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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Carli tem melhor média do que zagueiros da Argentina em 2016


Em grande fase, capitão do Botafogo comanda reação do returno e possui números melhores na temporada do que seus conterrâneos convocados para as eliminatórias



Um dos nomes da reação do Botafogo no Campeonato Brasileiro, o argentino Joel Carli está em grande fase – talvez a melhor de sua carreira logo na primeira experiência internacional – e vive lua de mel com a torcida. Basta ver o gringo, que herdou a faixa de capitão do ídolo Jefferson, ou ouvir seu nome para qualquer alvinegro sorrir. Nas redes sociais, comparações não faltam a ele: "Novo Gonçalves"; "lembra muito o Mauro Galvão"; "melhor zagueiro que vi no clube desde Gottardo". E há até quem enxergue espaço para o defensor de 29 anos na seleção da Argentina, que encara o Paraguai na noite desta terça-feira pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018.

Perfil oficial do Botafogo no Twitter brincou com a eficiência de Carli na marcação (Foto: Reprodução / Twitter)


Apesar de veterano, Carli tem um currículo curto em seu país: defendeu só quatro clubes na carreira – Deportivo Morón, Gimnasia La Plata e Quilmes, além do Botafogo – e nunca ganhou um título. Também jamais foi chamado para a seleção, mas o sucesso do xerife no Brasil pode lhe abrir portas. Guardadas as devidas proporções dos níveis técnicos dos campeonatos, o zagueiro tem melhores números nesta temporada do que os defensores recém-convocados em seus respectivos clubes. Com a Argentina em dificuldade nas eliminatórias, será que o técnico Edgardo Bauza está atento? O GloboEsporte.com levantou os dados para efeito de comparação.












































Carli é, sem dúvidas, um dos maiores responsáveis pela arrancada do Botafogo no returno do Brasileiro. Após ter passado praticamente toda a primeira fase machucado, o zagueiro formou boas duplas tanto com Emerson quanto com Emerson Silva e arrumou a cozinha alvinegra, que é a melhor defesa do segundo turno com apenas três gols sofridos em 10 jogos. Seus números, de fato, impressionam: disputou 23 partidas em 2016, entre Campeonato Carioca, Copa do Brasil e Série A, e com ele o time foi vazado 15 vezes, que dá uma média de 0,65 gol por duelo.












































Quem mais se aproximam dos números de Carli são Otamendi e Pinola. O primeiro é um nome conhecido dos brasileiros, jogou no Atlético-MG em 2014 e foi bem. Depois passou por Valencia, da Espanha, e atualmente defende o Manchester City, da Inglaterra. Aos 28 anos, é o principal zagueiro da seleção. Entre Campeonato Inglês, Copa da Inglaterra e Liga dos Campeões, disputou 38 jogos em 2016 com 37 gols sofridos pela sua equipe, o equivalente à média de 0,97.





Pinola não jogou por aqui, mas não é um completo desconhecido dos brasileiros, pois enfrentou na Libertadores rivais como Palmeiras e Grêmio. Após 10 anos no futebol alemão, ele retornou ao seu país e é hoje o principal zagueiro do Rosário Central. Tem 33 anos e é um dos mais experientes da seleção, onde é reserva. Em seu clube esse ano, fez 20 jogos entre Campeonato Argentino e Libertadores, com 19 gols sofridos pelo seu time, média de 0,95 por partida.




O titular da seleção ao lado de Otamendi leva o nome de Funes Mori. Apesar de ser o mais novo dos concorrentes, com 25 anos, o zagueiro tem a confiança de Bauza e fez um dos gols do empate por 2 a 2 com o Peru, na rodada passada das eliminatórias. Revelado pelo River Plate, ele foi contratado no ano passado pelo Everton, da Inglaterra, e já realizou 28 partidas pelo clube em 2016, entre Campeonato Inglês e Copa da Inglaterra, com 31 gols sofridos e média de 1,10.




Aos 30 anos, Garay tem vários jogos pela seleção argentina, mas nas eliminatórias só jogou uma única vez até aqui, na derrota por 2 a 0 na estreia contra o Equador. O zagueiro está há mais de 10 anos no futebol europeu e só em 2016 defendeu dois clubes diferentes: o Zenit, da Rússia, e o Valencia, da Espanha. Mas realizou poucos jogos, apenas 13 entre Campeonato Russo, Campeonato Espanhol, Copa da Rússia e Liga Europa. Suas respectivas equipes foram vazadas 15 vezes com ele, que dá uma média de 1,15 gol por duelo. Atualmente está lesionado.




Completa a lista dos defensores argentinos convocados para essas eliminatórias o experiente Demichelis, outro que joga há muitas e muitas temporadas na Europa e recentemente se transferiu para o Espanyol, da Espanha, mas vem ficando no banco. Suas 14 partidas em 2016 ainda foram pelo Manchester City, da Inglaterra, entre Campeonato Inglês, Copa da Inglaterra e Liga dos Campeões . Seu time levou 19 gols no período, que dá uma média de 1,35.

E aí, tem comparação?


Fonte: GE/Por Marcelo Baltar e Thiago Lima/Rio de Janeiro







Há coisas que só acontecem... 7 fatos que podiam dar errado no Bota, mas...


De fadado ao rebaixamento à sensação do returno, Alvinegro se reinventa em dois meses: entenda os motivos que levaram à reação do time no Campeonato Brasileiro



No Campeonato Brasileiro de pontos corridos, não é a primeira vez que um time pula da zona de rebaixamento direto para a briga por uma vaga na Libertadores. A história do interino que substitui o medalhão e faz a equipe render mais também não é inédita. Este ano em General Severiano, no entanto, tudo isso acontece ao mesmo tempo. Um velho ditado, repetido como mantra pelos alvinegros, diz: "Há coisas que só acontecem com o Botafogo". De fato, nos últimos dois meses aconteceram situações inusitadas que tinham tudo para dar errado, mas...


O interino que surpreendeu a todos; o substituto de um ídolo que ignorou a pressão; a defesa esburacada que virou muralha... Até as lesões que sempre atrapalharam deram sua parcela de contribuição. E o Alvinegro, de fadado ao rebaixamento, mudou seu próprio roteiro para se tornar a sensação do segundo turno com chances reais de classificação à Libertadores. Ou alguém imaginava que o G-4 viraria G-6, e o Brasileirão – a dois meses do fim – abriria mais duas vagas no torneio continental?

Veja os sete fatos abaixo e tire suas conclusões se a sorte está mudando.


FATOR JAIR


Jair Ventura lapidou o trabalho de Ricardo Gomes à frente do clube
(Foto: Vitor Silva / SSpress / Botafogo)




























É impossível falar da reação do Botafogo sem citar Jair Ventura. A direção deu um tiro arriscado, porém certeiro, ao efetivar o auxiliar de Ricardo Gomes. Sem um nome de consenso no mercado, o clube apostou na continuidade do trabalho do ex-treinador, que aceitou a proposta do São Paulo. Jair, no entanto, fez muito mais. Manteve as ideias de Ricardo, mas também fez do Botafogo um time mais agressivo, com fome de vitórias. O resultado é um aproveitamento de 72% no Campeonato Brasileiro, a terceira melhor campanha do returno e a proximidade de uma impensável vaga na Libertadores.


SEM JEFFERSON. E AGORA?


Sidão assumiu a responsabilidade e substituiu à altura o ídolo Jefferson
(Foto: Divulgação / Botafogo)




























A notícia veio acompanhada da previsão de raios e trovoadas. A três dias da estreia no Campeonato Brasileiro, Jefferson sofreu uma lesão rara no tríceps que o deixaria, no mínimo, fora do primeiro turno. O que seria do time sem sua referencia técnica e de liderança? O Botafogo trouxe Sidão do Audax-SP para disputar vaga com Helton Leite. O goleiro superou todas as expectativas, tornou-se um dos protagonistas da reação e defendeu pênaltis decisivos contra Vitória e Corinthians.


G-4 VIROU G-6


Botafogo ganhou uma motivação extra,e Libertadores que parecia distante ficou próxima (Foto: Infoesporte)



























A reação do Botafogo é de encher os olhos, mas tinha tudo para ser tardia. Apesar de estar galopando rumo às primeiras colocações na tabela, o G-4 ainda era algo distante. O sonho da Libertadores morreria na praia? A mudança no regulamento deu uma força e tanto. Há dez dias, a CBF anunciou que o Campeonato Brasileiro terá mais duas vagas por conta do aumento do número de participantes na competições. O G-4 virou G-6, e o Alvinegro entrou de vez na briga.


QUANDO AS LESÕES ACABAM AJUDANDO...


Lesão de Airton levou à improvisação de Diogo no meio, e tática funciona (Foto: Divulgação / Botafogo)



























Sabe aquele problema com lesões que tanto atormentou o Botafogo no primeiro turno? De uma certa forma, ele acabou ajudando Jair Ventura a descobrir novas formas de jogar. Airton voltou a sentir lesão muscular? O treinador “inventou” Diogo Barbosa no meio-campo e o time acabou com a dependência da trinca de volantes. Luis Ricardo fraturou o tornozelo e só volta em 2017? Emerson foi improvisado na lateral, e a equipe se portou bem com três zagueiros. Hoje, o Botafogo sabe jogar em mais de um esquema.


A REVIRAVOLTA DEFENSIVA


Carli e Emerson encaixaram na zaga alvinegra (Foto: CRISTIANO ANDUJAR/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO)



























Após chuva de críticas e gols, a defesa se encontrou. O Botafogo, que chegou a ter a pior defesa no início do Brasileiro, hoje é o time menos vazado do returno. Em dez jogos, sofreu apenas três gols. A volta de Carli – lesionado durante praticamente todo o primeiro turno – talvez seja o principal motivo da evolução. Airton é outro que superou as lesões e vem colaborando com o sistema defensivo.


NÚMERO MÁGICO?


Gol de Bruno Silva foi entre o minuto 46 e 47 (Foto: CRISTIANO ANDUJAR/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO)



























O botafoguense é um torcedor supersticioso. E o que dizer das coincidências com o número 47? 47 é o algarismo mágico que o time persegue para escapar definitivamente do rebaixamento, mas que também representa o maior risco de queda se perdesse todas as nove partidas restantes, segundo cálculos do matemático Tristão Garcia. Mas o número também pode significar coisa boa: por exemplo, o Botafogo tem 47% de chances de se classificar para a Libertadores atualmente, de acordo com o mesmo especialista. Autor do gol da vitória sobre o Figueirense entre 46 e 47 minutos do segundo tempo, Bruno Silva completou 47 jogos neste domingo. Coincidência?


UMA CASA COMO TRUNFO


Torcida ainda não lotou, mas tem comparecido em bom número à
Arena (Foto: Divulgação / Botafogo)




























Ela é provisória, alugada somente até dezembro, mas pode ser chamada de lar. Sem o Estádio Nilton Santos – cedido para a realização dos Jogos Olímpicos –, o Botafogo foi buscar no Luso-Brasileiro, da Portuguesa da Ilha do Governador, a sua nova casa. Investiu caro, cerca de R$ 5 milhões, na reforma de um lugar que se desse prejuízo técnico seria alvo de muitas críticas. Mas pelo contrário, o local, apelidado de Arena Botafogo, hoje é temido pelos adversários: pelo Campeonato Brasileiro, o aproveitamento lá é de 72%.


Fonte: Por Marcelo Baltar e Thiago Lima/Rio de Janeiro