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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Análise: Alex Santana tira Botafogo do marasmo, time cresce e vence com autoridade


Eduardo Barroca faz boas mexidas, e equipe quase triplica número de finalizações de um tempo para o outro



André Durão


De modorrento, sem criatividade e insistente nos passes laterais ao time que mereceu gritos de "olé" no segundo tempo. Assim foi o Botafogo na vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-MG, neste domingo, no Nilton Santos. A mudança de postura começou na parte final do primeiro tempo e ratificada com as mexidas de Eduardo Barroca na etapa complementar.


Início sem inspiração


O Botafogo começou o jogo com um ritmo muito lento. Passes para o lado em excesso, cruzamentos errados e uma demora impressionante para finalizar - a primeira com relativo perigo foi de Marcinho, aos 29 minutos.


Sorte que a torcida foi ao Niltão para apoiar incondicionalmente o time, não à toa os gritos ouvidos no fim do jogo: "Ô, ô, ô, paga o salário" e "Um, dois, três, estamos com vocês".


Se pouco agredia, também não sofria. A dobra de marcação, sobretudo na direita com os laterais Marcinho - este como ponta - e Fernando, funcionava muito bem.


A falta que resultou no pênalti favorável ao Botafogo foi o indicativo da mudança de postura. Se momentos antes Diego Souza já tinha tentado infiltrar e sofreu falta perto da área, Alex Santana fez o mesmo posteriormente em jogada de sua característica. Arrancou em velocidade e levando a bola como podia para frente, mas acabou parado por Igor Rabello com falta.



Diego Souza foi figura importantíssima para a vitória — Foto: Bruno Cantini/ Atlético-MG


O ex-botafoguense levou amarelo. E, na cobrança de falta de Gilson, o próprio Rabello cometeu pênalti e acabou expulso. Gol de Diego Souza, e a vantagem numérica de jogadores permitiu um retorno do Botafogo após o intervalo com maior ímpeto ofensivo, intensidade e disposição.


Volta do intervalo em outra intensidade


O Botafogo iniciou a etapa complementar disposto a matar o jogo. Em três minutos, já tinha finalizado a metade do que fizera em todo o primeiro tempo. E foram dois ótimos lances. Marcinho, de trivela, lançou Diego Souza, e Wilson saiu bem. Depois, Gilson, Luiz Fernando, Alex Santana e João Paulo protagonizaram bela combinação, mas o último chutou para fora.



Alex Santana jogou muito contra o Galo — Foto: André Durão


Diego Souza saía da área e procurava a ponta direita, onde mostrava muito entendimento com Marcinho. No outro lado, Gilson e Luiz Fernando também cumpriam bem seus papéis.


- No segundo tempo, com mais espaço, conseguimos ser verticais e fazer o segundo gol. Hoje o resultado era muito importante, a gente vinha de uma sequência sem vencer. Por tudo o que estávamos passando, saio bastante satisfeito com o resultado - disse Barroca.


Preocupado em não perder um jogador que tinha cartão amarelo, Eduardo Barroca optou por sacar Fernando, àquela altura sofrendo com investidas de Cazares. Colocou Valencia no lugar do lateral e trocou João Paulo por Bochecha. Assim, Marcinho voltou à lateral.


Botafogo quase triplicou o número de finalizações de um tempo para outro. De quatro, pulou para 11.


A resposta foi quase que imediata. Cinco minutos após as mexidas, Diego Souza foi fundamental ao cortar bola parada com cabeçada que foi um passe para Valencia. O chileno segurou e tocou na hora certa para Alex Santana infiltrar e praticamente matar o jogo.




Melhores momentos de Botafogo 2 x 1 Atlético-MG pela 18ª rodada do Brasileirão 2019


Conquistada a vantagem de dois gols, o Botafogo cadenciou o jogo numa clara demonstração de alívio após mais uma semana conturbada por conta dos problemas financeiras. Relaxou mesmo, mas manteve a partida sob controle com o bom tratamento que dava à bola.


Bochecha, Alex Santana, os laterais e Diego Souza administravam com sucesso. Prova disso é que até "olé" e "mais um" foram gritados da arquibancada. O gol atleticano, nos acréscimos, foi fruto de um cochilo defensivo, mas incapaz de apagar a boa atuação alvinegra. Vitória crucial pelo dificílimo momento do Botafogo.



Pontos positivos:


- Entendimento de Marcinho e Fernando: embora o primeiro seja mais ofensivo, tanto que foi escalado na ponta, trocaram de papéis e confundiram a defesa do Galo. Geralmente mais preocupado em defender, Fernando subiu bastante no início do jogo. Já Marcinho apareceu várias vezes recompondo bem e pôde flutuar entre o lado direito e o meio-campo.


- O "termômetro" Alex Santana: pouco participativo no início, inflamou a equipe ao começar a dar seus habituais piques com a bola dominada. É fundamental para esse Botafogo. Leva o time para frente e finaliza bastante, tanto que é o artilheiro do time na temporada, com 11 gols, mesmo sendo volante.


- Diego Souza multifuncional: hoje centroavante, aproveita o fato de ter jogado em todas as posições do meio-campo para dar opção em todos os espaços ofensivos. Busca a ponta, volta à intermediária para armar e ajuda nas bolas paradas defensivas. Compensa a pouca mobilidade com a experiência e conhecimento dos atalhos.


Pontos negativos:


- Início com pouca imaginação: problema que mais irrita a torcida alvinegra, o Botafogo tem abusado em várias partidas da lentidão. Os jogadores, por característica, não são velozes, mas acelerar o ritmo para agredir com maior frequência é necessário.


- Cartões evitáveis: se o Botafogo começou a pressionar mais quando a dupla de zaga do Galo foi amarelada, pouco depois Carli, experiente e principal líder do grupo, levou cartão totalmente desnecessário ao retardar cobrança de falta no fim do primeiro tempo. Diego Souza reclamou de cartões bobos no intervalo, inclusive.


No segundo, Luiz Fernando recebeu o seu por dar um empurrão em Fábio Santos após sofrer falta dura. Reação desproporcional e que o deixou pendurado para a próxima rodada, mesma situação em que ficou Joel Carli.



Fonte: GE/Por Fred Gomes — Rio de Janeiro