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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Com R$ 20 mi a receber do Bota, Odebrecht quer dividir gestão do Engenhão


Egenhão ainda passa por obras e deixa Botafogo em dúvida pro prazo de devolução em novembro Bernardo Gentile/UOL

Responsável pela construção e reforma do Engenhão, a Odebrecht tem planos maiores para o estádio. O Botafogo é gestor do local até 2027, com opção de renovação por mais 20 anos, mas pode ganhar um companheiro nessa missão. Isso porque, segundo apuração do UOL Esporte, a empresa até já realizou uma reunião e tem como objetivo administrar o estádio de forma compartilhada com o Alvinegro, de quem tem R$ 20 milhões a receber até 2016.

A quantia é referente a um empréstimo feito pela Odebrecht ao Botafogo, que não explicou o motivo. No balanço do ano passado, o Alvinegro declarou R$ 11 milhões, mas o restante da quantia (R$ 9 milhões) só será divulgado no próximo documento, em 2015. O fato é que o clube tem até 2016 para quitar a dívida, que poderá influenciar para a construtora alcançar o objetivo de compartilhar a gestão do Engenhão, embora ambos neguem essa possibilidade.

A relação entre os dois não é novidade. A Odebrecht já tem uma parceria com o Botafogo para que o clube jogue no Maracanã, estádio que a empresa já administra. Com o Engenhão interdidato há um ano e meio por problemas em sua cobertura, o Alvinegro fechou um contrato com a construtora para que pudesse jogar na arena da final da Copa do Mundo de 2014.

Neste contrato, há uma cláusula de "sinergia" entre Botafogo e Odebrecht. Segundo essa cláusula, o clube se compromete a negociar com a Odebrecht uma forma de colaboração mútua no que diz respeito ao Engenhão e ao Maracanã. Isso, oficialmente, seria uma forma de possibilitar que o clube pudesse continuar jogando no Maracanã mesmo após a reabertura do Engenhão.

Os termos exatos dessa "sinergia", contudo, não estão todos detalhados. Representantes de Botafogo e Odebrecht reuniram-se recentemente para negociar com uma parte pode colaborar com a outra sobre o Engenhão e o Maracanã.

Oficialmente, a Odebrecht informou que não foi falado sobre transferência ou compartilhamento da gestão do Engenhão (leia nota completa abaixo). Já o Botafogo diz que essa decisão caberá a próxima gestão e que isso só ocorrerá caso seja bom financeiramente para o Alvinegro.

O clube tem um contrato com a Prefeitura do Rio para administrar o estádio pelos próximos 33 anos. Procurada, a prefeitura informou que desconhece qualquer negociação entre Botafogo e Odebrecht sobre o Engenhão.

Vale lembrar que a Odebrecht, além do Maracanã, também controla Arena Fonte Nova, em Salvador, e a Arena Pernambuco, na região metropolitana de Recife. Os dois estádios receberam jogos da Copa do Mundo.

Antes de assumir a administração do Maracanã, a Odebrecht também liderou o grupo de empresas que reformou o estádio para a Copa. Depois, num processo de licitação conturbado, ela passou a controlar a arena da final do Mundial.

Neste momento, a Odebrecht também está reformando o Engenhão. O estádio, que será palco das competições de atletismo na Olimpíada de 2016, passa por reparos em sua cobertura. Sua reabertura está programada para o final deste ano.

Leia o posicionamento oficial da Odebrecht:

A Odebrecht Properties, controladora da concessionária que administra o complexo Maracanã, confirma que estuda com o Botafogo de Futebol e Regatas sinergias operacionais entre o Maracanã e o Estádio João Havelange (Engenhão). Esses estudos, entretanto , não consideram a transferência da titularidade da concessão do Engenhão.


Candidatos à presidência admitem ouvir Odebrecht


Thiago Cesário Alvim, da chapa "Por Amor ao Botafogo"Estou aberto como candidato a ouvir propostas. O Engenhão é um bem que precisamos, pois sua rentabilidade ajuda nas finanças e queremos sua retomada. Se a oferta for interessante terá meu apoio. Sei que consigo fazer R$ 20 milhões anuais. Preciso que [a proposta] seja algo que cubra isso. O Engenhão tem muitos aspectos a serem explorados.Engenhão mudou o bairro, que agora tem prédios de Barra.


Vinícius Assumpção, da chaoa "Movimento Carlito Rocha"Se for para o bem do Botafogo, a gestão compartilhada pode existir. Mas a administração será do Botafogo e não vamos abrir mão disso. Se for algo que possa ajudar o Botafogo, não vejo o problema. Se ganhar as eleições e a empresa ainda tiver o interesse é só fazer uma proposta e analisaremos. Quero ressaltar que já temos um projeto para o estádio ser a verdadeira casa do Botafogo, nosso objetivo.


Carlos Eduardo Pereira, da chapa "Mais Botafogo'O Engenhão é um caixa preta. Essa interdição não ficou esclarecida. Não sabemos a real perda de receita, se é realmente o que o atual presidente alega (R$ 20 milhões anuais). Tem esse empréstimo de R$ 20 milhões feito pela Oderbrecht e não sabemos o porquê. Assim como outras coisas feitas pelo Maurício. Hoje sou contra, pois o Engenhão é muito importante. A não ser que a proposta seja vantajosa.


Marcelo Guimarães, da chapa "O Grande Salto"Preciso compreender em profundidade essa relação que já existe entre os dois. O Botafogo não abrirá mão de ser o administrador máster do estádio. A concessão é nossa e será exercida. É publico que o "Grande Salto" tem no Engenhão um equipamento estratégico do seu projeto. Nossa candidatura é a única com experiência no estádio e já temos providencias para transformar em um polo gerador de receitas.


Bernardo Gentile e Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro

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