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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Presidente do Bota critica ausência de Fla e Flu em arbitral: "Preocupação"


Carlos Eduardo Pereira elogia novo regulamento do Carioca e manda recado para a dupla que está em guerra com a Ferj: "Não podemos ficar como crianças"




Carlos Eduardo Pereira participou da arbitral realizada
 nesta quinta (Foto: Chandy Teixeira/ Globoesporte.com)
O presidente do Botafogo Carlos Eduardo Pereira criticou a dupla de rivais Flamengo e Fluminense por não terem participado das discussões do Conselho Arbitral que decidiu o novo regulamento do Campeonato Carioca. O Flu sequer mandou representantes no encontro realizado nesta quinta-feira na sede da Federação do Rio, e o Fla assinou apenas a presença e não participou das votações.

De acordo com o mandatário alvinegro, a dupla de rivais mostra que perdeu a capacidade de diálogo e que um racha definitivo com a Ferj pode significar um enfraquecimento significativo do futebol do Rio. Flamengo e Fluminense cogitam a disputa de um torneio Sul-Minas.

- A gente vê com muita preocupação (a briga de Fla e Flu com a Ferj). Nunca podemos pensar em enfraquecer o Carioca. Repercute muito mal quando um clube do Rio de Janeiro pensa "virar" um clube de outro estado. Todos os dois, Flamengo e Fluminense, foram criados aqui. Não podemos deixar uma briga política sobrepor o seu compromisso com a cidade, com o estado do Rio de Janeiro. E também com a torcida. Colocar também uma equipe mais fraca no campeonato é um risco muito grande. É uma forma muito limitada de olhar e encarar o Campeonato Carioca. Temos que cuidá-lo e não perder a capacidade de diálogo. Não se pode perder a elegância de estar a mesa e discutir. Afinal, é o futebol profissional, não podemos ficar como crianças e não conversar. Nossa obrigação é institucional.

O presidente também elogiou o novo formato do Campeonato Carioca. O Botafogo, inclusive, fez parte do grupo de trabalho que propôs as mudanças no regulamento. Carlos Eduardo Pereira comentou também a manutenção do tamanho do campeonato com 19 datas.

- É uma coisa (número de datas) que você vai avaliar aos poucos. Nós estamos em um momento particular, um momento de transição que estamos na Série A. Vai depender muito desse número de jogos a função de remuneração da TV. Se conseguirmos avançar nisso, se torna positivo. Mas temos que pensar nos pequenos também. São clubes formadores, é preciso pensar no conjunto, ainda que represente um sacrifício dos outros - disse Carlos Eduardo Pereira.

O Botafogo caiu no Grupo B do Campeonato Carioca ao lado de Flamengo, Friburguense, Volta Redonda, Bonsucesso, Madureira, Tigres e América. A estreia acontece contra o Bangu, ainda sem local definido. A partida acontecerá no dia 30 ou 31 de janeiro.

Por Chandy Teixeira Rio de Janeiro/GE

Botafogo x ABC: jogo no Engenhão terá ingressos a partir de R$ 10



Diretoria alvinegra busca grande apoio de torcedores em última partida do Botafogo em casa no primeiro turno da Série B do Brasileiro






Uma sequência de tropeços fez o Botafogo ver seriamente ameaçada a liderança da Série B do Campeonato Brasileiro. Na tentativa de voltar a ver o time vencer empurrado por sua torcida, o clube anunciou preços de ingressos mais baixos para o jogo contra o ABC, na próxima terça-feira, pela 18ª rodada. A última partida da equipe no Estádio Nilton Santos no primeiro turno terá bilhetes a partir de R$ 10 a inteira.


Os torcedores poderão comprar os ingressos a partir deste sábado, dia do jogo contra o Santa Cruz, no Recife. A intenção é finalmente encher o Engenhão. Atualmente o Botafogo tem média de pouco mais de 7 mil pessoas em casa, o menor número entre os grandes que disputaram a Série B.


Os torcedores que têm direito à meia-entrada poderão assistir ao jogo contra o ABC pagando R$ 5. A capacidade total do Estádio Nilton Santos será 25.034 pessoas.


PREÇOS:

- Norte: R$ 10 (inteira) / R$ 5 (meia)
- Sul: R$ 10 (inteira) / R$ 5 (meia)
- Leste Inferior: R$ 20 (inteira) / R$ 10 (meia)
- Leste Superior *: R$ 20 (inteira) / R$ 10 (meia)
- Leste Camarote 100: R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia) - torcida do ABC (entrada pelo Edifício Garagem)
- Oeste Inferior: R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia)
- Oeste Superior *: R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia)
OBS: os setores superiores estão bloqueados. A abertura depende do volume de vendas nos setores inferiores

POSTOS DE VENDA:
www.futebolcard.com

- De 10h às 17h
General Severiano- Av. Venceslau Brás, nº 72
Nilton Santos – (Bilheteria Norte – Botafogo), Rua das Oficinas s/n Portão 2
Caio Martins – Av. Presidente Backer s/nº - Niterói
Lojas Fanáticos – Av. Brasil, n° 10 Loja 112 (Centro Comercial Delfim Carvalho) - Araruama
Hawaii Sports - Av. Ayrton Senna, 3000, lj 1.092F (Via Parque) - Barra da Tijuca
Hawaii Sports - Rua Conde de Bonfim, 685 E/F/G - Tijuca
OBS: no dia do jogo, venda apenas em General Severiano de 10h às 13h e no Estádio Nilton Santos de 10h às 22h15
OBS²: A Bilheteria Oeste está em reformas e não funcionará para o público. Este setor será vendido na Bilheteria Norte

ESTACIONAMENTO

Para facilitar a entrada, o estacionamento Norte 1 do Estádio Nilton Santos (preço R$ 20) dará acesso exclusivo ao Setor Leste, onde haverá catracas. Ou seja, por dentro do estacionamento será possível chegar à arquibancada do Leste. Ao fim da partida, todos os torcedores (independentemente do setor) poderão acessar o estacionamento por dentro, dirigindo-se ao Setor Norte.

SÓCIOS

Sócios Sou Botafogo, dependendo do plano, e sócios proprietários titulares e adimplentes têm acesso gratuito através do chek-in, que já está aberto pelo link http://soubotafogo.bfr.com.br/ingresso. O check-in visa a otimizar as vendas, ter controle sobre a quantidade de sócios que irão ao jogo e aumentar a qualidade do serviço.

No plano Botafogo no Coração + Desconto, o benefício é poder comprar ingresso com 50% de desconto. Todas as informações de acesso de sócios (torcedores e proprietários) serão disponibilizadas no site do Sou Botafogo.

INTERNET

A venda é pelo site www.futebolcard.com . Há promoção de 50% de desconto com Itaucard. O torcedor que pagar com Visa passa o cartão de crédito na catraca (Visa Passfirst). O torcedor que pagar com Mastercard tem que retirar os ingressos na bilheteria, no Estádio Nilton Santos, em General Severiano ou no Caio Martins. No dia do jogo, apenas no Estádio Nilton Santos. 


Por GloboEsporte.com Rio de Janeiro/GE

Luis Ricardo volta ao time em busca da vitória: "Hora ou outra, bola vai entrar"


Recuperado de lesão na coxa esquerda, lateral irá para jogo contra o Santa Cruz, no sábado. Botafogo vem de três empates seguidos, sendo dois sem gols marcados




Luis Ricardo retornará ao time do Botafogo após
se recuperar de uma lesão na coxa esquerda
(Foto: Jessica Mello)
Luis Ricardo está de volta. Recuperado de uma lesão na coxa esquerda, o lateral-direito será titular contra o Santa Cruz neste sábado, como indicou Ricardo Gomes nos treinos táticos desta semana. O jogador sabe da importância de sair de Recife com a vitória, especialmente para recuperar a liderança da Série B, perdida provisoriamente na terça-feira, quando o América-MG venceu sua partida. E quer poder ajudar os companheiros de frente, deixando-os na cara do gol para marcar.

- Uma hora ou outra a bola vai voltar a entrar. As oportunidades têm sido criadas, mas a bola não entra. Fico feliz por ter participado de alguns gols, espero que o meu retorno seja dando passes, fazendo um gol, quem sabe, mas, especialmente, vencendo. O que tem de procurar fazer daqui para frente é vencer - disse.

São três empates na sequência (Bahia, Criciúma e Luverdense). Os dois últimos ainda sem marcar nenhum gol. Luis Ricardo, porém, não vê pressão em cima da equipe. Aliás, ainda enxerga a pressão como um ponto negativo, "um adversário a mais".

Temos de estar tranquilos. Se levarmos a pressão, é um adversário a mais".
Luis Ricardo


- Não tem pressão. Nós estamos em segundo colocado porque temos um jogo a menos. O que entendemos é que será um jogo bastante difícil. Se trouxermos toda a pressão para nós, será muito ruim. Temos de estar tranquilos. Sabemos o que erramos, conversamos bastante. É possível ir lá (no Arruda) e trazer os três pontos. Respeitando o Santa Cruz, claro. Mas se levarmos a pressão, é um adversário a mais - afirmou.

Nos treinamentos desta quarta e quinta-feira, sendo este último parcialmente fechado, Ricardo Gomes realizou trabalhos táticos e testou o time que entrará em campo no sábado. No desta quarta, Neilton e Luis Henrique formaram o ataque, com Navarro entrando no decorrer da atividade no lugar do mais jovem. Já nesta quinta, em treino ofensivo, sem os zagueiros, os três atuaram juntos.

Questionado sobre as diferenças dos jogadores e o que cada um pode acrescentar ao time, Luis Ricardo respondeu:

- Tenho pouco tempo ainda treinando com o Navarro. Acho que muda um pouco pelo fato dele ser mais fixo de área. O Luis consegue fazer jogadas mais pela beirada. São dois jogados importantes que a gente tem. Por quem o treinador optar, a gente vai dar cruzamento, passe a eles, procurar fazer gol e vencer os jogos - completou.

O Botafogo volta a treinar na manhã desta sexta-feira. À tarde, viaja para Recife. O jogo contra o Santa Cruz é às 16h30 (de Brasília) de sábado, pela 17ª rodada da Série B.

Por Jessica Mello Rio de Janeiro/GE

Ricardo Gomes trabalha parte ofensiva e fecha parcialmente treino


Imprensa teve acesso apenas aos primeiros trinta minutos de atividade. Depois, o grupo trabalhou sozinho. Ricardo Gomes treina parte ofensiva nesta quinta-feira




Ricardo Gomes fecha parcialmente o treino desta
quinta-feira no Nilton Santos
(Foto: Jessica Mello / GloboEsporte.com)
Em busca da sua primeira vitória no comando do Botafogo - empatou sem gols na estreia, contra o Luverdense -, Ricardo Gomes fechou parcialmente o treino desta quinta-feira, no campo anexo do Estádio Nilton Santos. A imprensa teve acesso apenas aos primeiros trinta minutos de atividade, quando foi possível ver apenas o aquecimento do grupo e o início de um trabalho ofensivo comandado pelo técnico.

Na atividade, os zagueiros não participaram. A base da equipe foi a mesma apontada no treino tático desta quarta, com as entradas de Serginho e Navarro.

Assim, os jogadores que participaram da atividade foram: Serginho, Dierson, Willian Arão, Luis Ricardo, Carleto, Diego Jardel, Octávio, Neilton, Luis Henrique e Navarro.

No treino desta quarta, o uruguaio entrou na vaga de Luis Henrique, que iniciou a atividade. O mesmo com Serginho, que foi a campo no meio do trabalho, no lugar de Dierson. O time testado por Ricardo Gomes foi: Jefferson, Luis Ricardo, Renan Fonseca, Diego Giaretta e Carleto; Dierson (Serginho), Willian Arão, Octávio e Diego Jardel; Neilton e Luis Henrique (Navarro).

Com Neilton, Luis Henrique e Navarro, Ricardo Gomes formou trio de frente em treino ofensivo (Foto: Jessica Mello)
Os reservas treinavam na segunda metade do campo, também com bola. Renan Fonseca, na parte a que a imprensa teve acesso, trabalhou em separado a parte física.

O Botafogo volta a treinar na manhã de sexta-feira, antes de viajar, à tarde, para Recife, onde enfrenta o Santa Cruz, no sábado, no Arruda, às 16h30 (de Brasília). O Alvinegro tenta recuperar a liderança da Série B, perdida para o América-MG provisoriamente, já que a equipe de Minas Gerais atuou nesta terça e venceu o Paraná, assumindo a ponta. O Bota está com 30 pontos, um a menos que o América.

Por Jessica Mello Rio de Janeiro/GE

Daniel Carvalho estreou no Botafogo há 3 meses. E não consegue jogar 90min



Daniel Carvalho ainda não conseguiu encaixar um jogo completo pelo Botafogo (Vitor Silva/SSPress)


O Botafogo tem problemas. E o principal deles atualmente é a criação de jogadas no ataque. O desempenho recente na Série B mostra uma equipe frágil ofensivamente, com apenas dois gols marcados nos últimos sete jogos. Recheado de jovens, Ricardo Gomes busca alternativas para dar mais força ao meio-campo alvinegro. Daniel Carvalho é uma opção, mas está longe de ser uma certeza.

Pouco mais de três meses após a estreia – com direito a gol em vitória sobre o Capivariano, pela Copa do Brasil, no final de abril –, Daniel Carvalho ainda tem dificuldades para garantir continuidade no time titular. Foi prioridade com Renê Simões, mas caiu de rendimento e passou a participar de rodízio.

Com o interino Jair Ventura, teve menos oportunidades e jogou apenas 15min em três partidas realizadas pelo clube neste período. Com Ricardo Gomes, segue no banco de reservas. Teve pouco mais de 15min para jogar novamente na estreia do treinador, em empate sem gols com a Luverdense.

Fato é que a comissão técnica usa Daniel Carvalho com extrema cautela. O meia não foi utilizado nos 90min das partidas que o Botafogo disputou na Série B e na Copa do Brasil em nenhuma oportunidade. Desde a estreia, Daniel teve a maior participação pelo time na partida contra o Oeste, em que jogou como titular e saiu aos 30min do segundo tempo.

Com maior pressão sobre os meias, Daniel Carvalho surge como alternativa para melhorar o desempenho ofensivo do clube na Série B. Diego Jardel, no entanto, é o titular neste início de trabalho de Ricardo Gomes.

"Eu acho que os adversários estão mais ligados, somos o time a ser batido na Série B. Temos que sair dos bloqueios e estamos buscando isso nos treinos. O professor Ricardo Gomes tem trabalhado a quebra de linha e pretendemos melhorar já no próximo jogo", indicou Diego Jardel.

Além de Daniel Carvalho, Elvis e Tomás Bastos também brigam pela posição no meio-campo. Nenhum deles consegue continuidade, nem mesmo o titular do momento.

Na próxima rodada, o Botafogo visita o Santa Cruz. A partida está marcada para as 16h30 deste sábado, no estádio Arruda. O Alvinegro está na segunda posição da Série B, com 30 pontos, e recebe pressão na tabela. Vitória (3º), Bahia (4º), Sampaio Corrêa (5º) e Náutico (6º) seguem na cola dos cariocas, todos com 28 pontos.

Do UOL, no Rio de Janeiro

O garoto de R$ 60 milhões de Itarana: Luis Henrique, berço e DNA goleador


Nascido na terra que já foi reduto de pedras preciosas, atacante do Botafogo supera obstáculos e surge com status de grande promessa. Pai já foi vice-artilheiro no ES




Luis Henrique foi crescendo e ganhando o Brasil.
Já o cabelo foi diminuindo (Foto: Globoesporte.com)
A pequena cidade de Itarana, na Região Central do Espírito Santo, tem vocação para um assunto peculiar: pedras preciosas. Antes mesmo de se tornar um município independente, em 1941, o lugarejo foi palco de uma corrida pelos raros minerais na jazida da Pedra da Onça. A ação de extração foi rápida, gerou fortuna para algumas famílias e quase não deixou registro histórico. Um dos poucos e mais famosos relatos é que parte destas pedras está na coleção de joias da Rainha Elizabeth II, do Reino Unido. Agora, 70 anos depois, a cidade vê outra joia - estaavaliada em R$ 60 milhões - igualmente nascida de suas entranhas também ganhar o mundo: Luis Henrique, de apenas 17 anos. O atacante do Botafogo, porém, surge longe do anonimato das décadas passadas e reluz sob os holofotes direcionados para todos os seus passos dentro do campo com a camisa alvinegra.

Além da "procedência" regional, a joia alvinegra ainda tem no sangue um DNA que é sinônimo de bola na rede. Curiosamente, em 2001, quando Luis Henrique tinha apenas três anos, quem se destacava pelos gols marcados era... seu pai. Atuando pelo Linhares-ES, Elvimar alcançava o seu auge com a vice-artilharia do Capixabão. Sem saber, o pai fazia da sua carreira o laboratório para o filho, que o acompanhava até nas concentrações.

- Desde pequeno eu ensinei ele, inclusive a bater com as duas pernas. Eu joguei durante cinco anos. Parei em 2003. O futebol é muito rápido, tem que ter os pés no chão. E isso ele aprendeu comigo. Ele ia comigo para as concentrações e já passou um tempo nos clubes comigo, nos hotéis onde morava. Eu mesmo (vivi essas oscilações do futebol). Estava bem, no auge, tive uma lesão no joelho e logo depois tive que encerrar a carreira. Então, ele acompanhou isso, esses altos e baixos. - disse Elvimar, pai do jogador.

O fim da carreira de Elvimar chegou na mesma época que Luis Henrique descobria a paixão pelo futebol. Com sete anos e incentivado por uma família boleira, o garoto de chamativo cabelo loiro longo - que gostava de enrolar com a ponta dos dedos - chegava às mãos do técnico Palmito, responsável pelo time amador da cidade para garotos de até 12 anos. Nascia ali, no Campo do Flamengo - que ironia -, o jovem carinhosamente chamado de Ike, a pedra bruta que se tornaria mais tarde uma joia de R$ 60 milhões de Itarana.


- Quando eu peguei, ele tinha nove anos. A gente via que ele era um garoto diferenciado, forte. Mas ele sempre teve muita vontade, dedicação. Com ele, nosso time foi campeão de tudo, com ele sendo artilheiro sempre. Eu digo sempre sobre dedicação porque aqui tem muito garoto bom, mas preguiçoso. O Luis Henrique é diferente: focado, reservado e determinado. É um grande orgulho para gente. Ver ele assim despontando. Mas o mérito é todo dele, eu era pago para treiná-los. A mãe dele também foi fundamental na carreira dele, uns 90%. Ela batalhou muito pela carreira dele – disse Palmito, que há dez anos trabalha com jovens jogadores na cidade.

Luis Henrique ficou cerca de quatro anos no time amador de Itarana, onde acumulou títulos e troféus de artilheiro – o pai guarda todos com orgulho. Seu técnico resume a época como “ganhadora de tudo”. Entretanto, o fim do casamento dos pais mudaria para sempre a rotina e a vida do jovem promissor de 11 anos. Junto com os outros dois irmãos da relação, João Vitor e Cinara, Ike se mudou com a mãe Tanara para o Rio de Janeiro. O ano era 2009 e o destino não seria fácil para o menino loiro nos dois primeiros clubes.


O INÍCIO: DECEPÇÕES NO FLA E BAHIA

Comissária de bordo, a mãe enxergou no Rio de Janeiro a oportunidade para fazer Luis Henrique deslanchar naquilo que o filho adorava fazer. Até hoje é ela que cuida da carreira do atacante. O primeiro clube na cidade maravilhosa foi o CFZ (Centro de Futebol Zico) junto com o irmão João Vitor – que depois abandonou para seguir carreira acadêmica. O início foi na escolinha, mas logo o talento do menino loiro tímido chamou a atenção dos coordenadores da base. Em 2010, a primeira grande chance. O CFZ cedeu alguns jogadores para o Flamengo quando Zico fazia parte da diretoria rubro-negra. Luis Henrique era um deles.

Foram pouco mais de dois anos no Flamengo. Entretanto, a dificuldade na adaptação à cidade grande e também a polêmica saída de Zico do clube - o principal motivo justamente por conta de uma parceria com o CFZ - aceleraram a dispensa do jovem.

Tanara é mãe e empresária do filho Luis Henrique (Foto: Gustavo Rotstein)

- Depois que ele foi dispensado do Flamengo, ele voltou aqui para Itarana junto com o outro irmão. Claro que ele ficou abalado, normal. Mas nunca ouvi dele a intenção de desistir do futebol. Depois, eu mesmo consegui um teste para ele no Bahia - contou o pai.

Na capital baiana, Luis Henrique viveria o momento mais dramático da curta carreira. Era a última semana do ano de 2012 e o jovem atacante embarcara sozinho em busca do sonho... que na verdade se configurou um pesadelo. O jogador ficou apenas uma semana e foi dispensado repentinamente no dia 31 de dezembro. Ao garoto fora informado que o clube não o abrigaria e nem custearia suas refeições. Com 13 anos, Luis Henrique, longe dos pais, vivia um apuro que a família hoje considera um erro e se arrepende.

- Foi um susto muito grande. Tive que pagar passagem às pressas. Pegou a gente de surpresa, mas foi parte do aprendizado. Percebi também que ele já absorveu melhor essa segunda dispensa. E a mãe dele seguiu procurando, fez um DVD – contou Elvimar.


NO BOTAFOGO, UM METEORO

Luis Henrique comemora ao lado de Pimpão um
dos dois gols na estreia (Foto: Vitor Silva/SSPress)
Os vídeos compilados por Tanara abriram as portas do Botafogo para Luis Henrique, então com 15 anos. Escaldado pelos dois obstáculos recentes e adaptado ao Rio de Janeiro, o jovem deixou o início titubeante para trás para se tornar uma máquina de fazer gols.

Logo no primeiro campeonato que disputou foi vice-artilheiro: 16 gols no estadual da categoria. No entanto, foi na Copa do Brasil Sub-17, competição que o Botafogo foi vice-campeão, que Luis Henrique despontou para o cenário brasileiro. Com 14 gols, o atacante foi o responsável por 60% das vezes em que o alvinegro balançou a rede na competição. E mais: deixou de marcar em apenas um jogo e fez dois hat-tricks. Tudo isso em só 10 partidas

Os números e atuações chamaram a atenção do então técnico dos profissionais, René Simões. A recente saída do centroavante Bill abriu ainda mais espaço para Luis Henrique, que venceu a concorrência de Vinícius Tanque – artilheiro do Sub-20 – e ganhou uma vaga no time titular. A história? Estreia com dois gols e quatro até aqui como profissional. Surpresa? Só para quem não conhecia o Ike, aquele menino da cidade de pouco mais de 10 mil habitantes.

- Quem conhece o Luis Henrique sabe que ele tem potencial para isso tudo que está acontecendo. Só que foi muito de repente. Ele pegou uma oportunidade boa, que foi a Copa do Brasil Sub-15, e aproveitou bem. Ainda mais que o Brasil está carente deste tipo de jogador. Surgiu na hora certa. Talento ele tem. A gente não esperava isso tudo assim, de cara. Surpresa de um lado, mas quem conhece sabe que ele tem potencial, que vai vingar.

Pai de Luis Henrique exibe com orgulho as camisas que o filho já vestiu. Ao lado, a madrasta, a avó e a irmã Cinara (Foto: Chandy Teixeira)


EM ITARANA, "APENAS" FILHO DO ELVIMAR

Pedra da Onça: local foi palco de corrida por pedras
 preciosas no século passado (Foto: Chandy Teixeira)
Apesar da corrida pelas pedras preciosas no meio do século passado, Itarana é uma cidade considerada pobre. Assim como toda a região central do Espírito Santos, o município tem como potencialidade o cultivo de café Conilon (produzido em temperaturas mais altas). Tudo isso aumenta ainda mais o vulto que Luis Henrique é para Itarana. Uma joia que vale R$ 60 milhões.

Para se ter uma ideia do que representa este "caminhão" de dinheiro para o município que ainda guarda muito da cultura rural, o Estádio Municipal é uma boa referência. Popularmente conhecido como Campo do Flamengo, local onde Luis Henrique deu os primeiros chutes, foi abandonado por administrações anteriores. O atual governo tentou captar recursos com o estado para obras, mas não obteve sucesso. A saída foi fazer um grande esforço, nas palavras do prefeito, e custear a obra de reerguimento com o cofre municipal. O aporte? R$ 800 mil. Um sacrifício de uma cidade que representa apenas 1,3% da multa rescisória do filho ilustre.

- É um orgulho para a nossa cidade. Espero que apareçam mais filhos ilustres por aí. Em setembro, inclusive, teremos uma feira agropecuária e nós o homenagearemos. Essa festa homenageia também todo ano um itaranense ausente, e agora será ele. Todos aqui estamos muito felizes e torcendo para ele ganhar o mundo - afirmou o prefeito de Itarana, Ademar Schneider.

Meninos treinam no mesmo campo que Luis Henrique começou. Joia já é o grande ídolo da meninada de Itarana (Foto: Chandy Teixeira)
As coisas aconteceram tão rapidamente com Luis Henrique que o intervalo das duas últimas visitas à cidade capixaba explicam bem a mudança de vida repentina. A penúltima vez que pisou em Itarana, o jovem era apenas um jogador cultuado da base alvinegra. A última - no fim do mês de julho - Ike já tinha cifras milionária no seu valor de mercado e com contornos de superstar. Superstar? Só para o restante do país. Na terra natal, ele ainda continua sendo o filho do Seu Elvimar.

- Muita gente veio pedir autógrafo. Ele estava aqui na frente de casa conversando com os amigos, sempre com uma bola. Aqui ele fica mais solto, é só o filho do Elvimar. Foi bom ele ficar aqui, ele estava há quatro partidas sem fazer gol. Depois, voltou e fez - disse o pai se referindo ao jogo contra o Bahia.

Entretanto, é inegável que Luis Henrique seja o assunto de todas as ruas de Itarana. Além do talento com a bola nos pés, outra característica do garoto valioso a cidade atesta: o estilo reservado. Não é difícil encontrar alguém que faça questão de dizer que ele tem uma personalidade fora do padrão "boleiro".

- É um cara excelente. Menino muito tranquilo. Ele é sério, reservado. Nem muito extrovertido, nem muito introvertido. Vejo ele muito centrado. A família toda é assim - disse Zé Maria, assessor parlamentar e figurinha fácil na cidade.

Por Chandy Teixeira Itarana, ES/GE