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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Após reuniões com Montenegro e Mufarrej, presidente do Conselho Fiscal do Botafogo renuncia ao cargo


Ricardo Wagner trata atitude como o início da despolitização do Glorioso, algo que, em sua visão, é fundamental para a transição do clube; segundo dirigente, novas mudanças devem ocorrer



Após duas importantes reuniões realizadas nesta segunda-feira, o presidente do Conselho Fiscal do Botafogo, Ricardo Wagner, renunciou ao cargo. Ricardo tratou a atitude como o início da "despolitização" do Botafogo e um viés positivo para a transição do futebol alvinegro para clube-empresa. Apostou ainda que sua decisão pode estimular Nelson Mufarrej a promover novas mudanças.


- À tarde, a gente teve reunião com o Montenegro. Eu, Edson Alves Júnior, Alexandre Cardoso e Jorge Magdaleno estivemos com Montenegro, Claudio Good e Durcésio Mello. Nós do "Mais Botafogo" deixamos clara a nossa intenção de despolitizar o clube.


- Mais tarde, nos reunimos no Bar Lagoa com o presidente Nelson Mufarrej sinalizando que o grupo precisa de mudanças que passam pela despolitização. E eu, na presença do Nelson, e de dois integrantes do Conselho Fiscal, decidir deixar o Conselho Fiscal.



Ricardo Wagner, o primeiro à esquerda dos que seguram a bandeira alvinegra, renunciou ao cargo de presidente do Conselho Fiscal — Foto: Reprodução



Após importantes saídas, como a do ex-presidente Carlos Eduardo Pereira (vice geral), do ex-vice-presidente de estádios Anderson Simões e da VP social Cristiane Machado, o "Mais Botafogo", que conduziu Nelson Mufarrej à cadeira presidencial, está em pedaços, desintegrado.


Ricardo afirma que sua renúncia não significa abandonar o Botafogo, mas apenas um ato de despolitização.


- Entendo que saindo do Conselho Fiscal, eu estou demonstrando que estamos despolitizando um dos poderes do clube. Deixei o presidente à vontade para fazer o melhor para o Botafogo. Disse que estou deixando a presidência, mas que não vou sumir do clube. Estarei alinhado para o que precisar.


Confira outras declarações de Ricardo Wagner:


"Provavelmente outras mudanças acontecerão"

O Mais Botafogo está entregando como demonstração de desapego e contribuição para essa transição do Botafogo de um tipo político para outro tipo, que é o do clube-empresa. Amanhã provavelmente outras mudanças acontecerão.


Não posso exigir do presidente outras mudanças se não estou disposto a entregar meu cargo de presidência do Conselho Fiscal. Como vou pleitear conversas com outros grupos políticos e a aproximação com Montenegro? Temos de pedir de forma humilde para que o clube possa sair dessa fase ruim para o clube-empresa. Como vou convencer o presidente de que isso é necessário se eu não abrisse mão da presidência de um conselho tão importante?


"Estamos abaixo do Botafogo"

O que tem de concreto como resultado dessas duas reuniões é que estou entregando meu cargo. A intenção é de que, com esse meu gesto, todos pensem que estamos abaixo do Botafogo.


A renúncia de Nelson Mufarrej é uma dessas possíveis mudanças?

Não. De maneira nenhuma. Nelson Mufarrej é o ponto focal dessa transição e da despolitização do Botafogo para o clube-empresa. Está totalmente prestigiado por todos, e damos liberdade para que conduza esse processo.



Objetivo principal da reunião com Montenegro


A gente sinalizou para ele que é muito importante despolitizar o clube hoje. Claro que o objetivo principal foi pedir ajuda. O Mais Botafogo não tem direito de inventar.


Botafogo está doente, mas o nosso remédio não funciona mais


A gente cuidou do clube durante um tempo. O Botafogo está doente, mas o nosso remédio não funciona mais. O Mais Botafogo entende que não tem mais como contribuir para o clube sair desse momento. Quem pode ajudar é o grupo do Montenegro.


Essa nossa contrapartida (a renúncia de Ricardo) não foi um pedido do Montenegro nem de ninguém. Partiu de nós. Com essa fase de transição, os grupos políticos perdem sua função.


Humildemente a gente reconhece que não consegue resolver os problemas cruciais do clube, que é principalmente pagar os salários. Não temos quadros suficientes para despolitizar o clube.


Fonte: GE/Por Fred Gomes — Rio de Janeiro

Em busca de ajuda e para admitir erros, líderes do "Mais Botafogo" encontrarão Montenegro


Ricardo Wagner e Edson Alves Júnior, presidentes dos conselhos fiscal e deliberativo respectivamente, terão reunião com campeão brasileiro de 1995



A fim de unir o clube nesta reta final de 2019 e concentrar forças contra o rebaixamento, líderes do grupo político "Mais Botafogo" vão se reunir com Carlos Augusto Montenegro, tratado como o "eterno presidente" e mandatário alvinegro no título brasileiro de 1995. A conversa se dará na casa de Montenegro e está marcada para 17h.



Reunião será na casa de Montenegro nesta segunda-feira — Foto: Fred Gomes


Os representantes do Botafogo no encontro com Montenegro serão três integrantes do Conselho Fiscal: Ricardo Wagner (presidente do CF), Jorge Magdaleno (primeiro secretário) e Alexandre Cardoso (segundo secretário). O presidente do Conselho Deliberativo, Edson Alves Júnior, e o diretor geral de esportes, Gláucio Cruz, também marcarão presença.


Segundo Ricardo Wagner, o objetivo do encontro é pedir mais um socorro a Carlos Augusto Montenegro, que vem pagando salários atrasados de funcionários e jogadores com certa frequência. Porém mais do que tentar novo auxílio financeiro é mostrar ao ex-presidente que o Mais Botafogo admite seus erros. Desta forma, ganhariam confiança do Grande Benemérito.


- Complicado falar antes e prejudicar o que pode ser a intenção do encontro. Mas de fato, a culpa desta situação é do Mais Botafogo. Tivemos muitos acertos, mas sabemos que houve muitos erros. A gestão é do Nelson e do CEP, mas a responsabilidade política é do Mais Botafogo. E eu fui coordenador da campanha política dos dois na última eleição


- Não queremos retroceder. Precisamos permanecer na Primeira Divisão. E o Montenegro tem apagado vários incêndios. Claro que estamos indo lá pedir ajuda, fazer mea-culpa e tentar garantir ajuda para este fim do campeonato. Queremos o melhor pro Botafogo. Se o melhor não for o Mais Botafogo, que tenhamos coragem para assumir isso - explicou Ricardo, afirmando que suas declarações expressam sua opinião pessoal e não do grupo político.


Ricardo ainda afirma que o grupo tem como intenção escutar de Montenegro o que ele precisa do Mais Botafogo para seguir dando os frequentes socorros nesta final da temporada.


- Montenegro nos apoiou nas últimas eleições. Devemos muito respeito e consideração a ele. E precisamos dele mais que nunca. Se ele precisa de alguma contrapartida do MB para apoiar neste fim de campeonato, queremos ouvi-lo - concluiu o presidente do Conselho Fiscal.


Fonte: GE/Por Fred Gomes — Rio de Janeiro

Análise: erros bobos no início transformam Botafogo (mais uma vez) em presa fácil na Vila


Vacilos na bola parada e na saída deixam time de Alberto Valentim com 2 a 0 de desvantagem em 12 minutos de jogo; tentativa de reação - sem sucesso - foi na bola parada


"Deixar o time veloz, forte na marcação, mas com poder de ataque também. Não só nas construções, nas saídas de bola, mas também nas transições ofensivas".



Melhores momentos: Santos 4 x 1 Botafogo pela 30ª rodada do Brasileirão


Essas foram as palavras de Alberto Valentim antes de a bola rolar na Vila Belmiro ao explicar por que barrou Diego Souza e iniciou o jogo contra o Santos com Fernando, Wenderson e Igor Cássio como titulares. Veloz, porém, foi o adversário. Com 12 minutos de jogo, não perdoou erros bobos do Botafogo e abriu 2 a 0. No fim, goleou por 4 a 1.


O Botafogo mais uma vez foi presa fácil neste returno. Tentou reagir, mas faltou repertório. Se limitou aos bons cruzamentos de Marcinho, um deles acabou em gol de Igor Cássio. Jorge Sampaoli, técnico do Santos, foi bem realista após o duelo. Falou que poderia ser de cinco ou seis. E cabia mesmo.



Bochecha, do Botafogo, não jogou bem neste domingo — Foto: Vítor Silva/Botafogo


Bochecha não aproveitou a segunda chance consecutiva no lugar de Cícero. Pecou em seu melhor fundamento, que é o passe. Abusou dos erros, não qualificou a saída de bola e, portanto, não tirou o Botafogo do campo de defesa.


Wenderson até conseguiu se encaixar na proposta de Valentim. Deu botes, fez desarmes, procurou passar a bola rapidamente, tanto que armou rápido contra-ataque com passe vertical para Victor Rangel. Mas o jovem, no cômputo geral, não conseguiu fazer diferença positivamente.



Wenderson conseguiu fazer o que Valentim pediu dele — Foto: Vitor Silva/Botafogo



Apesar de já ter jogado na França e ser tratado como joia na base alvinegra, o lateral-direito Fernando não tem se saído bem no time profissional. Depois de um erro coletivo no primeiro gol (na bola parada), o garoto falhou na saída de bola ao entregar nos pés de Sasha, que passou a Sánchez antes de a bola chegar em Marinho, autor do segundo gol do Peixe.


Igor Cássio fez o que de si esperava: gol. E esteve perto de outro também num cruzamento de Marcinho. Artilheiro na base, o jogador ganha espaço com Alberto Valentim e tem tudo para seguir.


Apesar das análises individuais, a grande verdade é que os gols precoces do Santos obrigaram o Botafogo a correr, sem muita criatividade, atrás do resultado. As mudanças de Valentim acabaram não sendo efetivamente testadas.


- Tomamos o gol muito cedo, a ideia era que fizéssemos um primeiro tempo como começamos segundo, não deixando o Santos sair. Apesar que o primeiro gol foi de bola parada, não podemos tomar gols assim no começo. Depois numa saída errada nossa, eles fizeram o 2 a 0 com a gente no jogo ainda. Depois, diminuímos. A proposta com esses jogadores seria começar o primeiro tempo como começamos o segundo - afirmou Valentim após o jogo.


Já são quatro derrotas em cinco jogos com Alberto Valentim. Venceu o modesto CSA (2 a 1), mas não foi páreo para os também gigantes Vasco (2 a 1), Grêmio (3 a 0), Cruzeiro (2 a 0) e Santos (4 a 1).


Bola parada e Marcinho, os poucos pontos positivos


Se há algo positivo a se destacar foi a bola parada do Botafogo. Marcinho estava com o pé calibrado e deixou os companheiros em excelentes condições por diversas vezes. Mas quando a fase é ruim... O jogador deixou o campo após leve torção no joelho direito. Espera-se que não seja nada grave.


Gatito, apesar de ter falhado no segundo gol do adversário, merece também menção honrosa. Evitou o pior com ótimas defesas.


- Acredito que, para conseguir alguns resultados importantes, vocês precisa vencer alguns jogos que todos acham improváveis - disse Valentim, ao projetar o jogo contra o Flamengo.


O treinador entendeu o espírito. O Botafogo precisa vencer rivais do seu patamar histórico e com poder de fogo maior em termos de elenco. Nos últimos oito jogos, terá pela frente os modestos Avaí, Chapecoense e o lutador Ceará, que está acima dos outros dois. Mas pegará os também gigantes Flamengo, Corinthians, Internacional e Atlético-MG, além do não menos importante Athletico-PR.


Vencer times que estão na mesma prateleira do Botafogo tratando-se de tradição é necessário. É urgente. Pela autoestima, pelo futuro da S/A e pela sobrevivência.


Fonte: GE/Por Fred Gomes — Rio de Janeiro