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sábado, 2 de maio de 2020

Botafogo coloca cotas de transmissão do Carioca como garantia por dívida com o BMG


Com novos empréstimos, dívida do Alvinegro com o banco aumentou em 2019 e clube colocou direitos de transmissões do Estadual até 2024 como forma de garantia



Nelson Mufarrej é o presidente do Botafogo (Foto: Vítor Silva/SS Press/Botafogo)


O Botafogo busca soluções como pode para fugir dos problemas financeiros. O balanço financeiro de 2019, divulgado pelo clube na última quinta-feira, indicou que a dívida junto ao Banco BMG aumentou em relação aos valores de 2018. Com dificuldade no fluxo de caixa, a diretoria pegou um novo empréstimo com a empresa.


Por meio de um empréstimo com o BMG, negociado por Anderson Barros, então diretor de futebol, e Carlos Augusto Montenegro, o Botafogo quitou os salários dos jogadores em relação aos meses de outubro e novembro do ano passado. Por consequência, o saldo devedor com o banco aumentou.


O Botafogo, contudo, colocou as transmissões do Campeonato Carioca como garantia junto à empresa. De acordo com o balanço, as cotas de transmissão das partidas que o Botafogo disputar no Estadual até 2024 estão acopladas neste acordo. O levantamento feito pela BDO indica que o Alvinegro pegou R$ 4,5 milhões com o Banco BMG no dia 27 de novembro do ano passado.


Em dezembro de 2018, a dívida do Botafogo com o BMG era de R$ 19,3 milhões. Com o novo empréstimo e as correções de juros, o valor aumentou para R$ 25,9 milhões. O vencimento, de acordo com o documento divulgado pelo clube, era em abril de 2021.


A cessão de direitos de transmissão de partidas que o Botafogo vier a disputar pelo Campeonato Estadual, portanto, podem sofrer consequências econômicas para os cofres do clube até 2024, vide os seguidos empréstimos com o Banco BMG - o Alvinegro também pegou um valor com a empresa em 2018.


Fonte: LANCE! Rio de Janeiro (RJ)

Montenegro cita "estupidez" nos pedidos de volta do futebol: "Se houver pressão, o Botafogo não joga"


Membro do comitê gestor mostra perplexidade com possível volta dos treinos e dá de ombros para punições: "A gente perde ponto. Cada ponto que a gente perder vai ser uma vida salva."



No papel de ex-presidente e atual membro do comitê gestor do futebol, Carlos Augusto Montenegro definiu o posicionamento do Botafogo diante dos pedidos de retorno do futebol e da possibilidade de que os treinos voltem a acontecer. Perplexo, o dirigente fala em "estupidez" e garante que o Alvinegro não entrará em campo enquanto "as coisas não estiverem perto da normalidade".


- Por que essa maluquice com o futebol? Por que que tem que treinar de qualquer maneira? Por que começar dia 20 de maio? Então vai ter uma filha de gente indo tratar os internados, uma outra fila de pessoas enterrando gente e outra fila de jogadores indo treinar? Que isso, cara? Acho que as pessoas perderam a cabeça. O Ministério da Saúde falar que pode treinar é ridículo - afirmou Montenegro em entrevista ao "Canal do TF" no Youtube.


+ Ministério da Saúde se diz favorável ao retorno do futebol



Montenegro em entrevista durante a pré-temporada do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


"Se vier pressão de CBF, Ministério da Saúde, Federação para que se inicie os treinos nessa situação, em que todos os técnicos dizem que pode piorar, o Botafogo não vai jogar. Vai continuar treinando em casa, com os atletas em casa. Os atletas em casa pelo menos estão protegidos. Como que vou tirar eles de lá? Para ficar treinando. Isso é uma estupidez, cara. "Ah, vai perder ponto". A gente perde ponto. Cada ponto que a gente perder vai ser uma vida salva", completou ele.


+ Alexandre Kalil: "Pensar em futebol agora é coisa de débil mental"


Diante da indefinição sobre quem é o responsável por dar o aval do retorno dos treinos, Montenegro acredita que essa responsabilidade cabe à prefeitura do Rio de Janeiro.


- A OMS não tem nada a ver com isso, ela só dá orientação para os países. Ela não deve saber cada caso de cada país. Não vai ser ela que vai dizer quando as atividades vão voltar. No Brasil, você tem o Ministério da Saúde, que teoricamente teria que orientar. E tem os governos estaduais e municipais vivendo o problema de perto. Eu digo que, hoje, quem dá a última palavra é de baixo para cima. Quem diz se pode voltar à normalidade primeiro são os prefeitos e secretarias de saúde. Depois o governador e os secretários de saúde. E aí por diante - disse.


- Além disso, você tem o bom senso de notar que não pode ir treinar com 500 mortos por dia. Você não pode fazer isso. Isso é de uma estupidez... O presidente do Atlético-MG falou que é coisa de débil mental. Estão querendo fazer o futebol como bode expiatório. Eu vejo no mundo todo mundo preocupado com a doença. A NBA acabou, os torneio de tênis foram cancelados, a Fórmula 1 até agosto não vai voltar. Natação, basquete, vôlei, pingue ponte, amarelinha, "purrinha"... Tudo quanto é tipo de esporte, ninguém fala em voltar. Todo mundo quieto. Agora o futebol é uma pressão tremenda para arriscar a vida dos jogadores e comissão técnica, entendeu? Como se fosse um circo, vamos lá botar os palhacinhos jogando, mesmo sem público, e dane-se eles. Vão jogar, correr atrás da bola para alegrar as pessoas domingo de tarde em casa. É uma falta de respeito, uma coisa horrível - lamentou o dirigente alvinegro.


Por fim, Montenegro disse que não conseguiria dormir caso um jogador do Botafogo contraísse o coronavírus porque precisou treinar.


"Você está combatendo uma doença traiçoeira, invisível, ninguém tem noção do que fazer. Tem gente que não sabe ainda se, mesmo tendo pego, pode pegar de novo. É tudo desconhecido. Eram 100 mortes por dia, agora são 500. Quando passa de 100 para 500, aumenta a pressão para voltar a treinar. É uma estupidez, cara. Se depender do Botafogo, o futebol só volta quando as coisas estiveram perto da normalidade. Como vou dormir à noite se um atleta meu sair para treinar e se contaminar? Aí vai para o hospital e não tem vaga para ele. Como vou dormir à noite, cara?", concluiu.


Fonte: GE/Por GloboEsporte.com — Rio de Janeiro