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segunda-feira, 22 de julho de 2019

Após fim do silêncio, Carli reafirma confiança na diretoria e diz que elenco não cogitou greve


Capitão diz que salário de junho segue atrasado, mas que protesto sem entrevistas visou não afetar a parte técnica com possível paralisação dos treinos



Joel Carli, zagueiro do Botafogo — Foto: Edgard Maciel de Sá



Foram quase três semanas de silêncio. Após o pagamento de parte dos salários atrasados, o elenco do Botafogo voltou a falar com a imprensa no último domingo: Erik deu entrevista antes do jogo e João Paulo falou na zona mista após a derrota para o Santos. Nesta segunda-feira, foi a vez do capitão Joel Carli falar em nome do elenco.


Na sala de imprensa do Estádio Nilton Santos, o zagueiro argentino abriu a entrevista fazendo um breve pronunciamento e agradeceu a imprensa pelo respeito à decisão do grupo. Carli garantiu ainda que o grupo não cogitou fazer greve e deixar de treinar, como aconteceu recentemente por duas vezes no Fluminense, por exemplo.


- Nossa decisão principal foi não prejudicar nosso trabalho e ele passa pelo que fazemos em campo. Barroca e Anderson (preparador físico) falaram sobre não afetar a parte técnica. Por isso estamos longe de pensar em não treinar (greve).


- Ainda faltam os salários de junho. Mas estamos acostumados a isso. A diretoria sempre tem nosso voto de confiança. Mas também tínhamos que mostrar nossa insatisfação. Por isso optamos pelo silêncio - resumiu.


Além das dificuldades financeiras, o Botafogo também vive em um mau momento dentro de campo. Nos três últimos jogos no Campeonato Brasileiro, a produção ofensiva foi muito ruim. Já são três partidas sem vencer e sequer balançar as redes adversárias.


Nesta quarta-feira, o Alvinegro volta a campo para disputar uma de suas prioridades na temporada 2019: a Copa Sul-Americana. E Carli sabe que é preciso mudar a chave rapidamente para enfrentar o Atlético-MG pelas oitavas de final da competição.


- Sabemos que é outra competição. Em casa temos que ganhar. Ficamos chateados pelos últimos resultados no Brasileirão. Agora, temos que ganhar em casa de qualquer jeito - comentou Carli.


Fonte: GE/Por Bernardo Serrado e Edgard Maciel de Sá — Rio de Janeiro

Análise: sem marcar há três jogos, Botafogo oscila na busca por equilíbrio entre posse e criação


Inoperante contra o Santos, Alvinegro repete erros e não consegue aproveitar homem a mais em nova derrota no Nilton Santos. Nos últimos três jogos, apenas cinco finalizações no gol




Quanto mais tempo você tiver a posse de bola, menos será ameaçado por seu rival. A afirmação é correta, mas não significa que ter a bola torna sua equipe automaticamente perigosa. É preciso saber o que fazer com ela. E, pelo menos nos últimos três jogos, o Botafogo não soube. Em um time que parece mais ter a posse para se defender do que propriamente atacar, a deficiência na criação vem tirando o sono do técnico Eduardo Barroca.



Assim como o Botafogo, Erik vive momento de irregularidade: atacante teve atuação apagada contra o Santos — Foto: André Durão / GloboEsporte.com


Nas três últimas partidas (Grêmio, Cruzeiro e Santos), o Botafogo somou apenas cinco finalizações no gol dos adversários. O número de chances reais somando os mesmos confrontos é parecido: quatro. Quanto menos chutes, menos possibilidade de vencer o jogo. E isso fica claro no retrospecto alvinegro nos jogos analisados: duas derrotas, um empate e nenhum gol marcado.


Finalizações no gol (Fonte: Sofascore.com)

0 x 1 Vs Grêmio - 3 chutes no gol (7 no total)

0 x 0 Vs Cruzeiro - 1 (7)

0 x 1 Vs Santos - 1 (9)


Depois de um bom início no Campeonato Brasileiro, quando soube ser eficiente e somar pontos mesmo em jogos nos quais o adversário foi melhor, o Botafogo enfrenta sua primeira oscilação na competição. No apito final da derrota para o Santos, a torcida alvinegra presente ao Niltão vaiou a inoperância da equipe em campo. Um momento de insatisfação que Barroca pretende analisar com calma para evitar cobranças equivocadas.


- O torcedor vaiou porque esperava uma vitória. Preciso ter clareza no que estabeleci de metas para não errar a mão na hora de cobrar. Antes da Copa América, começamos perdendo para o São Paulo e vencendo o Fortaleza. Agora empatamos e perdemos.


''Não quero cobrar equivocadamente. Temos dez jogos nesse segundo ciclo para conseguir uma pontuação adequada e tenho duas fases de Sul-Americana nesse meio. Temos muito a crescer, a responsabilidade é minha e temos trabalhado duro''.


- Tenho que entender primeiro porque não vencemos o jogo. Vou rever sem emoção, sentar com os jogadores para cobrar o que eu entender que não andou bem. O torcedor não precisa ter dúvida de que se a gente precisar tomar atitudes, vamos tomá-las. Seja de forma de jogar, de cobrança, de escolhas - garantiu Barroca.


Nos últimos dias, a diretoria amenizou os problemas extracampo com o pagamento de parte dos salários atrasados. Em campo, porém, o Botafogo repetiu velhos erros contra o Santos. Quando teve a bola, encontrou muita dificuldade para chegar ao gol adversário. A única finalização certa no gol de Éverson saiu de um chute de fora da área de Alex Santana ainda no primeiro tempo.


Chances reais de gol (Fonte: TV Globo)

Vs Grêmio - 1

Vs Cruzeiro - 2

Vs Santos - 1


Nem mesmo quando o cenário da partida ficou favorável, após a expulsão de Lucas Veríssimo no início do segundo tempo, o Botafogo soube tirar proveito. Pelo contrário: mesmo com um a mais, não conseguiu controlar o jogo. A substituição de Alex Santana aos 12 minutos do segundo tempo também atrapalhou. Barroca colocou Victor Rangel para tentar aproveitar o homem a mais, só que tirou o único jogador que tentava algo diferente no meio-campo.


Foram pouco mais de 20 minutos em vantagem numérica, período em que o Botafogo não finalizou uma vez sequer a gol. Para piorar, permitiu um contra-ataque de 3 contra 1 que resultou na expulsão de Gilson - injusta, uma vez que Marinho escorregou no lance - e deu nova vida ao Santos. Quatro minutos depois saiu o gol que definiu o placar.



Edgard Maciel de Sá ✔@edmacieldesa



Alguns detalhes da derrota do Botafogo para o Santos:


- O time não conseguiu sequer finalizar a gol nos 20 e poucos minutos que teve um homem a mais em campo.

- Não entendi a substituição do Alex Santana, um dos poucos que fazia algo diferente no meio.#gebota



Edgard Maciel de Sá ✔@edmacieldesa

- Atuacao completamente apagada do trio de ataque LF, Erik e Diego Souza.

- Um lance chave do jogo (a expulsão de Gilson) sai de um contra-ataque 3 x 1 quando o Botafogo tinha a vantagem numérica. Erro infantil.#gebota


- Temos tido dificuldade na transição do meio para a frente com o controle do jogo. Tanto que a gente teve 9 escanteios, teve muita finalização bloqueada porque estamos com dificuldade de encontrar clareza. O jogo terminou 50 x 50 na posse de bola.


''A responsabilidade é minha como treinador para encontrar soluções para isso. Preciso encontrar a forma de fazer com que a gente crie mais chances, que a gente chute mais, que a gente cruze melhor, que a gente aproveite melhor as bolas paradas, que faz diferença no campeonato''.


- Não sou homem de transferir responsabilidade. É minha. Preciso encontrar a forma em treinamento, substituições, em escolha, para melhorar isso - garantiu o treinador.


Em busca de rápida evolução, o Botafogo volta a campo na próxima quarta-feira para mais um difícil compromisso: enfrentar o Atlético-MG pelas oitavas de final da Sul-Americana. A bola rola às 21h30 no Nilton Santos.


Fonte: GE/Por Edgard Maciel de Sá — Rio de Janeir