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quarta-feira, 14 de julho de 2021

Chamusca treinou Botafogo com demissão já decidida, e torcedores foram avisados em reunião


Clube apostou em atrasar anúncio oficial da saída do treinador para tentar encontrar substituto de imediato. Condução do caso gerou desgaste. Dirigente nega ter informado torcedores



O Botafogo demitiu Marcelo Chamusca nesta terça-feira, mas a decisão já estava tomada desde domingo, quando os dirigentes se reuniram e a maioria optou pelo desligamento. A busca por um substituto começou antes mesmo do anúncio oficial da saída de Chamusca. Desavisado sobre a situação, o treinador ainda comandou atividade no Nilton Santos na tarde de segunda, enquanto torcedores conversaram com membros da diretoria em protesto no estádio.


Pouco depois do treino, o vice-presidente Vinicius Assumpção conversou com um grupo de torcedores fora do estádio. O ge confirmou que na conversa o dirigente disse que a troca de comando não havia sido feita ainda porque o Botafogo tinha dificuldades de encontrar um substituto, como informou antes o FogãoNET. Consultado, Vinicius negou ter passado essa informação aos torcedores.


Encarregado de comunicar a Chamusca com atraso o que fora acertado nos dias anteriores, o diretor de futebol Eduardo Freeland foi justamente quem defendeu a permanência do treinador. Números e dados foram levantados durante o debate em defesa do técnico, e um dos argumentos foi que, apesar dos resultados ruins, o time desempenhou melhor que os adversários em muitos momentos, e circunstâncias que fogem das mãos de Chamusca implicaram no placar final. Mas o diagnóstico que se impôs foi de fracasso do trabalho, apesar de alguns elogios e do empenho no dia a dia.


+ Lisca é prioridade no Botafogo, que quer técnico antes de sábado





Marcelo Chamusca foi demitido pelo Botafogo na última terça-feira — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Um dos pontos que pesaram a favor de Chamusca foi a relação com o elenco, consultado pela diretoria. Os jogadores acreditavam no trabalho do treinador e pediram pela continuidade, mas o amparo não foi suficiente para a decisão.


Em encontro com torcedores na última segunda, o diretor de futebol Eduardo Freeland citou a aprovação de mais de 80% que o técnico teve junto à torcida no momento da contratação e disse que a questão financeira acaba prejudicada com a troca de comandante. O dirigente defendeu a permanência do treinador, mas foi voto vencido.


A relação entre diretor de futebol e treinador era pacífica, tanto que foi Freeland quem comunicou Chamusca sobre o desligamento. Em conversa sem ânimos exaltados, a justificativa, além dos resultados, a pressão dentro e fora do clube.



A cronologia dos fatos que levaram à demissão:

A saída de Marcelo Chamusca passou a ser cogitada logo após o empate com o Cruzeiro, no último sábado. O desempenho naquele e em outros jogos não agradou. Mesmo assim, o técnico concedeu entrevista coletiva.

A diretoria informou uma reunião no dia seguinte para debater o futuro do treinador. Desde então o silêncio tomou conta do clube.

Na segunda-feira, o técnico se reapresentou com o elenco e não teve nenhuma posição dos dirigentes. Orientou o treino normalmente, apesar do clima estranho no estádio.

No mesmo dia, torcedores protestaram no estádio e conversaram com jogadores e membros da diretoria.
O ge apurou após o anúncio da demissão que a decisão já estava tomada desde domingo, quando o Botafogo sondou possíveis substitutos. Ao técnico, o comunicado foi feito apenas na terça-feira, antes do treino.




Em 10º lugar, Botafogo está há três jogos sem vencer na Série B (https://globoplay.globo.com/v/9679735/)


Quando trouxe Chamusca, o Botafogo optou por um nome mais barato no mercado, mas que tinha o estofo pelos acessos que conquistou na carreira. Externa e internamente, a sensação quase que geral era de um nome que se encaixava na realidade financeira e nas pretensões do clube. A demissão gera custos, assim como a nova contratação.


O Botafogo terá dinheiro para buscar alguém de uma prateleira acima no mercado? É improvável, a não ser que uma situação muito especial se apresente. Por isso, os dirigentes titubearam. Foram consultados nomes do mercado nacional e internacional, mas Lisca é o mais forte para assumir o time. O clube abriu negociações com o treinador e está otimista por um desfecho positivo.


Agora, mais do que nunca, sem espaço algum para erro: a Série B se aproxima do fim do primeiro turno, e essa será a última cartada da diretoria, já que o regulamento não permitirá uma terceira troca de técnico. Se o próximo trabalho não der certo e o clube optar por nova demissão, o campeonato será finalizado sob comando de um auxiliar.


Enquanto o Botafogo não define o novo comandante, o auxiliar técnico Lucio Flavio e o técnico do time sub-20, Ricardo Resende, preparam o elenco para enfrentar o Brusque, às 19h do próximo sábado, fora de casa, pela 12ª rodada da Série B.



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Fonte: GE/Por Davi Barros, Emanuelle Ribeiro e Thayuan Leiras — Rio de Janeiro