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domingo, 25 de setembro de 2016

Maldição da camisa cinza? Botafogo perdeu todas com terceiro uniforme


Com novo modelo, Alvinegro foi derrotado por Atlético-PR, Atlético-MG e América-MG




Para bom botafoguense, meia superstição basta, não é verdade? E foi só o Botafogo perder do América-MG, lanterna do Campeonato Brasileiro, para os torcedores mais supersticiosos usarem as redes sociais para reclamar de o time ter jogado com o terceiro uniforme. Vá lá, por mais que não exista lógica na argumentação de que não dá sorte, de fato há uma coincidência: desde que trocou de fornecedor esportivo e lançou suas novas camisas, o Alvinegro saiu derrotado nas três vezes em que jogou de cinza: além do 1 a 0 para o América-MG, antes levou 1 a 0 do Atlético-PR e 5 a 3 do Atlético-MG, todas as partidas pela competição nacional.

Nova camisa cinza do Botafogo só conheceu derrotas até o momento nesta temporada (Foto: Arte Esporte)

Há quem se recorde de um vexame também envolvendo a cor na camisa: em 2010, ao estrear seu novo uniforme cinza e preto, o Botafogo de Jefferson, Loco Abreu e companhia foi goleado por 6 a 0 para o Vasco pelo Campeonato Carioca. E logo o traje ficou marcado. Depois disso, a camiseta cinza chegou a ser substituída pela branca e continuou até o fim da administração Maurício Assumpção. Mas ela voltou no ano passado, já no primeiro mandato de Carlos Eduardo Pereira, um dos críticos do uniforme predominantemente branco.


– Um time que joga todo de branco é o Santos, o São Cristóvão, não o Botafogo. O protocolo de fusão de Clube de Regatas Botafogo e o Botafogo Futebol Clube determina que as cores do Botafogo de Futebol e Regatas são preto e branco, e não o contrário. A ênfase do futebol é no preto, isso é histórico. Então escolhemos o terceiro uniforme em tom de cinza – argumentou CEP na época do lançamento dos últimos uniformes da Puma, antiga fornecedora do clube.

Camisa cinza e preta de 2010 ficou marcada na estreia por vexame em goleada para o Vasco (Foto: Agência/Estado)

Para alguns torcedores, o cinza não representa o Botafogo, mas o estatuto do clube prevê a cor como uma das possíveis para ser aplicadas nos uniformes alvinegros. Confira no trecho abaixo:


"Atendendo a requisitos de ordem técnica ou para evitar conflito visual, poderão ser usadas, pela ordem, a camisa preta, a camisa branca, com gola e punhos pretos, ou inteiramente cinza, mantido o posicionamento do distintivo do BOTAFOGO na forma neste item prevista".


No ranking dos novos uniformes da Topper, o tradicional alvinegro é quem mais foi utilizado e venceu: são 12 vitórias com ele, quatro empates e oito derrotas entre Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. A segunda camisa, que também leva um tom de cinza, só que mais escuro, junto com o preto, acumula um triunfo, duas igualdades no placar e dois reveses.


Fonte: GE/Por Thiago Lima/Belo Horizonte

Jair revela pedido de Camilo para sair no intervalo: "Quase nem inicia o jogo"


Técnico do Botafogo fala sobre problemas do camisa 10, mas não usa como desculpa para analisar derrota por 1 a 0 para América-MG no Independência: "Tiveram méritos"





Depois da derrota por 1 a 0 para o América-MG no Independência (veja os melhores momentos no vídeo acima), o técnico Jair Ventura tentou explicar em entrevista coletiva os motivos do tropeço fora de casa. Para ele, a equipe mineira foi feliz em sua estratégia de esperar os erros do Botafogo. Além disso, ainda contou com uma baixa que os visitantes tiveram no intervalo: Camilo. Jair disse que foi o camisa 10 quem pediu para deixar o jogo.


Jair observa lance de Botafogo x
América-MG (Foto: MARIELA
GUIMARÃES / AG. ESTADO)
– O Camilo quase nem inicia o jogo. Sentiu incômodo no treino de ontem e fez o teste hoje no vestiário. Se sentiu bem, mas com o campo pesado, a chuva, pediu para sair no intervalo. Mais uma vez uma baixa por lesão atrapalhando a gente. Mas não é desculpa, o mérito foi do América-MG. Conseguiram o objetivo, que foi o gol – analisou o comandante, que acredita na recuperação do meia a tempo da partida contra o Corinthians no próximo domingo.


– Foi mais uma precaução, ele sentiu para de repente não agravar a lesão. Acho que não vai preocupar, não.


Confira outros trechos da entrevista coletiva:

ATUAÇÃO
Não foi surpresa que o América-MG ia jogar nessa estratégia de ficar com os 10 homens atrás da linha da bola, esperando erros nossos. Eles vinham em situação boa, dois empates fora e a vitória contra o Inter. Sabíamos da dificuldade. Quando você joga fora de casa tendo que propor o jogo fica difícil. Tiveram méritos e nós não estávamos no nosso melhor dia na parte da criação.


VOLTA DOS TRÊS VOLANTES
A gente jogou com três volantes muitas vezes na competição. A gente vinha jogando com o Victor (Luis) fazendo a dupla com o Diogo (Barbosa), mas como perdemos o Victor por conta do cartão voltamos com os três volantes. Não foi por causa dos três volantes a derrota, não.

FRUSTRANTE PERDER PARA O LANTERNA?
Nós ganhamos do líder também. Em um campeonato tão disputado, para mim o mais equilibrado do mundo, por isso eu falei. Me perguntaram se era obrigação ganhar, isso é falta de respeito até, falar que é obrigação ganhar do lanterna, um time que vem de quatro jogos sem perder. Vai ser assim, jogar contra os times que estão lá embaixo eles têm uma proposta diferente. Acabam te dando menos espaço para jogar, e cabe a você arrumar uma estratégia para entrar nessa defesa. Hoje não estivemos no nosso melhor dia para quebrar essa retranca, e o América-MG está de parabéns pela vitória, simples.

PESO DA AUSÊNCIA DO SASSÁ
É o vice-artilheiro da competição, faz falta. Em qualquer time do mundo você tirar o seu artilheiro ele vai fazer falta. Mas cabe ao treinador usar suas armas, o que a gente tem. A gente confia em todos os nossos jogadores, hoje a bola não entrou. Paciência, temos que esperar o Sassá voltar. Mas se perdermos o Sassá temos que jogar sem ele. A equipe do Botafogo não pode ser dependente de um jogador, sempre no coletivo, que é o mais importante.

SEMANA LIVRE

Bom uma semana para a gente treinar, a gente volta a jogar com o apoio da nossa torcida, sempre bom jogar em casa. A gente vai focar o equilíbrio, a equipe tem que buscar isso não só na parte ofensiva, mas também na defensiva. Vai ser uma semana boa para recuperar todos os atletas, para que todos tenham condições, e a gente buscar o caminho das vitórias novamente jogando a favor da nossa torcida.


Fonte: GE/Por Thiago Lima/Belo Horizonte

Análise: seja com três volantes ou dois meias, Bota vive "Camilodependência"


Alvinegro não consegue ir bem com seu camisa 10 apagado e chega ao seu 13º jogo no ano sem fazer gols. Ainda sem desfalcar o time, jogador vem sofrendo com dores




Uma finalização, nove passes certos e três bolas alçadas na área: assim foi a participação de Camilo em 46 minutos na derrota por 1 a 0 para o América-MG, no último sábado, no Independência (veja os melhores momentos no vídeo abaixo). Parece pouco, e realmente é. O camisa 10 esteve irreconhecível, e o Botafogo idem. Aliás, o Alvinegro não consegue jogar bem – o que não significa ganhar – sem estar sob a batuta de seu maestro. O torcedor muito se questiona sobre qual é a formação ideal para a equipe, mas seja com três volantes, dois meias ou quiçá 11 atacantes, o time de Jair Ventura nitidamente sofre com a "Camilodependência".


Camito, apelido que ganhou desde sua estreia de gala diante do Internacional no Beira-Rio, soma seis gols e cinco assistências, sendo responsável direto por quase metade dos 25 gols do Botafogo no Campeonato Brasileiro desde então. Mas praticamente toda jogada ofensiva da equipe passa pelos pés do camisa 10. Com o meia apagado, o Alvinegro chegou a sua 13ª partida na temporada sem balançar as redes, sendo cinco delas com o jogador em campo: empate com o Coritiba e derrotas para Ponte Preta, Atlético-PR, Santos e América-MG.


Camilo vem sendo peça crucial na arrancada do Botafogo no returno do Brasileiro. Antes da chegada do meia, o Alvinegro tinha só 30% de aproveitamento em 10 partidas pela competição. Desde a estreia do camisa 10, o desempenho deu um salto para 56,8% em 17 jogos no nacional. Números que fazem o torcedor querer vê-lo em campo sempre. E de fato ele nunca desfalcou a equipe. Mas a maratona tem um preço: o jogador vem sofrendo com dores musculares. Não chegou a ter lesão, e sim edemas: já teve um no ombro direito no mês passado e agora apareceu outro na coxa direita, o que prejudica demais o seu rendimento.





Jair não tem um substituto a altura de Camilo no elenco, embora há outros cinco meias no plantel. Contra o América-MG, Leandrinho foi o escolhido para substituir o camisa 10 no segundo tempo, mas a mudança não surtiu efeito. Entre as opções, o jovem de 20 anos é o mais utilizado, mas ainda é muito inexperiente e disputa sua primeira Série A. Os demais nomes para a posição estão em baixa: os gringos Gervásio "Yaca" Núñez, Salgueiro e Lizio não convenceram, e Gegê, que até começou bem a temporada com Ricardo Gomes, caiu no esquecimento.


É, Jair, fazer o time jogar sem o Camilo em ponto de bala está difícil. Com o fim da maratona de jogos e a semana livre para trabalhar, o técnico terá tempo para recuperar o seu maestro ou tentar achar alternativas táticas para sua ausência. O Botafogo volta a campo no próximo sábado, às 16h30 (de Brasília), contra o Corinthians na Arena. Com 38 pontos, o Alvinegro é o nono colocado do Brasileiro, mas pode ser ultrapassado na rodada por Chapecoense e Grêmio.


Fonte: GE/Por Thiago Lima/Belo Horizonte