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domingo, 26 de junho de 2016

Ricardo exalta vitória mas afirma: "Deveríamos ter matado o jogo"



Botafogo venceu o Internacional por 3 a 2 e conquistou o primeiro triunfo fora de casa. Comandante prevê um crescimento do Glorioso com a volta de lesionados



Na melhor apresentação do Botafogo no Campeonato Brasileiro, o Glorioso venceu o Internacional por 3 a 2 em pleno Beira-Rio. E ainda de quebra extinguiu o fantasma do ataque pouco eficiente que rondava General Severiano por algumas rodadas. Os três gols no Rio Grande do Sul e a vitória fora de casa foram tema da entrevista coletiva do treinador da equipe, Ricardo Gomes.


- Nós tivemos jogando bem, Figueirense no ultimo jogo, números são avassaladores. Não passamos 0 a 0. Hoje foi diferente, conseguimos boa vantagem, o time estava bem organizado, com o Inter pressionado. No segundo tempo mudou, inverteu, jogo ficou mais aéreo e nós nos contra-ataques. Deveríamos ter matado o jogo. Tenho que trabalhar isso. 


Luis Ricardo deu passe para o gol de Fernandes (Foto: Ricardo Duarte/Divulgação Inter)


Ricardo também afirmou que jogar no contra-ataque é uma coisa nova para a equipe, que chegou aos 12 pontos. Com os muitos espaços dados pela defesa do Colorado, o Botafogo não conseguiu fazer o quarto gol, apesar de ter um jogador a mais desde o final do primeiro tempo.


- É verdade que não temos costume de jogar no contra-ataque, mas aconteceu. Tivemos muitos espaços, mas aproveitamos mal, Fora isso, muito contente com a vitória. Estávamos precisando. Estamos recuperando jogadores, consequentemente time vai crescer.


Confira as outras respostas de Ricardo Gomes durante a coletiva:
Gols perdidos
É a mesma coisa quando o cara está sozinho e erra o passe. O principal é o gol, queremos ver muitos gols. Hoje perdemos várias oportunidades, mas são jogadores jovens. Estamos colocando eles muito cedo nessa luta, nessa pressão, e isso tem um preço a pagar. São jovens, independentemente de ser Inter, Grêmio, Botafogo... São grandes clubes, mas quando os jogadores prontos saem do Brasil ficamos com os jovens. Eles oscilam no passe, finalização... Tem que ter paciência.

Estreia de Camilo
Primeiro jogo, ótima estreia. Mas temos vários jogadores voltando de contusão, além do Camilo, do Pimpão que espero no próximo jogo, o time vai ficar mais forte. Gostei muito do Camilo, mas vamos segurar para não secar. Tem que ter cuidado com a secação. Vamos trabalhar bastante, recuperar, não esperava tanto, mas ele se doou. A qualidade dele nós conhecíamos, não está ainda no melhor da parte física, isso vai acontecer de dois a três jogos.


Lances em que os jogadores foram fominhas
Essa experiência não tem jeito, vamos mostrar vídeo, treinamentos... É um jogo coletivo até o final. Temos um jogo coletivo até o ultimo terço do jogo. Alguém citou o caso do Luan (do Grêmio), não era nessa partida. Colocamos esses garotos muito cedo na pressão. Consequentemente vai ter retorno, mas um pouco mais tarde.

Evolução do time
Estou recuperando jogadores lesionados, tem os contratados ainda, isso tem um peso. Estou falando de quase 30% do time. Time está ganhando experiência e não vamos descartar os jovens, mas vamos tirar esse peso deles, essa responsabilidade de decidir.


Expectativa pela Arena BotafogoÉ o mais importante. Sem uma casa não tem nenhum caso de campanha de sucesso. Futebol profissional precisa do público, sem ele não estaríamos aqui. O público do Inter eu conheço bem, apoia o tempo todo. Vai ser assim com o Botafogo também.

Reclamação do Internacional contra a arbitragemNão posso concordar. Ele (Fabinho) teve uma falta dura e logo em seguida tomou um vermelho. Aí faltou experiência ao rapaz. A arbitragem foi... Isso não é de agora, vai ter sempre discussão, ainda bem que é assim. Eu, claro, vou reclamar quando vai ser contra o Botafogo. Mas a intensidade do jogo mudou, e está difícil para o juiz também acompanhar todas as ações e decidir bem. O ritmo está muito diferente.

Projeção do Botafogo no Brasileiro
Projeção só depois da primeira metade da tabela. A nossa é jogo a jogo. A projeção é sair da zona de desconforto.

AirtonPreocupa. O Airton (sentiu dores na coxa esquerda) vocês acompanham o nosso dia a dia, no Carioca perdemos ele e baixou o nosso meio de campo. E o futebol é baseado no meio de campo, e ele é a cabeça pensante no nosso.

Botafogo sem sofrer gols com Airton em campo
Não é só por isso. penso mais na qualidade das escolhas dele. Mais do que ser defensivo, Quando joga bem, a gente sofre menos.

Gás extra após a viradaSim, mas estamos só começando, vamos tratar jogo a jogo. Esse gás vai até quinta-feira. Temos que fazer um bom jogo contra o Atlético-MG.

Previsão para Canales e Dudu CearenseO que vale é o seguinte: entrou em campo no treino, o que não aconteceu nem com o Dudu, vai de cinco a seis dias, ou sete (para jogar). Nenhum dos dois ainda. Estou conversando com doutor Luiz (Fernando Medeiros), mais uns 15 dias.

Escolha por Fernandes
Tem jogado bem, voltamos a montar o meio de campo com mais força defensiva para dar uma estabilizada. Ele tem boa dinâmica, mas chega muito bem na área. Apesar da posição. ele já foi primeiro volante e meia na base. Tem essa facilidade.

Troca do Atlético-MG do Independência pelo MineirãoPrefiro, é um grande estádio e vai ter um grande público assim como foi hoje.


Fonte: GE/Por Thiago LimaPorto Alegre

Botafogo surpreende no Beira-Rio e vence o Inter em jogão com cinco gols


Fernandes, Neilton e Camilo anotaram os gols cariocas, enquanto Eduardo Sasha e Ernando descontaram. Fabinho ainda foi expulso no final da primeira etapa





Bem organizado em campo, o Botafogo utilizou uma velha tática para surpreender e superar o Inter no Beira-Rio: os contra-ataques. Baseado em um time condensado na defesa e com saídas em velocidade, o Alvinegro aplicou 3 a 2 em pleno Beira-Rio na tarde deste domingo, pela 11ª rodada. Fernandes, Neilton e Camilo anotaram os gols cariocas, enquanto Sasha e Ernando descontaram. Fabinho ainda foi expulso no final da primeira etapa, o que deixou o time de Argel com um a menos.

Com a vitória, o Bota respira um pouco mais aliviado e sobe (provisoriamente) para a 16ª colocação, com 12 pontos. Na quinta-feira, a equipe carioca tentará estender a boa fase em duelo contra o Atlético-MG, no Independência. Já o Inter segue como vice, com 20, mas perde a gordura acumulada e vê a aproximação de Santos e Corinthians. Na quarta-feira, visita o Flamengo em busca de reação.


Neílton anotou um dos gols da partida (Foto: Agência Estado)

Um visitante indesejado. Foi assim que o Botafogo se apresentaria logo nos minutos iniciais da partida. E, aos sete minutos, chegaria ao primeiro gol da partida. Em bela jogada individual, Luis Ricardo se livrou de dois marcadores para chegar até a linha de fundo e cruzar. Fernandes recebeu na área e girou para abrir o placar.

A reação colorada quase seria imediata. Após cobrança de escanteio, Andrigo desviou de cabeça e Bruno Silva salvou o clube carioca em cima da linha. Na sequência da jogada, Camilo foi lançado em velocidade na esquerda e deixou Neilton livre, na cara da meta. Aí foi apenas chutar cruzado para vencer Jacsson. Ainda antes do intervalo, Fabinho acertaria um carrinho em Neilton e acabaria expulso.

O segundo tempo mostraria uma partida ainda mais intensa do que a etapa inicial. Com a desvantagem, Argel abriu o time: tirou Geferson, Andrigo e Gustavo Ferrareis, para colocar Alex, Marquinhos e Bruno Baio. No Bota, Rodrigo Lindoso substituiria Airton.

Assim, foram dezenas de chances criadas. Neilton já tinha perdido um gol, quando Sasha reduziria o placar. Após cruzamento de Marquinhos. O Bota não ficou atrás e logo voltou a marcar com Camilo, em chute colocado de fora da área. Após o tento, o meia pediu para sair e acabou substituído por Gervasio.

Aos 28 minutos, Ernando recolocou o Inter no jogo ao desviar de cabeça, sem chances para Sidão. O mesmo zagueiro teria a chance de igualar o marcador, quase na pequena área. Neilton também teve a oportunidade de “matar o jogo”, mas chutou por cima. Até o final, gaúchos e cariocas se digladiaram em um duelo franco e aberto. E quem levou a melhor foi o Botafogo, com o triunfo por 3 a 2.


Fonte: GE/Por GloboEsporte.com/Porto Alegre

Território inimigo? Bota volta à casa do Inter com a fama de visitante indigesto


Alvinegro possui retrospecto de igual para igual contra o Colorado no Beira-Rio e se inspira nos números e na estreia de Camilo para tentar sair do Z-4 pela terceira vez





O Beira-Rio é um palco que costuma assustar os seus adversários, mas o Botafogo não tem se intimidado no estádio em que retorna na tarde deste domingo, às 16h (de Brasília). Lá, vem jogando de igual para igual com o Internacional: entre Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, o Alvinegro já disputou 23 partidas contra os donos da casa, com oito vitórias, oito derrotas e sete empates. Metade desses triunfos são recentes, da era dos pontos corridos: 2 a 0 em 2005, 3 a 2 em 2007, 1 a 0 em 2009 e 2 a 1 em 2012 (veja todos os gols no vídeo acima). Inclusive em um deles, na edição de sete anos atrás, o momento das equipes era parecido com o atual: cariocas ameaçados pela zona de rebaixamento que respiraram ao surpreenderem os gaúchos no G-4.


Para tentar manter a sua fama de visitante indigesto contra os anfitriões, o time de General Severiano inspira no bom retrospecto no estádio, na estreia de Camilo e no mistério. Ricardo Gomes fechou o treino da véspera para a imprensa, realizou testes, mas ao que tudo indica sua única dúvida é o terceiro homem do meio de campo: Gervasio "Yaca" Núñez, Fernandes ou Victor Luis improvisado? A camisa 10 está à espera do debutante meia, mais um a aceitar o desafio de envergá-la e carregar a grande expectativa da torcida enquanto Pimpão e Canales não podem jogar. Presente em três das quatro últimas vitórias no Beira-Rio, o amuleto Jefferson desta vez estará só na torcida por causa da recuperação de uma cirurgia no braço esquerdo.

Beira-Rio e Botafogo, combinação que tem dado trabalho ao Internacional em Porto Alegre (Foto: Diego Guichard)

Em penúltimo lugar na tabela, o Botafogo entra em campo pressionado. Mas jogadores e comissão técnica deixam transparecer nas palavras que o importante é somar pontos e um empate não é visto como ruim. Porém, para tentar sair pela terceira vez do Z-4, só ganhando e ainda torcendo por uma combinação de dois destes três resultados: derrota do Vitória e empates ou derrotas de Sport e Coritiba. Os times baiano e pernambucano jogam em casa contra Ponte Preta e Chapecoense, respectivamente, enquanto os paranaenses visitam o Figueirense.


Se os números do Botafogo são bons no Beira-Rio, na história do confronto com o Internacional o Alvinegro leva desvantagem: computando todas as competições, foram 68 partidas com 17 vitórias, 24 derrotas e 27 empates, tendo marcado 85 gols e sofrido 86.


Provável escalação contra o Internacional tem a estreia de Camilo e a volta de Ribamar no ataque (Foto: Arte Esporte)


Internacional x Botafogo

Local: Beira-Rio, Porto Alegre
Data e horário: domingo, 16h (horário de Brasília)
Escalação provável: Sidão, Luis Ricardo, Renan Fonseca, Emerson Silva e Diogo Barbosa; Airton; Bruno Silva, Victor Luis (Yaca ou Fernandes) e Camilo; Neilton e Ribamar.
Desfalques: Jefferson, Dudu Cearense, Emerson, Sassá e Leandrinho.
Pendurados: Bruno Silva, Leandrinho e Aquino.
Transmissão: TV Globo para RJ, PR (Cascavel), MG (Juiz de Fora), ES, PE (menos Caruaru), PB, PI, MA, PA (Santarém), AM, RO, AC, RR e AP; Premiere e GloboEsporte.com
Arbitragem: Wilton Pereira Sampaio (GO) apita a partida e será auxiliado por Guilherme Dias Camilo (MG) e Pablo Almeida da Costa (MG).


Fonte: GE/Por Thiago LimaPorto Alegre

Ação na Justiça questiona se obra da cobertura do Engenhão era necessária



Reforço estrutural coloca em jogo pelo menos R$ 100 milhões



A cobertura do Engenhão após o reforço: para o presidente da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio, com a obra, o estádio perdeu a leveza: “Antes, os arcos pareciam flutuar”, afirma Nilo Ovídio Lima Passos - Agência O Globo / Custódio Coimbra


RIO — A 40 dias do início dos Jogos, o Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, que vai receber competições de atletismo e futebol, é objeto de uma disputa acirrada. Estão em jogo pelo menos R$ 100 milhões e se questiona se era mesmo necessário ter feito obras de reforço estrutural, interditando o espaço por quase dois anos. Afinal, a sua cobertura hi-tech, à época com quatro mil toneladas de aço e quatro arcos, corria mesmo o risco de tombar? O campo da competição é neutro: o Judiciário. E a batalha entre empreiteiras é jurídica e técnica.

De um lado, o consórcio RDR (Racional, Delta e Recoma), que projetou e iniciou a construção, deixando o serviço inacabado, em dezembro de 2006, sob a alegação de desequilíbrio econômico-financeiro do contrato assinado com a prefeitura. Do outro, o consórcio Engenhão (Odebrecht-OAS), que concluiu o estádio em tempo recorde — ele precisava estar pronto para o Pan-Americano, em julho de 2007, e faltavam três dos quatro arcos — e, depois, tirou do próprio bolso os recursos para reforçar a superestrutura com mais mil toneladas de aço. Odebrecht e OAS querem reaver esse dinheiro e o cobram dos seus antecessores, argumentando que o erro teria sido de projeto.

No contra-ataque à ação indenizatória, o RDR, em março último, no mais recente round da luta, foi à Justiça com o objetivo de anular o acordo fechado entre o município e o consórcio Engenhão. Anexou laudos de conceituadas empresas de engenharia, que atestam a solidez da cobertura antes do reforço, além de pareceres da ex-ministra do STF Ellen Gracie e do professor de direito administrativo Diogo de Figueiredo Moreira Neto.

O estádio foi interditado em 26 de março de 2013 e, em junho daquele ano, prefeitura, Odebrecht e OAS firmaram um “termo de entendimento”. O documento estabelece o compromisso de o consórcio Engenhão realizar o reparo na cobertura. Além disso, o município o isenta de responsabilidade e lhe dá o direito de cobrar o que gastou.

— A prefeitura deu isenção a um consórcio sem ouvir os outros envolvidos na construção do estádio. E ainda cedeu um crédito. Isso não poderia ser feito sem autorização legislativa — alega a advogada Ana Basílio, de um dos três escritórios que defendem o RDR.

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Por e-mail, a prefeitura se defende. Diz que, “quando foi constatado o risco de colapso, a obra ainda estava no período de garantia de construção e, por isso, o consórcio Engenhão assumiu integralmente os custos do reparo sem ônus aos cofres públicos”. Acrescenta que cabia ao município “cobrar a reforma do estádio” e ao consórcio Engenhão, “fazer o reparo e, se identificasse que as falhas foram geradas por erros de outras empresas, buscar seu ressarcimento na Justiça”.

Do lado da engenharia, a ação do vento está no topo das discussões. Depois de quase seis anos de uso do estádio, em 2013 o consórcio Engenhão apresentou um estudo técnico encomendado por ele à empresa alemã Schlaich Bergermann und Partner (SBP), que contratou o laboratório de túnel de vento Wacker, também alemão. A conclusão da SBP foi que a estrutura estaria em risco caso fosse submetida a ventos de velocidade igual ou superior a 63km/h. A análise teria sido motivada pelo deslocamento dos arcos de sustentação da cobertura do estádio em grau maior do que o previsto no projeto.

Mas, se o consórcio Engenhão tem os alemães na retaguarda, o RDR apresenta um ensaio feito por outro laboratório de túnel de vento, Rowan Williams Davies & Irwin (RWDI), do Canadá, contratado quando foi elaborado o projeto executivo do estádio. Os canadenses calcularam que o risco seria a partir de ventos de 138km/h. Consideraram a velocidade máxima num período de 50 anos, mais 10% como margem de segurança.

— A margem de segurança usada no projeto foi ainda maior. A estrutura tinha condições de aguentar um vento de pelo menos o dobro desses 138km/h — assegura o engenheiro especializado em estruturas Gilberto Adib Couri, que assessora tecnicamente o RDR. — Os alemães usaram premissas exageradas. Não levaram em conta o direcionamento do vento nem a topografia do lugar. Como pode haver vento multidirecional? Ali há ainda uma cadeia de montanhas que foi ignorada. Eles também superdimensionaram a carga mínima, ou seja, a carga para os trechos da cobertura onde o vento não bate.

Antes do reforço estrutural, no entanto, a cidade teve ventos ainda mais fortes. Em 6 de dezembro de 2009, segundo o InMet, chegaram a 144km/h. Em 13 de maio de 2014, o Aeroporto do Galeão registrou 171km/h.

— Não sei explicar por que a cobertura não caiu. Mas, nos cálculos da cobertura, se esqueceram de levar em conta mil toneladas de vento. Houve erro de projeto — garante o engenheiro Nelson Szilard Galgoul, responsável pelo reforço, que estima a reforma em R$ 150 milhões. — Tivemos que estaiar as colunas para o vento ir para os cabos.

Ação do vento à parte, existem marcas visíveis na estrutura do Engenhão de que algo de errado aconteceu. Há peças de aço desalinhadas, e todos os quatro arcos cederam mais do que o estimado no projeto. Após a retirada das escoras, o arco leste chegou a ceder horizontalmente 94 centímetros, 24 a mais do que o previsto. Também foram identificadas peças retorcidas.

— Houve problemas de montagem. Havia peças que não se encaixavam, que tiveram que ser puxadas por cabos de aço e entortaram. Outras foram colocadas desalinhadas. E os arcos cederam quando foi feita a retirada das escoras. No entanto, nunca aconteceu um deslocamento após 2007. Fiz um relatório nesse ano, relatando os problemas que constatamos. Na época, mandei para a Tal Project, em Portugal (que fez o estádio do Benfica), empresa verificadora da obra. Tudo o que foi feito foi conferido e reconferido — garante o engenheiro Flávio D’Alambert, calculista do Engenhão, que continuou trabalhando na obra até a entrega do estádio.

Em sua defesa, o RDR apresenta um laudo da estrutura, feito pela Dirceu Franco de Almeida Engenharia Consultiva (DFA), empresa que tem no currículo a avaliação das causas do incêndio nos edifícios Joelma e Andraus, em São Paulo, e da queda de um trecho do Elevado Paulo de Frontin, no Rio. A DFA não constatou anomalias decorrentes de esforços, de instabilidade ou de comportamento anômalo da estrutura do Engenhão.

— Não vimos sinais de movimentação da estrutura após a retirada do escoramento em 2007. Toda a estrutura foi pintada para ajudar na reflexão da luminosidade. As rótulas (grandes dobradiças), inclusive, foram pintadas, e a tinta passava por cima delas — diz o engenheiro Ricardo Almeida, da DFA.

FALTA DE CONCLUSÃO

Para dar o parecer sobre o projeto, o RDR contratou a consultoria Controllato. O laudo, assinado por Ronaldo Carvalho Batista — especialista em estruturas e um dos calculistas da Ponte Rio-Niterói —, considera o projeto do Engenhão perfeito, e a estrutura do estádio estável.

Por nota, o consórcio Engenhão diz que, como o tema está sub judice, qualquer manifestação técnica se dará “exclusivamente no âmbito da respectiva demanda judicial”. No texto, reafirma que “sempre pautou suas ações tendo como premissa a segurança das pessoas, com o amparo de laudo elaborado pela empresa alemã SBP, maior especialista mundial no assunto, cujo trabalho técnico foi integralmente corroborado por comissão oficial formada pela prefeitura”.

Já a prefeitura afirma que essa comissão “não foi criada para analisar o laudo preparado pela empresa alemã, mas sim para acompanhar o trabalho de recuperação da cobertura”. O grupo tinha representantes do próprio consórcio, da RioUrbe, do Botafogo (arrendatário do estádio) e da Secretaria municipal de Obras.

Tamanho imbróglio levou o presidente da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Estado (Seaerj), Nilo Ovídio Lima Passos, a promover duas reuniões técnicas com os consórcios. Mas não conseguiu chegar a conclusões:

— Os dois consórcios nos convenceram. O primeiro mostrou que a estimativa de vento estava correta e que as deformações foram decorrentes da montagem, o que seria normal numa estrutura daquele porte. O segundo consórcio passou rapidamente pela questão do vento e disse que a empresa alemã considerou ventos europeus. Mas bateu na tecla de que os gigantes (oito pilares de concreto, com 45 metros de altura, construídos pelo RDR para sustentar a cobertura) teriam problemas de execução.

Nilo Ovídio não sabe dizer se a cobertura poderia ou não cair. Quanto ao resultado visual do reforço, ele não hesita:

— Amarraram os arcos, colocaram vigas em volta e mudaram o visual do Engenhão. Antes, os arcos pareciam flutuar. O estádio perdeu a leveza que tinha.


Fonte: O Globo/POR SELMA SCHMIDT