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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Montillo encerra "tema salário" e esclarece polêmica na web: "Nunca roubei ninguém"


De volta ao time após mais de dois meses, argentino se diz pronto para aguentar 90 minutos e volta a desabafar após acusação de torcedores: "Tenho 15 anos no futebol, nunca tinha passado por isso"



Depois de reencontrar a bola após mais de dois meses, nesta quinta-feira o reencontro de Montillo foi com os microfones. De volta ao Rio de Janeiro após a derrota por 1 a 0 para o Santos no Pacaembu, o camisa 7 foi escalado para a coletiva de imprensa no Estádio Nilton Santos. Admitiu ansiedade e nervosismo ao retornar os gramados sem sentir uma nova lesão, avaliou os 26 minutos em que ficou em campo como importantes para recuperar a confiança psicológica, acredita que possa aguentar o jogo todo domingo e esclareceu a recente polêmica em que esteve envolvido.



Montillo, Botafogo (Foto: Divulgação / Botafogo)

Aquela em que postou um desabafo nas redes sociais, há pouco mais de uma semana, após alguns torcedores o acusaram de "roubar o Botafogo" por conta do longo tempo do argentino do departamento médico. Dono do maior salário do elenco, Montillo usou as redes sociais para se defender e anunciar que iria devolver ao clube as remunerações de abril e maio, meses em que ficou se recuperando de duas lesões seguidas: uma na coxa e uma inflamação na panturrilha, ambas na perna direita. O presidente Carlos Eduardo Pereira, porém, recusou.

De cabeça mais fria, o argentino reconheceu ter agido no calor da emoção e disse nunca ter vivido algo assim na carreira. As críticas ele leva numa boa, sem qualquer incômodo, mas o motivo de sua indignação foi a palavra "roubo" da qual lhe acusaram. E por isso, não se arrepende.

– Foi uma situação ruim, não sou um cara que usa muito as redes sociais. Tenho mais para postar alguma foto, torcedor pede, mas não fico ligado 24 horas. Aceito crítica, sou pessoa pública, não posso agradar todo mundo, às vezes nem eu me agrado. Fiquei chateado porque tinha várias pessoas mandando mensagem, acho que a palavra roubar é muito forte. Nunca roubei ninguém. Depois mandaram no Instagram da minha esposa. Roubar eu não aceito, trabalhei para caramba nesses dois meses, desabafei porque estava de cabeça quente. Falei com presidente, não aceitou de jeito nenhum (devolução dos salários). Mesmo que sejam poucas pessoas que falam, mexe com a cabeça. Tenho 15 anos no futebol, nunca tinha passado por isso. Mas sempre tem uma primeira vez para tudo. Se quer brincar com a lesão, não tem problema. Mas roubando não. Sei que não é todo mundo, mas às vezes dar um corte em alguém para todos saberem que ninguém está roubando ninguém.

Após trabalhos regenerativos nesta quinta, o Botafogo se reapresenta na manhã de sexta-feira novamente no Nilton Santos. Jair Ventura irá começar a montar a equipe para enfrentar o vice-líder Coritiba no domingo, às 11h, no estádio alvinegro. Com sete pontos, a equipe é a oitava colocada do Campeonato Brasileiro, mas pode cair mais duas posições no fechamento da rodada.


Confira outros trechos da entrevista:

ANSIEDADE DA VOLTA
Além da ansiedade o nervosismo. Nunca passei por uma situação dessa, e sempre a primeira vez é difícil porque não sabe o que vai acontecer. Fiquei muito tempo trabalhando com preparador físico para voltar bem. Primeiro jogo mais difícil porque pela cabeça passa muita coisa. Dia de ontem parecia que iria estrear com medo de dar pique e acontecer alguma coisa.

VITÓRIA POR ESTAR SEM DOR?
Não só para mim, mas para os médicos, preparadores... Sou um pouco chato fora do campo, querendo voltar logo, eles me seguraram para recuperar a força. Agora é dar sequência, estou confiante que vai dar tudo certo. Ontem foi um passo muito importante. A lesão às vezes fica na cabeça. Hoje estou feliz por voltar, triste pelo resultado, merecia um pouco mais.

PERÍODO DE ADAPTAÇÃO PÓS-CHINA
Tomara que tenha ficado para trás isso aí. Futebol chinês tem menos jogos, calendário menos apertado que aqui. E em outubro nosso time estava de férias, mesmo treinando fora do campo não é igual. O que aconteceram nesses três meses foram por isso aí. Mas tenho que olhar para frente feliz em poder voltar e tenho certeza que posso ajudar jogando.

MOMENTO DO BOTAFOGO
Botafogo tem uma coisa muito positiva quando fiquei fora, vejo no dia a dia. Tem um sistema de jogo que não muda dependendo de quem esteja machucado. Ontem mesmo com vários desfalques, o Fernandes que chegou a jogar de lateral, de volante, entrou de meia ontem. Wenderson muito novo, começando. Botafogo tem um esquema, isso é positivo e dá resultado. Assim que chegamos nas oitavas da Libertadores, nas quartas da Copa do Brasil...

AGUENTA OS 90MIN DOMINGO?
Sim, eu quero jogar. Estando dentro do campo, se Jair acreditar que posso começar, o tempo do jogo vai falar se vou aguentar ou não. Ontem com certeza não estava, tinha combinado para entrar no segundo tempo para ganhar ritmo de jogo. A parte física, força, fiquei trabalhando fora do campo. Era mais para ganhar confiança e falar: "Não tenho nada. Falei com esposa depois, ela disse que no começo parecia que eu estava com um pouco de medo. É uma coisa normal, acho que esse jogo era mais para pegar confiança e falar: "Passou". Feliz por ter voltado, acho que merecíamos os 3 pontos. Perder faz parte, não podemos abaixar a cabeça, a equipe está muito forte como está demonstrando no torneio.

CORITIBA
Talvez pode ser uma surpresa porque ninguém esperava, Chapecoense também, não porque não merecem. Time leve, rápido, jogadores em momentos muito bons, temos que abrir o olho. Não podemos deixar escapar mais 3 pontos. Time grande não pode perder pontos em duas rodadas seguidas. Tomara que cheguemos inteiros para domingo. Tem a volta do Bruno (Silva), não sei se alguém sai do departamento médico, mas o Jair terá mais opções para montar o time. Mas temos que respeitá-los.

JOGO ÀS 11h

Não tenho conversado isso, mas é um horário diferente. Não estamos acostumados nem a jogar nem a treinar nesse horário. Mas o outro time também não. Nunca gostei de colocar desculpas, é ruim para todo mundo. No jogo contra o Flamengo falaram que estava muito quente, campo seco, isso dificulta o andar do jogo, mas a CBF coloca o horário que quer, temos que jogar.


Fonte: GE/Por Thiago Lima, Rio de Janeiro

Jair isenta Pimpão de culpa, mas admite: "Se você não faz, depois você leva"


Mesmo com time desfigurado, técnico do Botafogo admite frustração em derrota por 1 a 0 para o Santos no Pacaembu e vê placar mentiroso: "O empate seria mais justo"





Melhores momentos: Santos 1 x 0 Botafogo pela 5ª rodada do Brasileirão



Mesmo com um time desfigurado, sem cinco titulares que vinham atuando, e com nove garotos da base relacionados, o Botafogo jogou melhor que o Santos e esteve perto de vencer o duelo na noite desta quarta-feira, no Pacaembu. Porém, Pimpão perdeu a melhor chance do jogo cara a cara com Vanderlei, e o castigo veio nos acréscimos, em cobrança de falta de Victor Ferraz que Helton Leite aceitou: 1 a 0 (veja os lances no vídeo acima). Ao analisar o resultado na coletiva de imprensa, Jair Ventura viu o marcador como injusto e isentou o atacante de culpa. Mas admitiu que o futebol costuma castigar quem desperdiça chance de ganhar.


– Faz parte, futebol é assim: se você não faz, depois você leva. Nós continuamos fazendo uma boa partida, tivemos a chance de gol com o Pimpão, mas a gente não conseguiu fazer, então paciência. Não foi o motivo, a gente não perdeu o jogo porque o Pimpão não fez o gol. A gente trabalha com esporte coletivo, sendo assim ganha todo mundo e perde todo mundo junto. O culpado não é o Pimpão e nem ninguém, somos todos nós. Está todo mundo no mesmo barco, nas horas boas e nas ruins. Modéstia à parte, nós fizemos dois jogos fora: um onde o Grêmio foi muito merecedor de vencer, e hoje... Quero a opinião de vocês. Se o Santos jogou para vencer o jogo. Acho que não. Mas futebol não é merecimento. O empate seria mais justo, e você acaba tomando gol nos acréscimos. Fica aquela frustração pelo rendimento. Você vem para um jogo contra o Santos com nove meninos da base, isso tem um preço. No Brasileiro você tem que ser cirúrgico, hoje nós não fomos, o Santos foi e conseguiu a vitória.



Jair Ventura classificou o placar como injusto no Pacaembu (Foto: Antonio Cícero/Estadão Conteúdo)


Com sete pontos, o Botafogo caiu para a oitava posição do Campeonato Brasileiro e volta a campo no domingo, contra o vice-líder Coritiba, às 11h (de Brasília), no Nilton Santos. Os jogadores voltam ao Rio no fim da manhã desta quinta-feira e treina à tarde, em seu estádio.


Confira outros trechos da coletiva:

GOSTO AMARGO
Por conta da performance, fica um gosto amargo, aquela dor de cotovelo. Pelo rendimento da equipe, se alguém falar que o Santos mereceu a vitória é complicado. Sou um cara que analisa os dois lados. Fomos melhor na partida e tivemos as chances mais claras, com o próprio Matheus Fernandes também, que entrou livre na área. Chutou para fora. Temos de ser mais cirúrgicos para conseguirmos vencer fora de casa. Se a gente tiver pensando em voos maiores no Brasileirão, temos de equilibrar as vitórias dentro e fora de casa.


ADVERSÁRIO ENFRAQUECIDO
Enfrentamos o Santos com mais de 12 desfalques. Santos sem Lucas Lima, Ricardo Oliveira, que são super decisivos. A gente teve uma grande chance de conseguir um resultado melhor. Fica um peso maior ainda. Com a equipe do Santos completa esse jogo seria muito mais difícil. Não posso esconder isso. São jogadores de seleção brasileira, que fazem falta, como os nossos fizeram para a gente.


USO DA BASE
Penso o seguinte em relação às categorias de base: temos de mesclar. Temos de usar a base e os jogadores experientes. Se fosse só para usar a base, grandes clubes que têm trabalho de base maravilhoso não contratavam tantos jogadores. Não é uma fábrica de carros. Por exemplo: você quer 10 carros daquele modelo, 10 atacantes de velocidade. Hoje a gente só tem o Guilherme. Ele machucou e a gente fica sem opção. O Pachu não é da mesma função. Temos o Roger para atacante, nosso segundo atacante é o Vinícius (Tanque), que está machucado. Temos de usar os meninos. Há essa necessidade. O ideal é mesclar, mas dentro de uma necessidade e de um mercado muito difícil para o Botafogo, que vem de uma realidade financeira difícil, que em 2015 estávamos disputando uma Série B. Em 2016 a gente conseguiu a classificação para a Libertadores e hoje estamos em três competições, fica pesado. Mas não vou lamentar. Vou pedir para sair de uma das três competições? Claro que não. Vamos com jogadores da base e os que tiverem em melhor condição física. Vamos ver onde a gente chega até o final do ano. Vamos dar nosso melhor para chegar o mais longe nas três competições.


MONTILLO
Foi o grande investimento do ano para o Botafogo. Uma pena que ele sofreu com as lesões. É um jogador muito diferenciado. Quando estiver em sua melhor forma física... Hoje o departamento de fisiologia me deu 15 minutos. O usei por 25. Não tem jeito. Quando ele recuperar a boa forma vai nos ajudar muito. Tenho certeza disso.


REFORÇOS
Vou fazer uma analogia. A rede social é tão boa como também tão ruim em certos momentos. Tem uma coisa que se usa nas redes sociais que é a "expectativa versus realidade". A expectativa é que a gente contrate quatro ou cinco medalhões, mas e a nossa realidade financeira? O departamento de futebol do Botafogo está fazendo o possível e o impossível para trazer esses jogadores, mas a gente tem uma realidade coletiva que não podemos fugir. Não posso enganar a torcida e dizer que vamos trazer grandes nomes. Nossa realidade financeira não nos permite. Nosso departamento de futebol sabe da necessidade e a gente vai, dentro da nossa realidade, buscar reforços.


Fonte: GE/Por Gabriel dos Santos, São Paulo