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sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Médico do Botafogo explica tratamentos de Rafael e Patrick de Paula



Lateral sofreu fratura em ossos da face, enquanto o volante trata uma paralisia facial


Na última semana, duas situações totalmente fora de controle aumentaram a lista de desfalques do Botafogo. O volante Patrick de Paula teve paralisia facial e foi cortado do jogo contra o Fortaleza, no domingo. Nessa partida, nos primeiros 15 minutos, o lateral-direito Rafael fraturou ossos da face depois de um choque. Duas situações delicadas e fizeram o clube quebrar a lei do silêncio quando o assunto é departamento médico.


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O chefe do setor, Gustavo Dutra, recebeu a reportagem do ge no Espaço Lonier para explicar os tratamentos dos dois atletas, que fogem do habitual no dia a dia do DM.




Rafael se recusa a sair de campo após choque de cabeça (https://ge.globo.com/futebol/video/rafael-se-recusa-a-sair-de-campo-apos-choque-de-cabeca-10908845.ghtml)


Cirurgia de Rafael

Como corrigir uma fratura facial?


Gustavo Dutra: Vamos atrás dos especialistas. Cada um de nós tem uma especialidade, não dá pra fazer tudo e não é o certo. Então procuramos os melhores para atender nossos atletas. A cirurgia foi feita por um acesso intraoral. Abriu a boca do Rafa, vai com o material cirúrgico e reduz a fratura.


Dessa vez não foi uma placa, mas no Cuesta precisamos. É uma fratura cominutiva, ou seja, em vários pedaços, e aí precisa colocar uma placa. Não tinha como reduzir só com material de síntese, precisou colocar placa e parafuso, mas o do Rafael não precisou. Reduziu, ficou alinhado, bonitinho, não precisou abrir.


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Como é o momento de tirar o jogador da partida?

O caso do Rafa foi muito emblemático porque ele teve dois diagnósticos diferentes, mas que um foi ocasionado pelo outro. Ele teve um trauma craniofacial com uma fratura facial visível e palpável no exame físico. Então, isso já contraindica o atleta a continuar na partida. E ele teve uma concussão clássica, porque ele teve perda total de consciência imediata. Após o choque, ele desmaia. Quando eu chego pra atendê-lo ele está recobrando os sentidos.


Ele conseguiu responder todos os meus questionamentos, as minhas solicitações verbais, mas eu já tinha feito o diagnóstico de conclusão. Mesmo que ele não tivesse fraturado a face ele também teria sido retirado do jogo.





Gustavo Dutra, médico do Botafogo, ao lado de Victor Cuesta — Foto: Vitor Silva/Botafogo



E tem o processo de convencer o atleta...

Eu falei para o Marçal que ele estava com uma fratura na face. Ele até tocou no rosto do Rafael e ele falou para o Rafael sair. O Gatito chegou depois e falou pra ele sair também. O Eduardo também foi tentar acalmar no início, porque em alguns momentos a gente precisa ser enérgico e mostrar para o atleta que ele não vai nos convencer do contrário.

É a saúde e a integridade física primeiro. Deu tudo certo, nós ganhamos o jogo, e acabou que tudo deu certo. O Rafael fez tudo pra voltar antes da hora (do rompimento do tendão de Aquiles) porque a nossa previsão máxima eram oito meses. Ele voltou antes, muito bem fisicamente, treinando bem. Aconteceu a infelicidade com 15 minutos, mas primeiro a vida dele. Depois as outras situações.


Ele vai usar uma máscara como a do Cuesta?

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Existem duas máscaras mais comuns. Existe uma de EVA e outra de fibra de carbono. A do Cuesta foi de EVA. Quando você coloca placa de parafuso, ou uma haste, algo assim, você está protegendo aquele osso, unindo mais, não precisa formar um calo ósseo. Você coloca uma máscara que não precisa proteger tanto o atleta e ficar tão pesada no rosto, porque a placa protege.


No caso do Rafael, que você faz redução da fratura, você não precisa ter essa máscara mais resistente. Você precisa de um material diferente do que vai ter do Cuesta. Elas fazem a mesma função, mas é questão da técnica cirúrgica. Temos os especialistas que fazem os moldes, que são dentistas e cirurgiões buco-maxilo-faciais. Eles fazem o molde.


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Susto com Patrick

O que é a paralisia facial de Bell?

é uma paralisia em um dos lados da face que paralisa tudo: a parte superior e inferior da face. É uma paralisia do nervo contralateral, do outro lado, tá fazendo a sua função normalmente, fazendo seus movimentos de contração muscular. Você tem um desvio da comissura labial para o lado são. Então, ele fica torto. Muitas vezes há uma preocupação se é um AVC ou só uma paralisia de Bell.


Essas perdas de movimento são momentâneas, geralmente a paralisia de Bell é autolimitada e se resolve. Na maioria das vezes é causada por infecção viral, pode ser por outros motivos mas geralmente é por vírus herpes simples ou herpes zoster.





Patrick de Paula em treino do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo



E o tratamento?

O tratamento inicial é na emergência hospitalar para exames complementares sanguíneos e de imagem. Depois avaliação com neurologista para a gente afastar causas centrais. Em atletas mais saudáveis, mais novos, sem outras comorbidades, às vezes em 15 dias o atleta está completamente recuperado desses movimentos e dos sintomas, mas nem sempre.





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Ele pode ficar de quatro a seis semanas ainda com algumas alterações de movimento, o que não contraindica de forma absoluta os treinamento em alta intensidade mas tem alguns que não suportam. Hoje o Patrick tem feito treinos na academia, não está parado. Mas treinos de campo, no sol, com desidratação e pra gerar um estresse metabólico que o treino de alta intensidade gera, isso ele ainda não está fazendo. Devemos começar esse tipo de treinamento na semana que vem.


Como vocês descobriram essa condição do atleta?


Ele chegou aqui assim. De imediato o nosso médico que estava aqui no treino no dia, que era o doutor Caio Senise, fez um diagnóstico clínico, mas precisava da confirmação desses outros exames complementares. Foi direto pro hospital. Lá confirmou o diagnóstico e a gente vem tratando a paralisia dele.


Todos esses remédios não dão problema com o antidoping?


A gente faz todo o processo correto, que é enviar essa lista e esse pedido de autorização de uso terapêutico mesmo de forma retrógrada, porque ele (Patrick) já teve que usar, foi um diagnóstico emergencial. Geralmente a ABCD, que é a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, autorizam porque tem toda a documentação específica nas vias específicas do que aconteceu, os exames que foram feitos, a prescrição médica e o diagnóstico final.


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Fonte: GE/Por Bernardo Serrado, Fabio Juppa e Renata de Medeiros — Rio de Janeiro

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