Das caronas nas vans hospitalares ao profissional: Kauê aproveita oportunidade no Botafogo e se destaca

Jogador formado na base alvinegra pegava carona com pacientes em tratamento médico em sua cidade natal, Quissamã, até o Rio de Janeiro para treinar e hoje vive o sonho de ser profissional



As madrugadas tinham o mesmo roteiro na vida do jovem, ainda sonhador, Kauê. Ao lado dos pais Tatiana e Clébio, ele saía durante a madrugada de Quissamã, sua cidade natal no Norte fluminense, até o Rio de Janeiro para participar das peneiras do Botafogo.


O trajeto era em uma van municipal usada para transportar pacientes em atendimento hospitalar na Capital. Ele chegava pela manhã com os pais, que o aguardavam até a tarde para retornar, com uniforme, chuteiras e o desejo de um dia virar um jogador profissional.

Kauê ao lado dos pais em conquista do sub-20 pelo Botafogo — Foto: Arquivo pessoal



- Como mãe, eu me sinto muito feliz em ver o sonho do meu filho sendo realizado hoje. No início foi muito difícil porque tínhamos que sair da nossa cidade de carona com paciente para ir à paneira todos os dias - lembrou a mãe Tatiana, de 37 anos.


O orgulho acima é porque, em 2024, o volante de 19 anos se tornou atleta profissional do Alvinegro. E com esse sentimento, ela assistiu o filho dar duas assistências na vitória do Botafogo sobre o Audax na tarde do último sábado.


Além dela, amigos, o irmão e a namorada acompanharam a atuação e vibraram com a participação do jogador das arquibancadas do Estádio Nilton Santos.


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- Passa um filme na cabeça, né? A ficha ainda não caiu de forma concreta que estou realizando esse sonho de estar jogando pelo profissional do Botafogo. Mas fico realizado de ver que todo esforço que fiz lá atrás está se transformando hoje em conquistas que eu tanto almejava - celebrou Kauê.


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Com o mesmo empenho que acordava para pegar a carona durante a noite, ele se dedica no dia a dia de treinos. Depois de sete anos na base, ele subiu ao profissional em 2024 e, até agora, fez cinco jogos dos 11 do Alvinegro no ano e já distribuiu três passes para gol.


Com um primeiro sonho garantido, ele está credenciado para o próximo: quer jogar a Libertadores.

kauê, botafogo, audax, carioca — Foto: Vitor Silva/Botafogo



- Espero continuar tendo atuações positivas, seguir trabalhando forte durante as semanas de treino, para conseguir conquistar meu espaço cada dia mais dentro do elenco, pois também o sonho de disputar uma Libertadores pelo botafogo e deixar tudo de mim para ajudar em cada momento e oportunidade que eu tiver - projetou.


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Kauê é "prata da casa" e começou a trajetória em 2017. Desde então, conta com parceiros importantes nessa trajetória para se formar como atleta e pessoa. Um deles foi o meia ex-Botafogo, agora do Madureira, Kayan, que foi campeão Carioca no mesmo ano que se conheceram, junto com o amigo.


- Conheci ele com 13 anos, quando chegou no clube, e desde então viramos muito amigos. Nos víamos todo fim de semana, mesmo fora do clube. Lembro que na final do Carioca de 2017, ele foi expulso da final com 15 minutos. Ele saiu e ficou se sentindo muito mal por isso. Mas fiz o gol do título e até hoje ele me agradece muito por isso - relembra, aos risos.

Kayan jogou com Kauê no sub-17 — Foto: Arquivo pessoal



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- As coisas na vida do Kauê sempre foram muito precoces, então esperava sim (que ele teria sucesso nos primeiros jogos como profissional). Sempre torci por ele e sempre vou torcer - disse o amigo.


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Além da Libertadores, o volante, que tem como característica pisar com frequência na área, quer fazer seu primeiro gol. E foi assim, como um meio-campista goleador, que ele também ficou marcado vestindo preto e branco na base.


- Acompanho diariamente o esforço dele e tenho certeza que no jogo de hoje (Audax 0 x 2 Botafogo) ele foi o Kauê que todos nós víamos na base. O grande desejo dele agora é ganhar seu espaço e poder marcar seu primeiro gol pelo profissional - disse a namorada Isabella.

"Botafogo não faz mais que a obrigação", afirma Pedro Dep | A Voz da Torcida (https://ge.globo.com/futebol/voz-da-torcida/video/botafogo-nao-faz-mais-que-a-obrigacao-afirma-pedro-dep-a-voz-da-torcida-12385085.ghtml)

Fonte: Por Jéssica Maldonado — Rio de Janeiro

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Com demissão do treinador, protestos e em busca da classificação no Campeonato Carioca e na Libertadores. Assim o Botafogo entrou em campo sábado, contra o Audax, no Estádio Nilton Santos, pela penúltima rodada do Campeonato Carioca e venceu por 2 a 0, com gols de Diego Hernández e Janderson. Com destaque para jovens, a equipe foi comandado interinamente por Fábio Matias.

Audax 0 x 2 Botafogo | Gols | 10ª Rodada do Campeonato Carioca


O Alvinegro esteve em campo com um time misto, já que na próxima quarta-feira tem decisão contra o Aurora, pela Libertadores. Com isso, teve em parte dos titulares jogadores que estavam praticamente isentos da pressão dos últimos meses - neste sábado, com poucos torcedores no estádio e contra o lanterna da competição. E isso ajudou. O volante Kauê e o atacante Diego Hernández foram os principais nomes da tarde, jogando "sem peso", algo crucial para reconquista dos bons resultados em meio a mais um momento turbulento do Botafogo.


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O meio-campista atuou como segundo volante, marcou, mas teve liberdade para ser um pouco do que conseguiu ser na base: mais ofensivo. Teve ímpeto, bom passe e pisou na área como elemento surpresa. Não fez gol, mas deu duas assistências: a primeira para Diego Hernández, no primeiro tempo, depois para Janderson, um cruzamento pelo alto, no segundo.

kauê, botafogo, audax, carioca — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Diego Hernández também teve tarde de brilho. E não é exagero dizer que foi o melhor jogo dele pelo Botafogo. Não foi uma atuação de luxo, é verdade, mas teve o primeiro gol com a camisa alvinegra e aparições com velocidade e boa visão de jogo.

Diego Hernández faz o primeiro gol pelo Botafogo — Foto: Vitor Silva / Botafogo


Enquanto os jovens tentam recuperar a confiança, outros seguem em aflição. Caso de Tiquinho Soares, o artilheiro incontestável do primeiro semestre de 2023 e que foi alvo de protestos da torcida durante a semana. Ele atuou somente no primeiro tempo e pouco fez enquanto esteve com a bola. Ele correu sem ela, se esforçou quando perdeu a posse, mas não indícios de melhora. O desempenho segue aquém do maior goleador da temporada passada.

"Botafogo não faz mais que a obrigação", afirma Pedro Dep | A Voz da Torcida (https://ge.globo.com/futebol/voz-da-torcida/video/botafogo-nao-faz-mais-que-a-obrigacao-afirma-pedro-dep-a-voz-da-torcida-12385085.ghtml)



Resolução da ponta-esquerda

A grande dúvida do time para esse duelo era pelo lado esquerdo de ataque. O titular da posição, Victor Sá, deixou o clube na última semana e Jeffinho está em tratamento de lesão muscular no departamento médico.


Com isso, Fábio Matias optou por colocar Savarino daquele lado, que fez boa parceria com o lateral-esquerdo Marçal, que retornou de lesão depois de 25 dias. Apesar do venezuelano dizer que ainda prefere o lado direito, foi do lado dele que saíram as maiores chances do primeiro tempo. Agora, essa deve ser a solução emergencial mais indicada para o próximo jogo.

Savarino em Botafogo x AUdax pelo Campeonato Carioca — Foto: Vitor Silva/Botafogo



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Esperança para a Libertadores

Foram apenas 1.446 torcedores no Nilton Santos, um reflexo da insatisfação do torcedor após o clube estar fora da zona de classificação do Estadual - Botafogo é o quinto e classificam os quatro primeiros - e ter empatado o jogo de ida da segunda fase da Libertadores, contra o modesto Aurora.


Mas quarta-feira o time precisa de uma vitória simples para avançar. Diego Hernández e Kauê podem não ser as soluções, mas a vitória dá ânimo, mesmo que ainda sem treinador definitivo, para a acreditar que as coisas podem voltar a dar certo.

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Fonte: Por Jéssica Maldonado — Rio de Janeiro