jogam sem perder, se esvai com o tempo. Mas o prestígio dos clubes caminha ao longo dos tempos e não precisa de vitórias, precisa de dignidade. Mas o que nos preocupou foi dignidade. E fomos sempre dignos. Trabalhamos muito.


- A derrota é só uma derrota, só que a derrota às vezes apagam toda a dignidade que levamos a campo. E tem pessoas desonesta intelectualmente e colocam em pauta os seres humanos nesse momento. O Botafogo realmente está de volta, mas é pelo seu prestígio ao longo dos tempos e fica mais vivo. Não é pelo resultado.


Sem time titular

- Não há um time titular. Por muito que queiram, não há. O Tchê [Tchê] e o Marlon pode desenvolver a 6. O Carlos Eduardo e o Tchê [Tchê] podem fazer a 10. Falaram que o Cuesta não vai jogar, mas vai outro. Vamos dizer que é a mesma coisa, mas são jogadores diferentes. Mas para mim não há.


- Não vamos nos enganar. Ganhamos, mas não vamos nos enganar. Temos problemas para resolver. Nós não podemos entrar no exagero. Há uma ou outra deposição mais deficitária. Uma coisa eu sei, jogue quem jogar vai dar tudo de si.


- Muitas vezes, olhamos para o jogo e percebemos que falta ocupar aquele espaço, mas logo o jogador já vê. "Ah, no início não faziam isso". Mas jogamos com a casa nas costas por dois meses, sem nosso estádio por dois meses. Não é desculpa. O terreno de jogo é fundamental para desenvolver o bom futebol. As principais ligas jogam com os melhores gramados. Mas tem gente que acha que tem jogar da mesma forma no terreno baldio ou num bom gramado.


- Querem melhorar o futebol brasileiro? Destaque o que há de melhor no futebol brasileiro. Já viu que nas redes não aparece problema de ninguém? Queremos explorar nos outros tudo que é bom. Mas sou ser humano, erro como os outros. Não posso errar? Em outros trabalhos as pessoas erram uma ou três vezes ninguém fala para afastar. E aqui tem que me afastar. Deem tempo aos treinadores também.


- Não é no Botafogo, é em todos os clubes. Deem tempo como dão a muito de vocês que vão para as profissões e erram uma, duas, três vezes e os mantém nos cargos e depois são grandes jornalistas, médicos ou engenheiro. Não é para mim que quero tempo, deem tempo ao futebol.


Metas

- Não muda nada no objetivo, que é ganhar o próximo jogo. Nosso objetivo vai ser sempre o mesmo, ganhar. O jogo de hoje já não interessa. O que nos interessa é o presente que pode levar a um bom futuro.


Tiquinho

- Conheço o Tiquinho há muitos anos, do Vitória de Guimarães, Porto. Sempre foi a pessoa que demonstra ser aqui. Ser humano muito bom, de grupo, e que percebe que só o trabalho leva a conquistas. Um exemplo para todo. E a nível de jogar, é um finalizador e que faz o que mais gosto que é pivotear no centro e joga na largura do campo, e faz as tarefas defensivas com rigor. Jogador de equipe, de jogo, de treino, excelente profissional. É como todos os outros jogadores do Botafogo. Não tem ninguém que fique aquém.


Setor direito

- Quero lembrar que abrimos o campeonato com o São Paulo. Fomos ao Bahia, Flamengo, Mineiro e jogamos contra o Corinthians. As equipes jogaram sempre um bom trabalho. Mudamos elementos nesses setores. Sauer, Segovia e todos jogaram bem. Em uma análise, todos tiveram erros, mas a equipe ficou equilibrada. Não há um setor mais frágil ou mais forte. Nunca vi fragilidade do lado direito.




"O torcedor do Botafogo tá sendo muito feliz", diz Pedro Dep | A Voz da Torcida (https://ge.globo.com/futebol/voz-da-torcida/video/o-torcedor-do-botafogo-ta-sendo-muito-feliz-diz-pedro-dep-a-voz-da-torcida-11611045.ghtml)



Reviravolta

- Há quatro dimensões do rendimento. Uma delas, é psicológica. Mesmo quando todos não acreditam, como líder, temos que fazer acreditar. Sempre acreditamos, com a família unida, nunca abrimos brecha. O mais difícil era reverter essa onda. Lembro que na final da Taça Rio, que não queríamos, mas era a realidade. Com surpresa nossa, quando ganhamos fomos insultados por todo estádio.


- Não entendemos. Ou era seguir bem unidos, a situação estava insustentável. Não entendíamos que estávamos há 5 jogos sem perder e continuávamos. Entregávamos resultados positivos, e recebíamos insultos. Só tínhamos uma forma a fazer, era seguir, com apoio da administração. Estávamos unidos, com apoio de todos os departamentos. A dimensão mental se manteve. Não foi ao fundo.


- Precede a dimensão física, tática e técnica. Ela estando boa como esteve, resgatamos a equipe. Voltamos à casa, a um gramado de qualidade e as coisas aconteceram.


Relação com os jogadores

- Eu nunca deixei de rir para os meus jogadores, sempre me entreguei. Muitas vezes não ri na sua frente, mas para mim a vida não é sempre resultados. O trabalho com dignidade está acima dos resultados. Por muito que vocês queiram colar o resultado à vida das pessoas, quem não tem dinheiro não tem direito a viver? Para mim não é só o resultado que conta. É o trabalho com dignidade e honestidade intelectual que conta.


- Há muitos anos o Brasil é livre, vem ao estádio quem quer. Quem não quer não vem. Todos que vieram, obrigado pelo apoio. Os que não vieram porque economicamente não podem ou o horário é ruim porque no outro dia tem trabalho, eu não comento.


- Nunca foi lixo o Botafogo e nem nunca será. Não há recado nenhum. O Botafogo é uma instituição de prestígio. Vamos continuar defendendo o prestígio do Botafogo.


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Fonte: GE/Por Sérgio Santana e Vinicius Rodeio — Rio de Janeiro

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