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quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Análise: Botafogo vê Libertadores se distanciar em jogo de extremos



Time domina primeiro tempo, mas grandes chances perdidas são prenúncio do que viria pela frente; rendimento na etapa final despenca e jogadores saem vaiados aos gritos de "time sem vergonha", que é exagero



Pelo futebol que mostrou durante a maior parte do primeiro tempo, o Botafogo tinha tudo para sair do Estádio Nilton Santos com a segunda vitória seguida em casa pela primeira vez neste Brasileirão. Mas o 2 a 0 para o Cuiabá não permitiu isso. A clássica máxima de "quem não faz leva" se fez presente em mais um jogo alvinegro, que teve a oportunidade de matar os dois últimos jogos e saiu com resultados diferentes.


Na noite de terça-feira o time de Luís Castro foi soberano. Pressionando a marcação no campo de ataque, teve a melhor chance de todo o jogo logo aos 10 minutos. Júnior Santos apertou o adversário dentro da área do Cuiabá, ganhou dele e a bola sobrou para Tiquinho Soares bater de canhota em cima do goleiro Walter.


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O futebol ofensivo e que criava chances continuou no Botafogo. Por mais que o Cuiabá tentasse fazer com que os donos da casa saíssem mais para o jogo com Adryelson do que com Cuesta - até por considerar que o lado esquerdo alvinegro é mais forte - foi o argentino quem deu um bonito lançamento para Júnior Santos. Em uma cabeçada à Van Persie, o atacante tentou encobrir Walter que fez outra bela defesa.


Aos 26, o último milagre do goleiro do Cuiabá. Gabriel Pires - que foi um dos melhores do Bota no primeiro tempo por conseguir distribuir o jogo - recebeu na intermediária de ataque e deu belo passe por cima para Jeffinho. Principal revelação do Botafogo neste Campeonato Brasileiro chutou firme, mas obrigou Walter a fazer a terceira defesa difícil no jogo. Os botafoguenses mais otimistas poderiam achar que o gol era questão de tempo. Mas os pessimistas estavam contando com aquele ditado popular no início deste texto.


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Todos os cenários indicavam o Botafogo como favorito na partida. Era o time que estava na disputa da Libertadores contra um que briga pra não cair; o que vem de vitória em casa contra o que não vence há quatro meses fora; até o palpitômetro do ge indicava que era o time de Luís Castro quem sairia vencedor.


Mas não foi

Daquele lance do Jeffinho em diante o Cuiabá começou a chegar com mais perigo. Primeiro, foi um cruzamento que terminou numa cabeçada pra fora. Depois, tentativa de contra-ataque que Marçal se recuperou. Por fim, aos 40 minutos, Tchê Tchê tenta dar o bote na entrada da área do time mato-grossense e abre espaço atrás dele. O time do Cuiabá constrói a jogada do contra-ataque por ali e Deyverson dá belo passe na direita. Cafu chega no bico da grande área direita, cruza de primeira, Daniel Borges e Marçal ficam olhando e André Luís, num misto de sorte com competência, abre o placar.


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Veio o segundo tempo e o Botafogo não se encontrou. Com a intenção de ter o time atacando mais as costas dos laterais do Cuiabá, Luís Castro sacou a formação com quatro atacantes (que é um 4-4-2) e colocou Lucas Fernandes no lugar de Victor Sá - que desperdiçou mais um contra-ataque no primeiro tempo. Só que a substituição não surtiu efeito. Lucas não deu a velocidade que o time precisava e tornou o jogo mais lento, na verdade.


- Não estávamos tendo muito jogo exterior e os laterais do Cuiabá não estavam sendo incomodados pelas nossas ações. Então decidimos jogar com dois pontas abertos, Jeffinho e Júnior Santos, e libertar os nossos laterais e aí teríamos mais envolvência pelo corredor lateral e ganhando mais homens por dentro com Gabriel e Lucas Fernandes, já que o Tchê Tchê segurava um único volante. Isso era a nossa intenção. Muitas vezes as intenções que nós temos nas substituições não são o que acontecem no jogo - explicou Luís Castro, sobre a substituição.




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O segundo gol cuiabano sai logo aos seis minutos do segundo tempo, com pouco futebol tendo sido mostrado até então. E isso desmoronou o Botafogo, como reconheceu Luís Castro e Marçal, ambos em entrevistas depois do jogos. Precisando do gol para tentar chegar mais perto de uma vaga na Libertadores, o time não conseguiu exibir o mesmo futebol que teve no primeiro tempo e, com a ajuda dos jogadores do Cuiabá e do árbitro, a partida ficou bastante picotada e sempre demorando a reiniciar.


Com o segundo gol sofrido por um time de pouca tradição no futebol brasileiro, mas que em cinco jogos tem três vitórias em cima do Botafogo, a torcida desandou. Destinou vaias a Gabriel Pires, que não foi dos piores jogadores na noite mas as partidas recentes ruins o tornam alvo, e chegou a chamar o time de "sem vergonha", o que é um exagero. E se nem Tiquinho Soares jogou bem, é porque a noite não era alvinegra.


Mas o comportamento do torcedor é compreensível quando se fala no frustrante desempenho em casa e por saber que esse time pode jogar mais, mas nem sempre entender a razão para isso não acontecer. Talvez nem mesmo o departamento tenha essa resposta. Ficar na tecla de que eles precisam ser mais pacientes é raso para esse jogo. Até porque a decepção de perder mais um jogo para o Cuiabá não vem de hoje.




Deyverson marca em Cuiabá x Botafogo, pela 35ª rodada — Foto: AssCom Dourado


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No fim das contas, enquanto o primeiro tempo mostrou o extremo de um time que tem capacidade de fazer frente a boa parte dos times que disputaram a Libertadores deste ano (já ganhou dos dois finalistas na atual temporada), a etapa final evidenciou uma imaturidade de uma equipe que não parece estar à altura da principal competição da América.


A gélida chuva que esteve presente no Nilton Santos deu o tom da temperatura da água fria que caiu nas pretensões do Botafogo. A vantagem do oitavo colocado aumentou para quatro pontos em nove a serem disputados daqui pra frente. O time volta a campo na próxima segunda-feira, quando enfrenta o Atlético-MG, que está quatro pontos na frente do Bota, no Mineirão, às 20h (de Brasília), pela 36ª rodada do Campeonato Brasileiro.



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Fonte: GE/Por Davi Barros — Rio de Janeiro