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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Estudioso e técnico que abriu as portas para a nova geração, Zé chega ao Botafogo com desafio de acertar o ataque




Zé Ricardo inicia nesta segunda-feira seu terceiro trabalho como técnico de uma equipe profissional e mais uma vez no Rio de Janeiro. Muito estudioso, o agora botafoguense Zé sempre mostrou vasto conhecimento sobre seus adversários e, em coletivas antes dos jogos, tinha o costume de fazer análises coletivas e individuais até mesmo de rivais pouco falados.


Profissional que abriu a onda de efetivações de interinos e de apostas em jovens treinadores, José Ricardo Mannarino, 47 anos, certamente tem consigo variadas informações sobre seu novo clube. No Vasco, enfrentou o Botafogo cinco vezes em 2018, é grande amigo do gerente de futebol, Anderson Barros, e muitos jovens do atual elenco jogaram contra ele quando trabalhava na base do Flamengo.



Zé Ricardo inicia seu trabalho no Botafogo nesta segunda-feira (Foto: André Durão/GloboEsporte.com)


O principal desafio de Zé não é mistério para ninguém: acertar o sistema ofensivo do Botafogo, muito pouco efetivo. Embora seja o sétimo time que mais finaliza no Brasileiro - com 215 -, sua média de gols é bastante reduzida: são 17 marcados em mesmo número de jogos.


Além disso, é preciso devolver o equilíbrio que o time tinha com Alberto Valentim. Na passagem relâmpago de Marcos Paquetá por General Severiano, o time sofreu 10 gols e marcou apenas um em cinco jogos. Apesar do momento negativo, o desempenho da defesa na competição não é o ideal, porém também não é ruim: são 21 sofridos em 17 partidas.


Fã da escola italiana e de Arrigo Sacchi, mentor do grande Milan do final dos anos 80 e início dos 90, Zé costuma montar times muito compactados e organizados. Devolver consistência à defesa alvinegra não deve ser problema para um profissional que sempre iniciou seus trabalhos acertando a fase defensiva de suas equipes. No Flamengo, por exemplo, conseguiu média de gols sofridos inferior a um por jogo (foram 86 em 90 partidas).


A mudança de treinador também pode ser importante para jogadores que sofrem resistência da torcida. No Flamengo, recuperou Pará, Gabriel e Fernandinho, importantes no Brasileiro de 2016, no qual Zé chegou com o time na parte debaixo da tabela e acabou brigando pelo título até as últimas rodadas.


No Vasco, com um grupo limitado, fez excelente trabalho de recuperação. Contratado 15 dias após ser demitido pelo Fla, pegou a equipe na 16ª colocação, com um pé na zona de rebaixamento. O time vinha de derrota por 3 a 0 para o Bahia, e a palavra de ordem em São Januário era evitar uma nova degola. Formou uma equipe consciente, equilibrada e que corria poucos riscos.


Antes de Zé chegar, o Vasco havia levado 34 gols em 21 jogos no Brasileiro. Com ele, o número diminuiu substancialmente: foram 13 sofridos em 16 partidas. O ataque esteve longe de ser um primor (17 gols em 16 jogos), mas a segurança defensiva foi fundamental para o Vasco conquistar uma improvável classificação para a Libertadores.


Em 2018, porém, o panorama foi diferente. Com a chance de montar o elenco, indicou nomes como Paulão, Rafael Galhardo e Erazo. Antes sólida, a defesa do Vasco chegou a ser a mais vazada dentre os times de Série A. E repetiu algo que incomodou torcedores do Flamengo: insistir em determinados nomes.


Por ser um treinador que nunca se furtou de dar moral a jogadores perseguidos pelos torcedores, manteve Paulão e Wellington, por exemplo, num momento em que ambos estavam mal. No Fla, a continuidade de Márcio Araújo e Willian Arão como titulares em 2017, ano no qual os dois caíram muito, desgastaram muito a relação entre Zé e a torcida rubro-negra. Nos arquirrivais também foi questionado por aproveitar pouco a base.


Zé dirigiu o Vasco em 50 jogos, com 22 vitórias, 13 empates e 15 derrotas - 70 gols e 65 sofridos. No Flamengo, onde a passagem foi mais duradoura, somou 90 jogos, 49 vitórias, 25 empates e 16 derrotas - 148 gols e 86 sofridos.


Vasco e Flamengo agora são passado, e Zé tem grandes chances de iniciar mais um bom trabalho no Rio de Janeiro. Conhece o elenco alvinegro, confia no homem forte do futebol e, como já citado antes, tem o seu trabalho pautado por organização. O Botafogo atuará estruturado e equilibrado com Zé Ricardo.


Fonte: GE/Por Felippe Costa e Fred Gomes, Rio de Janeiro