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sexta-feira, 12 de junho de 2015

Salário atrasado gera mal-estar, e Botafogo busca rescisão com Mattos


Diante do elenco, volante contesta fato de, ao lado de Henrique, ser o único atleta a não receber salário de maio. Em encontro com empresário, clube tenta fim do vínculo





Os dias de calmaria do líder da Série B sofreram um duro baque. Nessa semana, o Botafogo pagou a CLT dos jogadores e parte dos direitos de imagem, mas Marcelo Mattos e Henrique não receberam integralmente. O fato gerou mal-estar no clube, e o volante contestou o fato no vestiário, diante de companheiros e comissão técnica, antes do treino da última quinta-feira.


Na tarde desta sexta-feira, o presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, se reuniu com Carlos Leite, empresário de Marcelo Mattos, em General Severiano. No encontro, o clube ofereceu uma proposta ao agente para rescindir o contrato do volante, que tem vínculo com o Alvinegro até junho do ano que vem.


- Passamos a nossa proposta ao Carlos Leite e ele vai encaminhá-la ao Marcelo Mattos para tentarmos um entendimento - revelou Carlos Eduardo Pereira, que evitou falar sobre rescisão de contrato.

No clube desde 2010, Marcelo Mattos deve ter o contrato rescindido nos próximos dias (Foto: Lucas Loss)




Com salários muito acima do teto estipulado pelo clube, Marcelo Mattos e Henrique receberam apenas uma parte da CLT. Coincidência ou não, o volante não treinou em campo nas atividades de quinta e sexta-feira.

O impasse expõe a vontade do Botafogo de se desfazer dos dois atletas por conta dos altos salários. Enquanto Mattos, com contrato até junho de 2016, tem o segundo maior vencimento do clube - atrás apenas de Jefferson -, Henrique recebe um pouco mais do dobro do teto salarial de aproximadamente R$ 60 mil estipulado pela diretoria. O vínculo do atacante vai até dezembro do ano que vem. 
 
Presidente do Botafogo se reuniu com empresário de Mattos
 nesta sexta e ofereceu a rescisão 
(Foto: Vitor Silva/ SS Press)
Antes do encontro com Carlos Leite, o presidente do Botafogo conversou com o GloboEsporte.com e deixou claro que o clube não poderia mais arcar com o salário de Marcelo Mattos.

- O valor que ele recebe está muito acima do que podemos pagar. Sei que é uma herança da administração anterior, mas o fato é que está causando impacto em todo grupo. Temos que discutir essa situação logo, porque do jeito que está não dá para continuar – disse Carlos Eduardo Pereira.

Como grande parte do grupo tem contrato até o fim do ano, o Botafogo já iniciou as negociações de renovação de alguns jogadores importantes. Com a valorização do elenco, o clube terá que reajustar salários, e as saídas de Marcelo Mattos e Henrique dariam um fôlego nas finanças.

No Botafogo desde 2010 e apontado como uma das lideranças do elenco, Marcelo Mattos tem status de titular, mas constantemente vem ficando fora de partidas importantes. A versão oficial é que o atleta vem sendo poupado por conta de problemas físicos.

Caso Marcelo Mattos aceite a proposta de rescisão, é provável que o Botafogo vá ao mercado atrás de um primeiro volante. Substituto natural de Mattos, Airton não terá seu contrato renovado e deixará o Botafogo no final do mês. Desta forma, René Simões teria à disposição para a posição os jovens Andreazzi e Diérson.

Por Gustavo Rotsten e Marcelo BaltarRio de Janeiro/GE

Em reunião com presidente, grupo propõe ajuda financeira ao Botafogo


Liderados por Carlos Augusto Montenegro, ex-mandatário do clube, 30 torcedores se dizem prontos para colaborar se for preciso. Carlos Eduardo Pereira aprova iniciativa



Presidente Carlos Eduardo Pereira diz que toda ajuda é bem-vinda
para aliviar crise financeira no Bota (Foto: Luciano Belford/SSPress)
O Botafogo conseguiu na última quarta-feira quitar a folha salarial dos jogadores – os valores referentes à carteira de trabalho, incluindo os encargos trabalhistas, e metade dos direitos de imagem referentes a maio. Além disso, quitou os vencimentos dos funcionários que recebem menos. Mas tudo a custo de muito esforço e pouco dinheiro. Por isso, enquanto ainda luta para desbloquear receitas retidas na Justiça, o clube pode contar com a ajuda de torcedores dispostos a colaborar financeiramente.


Nos últimos dias, o presidente Carlos Eduardo Pereira teve um encontro com Carlos Augusto Montenegro, cuja chapa foi derrotada nas últimas eleições. Mandatário do clube de 1994 a 1996, ele representou um grupo de 30 torcedores que se disse pronto para socorrer financeiramente o Alvinegro quando necessário.

Carlos Eduardo Pereira se disse satisfeito pelo interesse do grupo, mas deixou claro que no encontro com Montenegro não foi feito um planejamento neste sentido. Atualmente o Botafogo ainda luta para desbloquear R$ 1,9 milhão referente a uma dívida com Donizete – o departamento jurídico tenta derrubar a penhora e fazer com que ex-atacante entre na fila de credores pelo Ato Trabalhista – e espera da Prefeitura do Rio de Janeiro o reembolso de R$ 3,5 milhões por conta de gastos com o Engenhão.

– Conversamos em linhas gerais sobre diversos assuntos do clube, mas não falamos em dinheiro. O importante é somar forças em prol do Botafogo e ver no que cada um pode ajudar. Foi uma iniciativa bacana, tenho uma relação antiga com o Carlos Augusto, e é óbvio que todos que quiserem ajudar serão bem-vindos – disse Carlos Eduardo Pereira.

Montenegro, que vem colaborando com recursos para o plantio da grama natural em General Severiano e no Caio Martins, afirmou que a conversa com Carlos Eduardo Pereira serviu para mostrar à atual diretoria que o grupo está disposto a ajudar para que o clube consiga fechar as contas até o fim de 2015. Para o ano que vem as perspectivas financeiras são mais animadoras, caso a equipe consiga retornar à Série A. No grupo também está o empresário Durcésio Mello, candidato a vice na chapa derrotada nas últimas eleições.

– A ajuda pode ser para pagar salários, contas de luz, telefone... O que for necessário. Mas ainda não foi traçado qualquer plano nesse sentido – explicou Montenegro.

Em agosto do ano passado, com o clube vivendo grave crise financeira, uma comissão de notáveis acenou com ajuda para ajudar a colocar as finanças em dia. O ambiente melhorou entre os jogadores, que então estavam com três meses de salários atrasados, mais seis meses de direito de imagem. Mas a ajuda durou pouco, e a crise no Alvinegro culminou com a queda à Série B do Brasileirão.

Por Gustavo RotsteinRio de Janeiro/GE