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segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Análise: com liberdade, Honda e Caio Alexandre levam Botafogo à frente na Ilha do Retiro


Time cresce coletivamente e é melhor que o Sport fora de casa; erro individual quase custa resultado



O Botafogo teve momentos melhores que o Sport na Ilha do Retiro na noite do último domingo e, mesmo com um jogador a menos durante praticamente todo o segundo tempo, foi superior e merecedor dos 2 a 1 que o tiraram da zona de rebaixamento. A primeira vitória fora de casa nesse Brasileirão tira um peso das costas para a sequência.


O primeiro tempo alvinegro foi promissor. Contra um Sport que ainda não havia perdido na Ilha do Retiro sob o comando de Jair Ventura, os visitantes subiram a marcação, pressionaram o adversário e propuseram o jogo fora de casa.


A ousadia do time alvinegro se deu principalmente pelas participações fundamentais de Caio Alexandre e Keisuke Honda. Apesar de ainda irregular, Rafael Forster como primeiro volante libera as saídas dos dois companheiros de meio campo, o que explica o domínio ofensivo do Botafogo.



Honda foi decisivo em Sport x Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Honda voltou a ser essencial e foi coroado com seu primeiro gol no Campeonato Brasileiro. A pressão alta fez diferença, e o japonês aproveitou saída errada de Luan Polli para finalizar colocado no canto direito do goleiro. Participou diretamente do placar, mas foi além disso. O meia levou o time à frente, encontrou jogadas para desfazer as linhas adversárias e ajudou na marcação, principalmente no segundo tempo.


Caio Alexandre segue em alta. Jogou com liberdade, ocupou bem o campo de ataque com passes novamente precisos, além de ter saído de campo com seu terceiro gol consecutivo no Brasileiro. Com apenas 21 anos, é o mais novo do time titular e mostra evolução a cada partida. Acertou todos os 19 passes que tentou no jogo.


O Botafogo fez um jogo coletivo quase perfeito no primeiro tempo e teve chances de ir para o intervalo com um placar ainda mais avantajado. O time de Bruno Lazaroni cumpriu bem a marcação alta, preencheu a área, usou os lados do campo, foi compacto e teve participação de todos para a construção das jogadas.


Rhuan teve participação ativa no primeiro tempo, mas ainda precisa ser mais certeiro nas finalizações. É opção importante de velocidade e se movimenta bem na área, mas conclui mal. Kalou foi pouco melhor, mas ainda longe do esperado e do que mostrou em suas melhores exibições.


No segundo tempo, a postura botafoguense foi alterada por necessidade. Logo aos 8 minutos, Rafael Forster recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso. A atitude do atleta colocou o resultado em risco e desestabilizou o time, que sofreu gol de Thiago Neves logo em seguida.


Bruno Lazaroni então teve que preencher mais o meio de campo e dar velocidade aos contra-ataques com a entrada de Guilherme no lugar de Kalou. Mais atrás, o Botafogo se segurou e não cedeu à pressão do Sport. A marcação alvinegra, apesar de alguns erros, foi bem executada na Ilha.



Caio Alexandre e Kanu também vão bem — Foto: Marlon Costa / Pernambuco Press


- Por causa da expulsão tivemos que recuar mais do que gostaríamos. Mesmo nessa dificuldade, conseguiram segurar o resultado. A estratégia acabou sendo recuar um pouco mais, ficar mais próximos da nossa área e tentar diminuir os cruzamentos, evitar os cruzamentos. O gol deles saiu oriundo dessa jogada - explicou Bruno Lazaroni.


Na defesa, apenas Marcelo Benevenuto destoou. O zagueiro não acompanhou Thiago Neves no gol adversário e foi mal nas jogadas aéreas. Por outro lado, Kanu salvou o colega e chegou à frente para o passe açucarado para Caio Alexandre no gol ainda na primeira etapa. Kevin e Victor Luis também não comprometeram.


É a primeira vez que o Botafogo consegue duas vitórias seguidas nesse Brasileirão. Ainda sem perder longe do Rio de Janeiro, o time visita o Grêmio na próxima quarta-feira, às 19h15, na Arena do Grêmio.


Deu bom

Jogo coletivo. Especialmente no primeiro tempo, o Botafogo teve um dos seus melhores momentos com a participação efetiva do time todo em campo.
Honda. O japonês mostra sua importância e vem sendo fundamental para o Botafogo. Além do gol, ajudou na construção de jogadas e na marcação.
Caio Alexandre. Depois de momento de oscilação, o volante se firmou e foi participativo nas últimas rodadas. Além do bom passe, preenche bem a área botafoguense.
Kanu. O zagueiro é um dos jogadores mais regulares do Botafogo na temporada. Contra o Sport, foi seguro na defesa e ainda apareceu como elemento surpresa no ataque.


Deu ruim

Rafael Forster. O atleta, além dos erros de passes e da dificuldade na saída de bola, foi expulso sem necessidade e colocou em risco a vitória do Botafogo.
Sufoco. O Botafogo voltou a sofrer com o resultado em praticamente definido. Mas, nesse caso, a explicação é a expulsão de Rafael Forster.
Conclusão. O Botafogo criou chances e poderia ter saído da Ilha do Retiro com um resultado melhor, mas voltou a errar nas conclusões das jogadas.




Fonte: GE/Por Emanuelle Ribeiro — Rio de Janeiro

Túlio coloca Copa do Brasil como prioridade e se diz "irradiante de felicidade" em volta ao Botafogo


Em entrevista exclusiva ao ge, gerente de futebol fala sobre o desafio na volta ao clube de General Severiano e o momento que o Bota vive, além de comentar polêmicas do passado


Após mais de 160 jogos, Túlio Lustosa está de volta ao Botafogo, mas não como jogador. Depois de passagens por clubes de menor expressão como gestor, o ex-volante agora é o novo gerente de futebol alvinegro. O profissional tem no clube da Estrela Solitária a principal chance em um grande brasileiro na nova função fora dos gramados.


- Estou irradiante de felicidade por estar de volta. Foi surpreendente para mim, porque fazia pouco tempo que eu tinha saído do Goiás e estava em Brasília quando o Renha (Manoel Renha, membro do comitê executivo de futebol) fazendo o convite. Na mesma hora peguei o carro, fui para Goiânia fazer a mala e no mesmo dia estava aqui. Foi uma felicidade só, a família também ficou feliz.


- Mas agora muito trabalho desde o primeiro dia que cheguei. Sei o peso da responsabilidade, o tamanho do desafio, mas o tamanho da minha vontade é maior do que isso. Vou superar tudo e trabalhar incansavelmente para que tudo dê certo - disse Túlio ao ge.


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Tulio Lustosa, novo gerente de futebol do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Túlio chega ao Botafogo com uma meta já traçada. Após o time deixar a zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro com a vitória sobre o Sport, o dirigente sabe que o maior objetivo do time na temporada é a Copa do Brasil, o que já foi conversado com os jogadores.


- Tem metas internas que eu prefiro não ficar falando, mas a grande meta, o principal objetivo da temporada para o Botafogo, que fiz questão de frisar, é a Copa do Brasil. Essa é nossa principal ambição. Temos agora nas oitavas de final um adversário que está numa fase esplêndida na Série B, tem um elenco que eu conheço bem porque fizeram a preparação durante a pandemia em Goiás. É um adversário que tem que ser muito respeitado.


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Em papo exclusivo com o ge, Túlio falou sobre o desafio na volta ao clube de General Severiano e o momento que o Botafogo vive, além de comentar polêmicas do passado. Veja abaixo.


Primeiro contato com os jogadores

- Muito rápida a apresentação, mas me apresentando para eles, dizendo que conheço todos que estão no elenco, dizendo que traçamos metas para que eles sigam e busquem atingir o que pré determinamos para eles. A maneira que eu costumo trabalhar também, o mesmo comportamento que vou ter com eles eu vou exigir de volta, ou seja, compromisso 24 horas. Na mesma medida que eu der eu vou cobrar.



Túlio traçou objetivos com o elenco do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Peso da camisa

- Acho que todos os atletas que estão aqui vieram pra cá por ser o Botafogo, sabe que estão numa grande equipe e eu sou um profissional que acredito muito no trabalho independente do valor da folha salarial da equipe. Já enfrentei desafios grandes na minha carreira com equipes com orçamentos bem menores que as outras, já fui atleta de times tanto com folhas maiores quanto com folhas menores e isso não significa resultado. Acredito num time que tem compromisso, mira um objetivo e pode chegar muito longe independente de tudo.


- Quando eu resolvi exercer essa função pós carreira de atleta, eu sabia que as coisas não viriam para mim já em clubes grandes. Comecei em clubes pequenos e sempre fiz questão de estudar cases de sucesso de clubes menores. Vivo hoje num clube que não tem os valores financeiros lá em cima, que tem muitas dificuldades, mas que, se o trabalho for bem feito aqui, a gente pode sonhar alto e conquistar grandes coisas.


Ambiente do Botafogo

- Eu fui atleta do clube durante cinco anos e eu sei qual é o nível de cobrança aqui dentro. Não posso ter desculpas prontas para o torcedor se os resultados não vierem. O torcedor quer resultado, a diretoria também e eu vim sabendo desse compromisso. Deixaram claro todas as dificuldades que o clube enfrenta, mas também todos os esforços para dar condição de trabalho para os profissionais. Me deparei com uma equipe de trabalho muito melhor que na minha época.


- Hoje o Botafogo tem excelentes profissionais, que dão condição para os atletas atuarem no mais alto nível possível. As outras dificuldades já foram conversadas, todo mundo que vem para o Botafogo sabe que pode enfrentar algum tipo dificuldade uma hora ou outra e isso jamais vai poder ser vir de muleta para o atleta ter baixo rendimento. O material humano é muito mais importante que qualquer folha salarial. Temos profissionais aqui dentro do mais alto gabarito, compatível com qualquer outra equipe grande do futebol brasileiro.


Avaliação do elenco

- Nosso elenco o torcedor sabe que é um elenco forte. Temos jogado talvez os últimos dez jogos, com exceção do jogo do Bahia, todos foram em pé de igualdade com os adversários, que têm elencos mais "qualificados", folhas três, quatro vezes maiores que a nossa, e nós conseguimos jogar de igual pra igual. Isso acho que mostra que talvez pelo excesso de empates que tivemos, a autoestima dos nossos atletas deu uma abaixada e aí vem dificuldade pra ter um nível melhor de atuação.


- Claro que temos que trazer um ou outro jogador, temos aí um problema que é da inscrição, estamos aguardando a CBF se pronunciar se vai acatar os pedidos dos clubes de aumentar o número de inscritos no campeonato até devido a pandemia. Eu acho que vai ser acatado, porque é o melhor para o futebol. A gente aumentou o número de substituições, o número de lesões nos clubes aumentou pelo tempo parado, então acho que é o mais prudente acatar isso.


Bruno Lazaroni


- Eu não conhecia o Bruno pessoalmente, mas acompanhava os trabalhos. Ele tem muitos anos de Botafogo e conhece muito bem isso aqui. Acho que ele está pronto sim. Essa experiência que falta a ele na Série A comandando o time efetivamente que ele possa compensar com muita disposição, vontade e trabalho. Tenho visto isso no dia a dia, o comando do Bruno é um item fundamental para um treinador, o respeito que os atletas demonstram e isso aqui é enorme, eles respeitam e admiram a forma que o Bruno tem de comandá-los e cobrá-los.


- O Bruno tem muitos requisitos para iniciar uma carreira de sucesso. Não julgo ninguém pela pouca experiência, até porque sou julgado por isso. O sucesso dele é o meu sucesso e o sucesso do Botafogo. Que de mãos dadas a gente deixe alguma coisa marcada na história do Botafogo.



Túlio e Lazaroni em treino do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Honda e Kalou


- São dois atletas de referência mundial. Eu joguei por dois anos no Japão e tive a oportunidade de jogar contra o Honda quando ele estava iniciando a carreira e já via que era um jogador muito diferente. O japonês pensa duas vezes em aceitar um convite de um clube do exterior, o Honda não pensou quando teve uma proposta e saiu para um centro maior, porque era um jogador ambicioso. O Kalou é essa referência técnica também que temos no dia a dia, exemplo de humildade, quando fica no banco de reservas passa força pra todo mundo, esse é o tipo de profissional que a gente quer.


- Dois profissionais completamente comprometidos, com objetivos na carreira ainda apesar de já terem conquistado várias coisas. É fundamental termos referências como essas, espero que os atletas mais jovens aproveitem essa oportunidade.


Experiência como gestor

- Depois que eu parei de jogar eu tive várias experiências como gestor de futebol de clubes pequenos, clubes médios, o Goiás para mim foi uma experiência muito enriquecedora. Fiquei três anos no Goiás e fui com a desconfiança de todos por ser jovem, só tinha passado por times menores, mas esses times me ensinaram mais, e hoje eu tenho conhecimento para debater com todos os departamentos dos clubes. Isso me ajudou a crescer e a discutir de igual pra igual com outros departamentos, sei até onde posso cobrar. Vou tentar corresponder toda essa expectativa e confiança. Chego sob desconfiança, claro, tenho poucos trabalhos ainda, mas quero que esse trabalho seja bem executado.


Eleições podem influenciar o trabalho?

- Eu vim sabendo que tem uma eleição no clube no final do ano, meu contrato não é por tempo determinado e, enquanto eu estiver exercendo essa função, a torcida e a diretoria podem esperar muito empenho e comprometimento total. O que vai acontecer no futuro eu não sei dizer, mas sei que tem pessoas muito sérias, competentes e apaixonadas pelo Botafogo lutando para que a S/A seja implementada. Não tenho que me envolver nisso, já tenho meus problemas aqui no departamento de futebol e eu fui contratado para gerir esse departamento.


Problemas com o clube na Justiça no passado


- O atleta quando sai e aciona o clube na Justiça às vezes é marginalizado por parte da torcida. Não é bem assim, por isso como gestor de futebol faço questão de reintegrar qualquer atleta afastado sem motivo justamente para que não aconteçam ações contra o clube no futuro. Não foi esse o caso na época, meu advogado tomou essa decisão e é ele quem sabia os meios jurídicos para vencer a causa. No momento em que foram penhorados os bens dos presidentes, eu me preocupei muito, porque foi uma medida inédita na justiça trabalhista e pedi para que o advogado resolvesse da maneira mais amigável e foi feito um acordo logo depois. A questão está resolvida e nunca levei pro lado pessoal.



Melhores momentos de Sport 1 x 2 Botafogo pela 15ª rodada do Campeonato Brasileiro


Fonte: GE/Por Davi Barros e Emanuelle Ribeiro — Rio de Janeiro

Pedro Raul ressalta luta do Botafogo para segurar vitória sobre o Sport: "Estamos sabendo sofrer"


Titular no triunfo na Ilha do Retiro, atacante elogia dedicação dos companheiros


A segunda vitória seguida do Botafogo no Campeonato Brasileiro veio com uma boa dose de pressão no fim da partida. Para o atacante Pedro Raul, o fato de o time ter conseguido resistir ao Sport para garantir o triunfo por 2 a 1 mostrou a dedicação da equipe.


- A gente estava conseguindo fazer bons jogos e sofrer nos últimos minutos. Foi o segundo jogo que conseguimos ganhar. Estamos sabendo sofrer. Perdemos um jogador na metade do segundo tempo, é muito difícil jogar com um a menos. É salientar o espirito da equipe, foi um jogo muito difícil, e descansar que quarta-feira temos mais uma batalha fora de casa - disse o atacante após a partida.



Pedro Raul Botafogo — Foto: PAULO PAIVA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO


O Botafogo abriu 2 a 0 no primeiro tempo, com Honda e Caio Alexandre. Entretanto, na etapa final, viu o Sport diminuir com Thiago Neves e teve Rafael Forster expulso. Restou se defender nos últimos minutos.


O triunfo tirou o Botafogo da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Agora, a equipe está em 12º lugar, com 18 pontos em 15 jogos. O próximo duelo será contra o Grêmio, na quarta-feira, em Porto Alegre.



Fonte Por Redação do ge — Rio de Janeiro