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sábado, 22 de novembro de 2014

Marcelo Mattos quer reação em caso de queda: "Não será o fim do mundo"




Após choro em derrota para o Figueirense, volante lamenta situação do Botafogo após campanha de destaque em 2013



Marcelo Mattos treina em Chapecó: novo desafio para evitar
 rebaixamento do Botafogo (Foto: Gustavo Rotstein)
Segundo sua projeção, Marcelo Mattos voltaria a reforçar o Botafogo em julho após a pausa para a Copa do Mundo, quando estaria totalmente recuperado de uma cirurgia na região pubiana. Mas um problema no processo de cicatrização adiou o projeto em quatro meses. O volante conseguiu retornar somente no último domingo, quando pouco pôde fazer para impedir a derrota por 1 a 0 para o Fluminense. Embora seja um reforço recente no campo, Mattos não demorou a se envolver com o drama alvinegro. Na última quarta-feira ele deixou o campo chorando depois da derrota para o Figueirense, em São Januário.

Driblando falta de condicionamento físico e ritmo de jogo, Marcelo Mattos já é um ponto de apoio do técnico Vagner Mancini para os últimos três jogos do Botafogo no Campeonato Brasileiro. Um dos líderes do elenco, o volante garante que não faltará superação para tentar vencer uma situação que se mostra quase irreversível, mas afirma que os jogadores não podem se dar por vencidos se o pior acontecer já neste domingo, contra a Chapecoense, em Santa Catarina.

- No ano passado o Botafogo fez um baita campeonato, chegou à Libertadores e eu fiz parte disso tudo. Aí nós vemos o Botafogo desde janeiro com mudanças em todos os aspectos e ficamos tristes. A gente tenta resolver em campo e não acontece, então é difícil. Não era só por causa daquele jogo (o choro contra o Figueirense). Esperava um ano de conquistas, inclusive a da Libertadores, e vejo nossa situação. O Botafogo é um time grande, não é para estar nas últimas três rodadas brigando para não cair. Eu não gostaria de fazer parte disso - afirmou.

Marcelo Mattos garante que, por mais que os resultados sejam negativos, não vem faltando dedicação por parte dos jogadores. Com contrato em vigor ao longo da próxima temporada, o volante diz estar disposto a fazer parte da recuperação alvinegra em 2015, seja na Primeira Divisão ou na Série B.

- Se cair, não será o fim do mundo. Todos vão ter que continuar a vida de cabeça erguida. Claro que vamos fazer máximo para que não aconteça. Enquanto houve chance, podemos sair dessa, mas se acontecer, vamos continuar trabalhando. No futebol isso está sujeito a acontecer - explicou.

Com 30 anos e 138 partidas pelo Botafogo, Marcelo Mattos é um dos responsáveis por transmitir tranquilidade a um grupo formado em sua maioria por jovens pouco acostumados à pressão de enfrentar uma situação extrema num grande clube.

- O Gegê, por exemplo, é um jogador jovem e que se dedica muito. Tinha que estar o Seedorf aqui, e o Gegê entrar no lugar dele aos 30 minutos do segundo tempo para ganhar corpo, sentir a responsabilidade, começar a decidir jogos e então se firmar. Não pode ele ter que resolver. É uma situação muito difícil. Se houvesse mais experientes talvez o Botafogo não estivesse nessa situação - avaliou.

Por Gustavo RotsteinChapecó,SC/GE

Jobson ganha nova chance como titular e é excluído de treino de pênaltis


Vagner Mancini decide manter equipe de última partida e confirma atacante contra a Chapecoense, mesmo após discussão



Definitivamente, a discussão é água passada. Mas o pênalti, nem tanto. O treino realizado na manhã deste sábado, em Chapecó (SC), deixou claro que Jobson será titular na partida contra a Chapecoense, domingo. Após o desentendimento na derrota para o Figueirense, o técnico Vagner Mancini confirmou o atacante no confronto decisivo para o Alvinegro, assim como o restante da equipe que atuou em São Januário na última quarta-feira. No entanto, o camisa 10, que perdeu um pênalti na última rodada, sequer treinou cobranças.

Observados de perto por Vagner Mancini e seus auxiliares, alguns jogadores praticaram cobranças diante do goleiro Jefferson. Ronny, Régis, Gegê, Murilo, Bruno Corrêa e Zeballos treinaram, mas nenhum deles conseguiu converter todas as tentativas em gol.

Botafogo treina cobranças de pênalti no CT da Chapecoense, neste sábado (Foto: Gustavo Rotstein)

Na atividade deste sábado, realizada no CT da Chapecoense, na localidade de Água Amarela, Mancini enfatizou o posicionamento da equipe, principalmente na saída de bola do adversário. Em seguida, orientou a marcação nas jogadas de bola parada. Por último, os atletas realizaram uma atividade recreativa.

O Botafogo deve começar a partida com a seguinte formação: Jefferson, Régis, Dankler, André Bahia e Junior Cesar; Marcelo Mattos, Gabriel, Bolatti e Murilo; Jobson e Bruno Corrêa.

Com 33 pontos, o Botafogo pode ser rebaixado neste domingo. Isso se perder para a Chapecoense, e o Vitória vencer o Figueirense em Florianópolis.

Por Gustavo RotsteinChapecó,SC/GE

Helio de La Peña escreve carta aberta ao presidente do Botafogo, Maurício Assumpção


Maurício Assumpção comemora sua vitória na eleição presidencial do Botafogo, em novembro de 2008. Ele deixa o cargo na terça-feira
Maurício Assumpção comemora sua vitória na eleição presidencial do Botafogo, em novembro de 2008. Ele deixa o cargo na terça-feira Foto: Alexandre Cassiano/27.11.2008


O Botafogo pode sofrer amanhã o segundo rebaixamento à Série B de sua história. Um momento doloroso para seus torcedores. Um dos mais ilustres entre milhões, o humorista Helio de La Peña, a pedido do Jogo Extra, manifesta todo o sofrimento dos alvinegros em uma carta aberta ao presidente Maurício Assumpção, que está de saída do clube, pela porta dos fundos.

Na terça-feira, quando o rebaixamento pode estar consumado, será realizada a eleição presidencial no clube, quando o sucessor de Assumpção será escolhido para administrar um clube afogado em dívidas e sem recursos para investir. Em sua carta, De La Peña faz um resumo da passagem de Assumpção pelo clube, e declara seu amor imortal pelo Botafogo.

“(Des)prezado Presidente

Há seis anos você chegou ao Botafogo sem que soubéssemos direito quem era. Sua imagem, a de alguém que não vinha dos meios futebolísticos, era um bom sinal. Um dentista que poderia dar um trato no sorriso alvinegro. Sua primeira gestão foi elogiada por torcedores e pela imprensa esportiva. O Botafogo começou a despontar como um clube sério. E você, um dirigente que estava pondo a casa em ordem.

Veio o segundo mandato. Eleito unanimemente, teve a chance de escrever seu nome nas páginas mais gloriosas. Contratou Seedorf, uma estrela internacional, e elevou assim a auto estima da torcida. Voltávamos a ter um ídolo e a dar inveja aos rivais. Sabíamos que sozinho ele não poderia resolver a parada. Mas tínhamos um bom elenco ao seu redor e os resultados começaram a aparecer. Infelizmente, o sonho durou pouco.

Perdemos o Engenhão, perdemos receita, a coisa desandou. Aos poucos o time começou a ser desmontado. Vitinho foi o caso exemplar. No final do Brasileirão 2013, víamos Jefferson no gol, Seedorf lá na frente e mais nada. De favoritos, passamos a rezar por uma vaga na Libertadores.

Começamos este ano disputando o mais importante torneio da América do Sul, o que não acontecia havia 17 anos. De que maneira? Com um técnico que nunca comandara a equipe principal e um elenco bem abaixo do que tínhamos seis meses antes – Seedorf voltou para a Europa. O resultado não podia ser outro.

Aliás, 2014 é um ano para se esquecer. O pior desempenho num Campeonato Carioca neste milênio. Dívidas não honradas, jogadores medíocres contratados, salários não pagos, derrotas sucessivas. Até que você resolveu dar um basta na indisciplina. Demitiu quatro titulares e assumiu em público a responsabilidade das consequências do ato. Se mereciam, não vem ao caso. O fato é que o momento foi o mais inadequado possível. 

Já não estávamos bem no campeonato e só pioramos. Na verdade, você deu um basta na nossa esperança.

No instante em que escrevo, acumulamos 9 vitórias em 35 jogos! Para escapar da segunda divisão, precisamos de 3 vitórias em 3 jogos! Haja margem de erro... E isso não basta, dependemos de uma milagrosa combinação de outros resultados. O ideal é trocar a comissão técnica por uma comissão de matemáticos e rezadeiras.

Mas a torcida pode dormir tranquila. Você assume a responsabilidade da queda para a série B. O que significa isso? Se alguém vier nos sacanear, mandamos ligar pra você?

Dia 25 de novembro teremos eleições no clube. No dia seguinte alguém assumirá esta cadeira. E você volta para seu consultório de dentista sem responder por nenhum dos atos irresponsáveis. Ficamos nós, torcedores, arrasados após a passagem de um tsunami. Sem time, sem dinheiro, sem estádio, sem série A. Vai ser duro sair deste buraco.

Mas vamos resistir. Vamos juntar nossos cacos, levantar a cabeça e olhar para o futuro. Brigando para que um dia voltemos a ver lá na frente o Botafogo de craques como Garrincha, Nilton Santos, Jairzinho, Paulo Cezar Caju, entre tantos outros.

E ninguém cala...”


Fonte: Extra