Páginas

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Botafogo paga só a dois jogadores e gera nova crise no elenco


Apenas Dória e Gabriel recebem um dos salários atrasados, e grupo cobra satisfações do diretor de futebol Wilson Gottardo durante treino no Engenhão


A quinta-feira de sol no Engenhão pareceu tranquila, mas o clima no Botafogo foi de cobranças. No dia em que completaram-se três meses de atraso nos salários e seis meses nos direitos de imagem, os jogadores souberam que, por meio de investidores, o clube pagou um dos salários em aberto de apenas dois atletas: o zagueiro Dória e o volante Gabriel. A situação gerou muito desconforto no grupo, que cobrou explicações do diretor de futebol Wilson Gottardo.

Dória e Gabriel são os jogadores com maior mercado no elenco - além de jovens, já despertaram interesse de equipes no exterior -, e a ideia de pagar ao zagueiro e ao volante protege o clube de perdê-los com ações na Justiça. Se eles ficassem sem receber, poderiam rescindir o contrato com o Botafogo e ficar livres para assinar com outra equipe sem custos.

Gottardo (de azul, de costas) houve o elenco do Botafogo antes do treino (Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo)

Após o treino físico, os jogadores se reuniram com a comissão técnica e o diretor de futebol no centro do gramado e tiveram uma conversa de 15 minutos. O treinamento seguiu normalmente após a reunião.

Na sala de imprensa, após a apresentação do reforço peruano Ramírez, o diretor Gottardo foi perguntado sobre a conversa, mas disse que era uma cobrança normal entre comissão técnica e jogadores, para falar sobre a disputa do Campeonato Brasileiro.

- A cobrança é bem natural, entre comissão técnica e jogadores. A conversa sempre existe, para saber como vamos atuar na competição. Após essa conversa, você vê que os jogadores ficam mais participativos no treino, cobrando uns dos outros. Eu só tenho elogios para esse grupo. Estão dispostos, trabalhando para que a situação não se agrave. Uma coisa é o problema financeiro, a outra é o Campeonato Brasileiro batendo à sua porta. Eles estão separando bem isso. Como o Ramírez disse, dinheiro é bom, ajuda, mas tem que ter alegria e profissionalismo - afirmou o diretor.

Apesar do discurso apaziguador de Gottardo, os jogadores ficaram muito insatisfeitos com o ocorrido. A tendência, pelo que souberam, é que eles recebam apenas mais dois meses de salários na carteira de trabalho neste ano. O dirigente, porém, disse não crer em debandada de atletas.

- Quando tudo é feito na transparência, para mim não muda nada. Eles estão bem à vontade. Os jogadores estão sabendo de suas situações de jogo, de transferência. Caso surja alguma proposta formal, boa para o clube, dentro dos padrões, será avaliada. Eu não vejo no semblante deles a intenção de sair do Botafogo. Ninguém quer sair do Botafogo desta forma - acrescentou Gottardo.


Por Fred Huber*Rio de Janeiro* Colaborou Sofia Miranda, estagiária/GE

Ramírez é apresentado: "Motivação é que sou apaixonado por futebol"


Com salário pago pelo Corinthians, peruano chega em meio à crise dos atrasos, ressalta afinidade com Sheik e diz que está pronto para ajudar o Botafogo


Ramírez começou a treinar em campo com o grupo alvinegro na terça-feira, mas só foi apresentado nesta quinta. Se for regularizado até esta sexta, poderá ficar à disposição do técnico Vagner Mancini para ser utilizado no confronto diante do Atlético-PR, domingo. A forma física não o preocupa. Emprestado pelo Corinthians, Cachito diz estar pronto para jogar com a camisa do Botafogo.

- O Botafogo é um time grande do Rio, que tem uma camisa forte e uma torcida muito apaixonada, que está sempre incentivando a equipe. Quando aparece uma oportunidade dessas, temos que aproveitar. A motivação que eu tenho é que eu sou apaixonado por futebol, sempre vou dar o máximo de mim. Eu não jogo desde junho, mas me sinto muito bem fisicamente, fiz uma boa pré-temporada. Nós pensamos com o coração. Se o coração diz que está tudo bem, vamos para frente. Estou pronto para ajudar - afirmou Ramírez.

Ramírez, é apresentado pelo Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSpress)
Ver os novos companheiros passando pelo momento do atraso nos salários é uma situação delicada, segundo Cachito. Mas o meio-campo diz que uma das impressões que teve da equipe alvinegra, assim que chegou, é a de um grupo alegre. E isso, na opinião dele, é extremamente importante.

- É difícil ver os companheiros passando por essa situação, mas eu estou aqui sabendo das dificuldades do time. Estou aqui para ajudar. Gostei muito do Botafogo. Darei meu máximo, não importa a questão de ter salário em dia ou não. O grupo é feliz, o importante é que nós sejamos felizes. Se tivermos muito dinheiro e não formos felizes, não adianta nada.

Confira os principais trechos da entrevista.

Apelido

Meu pai também jogou futebol, e o chamavam de Cachito. Por eu ser filho dele, acabaram me chamando também. Eu nem sei direito, mas cachito é um pão peruano também! (uma espécie de croissant).

Passagem pelo Corinthians ao lado de Sheik

Lembro muito de 2011. Fui campeão brasileiro. Acabei me machucando e fiquei quase três meses fora. Mas, no fim do campeonato, fiz um gol importante (contra o Ceará), e o Sheik estava presente. Comemoramos muito.

Chance de jogar contra o Atlético-PR
Me sinto bem fisicamente, mas acho que não dá para jogar os 90 minutos. Ainda não conheço muito dos jogadores, não estamos muito entrosados. Vontade de jogar há sempre.

Adaptação no Rio de Janeiro e expectativa

Minha adaptação está sendo muito fácil. Acho que meu português ainda não é muito bom, mas dá para entender. O Rio de Janeiro é uma cidade que eu gosto. Gosto muito de praia e sol, acho que vou me adaptar rápido. Minha expectativa na temporada é ficar o mais à frente possível. A tabela está muito apertada, temos que trabalhar.

Estilo de jogo

Eu posso jogar de meia, de segundo volante, depende do sistema que o treinador vai querer colocar. Sou um jogador que dá assistências. Uma das minhas melhores características em campo é ser dinâmico.

Recado para a torcida

Eu não vou prometer muita coisa, mas prometo dar o máximo de mim e me dedicar em campo para ajudar o time.

Recepção do grupo

Foi legal, me senti em casa mesmo. É lógico que eu tenho mais afinidade com o Sheik, mas o pessoal é legal. Nós aqui somos felizes, damos risadas. Temos que curtir o momento mesmo, esse de jogar futebol. Com o Mancini, falei pouco, mas nós teremos muito tempo para conversar ainda.


Por GloboEsporte.com*Rio de Janeiro*Texto de Sofia Miranda, estagiária, sob a supervisão de Fred Gomes

Na parte final de coletivo, Mancini testa Cachito Ramírez entre os titulares


Técnico tirou Lucas e colocou Edilson na lateral direita; Bolatti não treinou devido a um mal-estar



Cachito Ramírez treinou novamente entre
os titulares (Foto: Paulo Victor Reis)
Mesmo ainda sem saber se poderá utilizar o meia Ramírez no jogo contra o Atlético-PR, domingo, às 16h, na Arena da Baixada, o técnico Vagner Mancini colocou o peruano no time titular durante o coletivo realizado na tarde desta quinta-feira, no campo anexo do Engenhão.

O jogador, que ainda não está com a sua situação regularizada, trabalhou apenas na parte final da atividade, no lugar do lateral-direito Lucas. Com isso, Edilson foi para a defesa. Na maior parte do coletivo, o treinador manteve a formação testada na última quarta-feira, com Airton, Gabriel, Edilson e Carlos Alberto no meio de campo.

O volante Bolatti, que treinou entre os reservas na quarta, se apresentou com um mal-estar e foi liberado pela comissão técnica.


O time trabalhou assim: Jefferson; Lucas (Ramírez), Bolívar, Dória e Junior Cesar; Airton, Gabriel, Edilson e Carlos Alberto; Rogério e Emerson.

Luiz Gustavo Moreira - LANCENET!

Volta do Botafogo ao Ato Trabalhista será julgada no dia 21


Clube tentou que a pauta entrasse em julgamento ainda nesta quinta-feira




RIO — Como era esperado, o Botafogo tentou, mas não conseguiu entrar hoje na pauta do julgamento do Órgão Especial do Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT-RJ) para poder estabelecer um novo Ato Trabalhista. O acordo permite o parcelamento do pagamento de dívidas trabalhistas. Segundo o advogado Marcus Donnici, contratado para defender o alvinegro na causa, foi definido que a proposta do clube estará na pauta do tribunal na manhã do dia 21, às 10h.

Maurício Assumpção briga na Justiça para Bota se livrar de penhoras de receitas
Atualmente com receitas bloqueadas, o clube tenta estabelecer o acordo para liberar o montante necessário e pagar parte dos salários atrasados do elenco profissional de futebol. Nesta quinta-feira, os jogadores completarão o terceiro mês sem vencimentos na carteira de trabalha, o que facilita a saída deles através da Justiça — a maioria dos titulares, no entanto, já fez mais de seis jogos e não poderia atuar por outro time da Série A.

Em outra frente, o Botafogo tenta liberar suas receitas com ajuda do Sindicato dos Empregados de Clubes do Rio (Sindeclubes-RJ). O artifício já foi utilizado em meses anterior. Também nesta quinta-feira, o presidente Maurício Assumpção terá de se explicar sobre a situação financeira do clube, que preside desde 2009. Foi convocada para às 19h, em General Severiano, uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo. É esperado também que ele explique a comissão de 5% sobre o valor do principal patrocínio do clube recebida pela a empresa do pai do presidente.

POR O GLOBO

Elenco do Botafogo completa três meses sem salários hoje



Jogadores já podem acionar o clube na Justiça para pedir rescisão contratual



Um dos líderes do grupo do Botafogo na cobrança dos salários, o zagueiro Bolívar já atuou 13 vezes no Brasileiro e não pode jogar por outro clube na competição - Ivo Gonzalez/5-8-2014

RIO - O elenco de futebol do Botafogo completa hoje três meses sem salários, o que pode ser uma senha para os jogadores deixarem o clube pela Justiça. O tema não preocupa tanto porque os mais experientes já completaram sete jogos pelo alvinegro no Brasileiro, o que inviabiliza uma transferência para outra equipe na competição. Para alguns que não atuaram em tantas partidas, como o goleiro Renan, que participou quatro vezes, a saída pode ser uma alternativa para jogar com mais regularidade. Apesar da tranquilidade, o alerta no clube está ligado, já que a insatisfação dos jogadores com a diretoria é crescente.

Jefferson (8 partidas), Lucas (10), Bolívar (13), Júnior César (11), Dória (9), Edílson (11), Gabriel (11), Bolatti (12), Daniel (8), Aírton (7), Emerson Sheik (10), Zeballos (13) e Wallyson (11) são os jogadores que não poderão atuar por outro time da Série A este ano, caso resolvam deixar o Botafogo. Outro grupo, porém, ainda não passou das seis partidas no Brasileiro e, portanto, têm condições de jogar por outra equipe do país ainda em 2014: Renan (4 jogos), Andrey (1), Júlio César (6), André Bahia (4), Rodrigo Souto (4), Marcelo Mattos (1), Carlos Alberto (4), Fabiano (1), Gegê (3), Rogério (1), Yuri Mamute (3) e Tanque Ferreyra (3), além de Helton Leite, Dankler, Anderson, Cidinho, Sidney e Ronny, que ainda não disputaram uma partida sequer pela competição nacional.

No início da semana, o Botafogo tentou a ajuda do Sindicato dos Empregados de Clubes do Rio (Sindeclubes-RJ) para liberar suas receitas para pagar o elenco, mas não teve sucesso no artifício, utilizado outras vezes em 2013.

Hoje, o clube vai tentar voltar ao Ato Trabalhista, acordo no Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT-RJ) que, até o ano passado, permitiu o pagamento mensal de dívidas trabalhistas. Para isso, o departamento jurídico tentará entrar na pauta do julgamento do dia no Órgão Especial do TRT-RJ. Se não conseguir, a próxima oportunidade será no dia 21. Uma vez com o acordo refeito, há expectativa de liberação de verbas 24 horas depois da publicação do ato.

Reunião com presidente

Também hoje, o presidente Maurício Assumpção terá de se explicar sobre a situação financeira do clube, que preside desde 2009. Foi convocada para às 19h, em General Severiano, uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo.

Em entrevista à ESPN Brasil, Assumpção admitiu que deixou de pagar impostos por oito meses, porque acreditava na aprovação do Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpico (Proforte), projeto de lei que foi rebatizado de Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (LRFE) e propõe o refinanciamento de dívidas dos clubes. Na terça-feira, em Brasília, a votação do projeto na Câmara foi adiada e só deverá acontecer em novembro.

Na mesma entrevista, Assumpção disse que o clube entrará ainda nesta semana com uma ação para reaver os prejuízos causados pela interdição do Engenhão em março do ano passado. Não foram revelados os valores que serão exigidos. Segundo a Prefeitura, proprietária do estádio, a reabertura acontecerá em novembro. A expectativa é que o local volte a receber jogos em 2015.

Enquanto o dirigente assume que não paga impostos, o clube ajuda a divulgar em seu site a campanha Botafogo Sem Dívidas (botafogosemdividas.com.br), iniciativa da torcida. A partir de hoje, o clube cederá prêmios aos sete torcedores que mais contribuírem em cada mês a quitar dívidas com a Fazenda Nacional. A campanha já pagou R$ 81 mil.

Mudança no meio-campo

O técnico Vágner Mancini testou uma nova formação ontem, no Engenhão, para enfrentar o Atlético-PR, domingo, na Arena da Baixada (que terá portões fechados devido à punição ao clube paranaense). Com a volta de Aírton, que estava suspenso, Gabriel foi mantido entre os titulares e Bolatti ficou entre os reservas. No setor, o time pode ter mais uma novidade: o peruano Cachito Ramírez, que ainda não foi regularizado. Ontem, ele treinou entre os reservas.

POR EDUARDO ZOBARAN/O Globo

Reunião do Conselho nesta quinta promete deixar o Bota em ebulição


Assumpção será confrontado por conselheiros, que pedirão explicações sobre o fato de que uma empresa de seus parentes seus recebe 5% do patrocínio com a Viton 44



Assumpção durante uma reunião Conselho (Foto: Gustavo Rotstein)
A sede de General Severiano promete entrar em ebulição nesta quinta-feira, quando, em reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, o presidente Maurício Assumpção deve ser confrontado por causa da crise que o clube atravessa. O panorama se agravou depois da revelação de que uma empresa que tem como sócios parentes do mandatário recebe uma comissão de 5% sobre o valor do contrato de patrocínio com a Viton 44. Os conselheiros vão pedir explicações.

Uma parte da oposição gostaria de iniciar uma tentativa de impeachment, o que é muito improvável, visto que as eleições serão realizadas em novembro deste ano. Assumpção já afirmou que renúncia nem passa por sua cabeça e que ele vai até o fim do mandato.

No próximo dia 12 está marcada uma nova reunião do Conselho Deliberativo. Ela é obrigatória pelo estatuto do clube, já que é realizada na data de fundação do Botafogo Football Club - que depois se fundiu com o Club de Regatas Botafogo. Conhecida internamente como “reunião festiva”, para celebrar os 110 anos do clube, ela promete ser mais um capítulo do confronto da política interna alvinegra.

Nesta quinta havia também a expectativa de que o TRT julgasse um recurso do clube, que pede o desbloqueio de pelo menos de parte de suas receitas, mas o caso do Alvinegro não entrou na pauta. No clube, espera-se que o recurso seja avaliado até o fim deste mês.

Por GloboEsporte.com Rio de Janeiro/GE

VÍDEO: Ramírez começa a mostrar suas características no Botafogo


Jogador mostrou bastante movimentação no treino do Glorioso





Emprestado pelo Corinthians ao Botafogo até o fim do ano, o volante Cachito Ramírez começa aos poucos a se adaptar à equipe alvinegra.

Treinando com os novos companheiros, o peruano foi muito elogiado pelo lateral-direito Edilson. Veja no vídeo abaixo!






Leia mais no LANCENET!

Bota tenta manobra para pagar um mês dos atrasados nesta quinta


Advogado do Sindeclubes acredita que conseguirá liberação de verba na Justiça. Jogadores completam três meses de atraso na carteira e seis de direitos de imagem




Nesta quinta-feira, o Botafogo completa mais um mês de atraso no pagamento dos jogadores, mas tenta uma manobra para conseguir receber a verba para pagar o valor referente a um mês na carteira de trabalho e evitar que o débito chegue a três meses, o que permitiria os atletas conseguirem na Justiça a rescisão do contrato. O atraso de direito de imagem chega agora a seis meses.

A estratégia para receber a verba é a mesma adotada recentemente. Como está com todas as receitas bloqueadas, o Bota tenta uma ação através do Sindicato dos funcionários de clubes do estado do Rio de Janeiro (Sindeclubes). De acordo com o advogado Henrique Fragoso, a "possibilidade é grande" de o dinheiro ser liberado nesta quinta.

Jogadores do Bota vivem expectativa de pagamento de ao menos um mês dos atrasados (Foto: Vitor Silva/SS Press)
O lateral/meia Edilson não acredita que os jogadores vão utilizar a possibilidade de realizar a rescisão contratual para deixar o clube, mas avisou que o elenco vai continuar a exigir seus direitos.

- A situação é desconfortável, agora chegamos a seis meses de direitos de imagem e três na carteira. Ninguém gosta de passar por isso. Mesmo assim, pelo papo que temos no vestiário, não ouvi manifestações de jogadores querendo sair. Estamos concentrados nos treinos e jogos, mas vamos continuar cobrando porque temos direitos - afirmou Edilson.

Em 16º lugar no Campeonato Brasileiro com 13 pontos, o Botafogo volta a campo no próximo domingo, às 16h, para encarar o Atlético-PR na Arena da Baixada.

Por Fred Huber Rio de Janeiro/GE