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domingo, 1 de novembro de 2020

Botafogo de Tenius corre mais riscos, mas apresenta melhora ofensiva


Com Caio Alexandre de primeiro volante, equipe é leve e chega ao ataque com mais rapidez, mas espaços nas transições defensivas podem ser um perigo



Keisuke Honda em ação contra o Ceará (Foto: Vítor Silva/Botafogo)


"Um jogo de riscos significa mais gols": dizia o relatório técnico da Liga dos Campeões de 2019-20, divulgado pela Uefa na última semana. O Botafogo de Flávio Tenius, preparador de goleiros que assumiu a equipe de forma interina, sentiu esta relação. Ao assumir uma formação mais leve contra o Ceará, teve mais facilidade para chegar ao ataque, mas viu novos buracos surgirem na primeira metade do gramado.


Ainda sem um treinador para a sequência da temporada, está certo que Flávio Tenius comandará o Botafogo diante do Cuiabá, na próxima terça-feira, no jogo de volta das oitavas de final da Copa do Brasil. Como o Alvinegro precisa reverter uma desvantagem de 1 a 0, a estratégia de assumir riscos mas chegar forte ao ataque se faz necessária.


Rafael Forster ou Cícero? Nada disso. A escolha de Tenius foi por Caio Alexandre como primeiro volante. O camisa 19, que jogou com liberdade para chegar à área com Bruno Lazaroni, era o jogador que ficava à frente dos zagueiros, dando campo para Bruno Nazário, que retornava ao meio-campo, e Keisuke Honda.


As mudanças no meio significaram um ataque mais leve. Alexander Lecaros na direita e Warley na esquerda, com uma característica marcante de ficarem presos ao próprio lado durante todo o jogo, sem sair da posição original. O time do Botafogo não era pesado e chegava ao terço final sem dificuldade, seja com qualquer jogador da frente puxando a jogada.



O segundo gol, marcado por Matheus Babi, sai justamente em uma jogada de construção rápida. Após uma recuperação, a bola demora seis segundos para sair de Kanu, na defesa, e chegar em Bruno Nazário, na lateral da área. O camisa 10 cruzou na medida para o atacante balançar as redes.


Todo estilo de jogo, porém, traz consequências. A do Botafogo foi gerar buracos nas transições ofensivos - justamente um dos estilos de jogo do Cuiabá, rival da Copa do Brasil. Com dois meias participando ativamente da construção e os dois pontas sendo fundamentais para cortes em diagonal, o Alvinegro sofreu em contra-ataques.


Ao mesmo tempo que a gente fica satisfeito pelo desempenho da equipe, vibrante o tempo todo, lamentamos porque não vencemos. Terça-feira perdemos aqui e somos obrigados a vencer lá. Temos que mais do que hoje. Os jogadores estão ansiosos para esse jogo e a gente vai com, se possível, uma postura melhorar ainda do que hoje (sábado). Vamos para vencer - afirmou Tenius após o jogo.


Os dois gols marcados pelo Ceará, inclusive, trazem jogadores com liberdade. No primeiro, Cléber tem todo o espaço para ajeitar o corpo e finalizar colocado. No segundo, Vina consegue arrancar e receber um passe de Leandro Carvalho, autor do gol, em um espaço vazio.


É um jogo de xadrez. Ao mesmo tempo que chegou ao ataque com mais rapidez, o Botafogo também sofreu com os espaços deixados na própria área. Como iniciará o duelo diante o Cuiabá já com um placar de 1 a 0 desfavorável, o Alvinegro precisa correr riscos para tentar a classificação. É isso que o estilo de jogo de Flávio Tenius, pelo menos contra o Ceará, apresentou.


Fonte: LANCE! Sergio Santana/Rio de Janeiro (RJ)

Análise: ataque novo anima o Botafogo, mas falhas decretam 11º empate no Brasileirão


Sob o comando do interino Tenius, time muda todas as peças no setor ofensivo e ensaia boa atuação, mas erros defensivos custam mais um tropeço e a proximidade da zona de rebaixamento




O jogo contra o Ceará foi mais um daqueles que o Botafogo chegou a dominar, chegou perto de fazer o suficiente para vencer, mas o resultado foi frustrante. Em mais um empate, no Nilton Santos, o clube isolou a chance de vencer, esfriar os ânimos e se afastar um pouco mais da zona de rebaixamento.


Com Flávio Tenius no comando, o Bota apresentou uma formação mais ofensiva na 19ª rodada. Caio Alexandre jogou de primeiro volante, Bruno Nazário e Honda fizeram a dupla de meias e o ataque foi cheio de novidades: Lecaros, Warley e Matheus Babi.


Por mais que alguns nomes despertassem desconfiança, o início foi animador. O time da casa jogou melhor, criou mais chances e poderia ter saído do primeiro tempo com três ou quatro gols na conta. Honda fez o primeiro e Matheus Babi fez o segundo, mas Victor Luis jogou para longe, de pênalti, a chance de colocar um 3 a 1 no placar.



Honda em ação contra o Ceará — Foto: André Durão


Honda, Matheus Babi e Lecaros tiveram destaque. Victor Luis, Kevin e Marcelo Benevenuto deixaram a desejar.


Erros decisivos


O time até deu algumas respostas positivas, mas ficaram marcadas as falhas que custaram a vitória. O Ceará não criou muitas jogadas perigosas, só que as duas que terminaram nos gols saíram de erros da defesa botafoguense.


No primeiro, de Cléber, Kevin deu muito espaço pela direita e deixou o atacante avançar, ajeitar e mandar uma bomba indefensável. No segundo, a falha foi pela esquerda, com o bote errado de Victor Luis que, na sequência da jogada, deixou Leandro Carvalho cara a cara com Cavalieri.



Time deixou a vitória escapar no segundo tempo — Foto: André Durão


Isso depois de o lateral-esquerdo ter jogado para longe a chance do pênalti que daria ao time vantagem confortável no placar. O que, junto de outros erros, fez do defensor o pior em campo no tropeço, como ele mesmo admitiu.


Honda e Babi se destacam

Antes da noite alvinegra desandar, o time correspondeu a ponto de quase resolver a partida no primeiro tempo. Muito pelo comando de Honda no meio de campo e pelas surpresas no setor de ataque. Lecaros, Warley e Matheus Babi corresponderam e deram mais dinâmica e velocidade.


O japonês abriu o placar, começou a jogada do segundo gol e foi, como de costume, a segurança do time na hora de manter a posse de bola e escolher as jogadas. O desempenho não se manteve no segundo tempo, mas poderia ter garantido a vitória no primeiro.


Na frente, Lecaros e Warley foram boas opções de velocidade. E ajudaram Babi, o melhor do jogo, a se destacar. O camisa 11 aproveitou bem a chance no lugar de Pedro Raul e leva vantagem na briga para se manter no time titular.



Fonte: Por Thayuan Leiras — Rio de Janeiro