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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Análise: coincidência ou influência? Jejum do Bota bate com metamorfose


Em meio a desfalques, Jair reinventou o time constantemente e utilizou jogadores e esquemas diferentes nas quatro partidas sem vitórias: dois empates e duas derrotas



Jair olha para o alto e lamenta mais um tropeço do
 Bota no Campeonato Brasileiro (Foto: Marcos Ribolli)
"Eu prefiro ser... Essa metamorfose ambulante". A estrofe inicial da música "Metamorfose Ambulante", de Raul Seixas, de 1973, se aplica bem ao atual momento do Botafogo. Em meio a desfalques de titulares, Jair Ventura não vem conseguindo repetir a escalação e tem tentado tirar um coelho da cartola a cada rodada. Nos últimos quatro jogos do Campeonato Brasileiro, o técnico utilizou jogadores e esquemas táticos diferentes ao reinventar a equipe. Mas os resultados sumiram. Coincidência ou não, já são quatro partidas sem vitórias e sem fazer gols: empates com Coritiba e Flamengo e derrotas para Chapecoense e Palmeiras


– Não uso como desculpa, mas a gente ter que se reinventar, se reinventar, se reinventar... Sempre tem um preço – admitiu o treinador em coletiva logo após o revés por 1 a 0 domingo.


Outro fato que chama a atenção é que, antes de iniciar o jejum, o Botafogo vinha de uma sequência de cinco vitórias, sendo as quatro últimas com a tática dos três volantes: 1 a 0 sobre o Santa Cruz, 3 a 2 em cima do Atlético-MG, 1 a 0 no Internacional e 1 a 0 diante do Figueirense. Mesmo com baixas, Jair até poderia ter mantido a trinca no meio de campo com diferentes peças em algumas ocasiões, mas seguiu sua convicção de criar outras formas de jogar e que já haviam dado certo, como por exemplo contra Cruzeiro e Corinthians.


O GloboEsporte.com fez um levantamento do que aconteceu nos quatro últimos jogos:


PALMEIRAS 1 x 0 BOTAFOGO
Formação: 4-2-2-2
Improvisações: 2 (Emerson na lateral direita e Alemão no meio)
Desfalques titulares: Airton, Bruno Silva e Victor Luis
Escalação: Sidão, Emerson, Carli, Emerson Silva e Diogo Barbosa; Lindoso, Dudu Cearense, Alemão e Camilo; Neilton e Pimpão

Dobradinha Emerson e Alemão pela direita funcionou
 bem na defesa enquanto durou (Foto: Marcos Ribolli)
O time entrou para se defender e explorar os contra-ataques na Arena Palmeiras. Alemão, na direita, e Pimpão, na esquerda, dobravam a marcação pelos flancos e ocupavam os espaços vazios no ataque – embora o ala tenha sido pouco acionado. O Botafogo passou certo aperto, mas conseguiu se segurar até perder Alemão lesionado no fim do primeiro tempo. Fernandes entrou sem o mesmo ritmo, ainda assim o Alvinegro ficou mais encaixado com um terceiro volante e voltou melhor na etapa final. Criou quatro chances claras e estava mais perto do gol quando o Palmeiras encaixou um contragolpe e liquidou a fatura.


BOTAFOGO 0 X 2 CHAPECOENSE
Formação: 4-2-2-2
Improvisações: 1 (Diogo Barbosa no meio)
Desfalques titulares: Bruno Silva e Sassá
Escalação: Sidão, Alemão, Carli, Emerson e Victor Luis; Airton, Lindoso, Diogo Barbosa e Camilo; Neilton e Pimpão

Improvisado, Diogo retornou sem ritmo e
 apagadoa o time titular (Foto: Vitor Silva/
SSPress/Botafogo)
A equipe entrou mais ofensiva, com a mesma tática que havia dado certo contra o Corinthians em casa. Só que Diogo Barbosa, que voltava ao time titular após um mês parado por conta de uma lesão no tornozelo, estava nitidamente sem ritmo. E os comandados de Jair Ventura criaram cinco chances de gol, principalmente na bola parada, mas tiveram uma de suas piores atuações com o treinador. E a Chapecoense, mesmo sem cinco titulares, aproveitou da falha na bola aérea aos buracos para contra-ataques para surpreender jogando na Arena Botafogo.


FLAMENGO 0 X 0 BOTAFOGO
Formação: 4-3-1-2
Improvisações: 0
Desfalques titulares: 0
Escalação: Sidão, Alemão, Carli, Emerson e Victor Luis; Airton, Bruno SIlva, Lindoso e Camilo; Neilton e Pimpão

Trinca de volantes voltou a funcionar no clássico
 e ajudou a zaga (Foto: André Fabiano /
 Agência Estado)
Sem nenhuma baixa do time titular, o Botafogo foi para o clássico com força máxima e voltou a usar a trinca de volantes com Airton, Lindoso e Bruno Silva. Sassá e Diogo Barbosa ficaram no banco para entrar no segundo tempo, e o Alvinegro teve uma grande atuação. O sistema defensivo parou o Flamengo, levou pouco perigo e foi eficaz mais uma vez com a forte proteção no meio de campo. O time de Jair jogou melhor do que o rival, e a vitória só não saiu porque Pimpão errou a mira nas duas melhores chances da partida, cara a cara com o goleiro adversário.


BOTAFOGO 0 X 0 CORITIBA
Formação: 4-2-1-3
Improvisações: 0
Desfalques titulares: Diogo Barbosa e Aírton
Escalação: Sidão, Alemão, Carli, Emerson e Victor Luis; Bruno SIlva, Lindoso e Camilo; Pimpão, Neilton e Sassá

Trio de atacantes contra o Coritiba parou em Wilson
 e deixou as linhas mais distantes (Foto: Andre Durão)
Depois de quatro jogos seguidos atuando com três volantes, Jair previu um adversário mais recuado para encarar o Coritiba e armou uma equipe mais ofensiva: com um trio de atacantes: Pimpão pela direita, Neilton pela esquerda e Sassá centralizado. Os três participaram bastante e tiveram um caminhão de chances claras perdidas. Desperdiçadas quase sempre em defesaças do goleiro adversário, que segurou tudo e mais um pouco, entre isso o resultado. Mas o esquema fragilizou o meio de campo e tanto desguarneceu a defesa quanto isolou o ataque.


Contra a Ponte Preta, no próximo sábado, às 20h (de Brasília), na Arena Botafogo, Jair pode ter que se reinventar de novo, uma vez que perdeu o seu capitão, Carli, suspenso, e ainda corre o risco de ficar sem Alemão, que se recupera de uma entorse no tornozelo direito. O elenco ganhou folga nesta segunda-feira e se reapresenta na tarde de terça em General Severiano. Com 55 pontos, o Alvinegro é o sexto colocado do Campeonato Brasileiro, ocupando a última vaga na zona de classificação para a Taça Libertadores de 2017.


Fonte: GE/Por Thiago Lima/São Paulo

Em nome do G6, Botafogo treinará no Cefat em três dias dessa semana; regime deve ser de concentração


Com ajustes a serem feitos na equipe, que já não faz gol há quatro jogos, jogadores e comissão técnica vão trabalhar longe da sede do clube: em Várzea das Moças, Niterói



Cefat já recebeu o Botafogo em outras ocasiões este ano e em anos anteriores (Foto: Divulgação/ Botafogo)

Toda a gordura que o Botafogo criou, secou. Após quatro jogos sem fazer gols, a classificação para a Taça Libertadores, que antes parecia questão de tempo, ficou ameaçada. Diante deste cenário, a rotina dos jogadores vai mudar nesta semana. Antes do duelo contra a Ponte Preta, no sábado, os treinos de quarta a sexta-feira serão no Centro de Formação de Atletas (Cefat), em Niterói. O regime deve ser de concentração.

O Cefat fica bem distante da sede de General Severiano, do Estádio Nilton Santos ou da Arena Botafogo, que poderiam ser locais das atividades. Em Várzea das Moças, porém, o grupo poderá treinar com menos distrações. Com a medida, o clube também se antecipa a possíveis pressões internas ou protestos, como já visto esse ano.

Num dos piores momentos do Glorioso no Brasileiro, ainda sob as ordens de Ricardo Gomes, no primeiro turno, os jogadores também foram treinar no Cefat após invasão de membros de torcidas organizadas a General Severiano. Agora, faltando duas rodadas, evitar uma não classificação à principal competição continental, que esteve tão perto, é a ideia.

A rigor, o elenco tem folga nesta segunda-feira e se reapresenta na terça-feira. A partir do dia seguinte é que Jair Ventura vai começar a trabalhar o time para o próximo jogo. Bruno Silva, com virose, Airton e Victor Luís, após suspensões, devem voltar. Alemão torceu o tornozelo direito e é dúvida; Carli e Emerson Silva estão suspensos pelo terceiro cartão amarelo, assim como Fernandes; Leandrinho recebeu cartão vermelho contra o Palmeiras e também está fora.

Fonte: Lancenet/Felippe Rocha/Rio de Janeiro (RJ)