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terça-feira, 16 de abril de 2019

Com "coragem e protagonismo" como palavras-chave, Barroca é apresentado pelo Botafogo


Carioca, treinador que completa 37 anos no próximo dia 22, mostrou-se animado com primeiro desafio no futebol profissional




Vitorioso na base alvinegra, Eduardo Barroca foi apresentado nesta terça-feira como novo treinador do Botafogo. É o primeiro compromisso dele nessa função dentro do futebol profissional. E o conhecimento que tem do clube, jogadores e diretoria, obviamente, foi colocado em pauta. Mas chamou muita atenção o fato de ter repetido por várias vezes as palavras coragem e protagonismo. Com elas, disse saber da necessidade de se entregar resultados a curto prazo.


Barroca, que completa 37 anos no próximo dia 22, agradeceu ao Alvinegro por todo o crescimento que o proporcionou quando trabalhava na base e falou com muito respeito sobre Zé Ricardo, com quem tem ótima relação.


- Com muito alegria que agradeço pela oportunidade. Presidente falou muito bem. Minha relação com o Botafogo é profissional, mas toda a experiência aqui dentro me moldou. Tenho um carinho especial pelo clube. Respeito muito o Zé, temos relação estreita, nossos caminhos se cruzaram muito, temos uma relação familiar. Meu respeito pelo que ele fez no Botafogo é muito grande. Com certeza vou dar sequência a tudo de bom que ele deixou para gente.




Eduardo Barroca é apresentado pelo Botafogo — Foto: Edgard Maciel de Sá/GloboEsporte.com




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Trajetória e conhecimento sobre o atual Botafogo

Desde muito novo pautei minha carreira para tentar chegar a um grande clube. Tentei pavimentar esse caminho com processo. Trabalhei em mutos clubes, fui auxiliar de grandes treinadores como Falcão, Joel Santana, Jorginho... Trabalhei em base e profissional, seleções brasileiras. Tudo para tentar chegar a esse momento o mais preparador possível. Hoje me sinto extremamente preparado.


Entendo que o Botafogo é o melhor clube para fazer essa transição. Conheço o clube, tenho boa relação, é a sintonia perfeita. Estou muito confiante de fazer um grande trabalho no Botafogo.



Preparação para a estreia no Brasileiro, contra o São Paulo


São nove treinos em dez dias até a estreia. Acho que é um momento importante. O Botafogo nas quatro primeiras rodadas do Brasileiro vai jogar três vezes no Rio. Nas nove rodadas até a Copa América, são seis jogos no Rio. Teremos algumas semanas cheias para trabalhar. Pauto muito a minha vida em cima de coragem, confiança. Sou de Del Castilho, a dez minutos andando do Nilton Santos. Com 36 anos, estou dirigindo um dos maiores clubes do pais. Sigo pautado pela coragem. O Botafogo tem que ser protagonista em qualquer competição que disputa.



Estilo de Barroca

Li muita coisa sobre essa questão do meu estilo. Meu estilo vai ser conseguir resultados a curto prazo. Sei que o Botafogo precisa de resultados imediatos. Vou pautar meu trabalho nesse primeiro momento em três partes em ordem de importância: conseguir resultados a curto prazo, que é o que o clube mais precisa; segundo: jogar um futebol que a torcida gosta e pela experiência no clube sei como é, e por último poder junto com isso desenvolver os jovens jogadores do clube para que a gente consiga aproveitá-los da melhor forma possível.



Garotos com quem trabalhou

Foi muito importante tudo o que a gente viveu no sub-20. Mas não são mais garotos, são homens, já fazem parte do elenco profissional do Botafogo. Minhas escolhas são pautadas em jogadores que vão me dar resultados a curto prazo, sejam eles mais experientes ou mais jovens.



Ano de 2018 e saída para o Corinthians

Vinha trabalhando há um tempo com essa expectativa de assumir o time, mas o Botafogo seguiu uma coerência normal e escolheu pelo Felipe Conceição (após a saída do Jair Ventura). Ali vi que tinha que me desafiar em outro nível. Tinha estabilidade, total confiança da direção e isso me trazia conforto como treinador. Tive outros convites, mas quando recebi do Corinthians entendi que era importante me desafiar para crescer profissionalmente.



Coragem em campo

Ainda não conversei com os jogadores. Evidente que tenho uma referência externa. Mas ela não se torna prática se não treinei ou conversei com os jogadores. Torcedor pode ter certeza que pauto minha vida em cima de coragem e atitude. Ninguém dentro desse clube precisa ter resultados como eu. Isso que vou irradiar com os jogadores, fazer jogo de protagonismo, onde eles sejam valorizados, e como consequência disso conseguir os resultados que nos interessam.



Jovens experimentados

Sempre falei para os jovens que disputar jogos importantes na base os credenciariam para o profissional. São transmitidos, tem torcida... Eles foram muito bem sucedidos naquele momento. Conseguiram entregar resultado e performance.



Ser considerado uma aposta lhe incomoda?

Entendo que a baixa expectativa nesse caso é uma grande oportunidade de se administrar de dentro da fora, fazer a coisa do meu jeito, como acredito, e dar uma resposta prática. Preciso na prática mobilizar os jogadores e entregar resultados. É para isso que eu estou aqui. Para melhorar a forma de jogar e ser protagonista no Brasileiro, que é onde o Botafogo tem que estar.



Já falou em reforços?


Começamos a conversar sobre reforços, mas foi tudo muito rápido. Domingo estava dirigindo o Corinthians ainda. Naturalmente vamos falar de forma mais profunda sobre todas as possibilidades. Tenho muito claro para mim que preciso entregar resultados. Tenho várias possibilidades de fazer isso. A escolha que farei é responsabilidade minha. Cada treinador tem uma linha, fará sua escolha e arcará com as responsabilidades.



Tem referências em sua profissão?


Existem treinadores que admiro pelo futebol apresentado, como gerenciam crises, como gerenciam o grupo. Acho que o futebol brasileiro tem várias referências, trabalhei com muitos deles, foi muito importante para mim. Isso me deu bagagem e espero poder retribuir, colocando em prática.



Comissão técnica


A comissão técnica já está montada. Alfredo Montesso é o auxiliar, muito experiente. Anderson Gomes na preparação física, veio do Corinthians comigo. Demais membros já estavam no clube.


Fonte: GE/Por Edgard Maciel de Sá — Rio de Janeiro

Os desafios de Eduardo Barroca: treinador chega com missão de colocar Botafogo nos trilhos


Novo comandante retorna ao Alvinegro para o principal desafio de sua carreira: pela primeira vez, comandará uma equipe profissional. Veja situações a serem trabalhadas pelo técnico



Vitor Silva/SSPress/Botafogo



Eduardo Barroca começa, nesta terça-feira, no Botafogo, o principal desafio de sua carreira: pela primeira vez, comandará uma equipe profissional. Com apresentação marcada para esta tarde no Nilton Santos, o novo treinador chega com a missão de corrigir uma série de situações e colocar o Alvinegro nos trilhos depois das eliminações precoces no Campeonato Carioca e na Copa do Brasil.


Aos 36 anos, Barroca volta ao ambiente onde trabalhou de 2016 a 2018, nas divisões de base do Botafogo. Saiu de General Severiano com alguns títulos na bagagem, como o Campeonato Carioca e o Campeonato Brasileiro sub-20. Reencontrará jogadores e profissionais com quem conviveu, como o auxiliar técnico Bruno Lazaroni, que elogiou o novo comandante:


- Convivência muito boa! Excelente profissional, detalhista, tem formidável leitura de jogo, vencedor, ao estilo Guardiola na maneira incessante que busca soluções para a equipe. Independentemente do treinador, nós da comissão fixa do clube temos o dever de facilitar e agilizar o processo de adaptação do profissional que chega. No caso do Barroca, ele já conhece o clube, funcionários e mais da metade do elenco.


Confira alguns desafios que Barroca precisará enfrentar no Botafogo:


Os cornetados

Alguns jogadores do elenco têm sido alvos das cornetas de parte da torcida desde o início da temporada. Marcinho, Gilson e Kieza são os mais visados. Pimpão e Luiz Fernando também convivem com as críticas. Fortalecer o psicológico desses atletas é um dos principais desafios de Barroca.




Kieza é um dos cornetados pela torcida alvinegra — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo



Defesa

Os espaços na defesa do Botafogo chamam a atenção, em especial pelo lado direito. Em entrevista recente ao GloboEsporte.com, Marcinho admitiu que ainda precisa evoluir defensivamente. O jogador começou como meia na base e, não faz muito tempo, passou a atuar na lateral direita.




Espaços no lado direito da defesa alvinegra chamam atenção — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo


Isso explica a deficiência. Quando Marcinho sobe para apoiar o ataque, geralmente deixa um buraco, que não tem sido bem coberto pelos companheiros. Encurtar os espaços e melhorar o posicionamento defensivo são mais tarefas para a lista do novo treinador.



Padrão de jogo

Está aí um dos grandes problemas do Botafogo versão 2019. Zé Ricardo não conseguiu dar padrão de jogo ao time, que não mostrou grande evolução mesmo após a eliminação do Carioca e os dez dias apenas treinando antes da eliminação da Copa do Brasil.


O atual comandante tem a missão de definir ainda a principal escalação do Alvinegro. Zé fez inúmeros testes nesses três meses e não encontrou a formação ideal. Em apenas uma vez, repetiu a escalação em dois jogos seguidos.



Ataque

O ataque é também um problema a ser solucionado: o Botafogo tem 26 gols, sendo um contra, em 17 jogos na temporada - média de 1,52 por partida. Desses, 15 foram marcados por atacantes.


O centroavante Kieza tem apenas um gol na temporada, marcado no dia 11 de março, contra o Madureira. Antes, havia anotado pela última vez em 30 de novembro, diante do São Paulo.




Diego Souza tem um gol em cinco jogos — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo



O jogador perdeu vaga para Diego Souza, contratado em março passado. O principal reforço do time ainda não conseguiu render o que se espera dele: marcou um gol em cinco jogos até aqui. Barroca terá que trabalhar uma maneira de fazer o camisa 7 brilhar como ele fez em outros times.


Erik, com sete gols, é o artilheiro da equipe em 2019. O camisa 11 assumiu, no início da temporada, o protagonismo que buscava quando escolheu o Botafogo, mas caiu de produção.



Gols dos atacantes do Botafogo na temporada:

Erik: 7
Pimpão: 3
Ferrareis: 2
Luiz Fernando, Diego Souza e Kieza: 1



Criação
A falta de gols dos atacantes é resultado também da deficiência no setor de criação do Botafogo. O time conta com apenas um armador no elenco atualmente: Leo Valencia, que pouco jogou na temporada. Encontrar o camisa 10 da equipe é outro dos principais desafios de Barroca. Falta alguém para distribuir as jogadas e colocar os atacantes em boas condições para finalizar.




Único meia de criação, Valencia pouco jogou em 2019 — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo.



Problemas internos

A dificuldade financeira do Botafogo não é segredo, e o problema tem afetado o elenco, que convive com os atrasos salariais. Antes do primeiro jogo contra o Juventude, por exemplo, o elenco decidiu não se concentrar em protesto aos quase dois meses de pagamentos não recebidos. Barroca precisará dominar essa situação e ser uma ponte entre atletas e diretoria para que os problemas internos não reflitam em campo.



O treinador tem a preocupação ainda de conquistar a confiança de parte da diretoria alvinegra, visto que sua contratação não foi unanimidade entre os dirigentes e causou desconforto no já abalado ambiente político do clube.



Administrar os mais experientes
Barroca ainda não teve experiência no comando técnico de uma equipe profissional de forma efetiva - chegou a comandar o Bahia como interino em alguns jogos. O treinador trabalhou nas divisões de base do Botafogo de 2016 a 2018 e, por isso, conhece os atletas sub-23 do clube. Alguns deles reencontrarão o comandante agora no time principal.




Pela primeira vez, Barroca comandará grupo de jogadores mais cascudos — Foto: Vitor Silva/SSPress/Botafogo


Outro desafio do técnico será, então, lidar com um grupo de jogadores mais experientes, como Cícero, Diego Souza, Carli e Diego Cavalieri. Barroca tem 36 anos, mesma idade, por exemplo, do goleiro reserva do Alvinegro. Terá que encarar e ganhar a confiança dos mais cascudos.



Fonte: GE/Por Emanuelle Ribeiro — Rio de Janeiro