Argentino pode voltar a treinar com o grupo após lesão no tornozelo; primeiro reforço da Era Textor tem lesão no ligamento colateral medial do joelho direito e não precisará operar
O Botafogo divulgou na tarde desta terça-feira uma atualização de jogadores no departamento médico do clube. Joel Carli, que teve uma lesão no tornozelo direito, está liberado para os treinamentos com o grupo. Já Philipe Sampaio foi diagnosticado com uma lesão no ligamento colateral medial do joelho direito, realiza tratamento e não precisará ser operado.
Além deles, o clube também informou a situação médica de Kanu e Barreto. Os dois estão na segunda fase de transição de uma lesão na parte posterior da coxa para poder voltar a treinar junto com o restante do elenco. No caso do zagueiro as dores eram na perna esquerda, enquanto o volante tinha dores na perna direita.
O Botafogo volta a campo no próximo domingo, quando enfrenta o Flamengo, pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro. A bola rola às 11h (de Brasília), no Mané Garrincha, em Brasília. O Bota está em 13º lugar, com cinco pontos.
Última vez que as finanças alvinegras não tinham fechado no vermelho havia sido em 2017
O processo de reestruturação do Botafogo que começou antes de o clube virar uma SAF rendeu frutos. O êxito pôde ser mensurado a partir do balanço financeiro divulgado nesta semana. Segundo o documento, correspondente a 2021, houve um superávit de R$ 78,4 milhões.
Embora seja importante não fechar o ano no vermelho, o valor não indica que entrou mais dinheiro dos cofres alvinegros do que saiu - já que o resultado operacional do clube ainda é deficitário. A chave para o superávit está na renegociação do passivo.
Dois mecanismos foram fundamentais para isso: o Regime Centralizado de Execuções (RCE) e o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). No primeiro, estão as dívidas cível e trabalhista que o clube acumulou ao longo de anos de má gestão. São ex-funcionários, atletas, técnicos e fornecedores que não foram pagos, além de empréstimos e outros contratos que não foram honrados.
— Foto: Infoesporte
Já o segundo possibilitou ao Botafogo parcelar suas dívidas tributárias em 12 anos, e as previdenciárias, em cinco. No acordo fechado em 29 de dezembro, o clube conseguiu baixar sua dívida histórica de R$ 418 milhões para R$ 190 milhões - o que equivale a uma redução de 58% do valor devido.
É a primeira vez desde 2017 que as finanças não fecham no vermelho - naquele ano, o Botafogo também renegociou suas dívidas. Em 2018, o resultado negativo foi de R$ 17 milhões; em 2019, de R$ 20 milhões e, em 2020, de R$ 139 milhões.
Com a queda das receitas devido ao rebaixamento para a Série B, o clube cortou 30% dos gastos no departamento de futebol em comparação com 2020: de R$ 121 milhões, passou para R$ 85 milhões. Parte da diminuição da despesa operacional aconteceu com a demissão de 77 funcionários em maio do ano passado.
O próximo balanço já apresentará a nova realidade do Botafogo como clube-empresa. Em 2022 (divulgação em 2023), haverá dois demonstrativos: um da Associação (que ficou com 10% das ações do clube) e outro da SAF (cujo dono é John Textor, que detém 90% das ações).
Ou seja, a partir de agora, a Associação terá de pagar suas contas basicamente com os repasses feitos pela SAF. A Lei 14.193, aprovada em 5 de agosto de 2021, prevê que a SAF envie 20% de toda sua receita para a Associação quitar suas dívidas constituídas antes de virar um clube-empresa. Além disso, metade dos lucros da SAF devem ser repassados ao clube.
O técnico do Botafogo, Luís Castro, deixou claro que ao receber o convite para comandar a equipe lembrou de grandes ídolos do passado e de conquistas da seleção brasileira em que jogadores que vestiam a camisa alvinegra foram fundamentais. E também afirmou que o seu maior sonho é deixar um legado de sucesso para um futuro de muitas alegrias para os torcedores.
- Nós quando somos convidados para um clube gostamos sempre de saber do passado do clube. Quando se fala do Botafogo lembramos de Garrincha, Jairzinho, Nilton Santos, lembramos sempre do maior feito do Brasil que foi o tricampeonato mundial. É um desafio grande. Eu fui mais um treinador a ganhar um título no Al-Duhail, no Shakhtar, no Porto. Mas no Botafogo posso ser o treinador que pode estar na base de um grande futuro. Sei que meu trabalho pode acabar, porque nós somos treinadores dignos e honestos quando ganhamos, mas é assim. Mas o tempo em que eu estiver aqui quero deixar uma marca para um futuro de sucesso - disse.
Luis Castro, Botafogo — Foto: Vitor Silva / Botafogo
Castro também foi questionado sobre o sucesso dos treinadores portugueses pelo mundo, não só no Brasil. Em sua análise apontou os trabalhos de José Mourinho, que foi campeão da Liga dos Campeões por Porto e Internazionale, além de sucesso em Chelsea e Real Madrid, como ponto de virada nesse processo:
- Eu não faço diferença entre técnicos brasileiros, portugueses, ingleses. Todos têm qualidades, olham para o futebol de forma muito competente. Percebemos que no caos é difícil conseguir resultados, percebemos que um jogo organizado permite aos grandes talentos apresentarem mais suas qualidades. Há claramente um ponto de virada com José Mourinho, não que antes dele não tinha grandes treinadores, quando foi campeão europeu no Porto.
- (Mourinho) É campeão no Chelsea, na Inter, também na Espanha. As coisas acontecem pelo método, na forma como organiza as equipes. Então, temos que nos guiar pelas referências mais positivas, e nasce um conjunto de treinadores com ideias diferentes, com organização. E exigências em treinos e em jogos. O jogo tem que ser claramente o espelho na nossa organização durante a semana.
Melhores momentos de Botafogo 1 x 1 Juventude pela 4ª rodada do Campeonato Brasileiro
"Não vou esconder, foi um choque quando vi algumas coisas. Mas estamos trabalhando, estamos em um bom caminho"
Sobre a nova realidade do Botafogo com a transformação em S/A e investimentos de John Textor, Luís Castro deixou claro qual é o caminho que o empresário deve seguir. E lembrou que o mais difícil é conseguir fazer essas movimentações e ganhar títulos ao mesmo tempo:
- Quer descobrir jogadores em sua academia, desenvolver e fazer negócios. E também outro modelo é contratar bem, desenvolver e depois conseguir uma boa rentabilidade. O mais difícil do futebol é fazer isso ganhando títulos, ganhar ao mesmo tempo. Isso faz parte do futuro do John Textor. O que eu sinto do futebol brasileiro é um jogo competitivo, com bons treinadores. Nunca temos certeza dos resultados, há candidatos para ganhar títulos, mas não candidatos para ganhar jogos.
Botafogo comemora gol de Diego Gonçalves contra o Juventude — Foto: André Durão / ge
Um dos principais objetivos de Luís Castro é ajudar no desenvolvimento de talentos, algo que fez durante anos em Portugal, principalmente no Porto. Segundo o treinador, é preciso um olhar muito atento com as categorias de base:
- Não quero dizer que o Brasil não é melhor formador, mas vou falar do que conheço mais. Portugal é um dos países que mais fornece jogadores, porque tem programas de academia para ajudar o futebol profissional. Investiu muito na formação, a Federação Portuguesa ajudou muito nas academias. É preciso treinadores talentosos para desenvolver talentos.
"Deveria ter muito rigor na qualidade dos gramados. A CBF deve lutar para isso, melhorar essas condições"
Luís Castro também apontou o caminho que o Botafogo pode ter no Campeonato Brasileiro, além dos prováveis candidatos ao título:
- Os candidatos são os que têm maior poder econômico. E o Botafogo tem que trabalhar muito para fazer um campeonato confortável, como eu disse no início não vendemos ilusão. Precisamos muito da nossa torcida para fazer um campeonato bom e dar continuidade ao projeto.
A próxima partida do Botafogo será no domingo contra o Flamengo, pela quinta rodada do Campeonato Brasileiro. A CBF confirmou o clássico para o estádio Mané Garrinha, em Brasília. O time de Luís Castro soma cinco pontos em quatro partidas. Confira a tabela da competição.