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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Lições de um filho


Reprodução
Por Paulo Marcelo Sampaio

Futebol é, antes de tudo, lavagem cerebral. Atire a primeira pedra quem nunca tentou convencer o filho a abraçar sua paixão clubística. No meu caso, não foi tarefa difícil. Receita simples: basta acostumar a criança a tomar gosto pelo calor dos estádios. Já aos três anos. João Marcelo estreava ainda menino de colo. Ficou boquiaberto com a imensidão do velho Maracanã. Em êxtase, batia as mãozinhas a cada raro ataque. Lá pelas tantas, bateu aquele sono no menino. Incontrolável. Lutava contra as pálpebras pesadas – àquela altura já perdíamos – na esperança de um gol redentor. Em vão. Nada mais sintomático. Não tinha como esconder a derrota. Não adiantava omitir. Não adiantava dizer que a partida tinha sido cancelada, só para evitar o dissabor de ver os olhos tristes de uma criança. Ele vira tudo, ao vivo e a cores. No caminho pra casa, vagão em silêncio, explicava a ele a máxima do Coubertin, aquele do importante é competir. Eu temia a debandada.

João Marcelo cresceu. E não debandou. Continua nas fileiras, nas trincheiras. Conta onze anos, apenas três a menos que os meninos idealistas que, em 1904, numa aula de álgebra, resolveram criar um clube em Botafogo. Dez anos depois, por brigas internas, o clube quase acaba. Paulo Azeredo, com a experiência de seus 27 anos, foi chamado para apagar o incêndio. Era pra ficar um mês. Acabou ficando um ano. E, à base do improviso e da paixão, crescemos. Tivemos times quase imbatíveis. Servimos de base para várias seleções. Vimos todo tipo de jogador: o que brigava com os próprios colegas; o que se orientava pela sombra para dar o bote nos adversários; o que driblava para o mesmo lado; o que não vibrava depois dos gols; o que rompia defesas como um furacão; o que nas horas vagas escrevia poemas; o que, impetuoso, cruzava bolas por trás do gol; o que dizia que só seria campeão se saísse do clube; o que, fanfarrão, prometia gols e alegria, o que, livre de tudo e de todos, furava um chute e entregava um gol de bandeja. Enfim… lances de gênios e momentos patéticos. Tantos, tão nossos.

João sou eu pequeno. Zapeia canais de tevê, navega por sites à procura de noticias. Boas e ruins. No sábado me ligou. “Pai, fomos campeões cariocas sub-15, contra o fluminense, nas Laranjeiras”. Há poucas semanas, mais uma de encher seus olhos. “Dois caras saíram no tapa, em pleno treino.” “Faturamos o bi estadual de remo”. Se antes ficava preocupado com a cabecinha do meu filho, hoje ele é que cuida de mim. Me faz sorrir. E me consola outras vezes. Rebaixamento decretado, me veio com essa. “Eu não amo a série A. Eu amo o Botafogo”, disse, saindo da sala de cinema. Mais importante do que competir, é lutar. E nesse campeonato, nossos jogadores lutaram. Pena que tenha sido tão tarde.

Bota promete auditoria para analisar movimentações de Assumpção


Presidente Carlos Eduardo Pereira promete rigor nas investigações e não descarta ações na esfera criminal



Carlos Eduardo Pereira concedeu coletiva nesta
segunda-feira (Foto: Luciano Belford/SSPress.)
Empréstimos e contratos assinados pela antiga diretoria passaram, a partir desta semana, a ser problema de Carlos Eduardo Pereira. O presidente recém-eleito e sua equipe vêm acompanhando atentamente as notícias sobre as polêmicas negociações envolvendo Maurício Assumpção e o ex-gerente de futebol Sidnei Loureiro, e a garantia é de que tudo será apurado com rigor, possivelmente com a intervenção de uma auditoria externa. Não foram descartadas ações na esfera criminal.

Recentemente o GloboEsporte.com noticiou que o Botafogo pegou empréstimo de R$ 3 milhões com três empresários paulistas, sendo que uma comissão de R$ 300 mil foi destinada a intermediários que se mostraram ligados a Sidnei Loureiro. Posteriormente soube-se que o empréstimo teve como um de seusfins o pagamento de empresa de familiares do ex-presidente e de funcionários que tiveram contratos rescindidos, como o ex-gerente de futebol.

- Estamos apurando essas e algumas outras operações. Infelizmente a postura ética estava meio colocada de lado. Mas assim que houver um posicionamento mais concreto, vamos divulgar. É certo que teremos uma auditoria externa para levantar empréstimos e outras negociações, inclusive de atletas profissionais. Vamos apurar para entender a extensão desse emaranhado de situações - afirmou Carlos Eduardo Pereira.

O presidente também não descartou a possibilidade de as investigações internas avançarem até a esfera criminal.

- O que acontecer será consequência natural do que for apurado. Tudo terá de passar pelos trâmites internos do clube. Se houver alguma irregularidade, vamos dar o tratamento adequado - ressaltou.

Uma das primeiras medidas da nova diretoria será cortar o comissionamento relativo à possível renovação com a Guaraviton. Segundo Carlos Eduardo Pereira, a Romar, empresa de familiares de Maurício Assumpção, não receberá qualquer valor em caso de manutenção do vínculo com o patrocinador.

- Esse dinheiro será do Botafogo - frisou o presidente alvinegro.

Por Gustavo Rotstein Rio de Janeiro/GE

Eduardo Hungaro é o primeiro nome na 'barca' do Botafogo


Técnico do Glorioso na Libertadores virou auxiliar técnico com a chegada de Mancini




O auxiliar técnico Eduardo Hungaro deve ser o primeiro nome da 'barca' do Botafogo. Ele chegou a ser o treinador do Glorioso na Libertadores da América no início do ano, mas após a eliminação precoce na competição, aliada a pior colocação da história do Botafogo no Campeonato Carioca, foi substituído por Vagner Mancini.

Após a chegada de Mancini, Hungaro virou auxiliar técnico. Nesta segunda-feira, o presidente eleito, Carlos Eduardo Pereira, falou sobre a grave situação do Glorioso nesta temporada e citou o ex-treinador.

- Foi criada uma estrutura paralela de amigos e não se conseguiu manter o modelo profissional. A chegada do Eduardo Hungaro, um profissional sem experiência, e todo esse conjunto de fatores foram coroados com a incapacidade de quitar salários - comentou o mandatário.

A rescisão de Eduardo Hungaro pode ser oficializada ainda nesta segunda-feira.


Paulo Victor Reis -  LANCENET! 

"O ano de 2015 para o Botafogo começou hoje", diz novo presidente


Carlos Eduardo Pereira concede entrevista coletiva após rebaixamento à Série B e afirma que Vagner Mancini e Wilson Gottardo ainda não têm o futuro definido



O dia seguinte do rebaixamento do Botafogo deu a Carlos Eduardo Pereira uma noção mais exata do que vai encontrar no próximo e nos dois anos seguintes. Apenas seis dias depois de ser eleito presidente, ele concedeu entrevista coletiva para falar sobre os passos seguintes à queda para a Série B, consumada com a derrota por 2 a 0 para o Santos, no último domingo.




O presidente afirmou que o técnico Vagner Mancini e o diretor Wilson Gottardo ainda não têm o futuro definido. Mas deixou claro que o planejamento do futebol para a próxima temporada já foi iniciado.

- Sobre Mancini e Gottardo, ainda vamos aguardar o fim do Campeonato Brasileiro. A partir de hoje os diretores do departamento de futebol vai sentar com os dois e avaliar o trabalho, além de entender o que foi feito e observar pontos negativos e positivos. Mas é importante frisar que o ano de 2015 para o Botafogo começou hoje.

Carlos Eduardo, presidente do Bota, concedeu sua primeira entrevista coletiva no cargo (Foto: Sofia Miranda)

Confira a íntegra da entrevista do presidente Carlos Eduardo Pereira:

Erros


Houve distanciamento, perda de comando e ocupação de espaços com pessoas apadrinhadas do ex-presidente. Com isso foi criada uma estrutura paralela de amigos e não se conseguiu manter o modelo profissional funcionado. A chegada do Eduardo Hungaro, um profissional sem experiência, e todo esse conjunto de fatores foram coroados com a incapacidade de quitar salários.


Sinais da crise

Desde 2011 o clube dava sinais preocupantes. Internamente, nós do Conselho Deliberativo observávamos que os orçamentos eram deficitários. Não há como sobreviver a isso. Ou você corta a despesa ou aumenta a receita, mas os gestores encontraram a saída adiantando receitas. Era um cenário praticamente previsível para quem estava no Conselho. Nós alertamos, mas infelizmente o Conselho teve uma visão política das contas, e chegamos a essa situação.

Refis e outras dívidas



Fizemos uma análise da legislação e vimos que é possível pagar dentro de um prazo de 30 dias depois do vencimento. Em paralelo, temos quantias bloqueadas. São cerca de R$ 15 milhões, tendo que pagar R$ 6 milhões ou R$ 7 milhões. Estamos em contato com a Fazenda para conseguir alguma compensação usando esses valores para conseguir quitar os débitos até o fim do ano. O Botafogo não quer sacar esse dinheiro. Nossa ideia é que ele permaneça na Fazenda para pagar as parcelas do Refis e da Timemania. Assim poderemos começar 2015 em outro patamar.

Engenhão




Estivemos com o prefeito na última sexta-feira e ele nos posicionou que as empresas prometeram inicialmente entregar o estádio em novembro, mas adiaram para março. Mas ele prometeu que vai se esforçar para que tenhamos o Engenhão em janeiro. Com isso teremos condições de alavancar o projeto sócio-torcedor. O estádio tem potencial para gerar outras receitas, mas precisamos tê-lo efetivamente de volta. Queremos negociar os naming rights, algo que até agora não se conseguiu.

Patrocínio

A intenção é renovar com a Guaraviton, que já manifestou interesse. Vamos abrir esse diálogo a partir de agora e esperamos um bom resultado. Nosso departamento de marketing está buscando alternativas, caso não seja possível, mas parece que é a prioridade da empresa também. Em relação ao contrato para o material esportivo, já tivemos contatos com um fornecedor importante, com quem teremos uma reunião na sexta. Amanhã vamos receber outra marca interessada.

Impacto do rebaixamento na captação de receitas

Pelo que sentimos no primeiro momento, não teremos maiores impactos. As pessoas têm a devida noção que o Botafogo é uma marca forte, com mais de 5 milhões de torcedores no Brasil e abrangência internacional. Não sentimos qualquer restrição. Claro que se não conseguirmos voltar à Primeira Divisão, fica mais complicado por causa da redução de cotas de televisão. Para 2015 não vi redução, mas nos obriga a retornar à Série A no fim do ano.

Elenco barato em 2015?



A questão de custo é bastante relativa. O que você precisa é de um elenco que te entregue um produto final de boa qualidade. E não necessariamente o caro entrega o melhor. Tem que ter qualidade, experiência e buscar no mercado os nomes certos. A expectativa é de um plantel competitivo e de custo adequado. Por isso, a sinalização de chamar de volta os quatro jogadores demitidos foi mostrar ao mercado que as práticas da nova diretoria são diferentes. Teremos uma reunião hoje à tarde para anunciar os vices, a diretoria completa. Depois pensaremos nos convites. Hoje já começou o trabalho de avaliação do plantel.

Corte de custos e funcionários

Hoje vamos nos reunir com os demais vices para saber exatamente a expectativa de redução. É fundamental que isso seja feito. Para não sermos injustos com ninguém, vamos fazer uma análise criteriosa.

Real situação do Botafogo

É pior do que eu imaginava. Nós estávamos acreditando que se tivéssemos mais alternativas na área trabalhista, teríamos um caminho pavimentado. Mas vamos ter que começar do zero. Caminho é bem longo para trilhar. A situação do clube é muito complicada, e é importante que os sócios-torcedores e os torcedores tenham isso em mente.

Botafogo como reflexo dos problemas do futebol carioca?

Não vejo a situação do Botafogo como um problema do futebol carioca. Vejo como um problema interno, gerencial. O Botafogo tinha meios para não estar nessa situação. Vamos ter que resolver de forma institucional.

Estrutura de trabalho

Há a vontade de reativar o campo de General Severiano, que tem estrutura, mas teve um erro infeliz em relação à destruição do campo de grama. Vamos compatibilizar o Caio Martins com outra alternativa para a base emergencial. A expectativa é que em 2016 nós consigamos dar início à obra do CT integrado das categorias. Vai depender da captação de recursos.

O custo Seedorf

Acho que a vinda do Seedorf foi capenga, porque trouxe o atleta, mas com todos os custos ao clube. Tem que ter um projeto de marketing acompanhando, patrocinadores e eventos que produzam receita para o clube. Houve um ganho de imagem, mas se tratando de uma instituição em crise econômica, foi tudo muito caro em relação ao trabalho que foi feito.

Como motivar novos sócios a contribuir?



Hoje o Botafogo tem uma imagem muito desgastada. Como eu disse aos representantes da Fazenda, você não recupera uma imagem com palavras, mas com atitudes. É um grande desafio que temos. Confio muito na torcida do Botafogo, na capacidade de mobilização, de participação. Nosso programa de sócio-torcedor será feito com transparência, vamos deixar claro que toda a contribuição será para a montagem e manutenção do plantel. Isso vai atrair mais pessoas. Mas tudo isso tem que ser sempre ligado a um projeto com o Engenhão.

Por Gustavo Rotstein e Sofia Miranda*Rio de Janeiro*Estagiária, sob supervisão de Gustavo Rotstein.

De protestos ao pênalti de Jobson: a queda do Botafogo em 15 capítulos


Campanha do rebaixamento é marcada por estreia desastrosa, crise financeira, abalo emocional, troca de farpas na imprensa, demissão em massa e conflito com a torcida


O anunciado rebaixamento do Botafogo à Série B do Campeonato Brasileiro foi decretado neste domingo, com uma rodada de antecedência. Com a derrota para o Santos - 2 a 0 na Vila Belmiro - o Alvinegro não tem mais chances de deixar o Z-4, zona que ocupou em 19 das 37 rodadas, ou seja, durante mais da metade da competição até aqui. Ao todo, o time de Vagner Mancini acumulou 22 derrotas, seis empates e apenas nove vitórias.

Em penúltimo lugar com 33 pontos, o Botafogo só pode chegar a 36 na última rodada. A queda foi o capítulo final de uma campanha marcada por diversos problemas dentro e fora de campo. Da desastrosa estreia à discussão pelo pênalti perdido por Jobson na 35ª rodada, em mais uma derrota em casa, o GloboEsporte.com separou os 15 principais episódios que culminaram na irreversível degola.

01 ESTREIA DESASTROSA

A estreia do Botafogo no Campeonato Brasileiro também foi o primeiro jogo de Vagner Mancini à frente do Alvinegro, depois do fracasso sob o comando de Eduardo Hungaro na Taça Libertadores. E a primeira impressão foi a que ficou: a derrota para o São Paulo no Morumbi foi por 3 a 0, fora o baile. Após o jogo, o treinador chegou a dizer que viu um time "sem alma" em campo.



02 AS FAIXAS: PROTESTO E APOIO

A crise financeira no clube piorou devido ao bloqueio de todas as receitas, o que fez com que o presidente Maurício Assumpção chegasse a cogitar abandonar o Brasileirão em conversa com a presidente Dilma Roussef. Após a Copa do Mundo, a situação começou a ficar insustentável, a ponto de os jogadores entrarem em campo no clássico diante do Flamengocarregando uma faixa de protesto contra a diretoria. Eles reclamaram dos salários em atraso e, inclusive, especificaram o débito: três meses na carteira de trabalho, cinco de direito de imagem, além do FGTS. A mensagem dizia: "Estamos aqui porque somos profissionais e por vocês, torcedores".

A resposta da torcida foi rápida, logo no jogo seguinte. Alvinegros levaram outra faixa ao Maracanã, em claro recado de insatisfação com a administração de Assumpção: "Estamos aqui por amor ao Botafogo e para apoiar vocês, jogadores. Jamais por essa diretoria amadora. Joguem por nós".



03 BAIXA NA JUSTIÇA

No início de agosto, o clube conseguiu por meio de uma ação do Sindeclubes R$ 2,5 milhões para quitar um mês de salários atrasados. Porém, seis jogadores do elenco foram informados de que não receberiam sob a alegação de terem os valores mais altos na carteira. Fato que piorou o clima no grupo. O lateral-direito Lucas, um dos seis atletas em questão, entrou na Justiça e conseguiu a rescisão de seu contrato por estar há três meses sem remuneração, além de falta de depósito do FGTS.



04 DESFALQUE TÉCNICO E FINANCEIRO

A árdua situação financeira praticamente obrigou o clube a vender um de seus principais jogadores e revelação: o zagueiro Dória, contratado pelo Olympique de Marselha, da França. Além de perder o titular da posição, a diretoria não viu a cor do dinheiro. Só que para fugir de penhoras, o combinado foi receber os cerca de R$ 9 milhões só em 2015, quando tiver suas receitas desbloqueadas. Ou seja, a perda considerável em termos técnicos não teve um ganho de igual proporção em termos financeiros durante o Brasileirão.



05 LESÃO DE DANIEL

Justamente quando o Botafogo vivia seu melhor momento no semestre, em 13º lugar no Brasileiro e uma classificação heroica para as quartas de final da Copa do Brasil, com um gol no último minuto sobre o Ceará no Castelão, uma lesão tirou do Alvinegro um jovem jogador que vivia boa fase: Daniel sofreu um rompimento no ligamento cruzado do joelho direito, forçando-o a ficar afastado dos gramados por seis meses para recuperação.



06 DESCONTROLE EMOCIONAL

No início do returno, em setembro, o Botafogo estava fora do Z-4. Mas o emocional de alguns jogadores já estava fragilizado, como o de Airton. Ao reencontrar o São Paulo no Mané Garrincha, em Brasília, derrota por 4 a 2 e expulsão infantil do volante, que deu um pisão na cabeça de Alexandre Pato após se desentender com o adversário em outros momentos da partida. O alvinegro ainda pegou dois jogos de suspensão em julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).



07 APOSTA DE RISCO

A fase ruim da equipe, somada aos muitos desfalques e à falta de recursos para contratações fizeram o clube repensar e dar uma nova oportunidade a Jobson. Com contrato até dezembro de 2015, o atacante retornou ao Botafogo depois de deixar o Al Ittihad, da Arábia Saudita, e ficar quatro meses sem jogar. A princípio, o herói da fuga do rebaixamento em 2009 ficaria só trabalhando à parte, mas a necessidade do time falou mais alto.



08 SHEIK X CBF

Emerson Sheik comprou uma briga com a Confederação Brasileira de Futebol após ser expulso diante do Bahia no Maracanã. O atacante, que vinha sendo o destaque do jogo com dois gols, recebeu o cartão vermelho, deixando com um a menos a equipe, que acabou sofrendo a virada para 3 a 2 – derrota que fez o Alvinegro voltar para a zona de rebaixamento. Ao deixar o campo, o jogador declarou em frente às câmeras: "CBF, você é uma vergonha!". Posteriormente, em julgamento no STJD, ele pegou quatro jogos de gancho por ofensas ao árbitro e um por jogada desleal. E Sheik reclamou: "Não posso desabafar?".



09 DEMISSÃO EM MASSA

A crise estourou de vez no início de outubro, quando Maurício Assumpção decidiu rescindir o contrato de quatro dos principais jogadores e líderes do elenco: Emerson Sheik (que reclamava abertamente da diretoria e chegou a chamá-la de incompetente na imprensa), Bolívar, Edilson e Julio Cesar. Eles foram afastados por causa de divergências com a direção. Além disso, o técnico Vagner Mancini chegou a colocar seu cargo à disposição, mas o presidente não aceitou.



10 RESPOSTA DOS AFASTADOS

Após a dispensa, o Botafogo perdeu para o Vitória, no Barradão, e para o Palmeiras, no Maracanã, indo parar na lanterna do Brasileirão. No dia seguinte, Sheik divulgou um vídeo em uma rede social na qual aparece dançando ao som de um funk de Stevie B, de sunga, em sua cobertura de frente para a praia da Barra da Tijuca. No início do vídeo, é possível ouvir alguém falando: "Não faz isso, não."



Em entrevista coletiva dias depois, o quarteto dispensado concedeu uma entrevista coletiva para dar a sua versão das demissões e reclamar da postura de Assumpção. Os jogadores afirmaram que aceitariam voltar ao clube caso mudasse a diretoria.



11 CONFLITO INTERNO: JEFFERSON X GOTTARDO

Jefferson voltava da seleção brasileira após disputar os amistosos contra Argentina e Japão, na Ásia. Fez escala em São Paulo, onde o Botafogo enfrentou o Santos e foi eliminado nas quartas de final da Copa do Brasil. Porém, o goleiro não se juntou ao grupo, e a ausência irritou o técnico Vagner Mancini e o gerente de futebol Wilson Gottardo. O camisa 1 alegou que não havia programação para se apresentar na concentração e reclamou publicamente: "Foi uma grande covardia do Gottardo." Mas o gerente garantiu que pediu com antecedência a participação dele na partida e respondeu: "Não jogar talvez tenha sido um ato de covardia."Maurício Assumpção precisou intervir para acabar com a troca de farpas via imprensa.



12 PERDA DO MARACANÃ

Para piorar o lado técnico, o Botafogo perdeu o Maracanã na reta final do Brasileirão. Tudo por conta de uma ação judicial, movida por Joel Santana em 2003 (quando era técnico do clube), que já penhorou R$ 1,5 milhão. E o caso teve um complicador: a Justiça determinou que o valor fosse retirado das contas da concessionária que administra o estádio, que não é ré na ação, por conta de uma suposta recusa em penhorar as rendas alvinegras. Para escapar da mordida financeira, passou a ter que escolher outros palcos e optou por Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, e São Januário, mas não teve bom desempenho – no primeiro, empate com Sport (1 a 1) e derrota para o Atlético-PR (2 a 0); no segundo, revés diante do Figueirense (1 a 0).



13 INVASÃO DA TORCIDA

Após a sequência de resultados negativos, cerca de 20 torcedores do Botafogo invadiram o Engenhão durante um treino do time para protestar contra o presidente Maurício Assumpção. No estádio, tiveram contato com jogadores e comissão técnica na sala onde acontecem as entrevistas coletivas.



Mas o papo não foi nada pacífico. Um vídeo, feito por um dos presentes e que circulou na internet no mesmo dia, mostrou que por pouco o encontro não terminou em pancadaria. Houve muita discussão e xingamentos, e o clima esquentou principalmente com o meia Carlos Alberto. E a cena não foi inédita: em julho, alvinegros também chegaram a invadir a sede em General Severiano.



14 O PÊNALTI DA DISCÓRDIA

Longe de repetir o brilho de 2009, Jobson ainda virou vilão da derrota para o Figueirense em São Januário – partida considerada de suma importância na luta contra o rebaixamento – ao perder um pênalti quando o placar ainda estava em branco. O fato irritou bastante o técnico Vagner Mancini, que queria Murilo na cobrança e classificou a atitude do atacante em pegar a bola como "irresponsável".



Houve discussão no vestiário entre comandante e jogador, que não ficou quieto. No dia seguinte, concedeu entrevista coletiva e deu sua versão para o episódio, dizendo que ninguém teve coragem de assumir a responsabilidade e que não se arrependia.



15 O REBAIXAMENTO

O Botafogo resistiu à degola enquanto pôde. Manteve-se vivo na antepenúltima rodada mesmo perdendo para a Chapecoense. A queda poderia ter acontecido também no último sábado, mas as derrotas do Vitória para o Flamengo e do Palmeiras para o Internacional deram ao Alvinegro uma sobrevida e a chance de jogar mais uma vez por sua sobrevivência no domingo. Só que o problema era esse, depender de si. Enquanto os outros resultados ajudaram, o revés por 2 a 0 para o Santos na Vila Belmiro sacramentou o que já estava encaminhado.



E a partida simbolizou o que foi a campanha do time de Vagner Mancini no Brasileiro: fragilidade defensiva, pouco poder de reação e descontrole emocional representado pela discussão entre Andreazzi e Dankler em campo, quando o placar ainda estava em branco.



Ao término da partida, os jogadores lamentaram o desfecho negativo da temporada e pediram desculpas aos torcedores. Um deles, na arquibancada da Vila Belmiro, trocou os protestos que surgiram durante o ano para demonstrar seu amor pelo clube em meio ao segundo rebaixamento. No cartaz, a mensagem: "Eu não amo a Série A, eu amo o Botafogo".



Por GloboEsporte.com Rio de Janeiro

Botafogo usou empréstimo para pagar família de Assumpção em outubro



BASTIDORES FC

por Martín Fernandez




O polêmico empréstimo de R$ 3 milhões que o Botafogo pegou em outubro com um trio de empresários paulistas vai dar muito pano pra manga no clube. É grande a irritação da nova diretoria com a história - que quer entender porque o clube pagou um intermediário (e depois outro) na transação.

Mas não é maior do que a revolta dos chamados "terceirizados" do clube, que ganham como pessoa jurídica e têm até cinco meses de vencimentos atrasados. Isso porque eles descobriram que parte do dinheiro foi usada para pagar a rescisão de demitidos - como o ex-gerente de futebol Sidnei Loureiro. E outra parte serviu para pagar a Romar, empresa ligada ao presidente Maurício Assumpção. Nada menos que R$ 300 mil do empréstimo serviram para pagar comissões da Romar.