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domingo, 22 de setembro de 2019

João Paulo diz que fez seu melhor jogo pelo Botafogo após grave lesão, mas minimiza: "Trocaria pela vitória"


Meio-campista de 28 anos termina partida como líder de roubadas de bola, marca o gol alvinegro, mas vê vitória do São Paulo como um golpe duro diante de duelo equilibrado




André Durão





Gol do Botafogo! Bochecha toca para João Paulo, que bate colocado para empatar partida, aos 45' do 1º tempo


João Paulo não saiu feliz do Nilton Santos após a derrota por 2 a 1 para o São Paulo, na manhã de sábado, mas pode se orgulhar de sua atuação. Marcou o gol alvinegro e esbanjou raça, lembrando o jogador que se destacou na Libertadores 2017. Ele mesmo reconheceu que foi a melhor após a fratura sofrida na perna direita, em março de 2018.


- Acho que sim (que foi o melhor jogo após a contusão), fiz um jogo consistente, claro que o gol dá um peso a mais. Mas trocaria esse destaque todo por uma vitória nossa.


João foi o líder de roubadas de bola do jogo (ao lado de Gabriel e Hernanes), com três, e fez dois desarmes. Num deles, bloqueou Daniel Alves, gritou em seguida e levantou a torcida, que começou a tradicional latida em homenagem aos "pitbulls" em campo.


O gaúcho de 28 anos exaltou a importância do gol individualmente, mas ao mesmo tempo tratou de minimizá-lo diante da frustração por sofrer a derrota nos acréscimos.


- Muito importante, claro. A gente sempre busca estar melhorando e numa crescente, dá mais confiança, mas, quando se perde um jogo assim, a gente olha apenas o lado coletivo e busca a melhora para a partida contra o Bahia.



João Paulo vibra muito com gol marcado diante do São Paulo — Foto: André Durão



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Acredita que a defesa perdeu solidez? O segundo gol é um indicativo disso pela falha coletiva?
- Não vejo como a defesa. Quando a gente toma gol de bola parada, vejo o time como um todo. Os atacantes estão ali para defender, e todo mundo participa dessa fase defensiva, ainda mais na bola parada. É mais fazer ajustes, até porque não foi gol direto. Foi uma bola desviada. A gente sabia disso, até na bola que eles têm de lateral eles usam alguém para entrar desviando e na segunda bola. Sabíamos disso e acabamos pecando no segundo tempo.


Qual a sensação que fica após o time fazer bom primeiro tempo e perder no fim?

- Difícil assimilar, porque no meu modo de ver fizemos uma partida de igual para igual com uma das melhores equipes do Brasileiro e que tem um plantel com jogadores de seleção e nível internacional.


"Fizemos um jogo muito parelho e quando se perde um jogo desse no final é difícil de aceitar, mas a gente falou que o trabalho tem que ser esse. Temos que continuar trabalhando e fazer daí para mais".


João diz que mexidas de Cuca influenciaram na virada

- O primeiro tempo foi muito bom. Apesar de sair atrás, a gente tava dominando a partida, com mais volume. Acho que no intervalo o Cuca mudou um pouco a marcação, trabalhou muito a marcação individual, e a gente teve muito problema para sair jogando, erramos na saída.


Decisões erradas

- Poderíamos ter jogado mais na bola longa e brigar pela segunda bola. Eles estavam dominando a segunda bola e jogando muito no nosso campo. Mas mesmo assim tivemos paciência para segurar e se defender bem. É mais difícil quando se toma um gol no finalzinho, porque tudo que a gente fez vai para baixo com essa derrota.


Fonte: GE/Por Fred Gomes — Rio de Janeiro

Análise: vibrante na etapa inicial, Botafogo perde força e vê Cuca mudar o jogo no Nilton Santos


Alvinegro é predominante nos 45 minutos iniciais, entrando na área e finalizando mais; Tricolor volta do intervalo com jogo de imposição e consegue importante resultado



Melhores momentos de Botafogo 1 x 2 São Paulo pela 20ª rodada do Campeonato Brasileiro



Eduardo Barroca fez a leitura perfeita da derrota do Botafogo por 2 a 1 para o São Paulo após duelo no Nilton Santos. O primeiro tempo alvinegro foi ótimo, e Cuca foi cirúrgico ao mudar a cara do jogo no segundo tempo com as entradas de Antony, Everton e Igor Gomes. Já o treinador botafoguense não foi tão feliz em suas mexidas.


O Botafogo foi melhor durante o primeiro tempo. Ganhou em intensidade, e a letargia que se via em outros jogos na transição da defesa para o ataque não se repetiu. O time foi mais veloz e conseguiu trazer a torcida para si desde o início.


Finalizou mais, entrou na área e teve superioridade na posse de bola na etapa (61%). A abertura do placar pelo São Paulo, aos 36 minutos, foi muito injusta. Bochecha já havia se aproximado de marcar duas vezes, mas o "quem não faz, leva" deu as caras no Niltão.



Botafogo terminou o primeiro tempo em igualdade, mas foi castigado no fim — Foto: André Durão/GloboEsporte.com


O gol tricolor teve muito mérito de Hernanes, o autor, e de Toró, o assistente. Mas Marcelo Benevenuto, que fazia boa partida, vacilou ao hesitar e não dar o bote certeiro no capitão são-paulino.


Três jogadores foram fundamentais no gol do empate. Luiz Fernando ganhou de Juanfran, tirou Bruno Alves com drible de corpo e entregou a Bochecha, que, pressionado por Reinaldo, Luan e Dani Alves, encontrou belo passe para João Paulo. O camisa 5 calculou bem a hora de finalizar e marcou um golaço.


Botafogo volta irreconhecível

O Botafogo voltou do segundo tempo sem a mesma intensidade. A única jogada interessante foi protagonizada por João Paulo, Bochecha e Marcinho, que finalizou de pé esquerdo.


Depois disso, o São Paulo começou a gostar do jogo. Passou a ocupar os espaços, dobrou o número de finalizações e passou a mandar em campo. O Botafogo pouco reagia.


Barroca fez mexidas. Errou ao tirar Bochecha, que fazia grande jogo, e colocou Valencia em seu lugar. Acertou ao sacar Victor Rangel, muito mal em campo. Rodrigo Pimpão deu mais mobilidade ao ataque. Já Cuca deu-se muito bem com suas alterações. Antony fez um salseiro pela ponta direita, e Everton levou o São Paulo para frente. O treinador alvinegro explicou suas decisões.


- Primeiro o Leo (Valencia) no lugar do Gustavo, que vinha fazendo boa partida, mas não é um cara de característica de imposição, é de predominância técnica. Entendia que com o Leo, mais ofensivo, a gente pudesse ganhar um pouco mais de chute de fora da área, profundidade. A segunda troca, no desgaste do Victor Rangel. Como estávamos com muita dificuldade dos enfrentamentos, apostei no Luiz Fernando flutuando mais como um atacante de velocidade para a gente usar as costas da dupla de zaga do São Paulo, mas não conseguimos.


- A terceira, do Alan (Santos), foi pura e simplesmente por opção física. O Cícero, com 30 minutos, tinha me passado para guardar a terceira substituição para ele, estava com um desconforto na perna. Eu estendi até 41, 42 minutos, e o Luiz Fernando me disse que já não estava mais aguentando.


No fim, Alan Santos, que entrou no lugar de Luiz Fernando, não conseguiu acompanhar Pablo no gol após nova falha de Marcelo Benevenuto. O zagueiro saiu de sua posição e atrapalhou o companheiro Gabriel em disputa aérea.


Um segundo tempo para esquecer. Luiz Fernando e Marcinho caíram demais, e os laterais não foram incisivos.Se no primeiro tempo o gol são-paulino foi injusto, a derrota traduziu bem a queda vertiginosa. Claro, sem tirar o mérito de Cuca e do São Paulo.


Pontos fortes:

- João Paulo e Bochecha: João Paulo foi um leão. Combateu, apoiou e fez gol. Mostrou a raça que o fez ser querido pela torcida e teve sua melhor atuação após a fratura na perna direita, sofrida em março do ano passado.


Bochecha mais uma vez achou vários passes de qualidade, inclusive o que terminou no gol de João. Barroca justificou sua saída por questão de característica, mas a mexida não deu certo.


Pontos Fracos:

- Queda brusca no segundo tempo: jogadores que vinham fazendo uma boa etapa inicial, Marcinho e Luiz Fernando, especialmente o segundo, não mantiveram o nível. O lateral, improvisado, na ponta, errou muito na reta final do jogo. A equipe toda caiu coletivamente, mas a oscilação de ambos chamou atenção.


- Vacilos defensivos no famoso "detalhe": Marcelo Benevenuto e Gabriel tinham tudo para terminar com nota para passar de ano. Ambos mostraram muita segurança na maior parte do jogo, Marcelo, porém, errou nos dois gols. Não deu bote em Cícero e atrapalhou o companheiro no outro.


Vale ressaltar o profissionalismo do jogador de 23 anos. Enterrou o pai um dia antes do jogo, foi liberado por Eduardo Barroca, mas quis jogar. Ganhou mais pontos com Barroca, com o grupo e a torcida.


Fonte: GE/Por Fred Gomes — Rio de Janeiro