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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Jefferson contra-ataca: "Foi uma grande covardia do Gottardo"


Goleiro do Botafogo diz que orientações dadas por gerente de futebol do clube indicavam a liberação da partida diante do Santos, na quarta-feira



Ídolo e capitão do Botafogo. Melhor goleiro do Brasil e titular da Seleção. O momento de Jefferson no clube carioca, no entanto, acompanha a turbulência causada pelo péssimo momento do time, eliminado da Copa do Brasil após ser goleado pelo Santos e na luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro – é o vice-lanterna, com 29 pontos, dois a menos que o Vitória, primeiro fora do Z-4. O desgaste do camisa 1 com a diretoria alvinegra teve novo capítulo nesta quinta-feira, quando o técnico Vagner Mancini e o gerente de futebol Wilson Gottardo demonstraram publicamente a insatisfação com a ausência do jogador na partida contra o Peixe, no Pacaembu




Jefferson estava com a seleção brasileira, que enfrentou Argentina e Japão nos últimos dias. Retornou ao Brasil um dia antes da eliminação do Botafogo. Em comunicado à imprensa, o goleiro disse que, desgastado após uma viagem de 26 horas, acertou com a comissão técnica a sua dispensa. Mancini, por sua vez, disse que o esperava na quarta-feira, quando o capitão desembarcou em São Paulo, mas não foi direto para o hotel onde a delegação estava hospedada. Foi direto para o Rio de Janeiro, onde realizou um treinamento na manhã de quinta, no Engenhão, após descansar (confira a linha do tempo no "saiba mais" ao lado).

Nesta sexta-feira, Jefferson concedeu entrevista coletiva logo após o treino no Engenhão. E explicou a situação.

O Gottardo disse depois que já estava combinado comigo! Isso foi uma covardia! Tem alguma coisa errada aí. Eu vim para o Rio de Janeiro, o Gottardo nem ligou para o meu celular, ligou para o de um funcionário. Ele falou que estavam precisando de mim no jogo. Expliquei minha situação, e ele me liberou. Passaram-se quatro horas, e ele fala para a imprensa que não falou comigo
Jefferson

– Todo mundo conhece o meu caráter e o meu profissionalismo, principalmente aqui no Botafogo. Ontem (quinta-feira) foi uma grande covardia da parte do Gottardo, porque em nenhum momento antes da programação ele chegou e disse que precisaria de mim no jogo contra o Santos. Deram indícios de que não contariam comigo. Entregaram-me a programação na Seleção com a volta marcada para o Rio de Janeiro. Quando diz que volto para o Rio, automaticamente estou fora do jogo. Em nenhum momento o Gottardo disse que alguém me receberia em São Paulo. Aparentemente, eles não estavam contando comigo. Falei por WhatsApp com ele na China, e em nenhum momento ele disse que precisaria de mim. No dia que cheguei aqui, fui surpreendido por um rapaz no aeroporto, que disse que eu estava no jogo. Automaticamente liguei para um membro da diretoria, o Bernardo, e ele falou: "Mandamos e-mail para você". Nem me deram parabéns pelo jogo. Eu não vi e-mail nenhum. Eles têm meu telefone. Depois que vi o e-mail, estava escrito assim: "Botafogo x Santos. 

Decidimos na terça-feira que você é importante para o grupo e está relacionado para o jogo". O Gottardo disse depois que já estava combinado comigo! Isso foi uma covardia! Tem alguma coisa errada aí. Eu vim para o Rio de Janeiro, o Gottardo nem ligou para o meu celular, ligou para o de um funcionário. Ele falou que estavam precisando de mim no jogo. Expliquei minha situação, e ele me liberou. Passaram-se quatro horas, e ele fala para a imprensa que não falou comigo. Às vezes cobramos da diretoria, faz parte, mas isso foi desleal. Eu conversei com o Mancini, ele viu o outro lado da moeda e meu deu total razão

Jefferson concedeu entrevista coletiva após o treino do Botafogo nessa sexta-feira. Goleiro disse que o combinado com o gerente de futebol Wilson Gottardo é de que ele não jogaria contra o Santos na Copa do Brasil (Foto: Vitor Silva / SSPress)

O Botafogo se prepara para enfrentar o Sport neste domingo, às 18h30 (de Brasília), no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. Para deixar o Z-4 ao fim da 29ª rodada do Brasileirão, o Alvinegro tem de vencer e torcer por tropeços de Bahia e Criciúma contra São Paulo e Fluminense, respectivamente, e derrota do Vitória diante do Cruzeiro.

Confira os principais tópicos da coletiva de Jefferson.

Diretoria está batendo cabeça?


É um reflexo do que estamos vivendo. Eu até peço desculpas ao Mancini e ao torcedor, mas o Gottardo tem de assumir que conduziu mal essa situação. Ele pegou a batata quente e jogou na minha mão. Isso foi uma covardia. O duelo sempre vai ter, mas tem que ser justo. Isso foi desleal.

Goleiro treinou normalmente junto com os companheiros no Engenhão, nessa sexta-feira (Foto: Vitor Silva / SSPress)

Valeria fazer um esforço extra, pelo momento que o Botafogo vive?


A questão não é o esforço. Eu sempre fiz esforço pelo Botafogo. Já cheguei pela Seleção de manhã e joguei à noite. Não se pode colocar em questão o carinho que sinto pelo Botafogo, a história que estou tendo aqui. A coisa foi conduzida erradamente, então não se pode colocar na minha conta algo pelo qual não sou culpado. Eu conversei com ele, estava tudo explicado. Ele falou para eu descansar, depois disse à imprensa que não falou comigo. Falou praticamente que fui rebelde, que descumpri a programação do Botafogo. Isso não é justo.

Acha que repercutiu dessa maneira pelo fato de o Tardelli, por exemplo, ter jogado pelo Atlético-MG?

O Tardelli é atacante, se preparou. Em todos os momentos víamos o Tardelli conversando com o pessoal do Atlético-MG. Ninguém sabe, mas o Tardelli, em Dubai, quando ficamos quatro horas e meia treinando, foi para o hotel descansar. Ele estava focado. A questão não é essa. Se tivesse sido comunicado antes, com certeza faria toda a minha preparação. Alongaria no avião, sei lá, caminharia, me prepararia melhor. Para mim, ninguém falou nada.

Acha que foi uma forma de represália por causa de suas declarações sobre a diretoria no jogo contra o Grêmio?

Acho que isso não aconteceu por má-fé. É uma responsabilidade muito grande ser dirigente, e você tem que estar preparado para isso. Ele tinha que ter falado que não fui comunicado. Tem de ter humildade para falar. Eu peço desculpas ao Mancini e ao Botafogo por não ter ido para o hotel, mas ele (Gottardo) tem de ter a humildade para falar que não conduziu bem isso.


Como os jogadores reagiram a isso?

Todos me mandaram mensagem, força, apoio, falando que estavam comigo. Muitos disseram até que eu nem precisaria estar me explicando, por tudo o que represento para o Botafogo, por aquilo que fiz. Fico feliz de os torcedores entenderem. Isso não vai manchar a minha carreira. Ontem eu fiquei muito chateado, porque foi uma grande injustiça.

Havia algum acordo pré-estabelecido para você jogar esses jogos com datas próximas às épocas em que você está servindo à Seleção?

Não havia acordo. Esse mal-entendido nunca aconteceu. Em todo momento, pessoas me ligavam. Isso nunca aconteceu aqui no Botafogo. Estavam dando indícios de que não contariam comigo. Só se tivessem dois "Jeffersons" para estarem em dois lugares. Conversei com o Gottardo, e ele não me falou nada, não perguntou se eu estava cansado. Depois do jogo contra a Argentina, muitos jogadores me mandaram mensagem. Ele inclusive mandou, mas não falou nada, se eu ia jogar, se eu não ia jogar.

Boatos de que sairia do Botafogo

De maneira alguma. Eu estou bem focado para tirar o Botafogo da zona de rebaixamento. Fiquei chateado por essa situação apenas.

Diretoria


Quero deixar bem claro que o presidente Maurício Assumpção não tem nada a ver com isso. Pelo contrário. Fiquei feliz de saber que ele está vindo aos treinos, de saber que o representante do Botafogo está nos acompanhando. Começamos juntos e terminaremos isso juntos. Independentemente dos salários ou não. Todas as minhas reivindicações no Botafogo não foram pessoais, foram em prol da equipe, do Botafogo. Eu sei que minhas declarações sobre a diretoria repercutiram. Mas depois os jogadores estavam comentando, o presidente também, e esse era o objetivo. O objetivo de todos ficarem juntos. Fico triste com essas coisas que acontecem. Fico triste pela grandeza do Botafogo, por toda a história que o Botafogo construiu. E fico mais triste por uma situação como essa, em que eu poderia estar dando uma entrevista para falar sobre o próximo jogo, sobre como sair dessa situação, mas estou explicando um mal-entendido.

Espera uma atitude do presidente em relação ao Gottardo?

Não. O mais forte que temos hoje na vida é a humildade e o perdão. Não tem que pagar o mal com o mal. As pessoas têm de reconhecer o erro. Isso é suficiente. Tenho que louvar a atitude do presidente, de estar vindo aqui, de dar as caras. Nós vamos juntos até o fim. Se depender de mim, não tem que mandar ninguém embora, tem que reconhecer que errou. Isso ficou muito chato, por tudo aquilo que representa o Botafogo.

Teve contato com o Gottardo depois?

Achei que ele estaria aqui para conversarmos. Não sei o motivo de ele não estar aqui.

Conversa com Mancini

Ele mesmo ficou até surpreso, pela verdade que falei. Ele mesmo disse: "Te peço desculpas, porque eu deveria ter te ligado. Se eu soubesse disso antes, não falaria nada do que disse à imprensa." A situação foi mal conduzida e pegou a todos de surpresa.

Demissão do quarteto (Emerson, Bolívar, Edilson e Julio Cesar)

É difícil falar sobre isso. A única coisa que posso dizer é que são quatro grandes jogadores, que têm história no futebol. Mas isso acontece. As demissões acontecem no futebol. Somos apenas funcionários do clube. Quem manda é o presidente. Não podemos esquecer tudo o que eles fizeram pelo Botafogo, até mesmo a rápida passagem do Sheik. Mas temos que respeitar a opinião do presidente.


Por Sofia Miranda* Rio de Janeiro * Estagiária, sob supervisão de Daniel Dutra

"Estrela brilhando em dia de chuva", Jobson se torna trunfo do Botafogo


Atacante, que deve ser titular contra o Sport, é visto como uma possibilidade de contagiar o time depois da eliminação com goleada na Copa do Brasil




Na noite de quarta-feira, o STJD, através do presidente Caio Rocha, reviu a posição de não dar aval para a escalação de Jobson. Se tudo correr dentro do esperado, o Botafogo vai receber a documentação e o atacante será escalado, provavelmente como titular, na partida contra o Sport, domingo, em Volta Redonda. Antes visto como um problema, quase um ex-atleta, ele passou a ser uma esperança em tempos difíceis.

Depois da goleada por 5 a 0 sofrida diante do Santos, quinta-feira, no Pacaembu, que eliminou o Bota da Copa do Brasil, o clima de desconfiança sobre o time aumentou mais. Jobson é visto, neste cenário, como um possível diferencial. E o técnico Vagner Mancini filosofou ao comentar sobre a chance de tê-lo contra o Sport.

A volta de Jobson ganhou importância ainda maior após a sonora eliminação na Copa do Brasil (Foto: Vitor Silva / SSPress)

- Acho que a entrada do Jobson é como se fosse uma estrela brilhando em dia de chuva. Pode dar um alento diferente com um drible, chute, qualquer coisa diferente do que está sendo feito. Quando o time tem um atleta novo, vai contagiar os outros atletas com esse desejo que ele tem de atuar - afirmou o treinador.

O panorama para Mancini escalar o time vai melhorar um pouco para o jogo de domingo. Ele poderá contar com Régis, Carlos Alberto e Murilo, e existe chance de Junior Cesar voltar a ficar à disposição. O lateral-esquerdo não enfrentou o Santos por causa de problemas musculares. André Bahia, no entanto, ainda deve ficar no departamento médico mais tempo. Airton e Fabiano ainda serão reavaliados e não têm presença garantida.

O treinador comentou ainda sobre Jefferson e disse ter a confiança de que o goleiro estará presente em Volta Redonda.

- A chance maior é de termos o Junior Cesar, o André Bahia é mais difícil, não temos a certeza. E não tenho medo de perder o Jefferson. Ele é profissional e vai até o fim, não acredito em uma coisa diferente disso.

A ordem agora é tentar, em tempo recorde, deixar para trás a goleada sofrida frente ao Santos e voltar a ser o Botafogo empenhado que venceu o Corinthians em Manaus.

- Até o próximo jogo vamos atirar tudo no liquidificador e filtrar. Não tenham dúvida de que será um outro Botafogo - finalizou Mancini.

O Botafogo é o penúltimo colocado do Campeonato Brasileiro com 29 pontos.

Por Fred HuberSão Paulo/GE

Botafogo não esconde irritação por ausência de Jefferson em partida contra o Santos


Técnico Vágner Mancini diz que goleiro deveria ter conversado com ele. Gottardo também criticou postura do jogador



A ausência de Jefferson na partida contra o Santos foi criticada pelo técnico Vágner Mancini e por Gottardo - Marcos Tristão / O Globo


RIO - A ausência de Jefferson no gol parece ter causado mais irritação entre dirigentes e comissão técnica do que a goleada de 5 a 0 sofrida pelo Botafogo que causou a eliminação do time da Copa do Brasil. Após a partida no Pacaembu, o técnico Vágner Mancini criticou a postura do goleiro e disse que antes de decidir não jogar após defender a seleção brasileira deveria ter conversado com ele no hotel. O clube estuda uma punição ao jogador.

- O que posso dizer é que ele estava convocado. Ficamos tentando contato com ele, aí hoje (nesta quinta-feira), o atleta entrou em contato com o Gottardo (diretor de futebol) e eles conversaram. Deveria estar no hotel com a delegação, assim que como outros jogadores que estavam na seleção fizeram. Não entendi. Se foi indisciplina? Temos que ouvir o lado dele - disse o treinador.

Mancini disse que vai conversar com o jogador quando chegar ao Rio nesta sexta-feira.

- Vamos ver o que tem a dizer. Se estava cansado a ponto de não jogar, deveria ir ao hotel e conversar comigo. Não iria permitir que um atleta entrasse em campo cansado, mas tinha mais de 24h até o jogo. O Jefferson sempre desempenhou o papel dele no Botafogo e merece ser ouvido - afirmou.

Independentemente do que for conversado no encontro, Mancini disse que conta com o goleiro para a partida contra o Sport, no fim de semana, pelo Campeonato Brasileiro.

- Não tenho medo de perder o Jefferson. Ele é profissional e vai até o fim. Não acredito em uma coisa diferente disso - disse o técnico, não acreditando em uma punição que o afaste do time.

DECISÃO EM CONJUNTO

A polêmica envolvendo Jefferson começou na tarde desta quinta-feira, horas antes de o Botafogo entrar em campo no Pacaembu. O goleiro divulgou nota dizendo que não entraria em campo para enfrentar o Santos por causa do cansaço causado pelas 26 horas de viagem de Cingapura, onde defendeu a seleção no amistoso contra o Japão, ao Rio. Sem Jefferson, Mancini optou por escalara Andrey no gol.

Na nota, o goleiro dissera que a decisão fora tomada depois de um contato e um "entendimento" com a diretoria.

O diretor de futebol, Wilson Gottardo, no entanto, disse que a decisão foi unilateral.

- Ele estava na relação, Mancini contava com ele, mas o Jefferson disse que não tinha condições de jogo, que estava cansado e com dores nas pernas. Disse que ele tinha que ter se apresentado para comunicar a mim e ao Mancini. Não teria nenhum problema. Foi uma atitude isolada, mas quebrou a programação. É um ídolo do clube, titular da seleção e seria importante tê-lo neste jogo contra o Santos. O Botafogo não concordou. Existem regras.

Gottardo disse que o clube ainda vai estudar se o goleiro será punido.

- Será decidido em breve - afirmou.

Dos seis jogadores convocados pelo técnico Dunga, apenas dois defenderam seus clubes na rodada deste meio de semana da Copa do Brasil. O atacante Diego Tardelli enfrentou o Corinthians na quarta-feira. No mesmo jogo, o volante entrou no segundo tempo.

Além de Jefferson, o zagueiro Gil não jogou pelo Corinthians, o atacante Everton Ribeiro não defendeu o Cruzeiro contra o ABC e Robinho não esteve em campo na goleada do Santos.

O próximo compromisso do Botafogo é no domingo, contra o Sport, em Volta Redonda, pelo Campeonato Brasileiro. Eliminado da Copa do Brasil, o time tem agora como único objetivo escapar do rebaixamento para a Série B. O Botafogo é o penúltimo colocado do Brasileirão com 29 pontos.

POR O GLOBO