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sábado, 23 de abril de 2016

AS LIÇÕES DOS QUATRO GRANDES NO CARIOCA


Treinadores de Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo avaliam a evolução de seus times após o estadual




POR CARLOS EDUARDO MANSUR

Jorginho, Levir Culpi, Ricardo Gomes e Muricy Ramalho analisam seus times na reta final do Carioca - Reprodução


Repetida à exaustão, a sentença é tratada como verdade absoluta: “Estadual não é parâmetro para nada”. Ouvidos pelo GLOBO, os quatro treinadores dos grandes clubes do Rio, semifinalistas do campeonato, coincidem num ponto: problemas de calendário à parte, necessidade urgente de rever o formato à parte, não é razoável dizer que, após quatro meses de treinos e jogos, não seja possível traçar um perfil de seus times.

A história conta que, usar resultados positivos do Estadual como base para concluir que um elenco está pronto para o Campeonato Brasileiro é erro clássico. Treinadores veem tal prática como erro de avaliação, não como um sinal de que a competição local não permita avaliar o elenco.

— Claro que é possível saber se um time precisa de reforços ou não, quais são suas virtudes e limitações — avalia Ricardo Gomes, técnico do Botafogo.

— Há jogos, é verdade, que não servem para nada. Mas é possível conhecer bem o elenco, tirar conclusões sobre o time — concorda o rubro-negro Muricy Ramalho.

Diante de tal pensamento dos treinadores cariocas, a reportagem ouviu, de cada um deles, o que pensam sobre suas equipes. Neste momento, a avaliação mais prejudicada é de Levir Culpi, que assumiu o Fluminense há apenas 50 dias e, entre jogos do Campeonato Estadual e da Primeira Liga, teve pouco tempo de treinamento. Tanto que admite ainda estar “tentando entender este Fluminense”.

Mesmo assim, Levir fala sobre o perfil que tenta implantar no tricolor, enquanto Muricy Ramalho e Jorginho destacam as variações táticas que Flamengo e Vasco têm buscado. Já Ricardo Gomes comenta o esforço de, mesmo com um investimento limitado, tonar o Botafogo competitivo para as finais do Estadual e o Brasileiro da Série A.


Vasco amplia repertório e busca mais equilíbrio

Quando assumiu um Vasco em estado terminal no último Brasileiro, Jorginho fez o time reagir a partir da mudança no esquema tático: implantou o 4-4-2, com os quatro homens de meio-campo formando um losango. Serginho, hoje fora do clube, era o primeiro volante, com Andrezinho e Julio dos Santos mais à frente, um de cada lado, e Nenê perto dos atacantes. No Estadual, celebra a conquista de repertório.

Jorginho diz que o Vasco de 2016 ganhou novas formas de jogar. Com a chegada de Yago Piakchu, pôde variar para um 4-2-3-1 em alguns momentos. Para ele, tal esquema exige jogadores habituados aos lados do campo, como Pikachu e Jorge Henrique. Outra variação foi o 4-3-3, usado no decorrer de partidas com Thalles, Riascos e Jorge Henrique ou Éder Luís.

A vitória sobre o Fluminense na final da Taça Guanabara trouxe alívio não pelo título, mas porque o técnico voltou a ver o time organizado.

— Movimentos que fazíamos de forma ordenada, como a pressão no campo rival, com linhas altas, estávamos fazendo sem organização. Se o time não se move junto para pressionar, estoura atrás — diz Jorginho.

A obsessão por organizar o time tem a ver com a busca por mais controle do jogo e, também, por evitar que um time de média de idade alta tenha que “correr errado”. Outro certeza de Jorginho no Estadual é o papel de Jorge Henrique para manter o Vasco equilibrado entre ataque e defesa.

— Ele é um cara tático. Atua pelos dois lados, ajudando a atacar e marcar, já foi meia atacante e até volante. É quatro em um. Estamos buscando regularidade. Quero que o time se sinta bem em qualquer esquema, sem ter que fazer mudanças de emergência nos jogos.


Flamengo quer variação tática e Cirino artilheiro

Em janeiro, Muricy Ramalho falava do projeto de construir um Flamengo no 4-3-3. A recente adoção do 4-4-2, com a entrada de Alan Patrick junto a Mancuello e Willian Arão, não é um caminho sem volta ou, como avisa Muricy, uma regra. Segundo ele, o Estadual permitiu dar passos na direção de um time que varie entre duas formações.

— Não se vai a um supermercado escolher esquema tático. Depende da característica. Temos homens de velocidade na frente para um 4-3-3, e a chegada do Fernandinho reforça isto. Mas também temos meias como Alan Patrick e Mancuello para o 4-4-2 — diz Muricy.

Para ele, um conquistas no Estadual foi melhorar a posse de bola. Mas houve instabilidade quando a equipe, então no 4-3-3, perdeu Mancuello por lesão. Os jogos e viagens, com poucos treinos, não ajudavam.

Os seis gols de Marcelo Cirino nos últimos cinco jogos dão a Muricy a certeza de que deu resultado um trabalho exaustivo:

— Não é para ele ficar só aberto. É ruim até para a passagem do lateral. Começar a jogada no lado do campo e terminar no meio arrebenta com o adversário. Neymar faz isso. Insisto, mostro vídeo, até a psicologia conversa. Ele finaliza bem, deve buscar a área. Jogador acredita quando vê acontecer e os gols vão ajudar — diz Muricy, lembrando que, no Atlético-PR, Cirino atuava mais em contra-ataque, o que lhe dava mais campo para correr pela ponta.

Muricy lembra que pelo menos cinco titulares atuais não estavam no clube em 2015:

— O time vai ganhando o desenho aos poucos. A formação mudou e a filosofia de jogo também.


Levir ainda tenta decifrar o Fluminense

O time controlador de jogo, dono quase sempre da maior posse de bola, como era seu Atlético-MG nas duas últimas temporadas? Ou um time de soluções rápidas, vertical nas ações ofensivas, como atuou o seu Fluminense na final da Primeira Liga? Levir Culpi, que tem menos de dois meses no cargo, ainda não tem certeza ao responder sobre que identidade terá o tricolor no restante de 2016.

Ele diz ter visto características que permitem os dois estilos. E admite que pretende ver um Fluminense com mais posse de bola.

— Não entendi bem este Fluminense ainda. Para ser sincero, é isso. No Atlético-MG, era uma certeza de que teríamos boa posse de bola. Aqui está misto. Há jogadores com saída de bola boa, como Pierre e Cícero, que nos dão chance de controlar jogo. Há os que aceleram, como Scarpa, Marcos Junior, Édson acelera por dentro. Temos agressividade pelas laterais. O ideal é mesclar. Mas ter identidade no Brasil não é fácil, porque tudo (times e técnicos) muda rápido — disse Levir, fazendo ressalvas sobre a montagem do elenco. — Ainda será preciso trazer jogadores. E alguns sairão. É natural.

Ele diz que a projeção de futuro do Fluminense é feita, por ele, com base em experiências que viveu em outros clubes. Tem tentado reduzir o espaço entre as linhas, encurtando distâncias entre jogadores. E pretende melhorar a posse de bola. Levir surpreende ao dizer que tal exercício começará pelo goleiro Diego Cavalieri.

— Quero que jogue mais, saia menos com chute longo e mais com passe. Não é fácil, mas é importante tentar — disse.


Botafogo aposta em aplicação e força dos volantes

Ricardo Gomes precisou refazer boa parte do elenco do Botafogo com poucos recursos. Se nestas condições a margem de erro tende a crescer, ele celebra o fato de o Estadual lhe ter dado uma “boa noção” das características do novo time.

— Não dava para definir, de antemão, um sistema tático. Precisava de uma leitura das contratações e ir montando. Não pudemos escolher tanto os novos jogadores. Como não tive outras competições (Fla e Flu jogaram a Primeira Liga) e tive tempo — diz Ricardo.

Ele admite limitações, mas destaca uma virtude: a dinâmica dos volantes Rodrigo Lindoso e Aírton, além de Bruno Silva, que tem jogado pela direita no 4-4-2:

— Nossa maior força são os volantes. Eles nos dão bom volume de jogo. Não acrescentam apenas na parte defensiva.

O Botafogo tem atuado com duas linhas de quatro. À frente delas, Salgueiro se movimenta e faz dupla com um homem mais de área, como Ribamar. Pelo centro, Lindoso e Aírton se encarregam das transições para o ataque, ponto exaltado por Ricardo Gomes. Embora não goste de destacar publicamente, a comissão técnica enxerga em Bruno Silva o grande achado do clube no mercado. O que faz falta é o jogador diferente, criativo, que quebre defesas com lances de habilidade.

— Sim, isso falta. Tivemos mais dificuldades contra times que se fecharam — avalia Ricardo. Para ele, quando precisou propor jogo, o Botafogo sentiu a falta de um grande criador, embora tenha rendido bem em jogos francos, como os clássicos. — Precisamos manter o volume, mas ser mais agudos, fazer mais gols.


Fonte: O Globo

Presidente, torcida e descontração marcam último treino antes de clássico


Em atividade técnica, Ricardo Gomes não revela escalação e mantém dúvida entre Fernandes e Leandrinho. Delegação viaja para Volta Redonda na tarde deste sábado





Um sábado ensolarado, com presença de torcedores e um ambiente leve. Em clima de descontração, o Botafogo fez o último treino antes da semifinal do Campeonato Carioca, na manhã deste sábado, em General Severiano. À tarde, a delegação viaja para Volta Redonda.

Cerca de 30 torcedores aproveitaram o sábado de calor no Rio de Janeiro para apoiar o time antes do clássico contra o Fluminense. Quem também acompanhou a atividade de perto foi o presidente Carlos Eduardo Pereira, ao lado do gerente de futebol Antônio Lopes. 

Antônio Lopes e Carlos Eduardo Pereira acompanharam o treino do Botafogo (Foto: Marcelo Baltar)

Quem esteve presente, no entanto, pouco descobriu sobre a escalação alvinegra. Em treino técnico, com jogadas ensaiadas em bolas paradas, o treinador não deu pistas sobre o meio de campo: Leandrinho e Fernandes disputam uma vaga.

Antes da atividade, muita descontração no aquecimento. Entre uma brincadeira e outra, os jogadores se abraçavam. Sobrou até para o preparador físico Ednilson Senna, que foi jogado para o alto pelos atletas.


Sassá é destaque


Enquanto a maior parte do grupo trabalhou jogadas ensaiadas, alguns jogadores participavam de treino técnico, em campo reduzido, do outro lado do campo. O destaque foi Sassá. Elogiado por Ricardo Gomes, o atacante está recuperado de uma cirurgia no joelho e tem previsão de volta na próxima quinta, contra o Coruripe, pela Copa do Brasil. Ele não está inscrito no Campeonato Carioca.

O Botafogo deve ir a campo neste domingo com Jefferson, Luis Ricardo, Carli, Emerson, Diogo Barbosa; Rodrigo Lindoso, Bruno Silva, Gegê, Leandrinho (Fernandes); Salgueiro e Ribamar.

Botafogo e Fluminense disputam jogam neste domingo, às 19h, no Raulino Oliveira, em Volta Redonda. O Tricolor tem a vantagem do empate. O GloboEsporte.com acompanha em Tempo Real, com vídeos.


Fonte: GE/Por Marcelo Baltar/Rio de Janeiro

Sassá, Aquino e mais um: Botafogo planeja trinca para ataque embalar


Os dois primeiros já estarão à disposição no Brasileiro, mas clube tem interesse em Kleber Gladiador e William Pottker. Um camisa 10 experiente também é alvo




É de conhecimento público que o Botafogo se movimenta para se reforçar para o Brasileirão. Apesar da boa campanha no Carioca, o departamento de futebol acredita que o campeonato nacional será um peso muito maior nas costas da garotada. E com o setor defensivo aparentemente ajustado – melhor defesa do estadual -, a prioridade é o ataque. Até por isso o clube busca um nome de peso, mas “cascudo", para reforçar o setor.

Duas novidades já estão asseguradas. Após quase seis meses afastado por conta de uma cirurgia no joelho, Sassá voltou a treinar, aparenta nos treinos estar em ótima forma e já estará à disposição de Ricardo Gomes para o início do Brasileirão. A outra é Anderson Aquino. O atacante, que já treina no clube, deve assinar no início da próxima semana.

- Já viu o Sassá treinando? Esse é um bom reforço. O Aquino está fazendo exames, e tem mais um. Sassá, Aquino e mais um. Não precisa mais. Não quero trabalhar com 40 jogadores - disse o técnico Ricardo Gomes. 

Sassá e Aquino vão reforçar o Botafogo no Brasileiro. Ricardo Gomes quer mais um (Foto: GloboEsporte.com)

Esse “mais um” ainda é uma incógnita. Com situação financeira delicada, o Botafogo não pode errar e planeja dar um tiro certeiro. Após a negativa do chileno Canales e a demora de Júnior Dutra, os alvos, agora, são Kleber Gladiador e William Poktter. O primeiro é um sonho antigo, mas o Coritiba não tem intenção de negociá-lo, e as conversas não evoluíram nos últimos dias. A situação de Potkker é menos complicada, apesar de o atleta do Figueirense também despertar interesse da Ponte Preta.


CLUBE TAMBÉM BUSCA UM CAMISA 10


A prioridade é o ataque, mas o Botafogo também busca um meia mais experiente para vestir a camisa 10. Para o setor, o clube já acertou com Marquinho, do Macaé, que se apresenta no início de maio. A comissão técnica, no entanto, vê o jovem como uma aposta. 

Alex esteve próximo, mas o negócio esfriou (Foto: Alexandre Lops/Internacional)

O Botafogo esteve próximo de Alex. O Inter liberou, o jogador estava disposto a defender o Alvinegro, mas a família esfriou a negociação por não se animar a morar no Rio de Janeiro. Renato Cajá também foi observado. Porém, o meia, que pode pintar no Santa Cruz, tem um custo benefício alto, na opinião da diretoria alvinegra.


Após falar publicamente que o acerto com Alex estava 90% concretizado e ver a negociação andar para trás, a diretoria do Botafogo assumiu a postura de não comentar sobre reforços até que o acerto esteja sacramentado. Apesar da cautela nas declarações, o clube tem pressa.


Fonte: GE/ Por Marcelo Baltar/Rio de Janeiro