Páginas

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Botafogo não tem pressa por reforços e ainda espera diagnóstico de Gomes



Colaboradores negociaram com Danilo, que recusou transferência de cube imediata (Danilo Verpa/Folhapress)

O Botafogo se complicou na Série B após perder alguns importantes atletas durante a competição. Alguns reforços chegaram, mas ainda não provaram seu valor. A torcida anseia pela chegada de novos nomes, mas a verdade é que a diretoria ainda não está com a mesma pressa. Atualmente o elenco está sendo avaliado pelo técnico Ricardo Gomes, que não tem uma previsão de quando sentará com o clube e passará suas impressões.

"O Ricardo Gomes está avaliando o nosso elenco e sentará para conversar com a diretoria para passar as carências encontradas. Qualquer um desses nomes ventilados não surgiram do Botafogo, mas do Montenegro, que quer ajudar. Esse foi apenas o segundo jogo do Navarro e do Neílton. Bazallo ainda não estreou. Temos que ter calma", disse o presidente Carlos Eduardo Pereira, presidente do Botafogo, ao UOL Esporte.

Assim, o torcedor alvinegro não precisa esperar por novidades nos próximos dias. Isso não quer dizer que os bastidores do clube não estejam agitados. Tudo porque um grupo de botafoguenses ilustres, liderados por Carlos Augusto Montenegro, se aproximou da diretoria e promete ajudar nas contratações. Eles sugeriram três nomes Danilo, do Corinthians, Almir, do Flamengo, e André Lima, do Avaí.

O Botafogo não chegou a conversar com empresários. Isso foi feito pelos próprios colaboradores. E mesmo assim, nenhuma das situações evoluiu. Danilo até gostou da proposta, mas disse que só aceitará em janeiro, já que uma mudança de cidade neste momento atrapalharia a vida escolar dos filhos.

Almir, por sua vez, ficou com a imagem desgastada ao aceitar proposta do Flamengo há poucos meses, quando também interessava ao Botafogo. O apoiador, no entanto, não conseguiu demonstrar seu valor no Rubro-negro e é visto com potencial em General Severiano. O problema é que a diretoria rival não está disposta a liberar o jogador neste momento – ele está emprestado pelo Bangu até dezembro.

Já André Lima recuperou a titularidade no Avaí e não tem o interesse em mudar de clube no momento. Menos mal para o Botafogo que Navarro mostrou potencial na última terça e fez dois gols na vitória sobre o ABC, no Engenhão. Além disso, a prioridade no Alvinegro é no meio de campo e não no ataque.

Após a vitória na última terça-feira, o Botafogo pulou para os 33 pontos e se manteve na 3ª colocação, um ponto atrás do América-MG e do líder Vitória. O Alvinegro volta a campo no próximo sábado, quando visitará o vice-líder da competição, em Belo Horizonte.


Bernardo Gentile
Do UOL, no Rio de Janeiro

Vitória sobre câncer faz Navarro lidar com pressões no futebol: "Vida segue"


Atacante uruguaio, que enfrentou linfoma aos 17 anos, garante não se iludir com bom momento e enxerga como estímulo ter no Botafogo a sombra de Loco Abreu



No dia 23 de dezembro de 2002, Álvaro Navarro se preparava para, mesmo aos 17 anos, disputar o Sul-Americano sub-20, que ocorreria dali a menos de um mês, no Uruguai. Mas naquele dia o atacante teve acesso ao documento que diagnosticava o Linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer que surgiu na região de sua garganta. Mas a tristeza e a incerteza do futuro que tomaram conta de sua cabeça naquele momento foram, com o passar dos anos, substituídas pelo pensamento de que é preciso aproveitar o momento, esquecer as pressões do mundo do futebol e não se deixar levar pelos altos e baixos da carreira. É dessa maneira que o camisa 9 do Botafogo vive após marcar seus dois primeiros gols pela equipe – na vitória por 3 a 1 sobre o ABC, na última terça-feira.


Usando a cabeça, Navarro foi o herói da vitória do Botafogo sobre o ABC (Foto: Gustavo Rotstein)
A luta contra o câncer fez Navarro interromper sua carreira no futebol por seis meses. Neste período, passou por seis sessões de quimioterapia e precisou raspar o cabelo, que já começava a cair como efeito colateral da medicação. A oportunidade de disputar o Sul-Americano sub-20, no entanto, veio dois anos depois. Em 2005, aos 19, cumpriu o objetivo, desta vez na Colômbia – marcando um gol –, mostrando a força que o faz hoje levar com tranquilidade a pressão sofrida no Botafogo, que ainda luta para se recuperar na Série B.


- Tive essa doença muito jovem, sem saber direito o que era. Nunca me vi parando de jogar futebol. Queria, sim, que tudo passasse rápido para voltar a jogar logo. Com certeza essa experiência me fez lidar com as dificuldades do futebol de maneira diferente. O futebol é algo lindo e coisas ruins podem acontecer na nossa carreira, mas a vida segue – disse o atacante de 30 anos, em conversa com o GloboEsporte.com.

Doença, ou Linfoma de Hodgkin, na definição do Instituto Nacional de Câncer (INCa) é uma forma de câncer que se origina nos linfonodos (gânglios) do sistema linfático, um conjunto composto por órgãos, tecidos que produzem células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem estas células através do corpo.


Navarro chegou ao Botafogo no momento em que a equipe se reformulava e com novo técnico assumindo o comando. A equipe sofria com a escassez de gols e vitórias. Mas o atacante manteve a tranquilidade para não sucumbir à pressão. Em seu segundo jogo como titular, marcou dois gols e agora usa toda experiência – na profissão e na vida – para não se deixar levar.


- Essas pressões são normais. Hoje você é o melhor porque ganhou, e amanhã é o pior porque perdeu. Então é preciso fazer tudo com calma e pensar que não é de uma maneira e nem de outra. Fico tranquilo, fazendo passo a passo, porque temos um objetivo final: fazer o Botafogo campeão.


O atacante também reage com tranquilidade quando surgem as comparações com Loco Abreu. Mas, antes de pensar na responsabilidade por encaixar-se nas características do ídolo da cavadinha, Navarro prefere ver que o fato de ser compatriota e ter características parecidas com as do camisa do antigo 13 dão a ele o conforto necessário para escrever sua própria história.


- Pode ser que me ajude o fato de terem passado por aqui recentemente uruguaios como Loco, Lodeiro e Arévalo. Essa comparação é natural, porque somos centroavantes, uruguaios e altos. Mas tenho que ficar tranquilo e pensar no hoje. O amanhã a gente vê o que acontece. Por que não pensar em ficar mais tempo aqui? Mas, claro, tenho que ir devagar, pensar jogo a jogo e buscar o título - destacou ele, que antes de chegar ao Botafogo passou por clubes de Argentina, Chile e Equador.




Navarro sabe que ainda precisa fazer muito para cair de vez nas graças dos alvinegros, como ocorreu com seu antecessor. Mesmo assim, enxerga da melhor maneira possível o que viveu até agora no Botafogo. Morando na concentração de General Severiano, o uruguaio tem vivido de perto o dia a dia do clube e de seus torcedores.


- Se o atacante não faz gols, não cumpre seu objetivo. Tenho que estar bem, porque então eles saem naturalmente. O Botafogo é um clube gigante, que deu tudo o que precisei desde a minha chegada.


Por Gustavo RotsteinRio de Janeiro/GE