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terça-feira, 2 de outubro de 2018

Um dia após homenagem, Zé vê semelhanças com time campeão em 93: "Temos direito de sonhar"


Para o jogo com o Bahia, Jean e Gatito são confirmados como desfalques. Matheus Fernandes e Saulo são os prováveis substitutos, enquanto Pimpão joga no lugar de Erik




Fred Gomes


"Queremos o bi" é o mantra alvinegro para 2018. E jogadores e Zé Ricardo comungam desse desejo da torcida. Fã de futebol e assíduo frequentador de estádios desde garoto, Zé lembra do time que conquistou a América em 1993.


Às vésperas do duelo com o Bahia, válido pelas quartas de final da Sul-Americana e marcado para às 21h45 desta quarta-feira, o treinador viu semelhanças entre o atual Botafogo e o de 25 anos atrás, homenageado na segunda-feira, em General Severiano, pela conquista da Copa Conmebol.


- Muito positiva (a homenagem). Remete a gente a uma grande conquista do Botafogo. Botafogo não era tido como favorito, mas fez por merecer o título, e a gente está no caminho. Talvez não sejamos considerados favoritos, mas estamos na briga. Nesse momento temos o direito de sonhar. Na competição de mata-mata, se as coisas forem acontecendo e derem liga, pode acontecer. Podemos chegar - afirmou o comandante.


Para o duelo com os baianos, além de Erik, não inscrito na Copa Sul-Americana, o Botafogo terá mais um desfalque. Zé confirmou a lesão na coxa esquerda de Jean e que Gatito, fora desde abril, segue fora. Mas nada que tire o otimismo do treinador alvinegro.


Após medir forças e jogar de igual para igual com o São Paulo, um dos candidatos ao título no Campeonato Brasileiro, o Botafogo precisa de uma vitória simples por 1 a 0 para se classificar pelo gol marcado fora de casa na derrota por 2 a 1 na Fonte Nova. E o comandante tem a receita: ter paciência.


– Ponto que a gente precisa trabalhar, nas últimas partidas a gente vem criando as oportunidades, isso é muito bom, mas enfrentaremos uma equipe que tem poderia forte ofensivo. Vamos ter de manter a calma sem ser passivos. A gente tem sempre uma estratégia diferente para cada partida. Contar com o apoio da nossa torcida, que certamente vai nos ajudar bastante. Se tudo correr bem, a gente faz uma boa partida.


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PIMPÃO BEM EM TORNEIOS INTERNACIONAIS

Sem dúvida são lembranças que num momento como esse podem remetê-lo aos bons momentos. Rodrigo é identificado com o clube, bastante competitivo, tem toda nossa confiança. Ele é um titular também da nossa equipe, não perdeu posição. Ele entra no lugar do Erik e espero que ele faça uma boa partida.


JEAN E MATHEUS FERNANDES

Jean tá fora, teve uma lesão. Não sei quanto tempo vai ficar fora. Temos todo o elenco, temos opções, mas o jogador que vem mais adaptado à maneira de jogarmos é o Matheus. (Matheus mais ofensivo?) Lindoso vem de uma sequência longa de jogos. Primeiro tempo estava bastante cansado para que o desgaste fosse menor. Pedi que Matheus pisasse na área, chegou a finalizar. O Gustavo também.


Por característica de plantel, Jean é o único com característica mais defensiva. Já Matheus, Lindoso e Gustavo têm mais características mais para frente, mas é interessante que todos podem jogar de primeiro. Matheus já jogou Libertadores, apareceu muito bem com 18 anos


GATITO E SAULO

Gatito não joga amanhã, ainda não se recuperou 100%. É complicado falar de prazo, mas o que percebo é que a cada dia nos treinamentos ele tem conseguido entender toda a importância dele no momento do clube, como eles fazem parte da engrenagem.


Desafio desses atletas é exatamente esse. Saulo está muito feliz com as oportunidades todas, tem encarado. Um atacante de 19 ou 20 anos que erra dois passes ou gols não pega tanto. O goleiro quando erra fica muito visado. Saulo fez grande partida contra o São Paulo, tem toda confiança nossa. Joga amanhã. Se precisar de o Diego jogar, tem toda a nossa confiança. Daqui a uns quatro anos, tenho certeza que estarão em outra situação


FORÇA DO ADVERSÁRIO

O Bahia é muito forte, na minha opinião poderia estar melhor colocada no Brasileiro porque tem feito jogos iguais com todas as equipes. Se não me engano, é a equipe que mais jogou nesse ano. Ficou envolvida em cinco competições num momento do ano, enfrenta o desgaste, assim como nós enfrentamos. Têm peças de reposição, mesmo com essas ausências continua competitiva.


É muito bem formatada pelo Enderson. Tiveram problema com a expulsão do Léo, eles não têm um imediato substituto, devem improvisar, mas não perder a característica de ser um time rápido. Vamos tentar ser cirúrgicos e ofertar o menos de oportunidades para eles. Zé Rafael, Vinícius, Elber e o menino Ramires são meninos que merecem muito cuidado.


MATA-MATA

É gostoso o mata-mata, a emoção é desde o apito do primeiro jogo ao último minuto do jogo final. Vibramos com o gol do Pimpão, como a gente brigou para empatar. O jogo de amanhã é diferente. O Bahia vai poder esperar o Botafogo e utilizando o que eles têm de melhor, que é um ataque muito rápido. Entendo que amanhã será um espetáculo gostoso. Espero que seja um jogo aberto, um jogo franco. Precisa de alegria. Existem estratégias e estratégias. Espero que lote amanhã


CLÁSSICO COM O VASCO

Também com o fato de jogar só na terça teremos tempo de recuperar a equipe. Por jogarmos só terça, temos que concentrar tudo nesse jogo e arrancar a classificação.


ANO DE 2018

Queremos manter a regularidade. Nossa situação no Brasileiro é complicada, temos a possibilidade de real de chegar a uma conquista na Sul-Americana.


BOTAFOGO COM ESTILO AGUERRIDO


A identidade do Botafogo está diretamente ligada à doação, à entrega, ao correr do início até o final. Aí sim, junto com a organização do jogo, a gente mostra o perfil da nossa equipe. Não se reconhece só pelo posicionamento ou pela forma que a equipe ataca ou defende, passa por uma identidade de comunicação, de como se porta. A torcida vem e embala a gente para tentarmos chegar às quartas de final.


DOIS ANOS COMO TÉCNICO

Tantas emoções talvez eu não queria estar passando, são momentos da vida, foram anos intensos, mas é gostoso. Quando o jogo passa, a gente percebe que ganha experiência e visão mais ampla. Fico mais preparado para a vida. É assim com as atletas e conosco também.


Por mais que eu tenha mais de 20 anos de base, o profissional é diferente. Estou satisfeito com que a gente vem apresentando e com o crescimento. Lógico que vislumbro coisas maiores e em navegar por águas mais calmas no Brasileiro.


PRESSÃO COM "DOR"
Atleta de alto nível que não tem dor provavelmente não vai ser de alto nível, ele convive com a dor. Temos que trabalhar com essa pressão, que é a nossa dor. A equipe entende que se não for no limite, não vamos conseguir


TIME MAIS EQUILIBRADO
O hoje no futebol tudo muda muito rápido, tanto para cima quanto para baixo. Nosso papel é tentar partir de uma visão mais ampla para saber o que está bom e o que realmente precisa melhorar. A gente precisa melhorar, acho que evoluímos nesse aspecto. Entendo que nosso elenco é muito jovem, a média é de 28 anos muito por conta do Jefferson e do Dudu (ambos têm 35 anos). Senão, nossa média cairia para menos de 25 anos.


Muitos meninos têm sido potencializados para jogar, isso é natural. Paciência vem com o tempo. Acho que isso é fundamental para o crescimento deles para a sequência da temporada tanto no Brasileiro quanto na Sul-Americana


HOMENAGEM AOS CAMPEÕES DE 93

Muito positiva (a homenagem) e rever jogadores como Sinval, Nelson. Remete a gente a uma grande conquista do Botafogo. Botafogo não era tido como favorito, mas fez por merecer o título, e a gente está no caminho. Talvez não sejamos considerados favoritos, mas estamos na briga. Mas nesse momento temos o direito de sonhar. Na competição de mata-mata, se as coisas forem acontecendo e as coisas derem liga, pode acontecer. Podemos chegar.


A cada etapa que passa, vai ficando mais difícil. A gente precisa deixar o sarrafo mais alto para depois pensar me pegar o vencedor de Atlético-PR e Caracas. Aí sim sonhar com esse título de bicampeão, mas o momento é de focar no Bahia. Agora é tentar tornar isso realidade.


Fonte: GE/Por Fred Gomes — do Rio de Janeiro

Análise: Botafogo vai para cima do ex-líder, e Saulo é figura central do empate no Nilton Santos


Perda de Jean, lesionado, no fim do primeiro tempo deixa meio alvinegro menos pegador para o restante do jogo; goleiro erra no gol do empate, mas evita derrota com grandes defesas



Melhores momentos: Botafogo 2 x 2 São Paulo pela 27ª rodada do Brasileirão


Os triunfos sobre América-MG e Vitória e a boa atuação na derrota para o Bahia, pela Sul-Americana, fizeram bem ao Botafogo. O time está mais seguro, ataca seus rivais, e o meio-campo funciona bem.


Assim foi no empate por 2 a 2 com o São Paulo, líder até o início da rodada. Bem no primeiro tempo, o Alvinegro foi agressivo. No segunda etapa, apresentou queda. Mas competiu do início ao fim, postura que deixou o técnico Zé Ricardo orgulhoso.


++Zé Ricardo elogia competitividade do Botafogo, mas, contrariado, faz críticas à arbitragem




Antes do primeiro minuto de jogo, Erik já estava pressionando Sidão. O Botafogo não se encolheu diante do ex-líder — Foto: Fred Gomes/GloboEsporte.com


Botafogo bem na etapa inicial

Um lance que prova a boa disposição e distribuição do meio-campo alvinegro deu-se aos quatro minutos. Bochecha roubou bola no círculo central, Lindoso forçou o passe - e conseguiu - encontrar Luiz Fernando. Moisés passou, cruzou bem, e Bochecha apareceu na pequena área para cabecear à queima-roupa. Sidão botou para fora.


Luiz cobrou o escanteio, Lindoso raspou, e Jean, um leão na marcação, apareceu para abrir a conta e fazer seu primeiro gol como alvinegro.


O empate tricolor veio três minutos depois em um lance de sorte. Nenê chutou fraco, a bola desviou em Igor Rabello, e Carli tentou cortá-la com o calcanhar. Acabou recuando para Diego Souza, que não perdoou.


- No primeiro gol, na minha visão, pode ser passível de discussões, mas acho que Diego estava impedido. Logicamente o nosso atleta não vai dar passe pra trás ali, a bola bateu nele - reclamou Zé.



Gol do São Paulo! Diego Souza pega sobra na área e deixa tudo igual no placar, 7 do 1º


Na interpretação do Botafogo, Diego estava impedido. Na origem do lance, de fato o camisa 9 estava adiantado, mas, de acordo com o comentarista de arbitragem Paulo César de Oliveira o toque do argentino deu condições ao são-paulino.


Apesar do gol, o Botafogo seguiu tranquilo e chegou a registrar quase 65% de posse de bola até os 20 minutos de jogo. Logo retomou a liderança do placar numa jogada nem tanto trabalhada: Marcinho fez ligação direta, Anderson Martins cortou para o meio da área, e Kieza apareceu para tabelar com Erik e marcar o gol.



A saída de Jean, que chorou muito, foi um duro golpe contra o Botafogo — Foto: Fred Gomes/GloboEsporte.com



Até o fim da etapa, o Botafogo controlou bem a partida. O golpe veio aos 45 minutos, quando Jean se machucou sozinho e levou a mão à coxa esquerda. Teve de sair, e o time perdeu muito no combate.


São Paulo chega mais com Carneiro

Após o intervalo, Diego Aguirre resolveu tornar o São Paulo mais ofensivo. Sacou Edimar e colocou Carneiro no comando do ataque. Reinaldo voltou para a lateral (mais tarde, retornou à ponta com a entrada de Liziero). A estratégia deu certo, os paulistas tiveram mais posse, momentos em que envolveram o rival e chegaram ao empate seis minutos após a entrada do uruguaio.


É bem verdade que não exerciam uma pressão e fizeram o gol em erro de Saulo, que rebateu erradamente cobrança de falta de Reinaldo para o meio da área. Carneiro aproveitou. Após o jogo, Zé considerou falha coletiva e não individual do goleiro. A defesa de fato errou e deu o rebote ao rival, mas Saulo não cortou da maneira mais apropriada.



Saulo falhou no segundo gol tricolor, mas salvou no fim do duelo — Foto: André Durão/GloboEsporte.com


Zé mexeu em peças ofensivas a fim de ter opções mais frescas em campo. Erik e Kieza deram lugar a Rodrigo Pimpão e Brenner, respectivamente. Os dois, porém, não mantiveram o nível dos titulares. O último quase conseguiu cortar cruzamento perigoso de Marcinho, mas pouco foi acionado.


No fim, Saulo se redimiu com duas defesas fantásticas no último ataque de perigo do rival. Primeiro voou em chute de Rojas, depois jogou-se diante de Diego Souza e cortou com a coxa direita finalização à queima-roupa.


Resumo da história: o Botafogo não teve qualquer pudor de atacar o time que liderava a competição, foi melhor em grande parte do duelo e cedeu o empate em erros individuais. Na falha de Carli, porém, há a reclamação do impedimento.


Aliás, o Botafogo questionou outro lance. Aos 26 minutos, Carneiro apoiou os cotovelos nas costas de Igor Rabello e empurrou na sequência ao cortar bola dentro da área tricolor. O juiz Rafael Traci, porém, não marcou pênalti. A diretoria ficou na bronca e fará nova representação contra a arbitragem na CBF.




Carneiro divide com Igor Rabello, o zagueiro cai e pede pênalti, aos 26 do 2º


Com essa postura e o nível de confiança reforçado pelos resultados, o Botafogo, com casa cheia, chega forte para o duelo de quarta-feira com o Bahia, válido pela Copa Sul-Americana.


Fonte: GE/Por Fred Gomes — Rio de Janeiro