Alvinegro não vence há quatro jogos no Brasileirão, vem de três más atuações e vira presa fácil. Técnico testa "modo ataque total" sem sucesso contra o Bahia e não descarta mudar esquema




André Durão / GloboEsporte.com



A derrota por 1 a 0 para o Bahia no Nilton Santos (veja os lances no vídeo abaixo) desmascarou uma realidade escondida por trás da série de cinco jogos invicta do Botafogo: a queda de rendimento do time. O Alvinegro, que vinha de três empates seguidos, agora acumula a terceira atuação ruim em sequência e pela primeira vez com Zé Ricardo está há quatro partidas sem vencer no Campeonato Brasileiro. É o pior momento da equipe sob o comando do treinador.


O time precisa se reinventar nesta reta final de temporada. A trinca de volantes, que se consolidou com Zé Ricardo, parece ter ficado batida para os adversários, e ninguém do trio vem conseguindo aparecer mais no ataque como elemento surpresa, a não ser marcado. Os laterais estão tímidos no apoio, e os extremos não estão sabendo fazer a bola chegar no centroavante. As poucas chances de gol nos últimos jogos têm sido com os próprios pontas em lances individuais.



Os melhores momentos de Botafogo 0 x 1 Bahia pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro


Após sofrer o gol do Bahia no início do segundo tempo, Zé Ricardo ativou o "modo ataque total" que também não deu certo. Tirou um volante e colocou Erik, só que na esquerda, sendo que ele vinha bem na direita. Tanto que na chance clara perdida pelo atacante ele chuta de canhota, e a posição era melhor para a finalização de um destro. Pimpão ficou na direita, Luiz Fernando flutuando, e Kieza centralizado: praticamente quatro atacantes, mas perdeu-se o meio de campo.


O técnico tentou corrigir com Marcos Vinícius no lugar de Pimpão, deslocando Luiz Fernando, que vinha jogando na esquerda no primeiro tempo, para a direita. E por fim, Brenner entrou na vaga de outro volante para fazer uma dupla de centroavantes na área, mas em vão, já que a bola não chegava. Em entrevista coletiva após o jogo, Zé Ricardo se mostrou bem abatido com a derrota e o momento do time e não descartou mudar o esquema tático:


– É uma possibilidade, mas a gente tem uma semana de trabalho. Quando as coisas não estão funcionando, tem que buscar soluções, essa é minha responsabilidade e é isso que vamos fazer nos próximos dias – afirmou o comandante, que saiu em defesa dos jogadores após vaias.

Formação ofensiva com "quatro atacantes" testada por Zé Ricardo no segundo tempo — Foto: GloboEsporte.com




Lições:
Pimpão ganhou a posição de Erik no time titular por questões táticas, uma vez que recompõe melhor na marcação. Mas o Botafogo viveu seu melhor momento neste Brasileiro quando Erik estava no time e vinha desequilibrando, mas acabou preterido após ter ido mal no clássico com o Vasco. Mantê-lo no banco pensando no segundo tempo pode fazer com que ele tenha menos espaço se o adversário estiver em vantagem no placar;

Na ausência de Erik, Luiz Fernando se firmou de fato como o melhor jogador do time. É o único do setor ofensivo que aposta no drible e consegue jogadas individuais. Mesmo por vezes marcado por dois, foi quem mais levou perigo ao Bahia, atuou em todos os lados do campo, mas cansou na etapa final. Continua ainda precisando de companhia para buscar tabelas e crescer ainda mais suas atuações;

A torcida do Botafogo pode não admitir, mas Leo Valencia vem fazendo falta. Embora não tenha tanto prestígio com os alvinegros, o meia chileno é o jogador capaz de tirar uma jogada da cartola em um futebol muitas vezes pragmático. Até setembro, por exemplo, ele tinha participação direta em 1/3 dos gols do time, sendo nove assistências diretas. Fora a opção na bola parada, sua especialidade. Recuperado de lesão, ele volta a ser opção;




De volta, Leo Valencia vai ser opção para melhorar setor de criação — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo


E o fantasma da bola parada insiste em continuar assombrando os alvinegros. O gol de Edigar Junio foi o 26º pelo alto dos 69 sofridos pelo Botafogo nesta temporada. Apesar de estar impedido, um pouco à frente, o atacante ficou livre entre os dois zagueiros, Igor Rabello e Marcelo benevenuto, que marcaram bobeira. Carli estava suspenso e, apesar de não vir bem nos últimos jogos, faz muita falta especialmente nesses chuveirinhos defensivos.


O Botafogo folga neste domingo e se reapresenta segunda-feira no Nilton Santos. O próximo jogo será sábado, às 21h (de Brasília), contra o Atlético-PR na Arena da Baixada. Outro desafio de Zé Ricardo será trabalhar o psicológico do grupo diante da cobrança da torcida e da pressão da zona de rebaixamento. Em 13º lugar com 35 pontos, o Alvinegro pode ser ultrapassado pelo Vitória ainda nesta rodada e ver a distância do Z-4 cair para um ponto se Ceará e Chapecoense vencerem.

Fonte: GE/Por Thiago Lima — do Rio de Janeiro