Gerente técnico do Botafogo, Sidnei Loureiro revela: 'Ele ia conversar
com a família e dizer a eles que realmente deve ter que parar de jogar'
Adriano não aceitou programação apresentada por empresário e dirigentes do Bota (Foto: Ag. O Globo) |
Gerente técnico do Botafogo, Sidnei Loureiro participou da negociação. Amigo de longa data de Fabiano Farah, ele foi testemunha da recusa de Adriano.
- O Farah me procurou, e tocamos no assunto. Perguntei como Adriano estava, qual era a situação. Tive um almoço com o Adriano, um papo informal, sem tocar no nome Botafogo. Conversamos sobre a vida dele, como ele estava. Ele disse que queria saber qual era a condição física, e disponibilizamos pessoas da nossa confiança no clube. Fizemos os exames e nos reunimos novamente. A situação não é simples, teria que ter muito cuidado e, mesmo que tivesse a melhor dedicação, existia a chance de não ter resultado. Estipulamos mais ou menos seis meses. O tendão dele pode não responder ao estímulo para voltar a ser de atleta, porque hoje em dia é de uma pessoa normal. Diante desse quadro, ele nos agradeceu e disse que pela primeira vez estavam falando a verdade com ele. Disse que conhece o corpo dele e sabia que algo estava errado, que não era por falta de dedicação no tratamento. Sentia que a coisa não evoluía, sabia do limite dele, da idade e que seis meses seriam demais sem alguma garantia. Está pensando em encerrar, mas que se mudasse de ideia voltaríamos a conversar - revelou Sidnei Loureiro.
O planejamento traçado determinava trabalho em tempo integral e também projetava cuidados para quando o jogador decidisse encerrar a carreira, dando suporte para os primeiros momentos de aposentadoria. Todos os pontos foram esmiuçados para o atacante. O tratamento do tendão do pé esquerdo e também acompanhamento psicológico estavam na programação.
Todos os envolvidos se empenharam em focar não apenas no jogador, mas sim na figura humana de Adriano, como revela o gerente alvinegro:
- A conversa não foi com o Adriano Imperador, foi com o Adriano Leite. Independentemente de voltar a jogar, tem que tratar do tendão e da saúde. Não estou falando de bebida e lado emocional. É saúde mesmo. Se ele quiser chegar com 50, 60 anos com uma vida normal, podendo subir uma escada, por exemplo, precisa se cuidar. E nós estamos aqui para ajudar. Nunca pensei em tentar recuperar ele para jogar no Botafogo. Sempre foi Sidnei e Adriano, nunca Botafogo e Adriano.
Apesar da negativa inicial, as portas ficaram abertas para Adriano. O atacante ficou de repensar sua decisão, mas, segundo o dirigente alvinegro, admitiu fazer o comunicado oficial de sua aposentadoria para a família.
- Abrimos as portas para o tratamento. Ele disse que ia conversar com a família e dizer a eles que realmente deve ter que parar de jogar, encerrar a carreira - completou Sidnei.
Fabiano Farah não assumiu a gestão da carreira de Adriano, apenas se colocou à disposição para ajudar no processo de recuperação. Todos os envolvidos no projeto que não saiu do papel ficaram tristes com a resposta do jogador.
Longa inatividade
Desde junho de 2010, há mais de três anos, Adriano disputou apenas 16 jogos – oito pelo Roma. oito pelo Corinthians – e marcou dois gols. Nesse tempo, atuou uma única vez durante 90 minutos. Foi no dia 25 de fevereiro do ano passado, na vitória do Timão por 1 a 0 sobre o Botafogo-SP, pelo Paulistão. A última partida do atacante aconteceu ainda com a camisa do Corinthians, no dia 4 de março.
Em março, o nome de Adriano chegou a entrar na pauta do Palmeiras. Na ocasião, o diretor executivo José Carlos Brunoro disse que foi procurado por representantes do jogador, que teriam manifestado o desejo do Imperador de retomar a carreira. O atacante também despertou interesse do futebol chinês. Recentemente, o Internacional encaminhou a contratação do atacante, mas recuou depois do resultado dos exames médicos.
Por Fred Huber e Janir JúniorRio de Janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sempre bem vindo. Participe com suas opiniões!