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domingo, 17 de julho de 2016

Análise dos técnicos: ousadia na hora certa faz Ricardo superar cauteloso Zé


Flamengo inicia clássico com postura ofensiva, mas recua após vantagem e cede o empate. Com mudanças, Botafogo incendeia a partida e salva jogo que parecia pedido






Antes de a bola rolar na Arena Botafogo, sabia-se muito bem quem atacaria e quem se fecharia. Técnico do mandante, Ricardo Gomes mandou o Glorioso a campo com três volantes: Airton, Bruno Silva e Rodrigo Lindoso. Já seu oponente e quase xará, Zé Ricardo escalou um trio ofensivo, com Everton, Marcelo Cirino e Guerrero. No empate por 3 a 3, a mudança de postura dos dois comandantes durante a partida foi decisiva, e a ousadia de Gomes venceu o excesso de cautela de Zé.


Zé Ricardo mudou três peças em relação ao time que venceu o Atlético-MG por 2 a 0 no domingo passado. Entraram Juan, Everton e Guerrero nos lugares de Rafael Vaz, Fernandinho e Felipe Vizeu. Dentre as mexidas, o grande acerto de Zé foi Everton, que se mexeu muito pelas pontas, fez um gol em que demonstrou sagacidade e ainda deu assistências para os marcados por Jorge e Guerrero.


Estratégia de Zé no segundo tempo chamou o
Botafogo para o ataque (Foto: André Durão)
A trinca defensiva no meio-campo alvinegro deu liberdade a Camilo para ditar o ritmo do Botafogo. Além disso, Ricardo Gomes teve um Airton inspirado. Conhecido por ser um jogador exclusivamente de combate, ele foi além. Bem em seu papel primordial, ainda destacou-se na distribuição de jogo. Participou do gol de Diego Barbosa com um belo lençol em Willian Arão, execrado pela torcida botafoguense, e também iniciou a jogada do segundo, feito por Neilton. Bruno Silva, por sua vez, destoou, foi mal e errou feio no gol de Jorge.


A postura ofensiva do Flamengo deu resultado e, aos 22 minutos da etapa final, o time vencia por 3 a 1 com certa facilidade. Vale destacar, porém, que a esta altura o Fla já estava no 4-4-2 - Canteros entrou aos 14 da etapa final no lugar de Marcelo Cirino. O último, de fato, era o jogador certo para sair, pois estava mal demais. Mas o argentino definitivamente não foi o substituto ideal e se limitou a errar passes. O segundo erro capital do comandante rubro-negro foi a entrada de Cuéllar. O colombiano já estava na beira do campo quando Neilton marcou o segundo gol alvinegro. A mexida fez um time que iniciou o duelo no 4-3-3 passar ao 4-5-1. O recuo foi sintomático, e Salgueiro empatou três minutos após Cueller entrar.


Zé Ricardo, apesar da inegável retranca composta por quatro volantes, justificou-se afirmando que sua intenção era ver Canteros como meia e Willian Arão mais livre.


- Trabalhamos com entrada do Canteros mais adiantado e o Arão fazendo a saída pela direita. Queríamos manter a posse de bola, mas Botafogo conseguiu dois gols por seus méritos. Vamos analisar para vermos o que podemos melhorar.

Mudanças de Ricardo incendiaram o jogo e mudaram a cara do clássico (Foto: André Durão)

Apesar da qualidade de Camilo e Airton, foram com os substitutos que o Botafogo foi buscar o empate. A reação alvinegra foi pautada por uma mudança "no sufoco", como o próprio Ricardo Gomes classificou a substituição de Bruno Silva por Salgueiro, e os outras duas planejadas. Pimpão e Sassá estavam mal, e as entradas de Canales e sobretudo de Neilton levaram o Botafogo para cima do Flamengo. Os três mudaram a postura ofensiva do time, que marcou dois gols e por pouco não conseguiu virar na Arena Botafogo.


- Analisei o Flamengo, e precisava mais do trabalho tático do Pimpão. Falei isso antes do jogo para o Neilton. Achei que seria mais importante se ele entrasse no jogo com o time do Flamengo mais cansado. Deu certo... Escalei mal (risos). Não foi isso. O mérito é coletivo. Comissão técnica, jogadores... Não pego nada pra mim. É verdade que falei antes da partida com o Neilton. O Salgueiro foi mais no sufoco - explicou Gomes.


Fonte: GE/Por Fred Gomes e Marcelo Baltar/Rio de Janeiro