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domingo, 18 de agosto de 2019

Análise: com mais posse e nenhuma efetividade, Botafogo repete erros contra o Corinthians


Setor esquerdo da defesa sofreu no primeiro tempo, em que Glorioso teve apenas uma finalização; mudanças na segunda etapa deixam time mais veloz




 Melhores momentos: Corinthians 2 x 0 Botafogo pela 15ª rodada do Brasileirão



"Não podemos ir lá pensando em empatar, temos que ir pensando em vencer". Foi o que Eduardo Barroca disse na véspera da partida contra o Corinthians, na tarde deste sábado, em São Paulo. Em campo, o que se viu foi uma equipe indo na direção contrária ao que a declaração do técnico indicou. O Botafogo manteve a linha de um time que tem a posse, mas é quase nada agressivo.



Defesa sofre

No primeiro tempo, o Corinthians aproveitou sua força pelo lado direito e incomodou bastante a marcação do Botafogo. Gilson perdeu quase todas as disputas com Pedrinho e Fagner. O atacante corintiano apostava no um contra um e levava a melhor, dando indícios de que poderia complicar a situação dos cariocas por ali.


E foi o que aconteceu. Barroca até tentou ajudar o lateral-esquerdo ao trocar Bochecha e Rickson de lugar e orientar o time a fechar os espaços abertos no setor, mas não teve êxito. A marcação do Botafogo continuou distante.



Gilson teve dificuldades na derrota para o Corinthians — Foto: Marcos Ribolli/GloboEsporte.com



Ninguém conseguiu parar Pedrinho, que construiu os lances dos dois gols do Corinthians em cima de Gilson. No primeiro, deixou o lateral na saudade e cruzou na medida para Boselli abrir o placar. Depois, em nova jogada individual, finalizou para defesa de Gatito, que deu rebote, e Everaldo ampliou.


Até os 15 minutos da etapa inicial, o Botafogo não conseguiu jogar. Sem nenhuma profundidade, o time buscou ter a bola nos minutos seguintes, mas sem efetividade. A posse torna-se importante quando se agride o adversário. O Glorioso não teve armas para isso e insistiu em manter o jogo em seu campo defensivo.


A escolha por Rickson no lugar de João Paulo, suspenso, travou o Botafogo. O meio de campo, que já é pesado, ficou ainda mais lento e sem criatividade. Na frente, Diego Souza, Luiz Fernando e Pimpão pouco apareceram.



O que fica de bom

O Corinthians manteve o seu jogo na segunda etapa e deixou a bola com o Botafogo, que continuou a errar passes e perder chances de sair rapidamente com a bola. Lucas Campos voltou do intervalo no lugar de Pimpão, mas logo o Timão abriu 2 a 0. Barroca então decidiu mudar mais e chamou Rhuan. As alterações deram outra cara ao time, mas ficou difícil correr atrás do prejuízo.


A pressão era tamanha que o clima esquentou, e Gilson e Cícero protagonizaram discussão calorosa na área do Botafogo. Os jogadores precisaram ser separados pelos colegas e pelo árbitro Rafael Traci.


Mas o que dá para tirar de bom da derrota fora de casa? Lucas Campos e Rhuan! Caindo pelas pontas, os dois deram mais velocidade ao Botafogo e fizeram Diego Souza participar mais do jogo.



Lucas Campos também entrou bem contra o Corinthians — Foto: Marcos Ribolli/GloboEsporte.com



Se teve apenas uma finalização no primeiro tempo, na etapa final foram seis e três chances reais de gol, com bola no travessão.


Foi a estreia de Rhuan pelo profissional. Artilheiro do sub-20 no ano, o garoto não sentiu o peso da camisa e mostrou que quer jogo. Lucas Campos, que havia sido grata surpresa na vitória sobre o Athletico-PR, aumenta a dúvida de Barroca para o próximo compromisso: segunda, contra a Chapecoense, no Nilton Santos. A torcida quer ver os meninos em campo.


Outra mudança indicou que Barroca também não estava satisfeito com o meio de campo lento: o comandante promoveu a entrada de Marcos Vinicius, ainda sem ritmo, buscando um jogador com perfil de camisa 10 para mudar os rumos da partida. Último jogo do meia pelo Botafogo havia sido no dia 1º de dezembro de 2018, contra o Atlético-MG. É preciso mais tempo para saber se o atleta será útil.


- Acho que o Botafogo fez um segundo tempo muito bom, cresceu de produção, conseguiu criar as chances, coletivamente se ajustou melhor à imposição do Corinthians. Tivemos um controle muito maior do jogo, transformamos esse controle em oportunidades de gols, mas não fomos felizes na possibilidade de fazer os gols para tornar o jogo competitivo. Vamos tirar lições para levar para o próximo jogo - analisou o treinador.


O controle ao qual o técnico se refere pode ser entendido pela maior posse de bola do Botafogo e o aumento das finalizações. Nos 90 minutos, apenas no quesito posse os cariocas superaram os paulistas. Mas, outra vez, o time não aproveitou a posse para ter mais volume. Sobre uma coisa Barroca tem razão: há muitas lições a aprender com a derrota.



Fonte: GE/Por Emanuelle Ribeiro — Rio de Janeiro