Clube reduz número de lesões musculares com ajuda de aparelhagem moderna e investe para ter dois equipamentos de prevenção e tratamento de última geração, assim como o Palmeiras
Manoel Coutinho e Lucas Ometto ao lado do Kineo, aparelho de última geração (Foto: Thiago Lima)
O Botafogo apostou na tecnologia para espantar o fantasma de 2016. Para quem chegou a ter 26 jogadores contundidos no ano passado – média de aproximadamente dois por mês –, e voltou a sofrer no início da temporada, ver o departamento médico quase vazio atualmente é sinal de alívio. Dos cinco machucados, apenas Carli teve lesão muscular – ainda assim grau 1, de menor gravidade.
Airton, Marcinho e Jonas se recuperam de fraturas ósseas; e Matheus Fernandes, de uma pancada – Marcos Vinícius não teve lesão confirmada e faz trabalho de fortalecimento na coxa. A nova estrutura de aparelhagem do departamento médico, que começou a ser montada no segundo semestre do ano passado, vem dando resultado e agradou a jogadores e comissão técnica.
Os novos aparelhos foram:
Termografia: mapa de calor que mostra desde fadiga muscular a rompimentos de microvasos para saber se o jogador está próximo de se machucar e se precisa ser poupado;
Isocinético: cadeira que permite quantificar a função e o desempenho muscular, atuando também como um método preventivo e terapêutico;
Tela de computador acoplada ao Kineo mostra resultados em tempo real (Foto: Thiago Lima)
Catapult: um GPS que reúne dados dos atletas durante os treinos e os apresentam em tempo real para a comissão técnica;
Botas pneumáticas: fazem drenagem e aceleram a circulação e a recuperação muscular nas pernas após os jogos, muito usadas também em viagens;
Kineo: cadeira com três movimentos que ajuda no fortalecimento e tratamento de desequilíbrio muscular, para tratamento e prevenção de lesões
– Com toda a dificuldade, o Botafogo vem investindo e tem nos ouvido. Fizemos uma reunião ano passado com a ajuda do Cacá (Azeredo, vice de futebol), que é nosso elo com a presidência. E eles têm nos ajudado bastante. Não adianta ter só matéria humana e não ter investimento para uma performance melhor a cada dia – elogiou o preparador físico Ednilson Sena.
MESMO APARELHO DO BARÇA, CHELSEA E MILAN
De todos os novos aparelhos (veja lista acima), a menina dos olhos do Botafogo é o Kineo, equipamento de última geração para prevenção e tratamento de lesões. A máquina, de origem italiana, permite três tipos exercícios: extensão, flexão e agachamento. A diferença é que com a possibilidade de variar as cargas de força para cada movimento.
Dudu Cearense trabalhando no movimento de extensão do Kineo
– É um equipamento de musculação, mas a sobrecarga não é feita por placas como o convencional, mas sim por um robô. Um sistema mecanizado que diagnostica a força de cada atleta para cada movimento, excêntrico (negativo) e concêntrico (positivo). A fase negativa é onde acontece o maior número de lesões musculares, então podemos trabalhar o momento mais vulnerável – explicou o fisiologista Manoel Coutinho, destacando:
– O Kineo é tão recente, que poucos clubes no mundo têm. Até mesmo na Europa, posso dizer o Barcelona (Espanha), o Chelsea (Inglaterra), a Internazionale e o Milan (Itália).
Para o auxiliar de preparação física Lucas Ometto, responsável pelas "sessões" do Kineo, os maiores benefícios do uso periódico do aparelho são a redução dos níveis sanguíneos de creatina quinase (CK), que se elevam quando há lesão muscular, e um controle da fadiga nos músculos, com os jogadores se queixando menos de dor no dia seguinte aos jogos.
Pimpão também já registrou seu treino de flexão e agachamento no Kineo (Foto: Reprodução)
O Kineo chegou no fim do ano passado, mas só começou a ser explorado melhor depois da visita que o Botafogo fez ao Palmeiras nesta temporada. Os dois são os únicos clubes do Brasil que possuem o aparelho, e o Alviverde, que tem dois, serve de exemplo. Tanto que a diretoria alvinegra atendeu ao pedido da comissão para comprar mais um, de modo a otimizar o tempo de uso.
– Com um só você cria uma fila, com dois consegue dar uma vazão maior. O problema é ter que ficar mudando o movimento, de extensor para flexor. Com dois, podemos deixar os equipamentos posicionados em um exercício só e ganhamos mais tempo para as séries dos atletas, que já começaram a ver benefícios. Entre eles, comentam que sentiram diferença – contou Coutinho.
CARLI JÁ SUPEROU NÚMERO DE JOGOS DE 2016
Com intensivo, Carli vem conseguindo jogar mais vezes do que em 2016 (Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo)
Um dos jogadores que mais vem se beneficiando com os novos equipamentos é o argentino Carli. O zagueiro capitão alvinegro sofreu com lesões no ano passado e disputou somente 30 jogos em sua primeira temporada pelo Botafogo. Em 2017, o gringo já fez 34 partidas, tendo ainda mais três meses de campeonatos pela frente. Ele deve estar à disposição contra o Grêmio na Libertadores.
– Não só o Carli, mas outros melhoraram muito o desempenho. Quando a gente passa a conhecer mais o atleta, fica mais fácil de lidar e colher os frutos. A gente conhece a carga, quem suporta mais, quem recupera mais rápido... Isso leva um tempo. E com essa maquina, que estamos utilizando mais agora, podemos colher bons frutos – analisou Sena.
Botas pneumáticas de última geração são outra modernidade do Botafogo (Foto: Thiago Lima)
Botafogo conta com cinco pares de botas pneumáticas para o dia a dia (Foto: Thiago Lima)
Tecnologia à parte, Manoel Coutinho reconhece as vantagens dos aparelhos mais modernos no dia a dia do clube. Porém, aponta a sinergia interna no Botafogo, entre fisioterapia, fisiologia, preparação física, nutrição e comissão técnica, como o ponto forte do trabalho.
– Nosso segredo é a integração da comissão técnica. Uma das maiores dificuldades de um clube é integrar todos os setores para conversar e apresentar soluções para os problemas. Isso é o que temos de mais valoroso aqui – defendeu o fisiologista.
Fonte: GE/Por Felippe Costa e Thiago Lima, Rio de Janeiro
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