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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Botafogo visita Figueirense para seguir lutando pelo G4 do Brasileirão


Cariocas chegam à capital catarinense embalados por vitória sobre o Vasco, mas encaram um Figueira também motivado para escapar da zona da degola


Apresentação Figueirense x Botafogo
De olho em uma possível arrancada no Brasileirão, o Botafogo vai a Florianópolis para enfrentar o Figueirense nesta quarta-feira, às 22h, pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro, com transmissão em tempo real pelo LANCENET!. Os cariocas vêm embalados pela vitória em cima do Vasco, no clássico da última rodada.

O Figueirense joga as últimas fichas para tentar escapar do rebaixamento. Na 19ª colocação, a equipe também está motivada depois da grande virada sobre o Internacional, mas joga desfalcada de Loco Abreu e ainda do zagueiro Sandro. Já o Botafogo, em sétimo, não poderá contar com dois titulares: Márcio Azevedo e Elkeson.

FOGÃO EM BUSCA DO G4
Depois da empolgante vitória em cima do Vasco, o Botafogo aproveitou a semana de descanso para se focar no importante desafio desta quarta. Com uma vitória, e um empate entre Internacional e Vasco, o Glorioso chega à sexta colocação e fica a apenas quatro pontos dos vascaínos, atualmente na quinta colocação.

Na briga para voltar ao G4, o time contará com as voltas do lateral-direito Lucas e do meia Andrezinho, suspensos do jogo da última semana. No meio-campo, outra esperança é Clarence Seedorf, que jogará centralizado e em posição mais avançada. Foi nessa função que o jogador teve suas melhores atuações pelo clube, diante de Cruzeiro e Botafogo, neste Brasileiro.

Porém, nem tudo é sorte no Botafogo. O time não terá o atacante Elkeson, que sentiu dores na coxa direita e sequer viajou a Florianópolis. Por outro lado, a sensação Bruno Mendes, com três gols nos últimos dois jogos, voltará a ser titular, mas desta vez sozinho no ataque.

Outro desfalque é o lateral-esquerdo Márcio Azevedo, suspenso, e que dará lugar ao jovem Lima. Entre os volantes, o experiente Renato vai para o banco de reservas, substituído por Jadson. O camisa 5 afirmou que o desejo da equipe é a ida à Libertadores do ano que vem, mas repetiu o discurso de que a equipe deve manter os pés no chão em busca desse objetivo:

- Enquanto tivermos chance de buscar Libertadores, vamos buscar. O próprio exemplo é o Atlético, que ganhaou nos acréscimos do Fluminense. Os resultados do fim de semana foram bons, mas temos que pensar no nosso jogo e avaliar no fim da rodada. Fazendo nosso papel, poderemos olhar para a tabela.

ESPERANÇA RENOVADA

Após a importante vitória do Figueirense contra o Internacional, a esperança do time catarinense renasceu. Mesmo jogando sem alguns importantes titulares, o Figueira conquistou uma bela virada, fora de casa, e para o jogo contra o Botafogo conta com retorno de dois jogadores.

O zagueiro João Paulo, afastado por conta de uma luxação no ombro direito, volta para o lugar de Sandro. Já o volante Túlio, ex-jogador do Botafogo, se recuperou de lesão na coxa direita e também está confirmado, após 10 dias fora. Para ele, os dois próximos jogos são primordiais para que o Figueira comece a pensar em se livrar do rebaixamento.

- A situação é crítica ainda, mas temos dois jogos dentro de casa. Depois as coisas podem clarear um pouco e a gente poderá ver a luz no fim do túnel. Por enquanto a luz não está acesa. Temos que buscar os pontos, são dois jogos difíceis (Botafogo e Portuguesa). Temos que acreditar e fazer o nosso trabalho aqui dentro - disse o jogador.

Por outro lado, o volante Claudinei está suspenso pelo terceiro cartão amarelo e não poderá atuar. Entra em seu lugar, Botti. Com isso, o time volta a jogar com dois meias de armação. Além do volante, Loco Abreu, que se recuperou de uma artroscopia no ombro direito, não vai a campo por questões contratuais. O jogador está emprestado pelo Botafogo ao Figueirense e segue sem atuar.

Ele não entra em campo desde o dia 9 de agosto, quando o Figueira foi derrotado pelo Flamengo por 2 a 0, em casa. De lá para cá, além da lesão, Loco foi convocado para a seleção uruguaia para as eliminatórias sul-americanas e também cumpriu suspensão após ter sido denunciado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por ter beijado o escudo do Botafogo no jogo contra o Fla.

FICHA TÉCNICA

FIGUEIRENSE X BOTAFOGO

Local: Estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis (SC)
Data/hora: 24/10/2012, às 22h (de Brasília)
Árbitro: André Luiz de Freitas Castro (GO)
Assistentes: Ivan Carlos Bohn (PR) e Pedro Martinelli Christino (PR)

FIGUEIRENSE: Wilson; Elsinho, João Paulo, Canuto e Hélder; Jackson, Túlio, Botti e Ronny; Julio Cesar e Aloísio. Técnico: Márcio Goiano.

BOTAFOGO: Jefferson; Lucas, Antônio Carlos, Dória e Lima; Gabriel, Jadson, Fellype Gabriel, Seedorf e Andrezinho; Bruno Mendes. Técnico: Oswaldo de Oliveira.

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O desafio de contratar: como os clubes se viram na luta por atletas


Das dicas de amigos ao uso de softwares, clubes têm estruturas muito diferentes para sobreviver em um mercado que vive revolução


Dezenove clubes contrataram jogadores depois de o Campeonato Brasileiro ter começado. Alguns complementaram seu elenco com um par de peças, outros taparam buracos nascidos de transferências, muitos redesenharam a composição de seu vestiário. Não foram poucos: 19 entre 20 participantes. Diz a matemática que resta uma exceção. E a exceção lidera a disputa.

O Fluminense não contratou ninguém. Todas as figuras que atualmente vão a campo com a camisa tricolor já eram do clube antes do início do Brasileirão. E isso não é gratuito, ocasional - pelo contrário. É um processo racional, que parte de duas pontas que se entrelaçam para minimizar a margem de erro nas escolhas tricolores: a formação de uma estrutura profissional voltada ao processo de contratações e o aporte financeiro para concretizar as ambições. Simplificando: não basta ter dinheiro e não saber contratar; e pouco adianta saber contratar se não tiver dinheiro para isso.

Esta reportagem analisa como os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro contratam e como funciona o mercado no qual eles agem. No infográfico abaixo, clicando em cada escudo, o leitor terá um resumo da política e dos mecanismos usados por cada equipe para buscar reforços, além de uma lista dos atletas adquiridos depois de o Brasileirão ter começado - e a situação de cada contratação no elenco.

A pesquisa indica que contratar não é difícil. Difícil mesmo é contratar bem. E contratar bem pede uma estrutura voltada para isso. Dentro deste panorama, surge a notícia boa e a notícia ruim. Primeiro a boa: os clubes brasileiros já perceberam que é fundamental profissionalizar a caça por reforços. A ruim: é um processo que ainda engatinha em boa parte das equipes do país.

Casos e acasos

Edu Gaspar, gerente de futebol do Corinthians
(Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians)
Não existe um padrão na tática de contratações dos clubes brasileiros. Há casos e casos - ou acasos. Os procedimentos vão de métodos quase científicos a opiniões absolutamente pessoais. Pegando o exemplo de dois dos maiores clubes do Brasil, Corinthians e Vasco, é possível notar a diferença na filosofia - e na capacidade de investimento.

O Corinthians, quando percebe que um jogador de seu banco de dados pode tapar um buraco do elenco, vai em busca de vídeos de quase duas dezenas de jogos dele. Cada observador, em uma equipe coordenada pelo gerente de futebol Edu Gaspar, assiste a duas partidas (de diferentes dificuldades, em diferentes momentos) do atleta e faz um relatório a partir daí. Os dados são cruzados. Deste cruzamento, conclui-se se é um nome a ser aprovado ou não.

Já o Vasco, quando precisa de um boleiro, fica refém de opiniões - vale ressalvar que o clube está reformulando seu departamento de futebol. É muito comum empresários perceberem as carências do elenco e venderem seu peixe à diretoria, que vai aprovar ou não a sugestão. Parte do elenco é formada assim. De resto, vai do gosto dos dirigentes e da comissão técnica. Eles fazem suas observações e ouvem dicas de amigos para contratar determinado jogador. Não há, no clube carioca, o mesmo método do oponente paulista. E nem é necessariamente uma questão de visão de futebol. É de dinheiro mesmo.

- O Vasco, no momento, não tem essa rede. Os jogadores nos são oferecidos. Sabemos que é muito importante, mas demanda algum investimento - comenta Daniel Freitas, diretor executivo de futebol do clube cruz-maltino.

Criar uma rede de potenciais contratações, monitorar os jogadores, analisar sua linha evolutiva em campo, observar números, estudar seu histórico - é tudo um processo de profissionalização, que visa a diminuir a margem de erro na aquisição de atletas (veja abaixo um exemplo simplificado do processo de contratações). Mas o futebol não é uma ciência exata. Por mais forte que seja o filtro adotado pelos clubes em suas análises, erros acontecem. E a opinião de diretores e treinadores está sempre presente, influenciando no processo.




Alguns clubes acabam atrelados ao conhecimento de dirigentes. Em 2006 e 2010, o Inter ganhou suas duas únicas Libertadores. Na primeira, tinha Fernando Carvalho como presidente e Vitório Piffero como vice de futebol. Na segunda, tinha Vitório Piffero como presidente e Fernando Carvalho como vice de futebol. Não é coincidência. Enquanto formava uma base profissional, a instituição se aconchegava na boa noção dos dois cartolas. Um caso exemplar: na primeira fase da Libertadores de 2006, Carvalho, em conversa informal com repórteres, disse que um carequinha do Libertad, do Paraguai, vinha sendo o melhor jogador da competição. Um ano depois, a diretoria colorada soube que o jogador estava acertado com o Grêmio. E mandou um representante às pressas para furar o rival e fechar com o atleta na Argentina. Guiñazu é titular absoluto do Inter desde então.

O problema é quando acontece o contrário. Se o dirigente entende de futebol, ótimo; se não sabe patavinas do assunto, o clube corre risco de se lascar. Em 2004, o Grêmio, com estádio próprio, com torcida participativa, com camisa forte, foi lanterna do Brasileirão, nove pontos atrás do penúltimo. Jogadores e treinadores se sucederam ao longo do campeonato - em vão. Menos de três anos depois, o Tricolor estava em uma final de Libertadores - com o mesmo estádio, a mesma torcida, a mesma camisa. A diretoria é que era outra.

O método empírico, baseado na vivência dos dirigentes, segue preponderante em clubes como Flamengo, Palmeiras e Náutico. Corinthians, Botafogo, Fluminense, Inter e Coritiba são casos de administrações que avançam para se desprender do cartolismo. E muitos outros estão no meio do caminho, adotando métodos para contratações, mas ainda dependentes dos pitacos de diretores.

Um novo jeito de contratar

Diretor Rodrigo Caetano é o núcleo de processo de
profissionalização no Flu (Foto: Edgard Maciel)
Faz pouco tempo, não mais do que cinco anos, que ganhou corpo um novo filão no mercado brasileiro: o de diretor executivo. Trata-se de um profissional pago para organizar a casa. É um funcionário com atribuições administrativas - recebe salário para cumprir determinadas tarefas, e auxiliar nas contratações costuma entrar no pacote.

Estes profissionais encabeçam um processo de migração no futebol brasileiro. Os clubes, no esquema do Maria-vai-com-as-outras, aos poucos vão trocando a gestão política pelo comando profissional em seus departamentos de futebol. Ao perceber que os adversários estão modificando suas estruturas e tendo resultados com isso, os dirigentes se obrigam a adotar medida semelhante. Consequência: aos poucos, as decisões deixam de ser exclusividade dos dirigentes políticos (presidentes, vices e diretores de futebol) e passam a ser mais compartilhadas por executivos de futebol.

A diferença entre um e outro é o preparo. O dirigente político costuma ser indicado por um gosto pessoal do presidente - e a torcida fica à mercê das opiniões dele. É um sujeito que geralmente gosta de futebol, que é apaixonado pelo clube, mas que não tem um método em suas observações - e não recebe um tostão pelo trabalho. O executivo traz a reboque a ideia de uma gestão mais ampla. Tem (ou deveria ter) cursos de gestão esportiva em seu currículo. É por causa dele que se proliferam pelos principais clubes figuras como as do analista de desempenho, do observador de adversários e do olheiro - e ações como o scout.

A imponência destas novas estruturas depende do interesse do clube em bancá-las. O Fluminense decidiu pagar o preço. Rodrigo Caetano foi contratado como diretor executivo a peso de ouro no ano passado - com salário similar ao dos principais jogadores do elenco. Estava no Vasco, e antes trabalhou no Grêmio. Este ano, foi eleito o melhor executivo do país por empresas de marketing e negócios no esporte. Abaixo dele, o Tricolor estabeleceu uma estrutura de oito pessoas responsáveis pela análise de jogadores que podem ser contratados. Uma delas é Marcelo Teixeira, gerente de futebol, que trabalhou no Manchester United e tem um forte banco de dados, com informações detalhadas de mais de 500 jogadores.

Ter estes profissionais permite que o Fluminense adote estratégias parecidas com a do Corinthians (são os dois mais recentes campeões brasileiros): forma um painel de opções, baseado em análises de diferentes profissionais, e joga estas alternativas em um funil até encontrar o nome que melhor complemente características técnicas, táticas, físicas e comportamentais para o espaço carente no elenco. Assim, o clube pode fazer contratações pontuais, respaldado pela injeção financeira de sua patrocinadora, a Unimed. O Flu tem saúde no cofre para manter seus jogadores. Por isso, não precisa repor vendas. Está aí o porquê de ser o único clube que não contratou ninguém durante o Brasileirão.

- Em 2012, ainda reduzimos nosso elenco, para que jogadores não-utilizados de forma frequente dessem espaço a jovens. Com nosso patrocinador, mantivemos o elenco, renovamos o contrato de quase a totalidade dos jogadores. Com isso, os que vieram, vieram para resolver - explica Rodrigo Caetano.

O Botafogo tenta adotar modelo parecido, mas com suas particularidades - está longe de ter o mesmo dinheiro do rival. Se no Fluminense a figura-chave é Rodrigo Caetano, no Alvinegro as decisões sobre contratações passam por Anderson Barros, gerente de futebol do clube, também um dirigente remunerado. Abaixo dele, há um departamento de análise e estatística, que ajuda a monitorar possíveis reforços e a dissecar atletas que entrem na alça de mira do clube.

Exemplo de parte de relatório feito pelo Botafogo ao abservar um atleta (Foto: Análise e estatística do BFR)
O Coritiba vai no mesmo embalo. Tem Felipe Ximenes, executivo de futebol, na coordenação de uma equipe que conta com dois ex-jogadores do clube, Pachequinho e Márcio Goiano, como observadores. Eles têm participação direta na formação do elenco. Atletas como o volante Sérgio Manoel e o lateral-direito Ayrton chegaram ao clube assim.

- A gente tem um grupo de funcionários do departamento de captação, observação e scout que acaba mapeando várias regiões do Brasi. Não é fácil, porque concorremos com outros clubes. Temos que chegar na frente, para na hora de trazer esse atleta, não ter outro clube em cima. Também fazemos observações ao vivo, in loco, e vamos colhendo informações. Temos parceiros que nos trazem alguns detalhes. Nós vemos do que o elenco necessita, o perfil de atleta, aquilo que a gente imagina como bom jogador para o clube - diz Pachequinho.

Outros clubes adotam departamentos parecidos, mas que não estão necessariamente focados em contratações. Eles auxiliam - porém, mais para abastecer algum dirigente do que para sugerir alternativas a ele. São os casos, por exemplo, da Central de Dados Digitais do Grêmio e do Departamento de Análise e Desempenho do Bahia.

Zinho trabalha sem presença de um vice de futebol
no Flamengo (Foto: Márcio Alves / Ag. O Globo)
É interessante observar também que a figura do executivo começa a eliminar a presença do vice-presidente de futebol em alguns clubes. No Flamengo, não houve um substituto para Paulo César Coutinho, demitido em setembro. Zinho, diretor remunerado, é quem cuida das contratações. No Grêmio, o cargo político está vago desde que Paulo Pelaipe assumiu como executivo de futebol, em agosto do ano passado. Na contramão, está o Inter, que tinha tanto o cargo político quanto o profissional até Fernandão, diretor-técnico, virar treinador do time. Restou Luciano Davi como vice-presidente de futebol - e responsável por negociações, consequentemente. A gerência de futebol está vaga.

Enquanto uns eliminam opiniões, outros agregam. O caso do Santos é único. A Vila Belmiro tem uma espécie de colegiado, com nove integrantes, que delibera sobre as contratações do clube. As negociações são decididas por maioria. O presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro tem poder de veto.

- O Santos tem um modelo de gestão pioneiro no futebol brasileiro, com um Comitê de Gestão formado por sete pessoas de perfis complementares, mais presidente e vice-presidente. As contratações passam pelo Comitê e são decididas de maneira majoritária, mas com a chancela do presidente, que tem poder de veto, já que novos reforços envolvem não apenas questões técnicas, mas financeiras, de filosofia do clube e de planejamento. Geralmente, os nomes são definidos pela comissão técnica e pelo departamento de futebol. As condições gerais são passadas ao Comitê, que analisa a operação como um todo - explica o presidente do Peixe.

Alternativas

Em um mercado competitivo, os clubes buscam alternativas para formar bons elencos sem gastar muito. Claro, nem sempre dá certo. Bahia, Sport e Náutico, por exemplo, entram em um grupo de equipes que precisam esperar o mercado esfriar para partir em busca de boa parte de seus reforços. Afinal, eles não têm dinheiro para competir com concorrentes de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que por vezes começam a montar seus elencos ainda na temporada anterior - o São Paulo, por exemplo, já tenta contratar Aloísio, do Figueirense, para 2013.

Com menos força, clubes de mercados menos abastados acabam contratando atletas com o campeonato em andamento. Desde que começou o Brasileirão, o Sport buscou 16 jogadores, entre apostas e atletas experientes, mas pouco aproveitados em seus clubes. Demorou para pelo menos alguns deles, casos de Cicinho e Hugo, engrenarem - e o time pernambucano luta contra o rebaixamento. Sem poder competir de igual para igual no momento mais quente das disputas por atletas, resta o que sobrou no mercado, e aí o risco é maior. No Bahia, foram 12 contratações, e apenas Neto é titular. Já o Náutico buscou 13 reforços desde a primeira rodada - entre eles, Kieza, principal jogador da equipe.

- Há momentos em que o mercado fica muito aquecido, e os clubes de menor investimento têm dificuldades. Não pode ir quando está aquecido, porque não vai ter sucesso. Vai ter que esperar desaquecer - resume Paulo Angioni, gerente de futebol do Bahia.

O Figueirense, por anos, usou como estratégia se unir ao empresário Eduardo Uram, um dos principais do país, para formar seu grupo de atletas. O atual elenco tem 12 jogadores ligados ao agente. Mas isso tem um preço. Quando os atletas se destacam, a porta de saída fica mais aberta. No momento, a parceria vive momento de turbulência, já que a administração do clube quer liberdade para negociar com outros grupos ou empresários.

Damião vai parar na Seleção depois de trabalho
de prospecção do Inter(Foto: Agência Reuters)
O Inter é especialista em outra fatia do mercado de prospecção: a de jogadores em vias de migrar para a turma dos adultos. Ninguém no Brasil sabe captar tão bem quanto os colorados aqueles atletas que precisam de uma última lapidada antes de ir para o elenco profissional. São jovens de 16, 17, 18 anos, que já se destacam por seus clubes. Eles chegam ao Beira-Rio com salários representativos para a idade, recebem um ou dois anos de aprimoramento no último estágio da base (juniores ou time B) e aí vão para o grupo principal. A seleção brasileira hoje tem três jogadores com patamar de titulares que passaram por esse processo em Porto Alegre: o volante Sandro (agora no Tottenham, da Inglaterra), o meia Oscar (vendido para o Chelsea, também da Inglaterra) e o atacante Leandro Damião.

- A gente tem nossa equipe sub-23, a equipe B, que disputa campeonatos profissionais. Temos um setor de captação muito forte. São oito observadores. Fazemos análises do plantel, as carências, e olhamos atletas que possam suprir isso. No primeiro semestre, analisamos quase todos os Estaduais. Agora, olhamos as Séries D, C e B - explica Jorge Macedo, coordenador geral das categorias de base do clube gaúcho.

Cerca de 20 jogadores chegam anualmente ao Beira-Rio por meio dessa prospecção de jogadores em vias de integrar o elenco profissional. Alguns são espionados desde muito cedo - caso de Oscar, observado desde os 14 anos. Quando estes atletas encontram espaço no time principal, o clube ganha fôlego financeiro para investir em jogadores consagrados - como D'Alessandro, Dagoberto e Forlan, por exemplo. Clubes como o Fluminense começam a usar estratégia parecida.

Tecnologia encurta caminho para contratações

Wyscout. Soccerassociation. MF10players. Os três termos podem soar estranhos para os leigos, mas fazem parte do dicionário de parte dos responsáveis por contratações nos principais clubes brasileiros. São os nomes de sites especializados em otimizar o processo de observação de jogadores. Eles formam um banco de dados com informações detalhadas sobre atletas de tudo que é canto. Dirigentes remunerados mergulham nas páginas em busca de detalhes sobre boleiros que possam interessar ao clube para o qual trabalham.

Exemplos de sites que auxiliam no monitoramento de possíveis reforços (Foto: Reprodução)
Os três sites citados acima são usados diariamente por Cícero Souza, executivo de futebol do Sport, e por outros responsáveis por contratações no futebol brasileiro. Um deles, o MF10players, fala português. Foi lançado em maio e já tem como clientes três clubes da Série A: Grêmio, Inter e Ponte Preta, além de executivos (caso de Cícero) e empresários que trabalham com futebol. Foi criado por dois jovens gaúchos: um especialista em informática, Marcelo Nadler, e outro acostumado a transitar no futebol, Martin Carvalho, ex-jogador de Inter e Vasco, filho de Fernando Carvalho.

O Wyscout também é assinado por Botafogo e Corinthians, além de uma penca de clubes estrangeiros - alguns dos maiores da Europa entre eles. A assinatura mensal do pacote completo custa R$ 1,8 mil mensais. O Soccerasssociation é mais barato: R$ 650,00 por três meses.

O GLOBOESPORTE.COM teve acesso à área de assinante do MF10players. É uma mistura de agenda com ferramenta de busca. O sistema permite que se filtre a situação de jogadores de acordo com a necessidade do clube. Se, por exemplo, o Flamengo quiser um meia argentino entre 22 e 25 anos que atue na primeira divisão de seu país, poderá fazer a busca. Em um clique, terá 68 opções. Caso se interesse, por acaso, por Luis María Lagrutta, do Atletico Rafaela, terá acesso a uma página com a lista das últimas partidas do jogador e o histórico da carreira dele, subdividido por minutos jogados, quantidade de partidas, número de vezes em que foi titular, frequência com que entrou no decorrer do jogo ou foi substituído e montante de gols e cartões.

Links de vídeos do jogador acompanham a página. O assinante pode criar listas com atletas que caiam em sua raia de interesse - e comparar os prós e contras de cada um a partir dela. Assim, forma uma agenda pessoal de contatos. E já tem em mãos boa parte das informações necessárias para decidir se vale a pena contratar ou não o jogador.

Existem outros sites e programas. O Coritiba usa um chamado Prozone. Ele tem o incremento de aspectos táticos - costuma ser usado por analistas de desempenho para observar adversários e até o próprio time. Uma ferramenta de acompanhamento em tempo real dá ao assinante uma noção imediata do desempenho de determinado jogador na partida que ele está disputando no momento.

Até a seleção brasileira utiliza recursos assim. No caso, não para contratar jogadores, mas para observar aqueles na mira do treinador para futuras convocações. A estratégia começou com Dunga e continua com Mano Menezes. O site utilizado por eles é o ISB, da Alemanha, que teve o ex-presidente do Flamengo Luiz Augusto Veloso como representante no Brasil.

Concorrentes e aliados

O aquecimento do mercado brasileiro fortaleceu a presença de empresas que são, ao mesmo tempo, aliadas e concorrentes dos dirigentes. Grupos empresariais perceberam que poderiam lucrar com o futebol. E passaram a agir nos mesmos moldes de um clube: procurando, contratando e vendendo.

É o caso da Traffic. Antes especializada em marketing esportivo, ela criou, em 2005, o Desportivo Brasil, um clube-empresa que reúne os jovens atletas nos quais se interessa. Dali, eles são repassados a outros clubes. E isso rende lucro.

A descoberta e posterior negociação de jovens atletas foi, por anos, o melhor filão da Traffic. Mas o panorama mudou, e a empresa se viu obrigada a focar em duas outras frentes: a representação de jogadores e a intermediação em negociações. Como os clubes brasileiros passaram a girar mais dinheiro, os elencos ficaram mais exigentes, com contratações pesadas. Encaixar jogadores jovens nos clubes virou tarefa complicada. O jeito foi entrar na roda dos negócios mais caros mesmo.

Conca na China: negociações interessam aos
investidores (Foto: Reprodução / Sina.com)
Mas a mão que afaga é a mesma que apedreja, parafraseando o poeta Augusto dos Anjos. Uma empresa não entra no mercado para rasgar dinheiro. Se a Traffic ajuda a colocar, por exemplo, Conca no Fluminense, vai querer vender o jogador quando pintar uma negociação boa. Foi o caso da proposta da China por ele. Se ela firma uma parceria como a que colocou Ronaldinho no Flamengo, vai querer ver perspectiva de futuro lucro. Uma confusão jurídica rompeu a relação entre a empresa e o Rubro-Negro sete meses depois da chegada do meia-atacante ao Rio de Janeiro.

É a lógica do mercado. E aí os interessem se confundem. A Traffic tem oito observadores que analisam jovens jogadores e concorrem com os clubes por eles. Estes mesmos clubes, tempos depois, podem precisar dela para ter determinado atleta. E fica ciente de que em seguida poderá perder este reforço, porque vê-lo estacionado por muito tempo em um mesmo local não costuma ser o mais interessante para o parceiro do clube. Não por acaso, o investimento em jogadores já rendeu cerca de R$ 180 milhões à Traffic.

Há outros casos. A Brazil Soccer, empresa do empresário Eduardo Uram, passou a coordenar o Tombense, clube mineiro que acaba de subir para a primeira divisão. O banco BMG age em duas frentes: ou como forte financiador de contratações, ou como patrocinador. E há ainda a DIS, braço esportivo do Grupo Sonda, que costuma ter pesada participação em jogadores de alguns dos principais clubes brasileiros - casos de Inter e Santos, especialmente. A saída turbulenta de Paulo Henrique Ganso da Vila Belmiro para o São Paulo teve a influência do grupo comandado por Delcir Sonda. Chegou um momento em que clube e empresa não se entenderam mais, e as mãos que antes afagaram passaram a trocar pedradas - e a oferecer até ameaças jurídicas.

Por Alexandre AlliattiRio de Janeiro


Elkeson não treina novamente e deverá ser desfalque contra o Figueirense




Atacante fica fora das atividades pelo terceiro dia consecutivo e Bruno Mendes será o único atacante no Orlando Scarpelli, nesta quarta-feira




Elkeson - Treino do Botafogo (Foto: Alexandre Loureiro)
Elkeson não deverá jogar contra o
Figueirense (Foto: Alexandre Loureiro)
Elkeson não treinou pelo terceiro dia consecutivo e deverá ser desfalque do Botafogo para o jogo desta quarta-feira, às 22h, contra o Figueirense, no Orlando Scarpelli, pelo Campeonato Brasileiro. Desde domingo, quando o time retornou às atividades após a folga no sábado, o atacante não treina com bola, devido à dores musculares. Com isso, Bruno Mendes deverá atuar isolado no ataque.

Já o zagueiro Fábio Ferreira, que não atua desde o jogo contra o Santos, por conta de uma torção no tornozelo direito, voltou a trabalhar no campo. Primeiro o defensor fez uma atividade com bola com o restante do grupo, em seguida, acompanhado por um membro da preparação física, fez um trabalho à parte.

Apesar da volta aos treinos, Fábio não estará à disposição do técnico Oswaldo de Oliveira em Florianópolis.

O volante Jadson, que na terça-feira havia treinado entre os titulares, voltou a integrar a equipe principal e ganhará a vaga de Renato no meio-campo.

Como sempre acontece na véspera dos jogos, Oswaldo de Oliveira trabalhou muito as bolas paradas em faltas e escanteios.


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Botafogo tenta se livrar do 'fantasma da reta final' no Brasileiro



Alvinegro busca arrancada inspirado em 2009, quando também teve time desacreditado, técnico contestado e jovem atacante saindo do banco para resolver



Oswaldo de Oliveira - Treino do Botafogo (Foto: Dhavid Normando)
Oswaldo de Oliveira tenta fazer time subir
 na tabela (Foto: Dhavid Normando)
Bastou uma derrota do São Paulo no último domingo para renovar a esperança do Botafogo pelo G4. Se o Glorioso vencer o Figueirense nesta quarta-feira, fora de casa, a diferença para o Tricolor paulista cairá para oito pontos. Porém, a classificação à Libertadores depende de uma arrancada histórica e o retrospecto recente do clube não é favorável. Apenas em 2009 a torcida teve motivos para festejar na reta final do Brasileiro e, guardadas as devidas proporções, pelo menos há semelhanças entre aquela temporada e a atual para animar quem anda para baixo.

No ano de 2009, na 31ª rodada, o Botafogo era o 18 colocado e estava na zona de rebaixamento. No entanto, cinco vitórias e apenas duas derrotas nas últimas rodadas fizeram o Alvinegro pular de 32 para 47 pontos e escapar da degola, na 15 posição. Em um paralelo com o time atual, aquele também era dado como desacreditado, tinha um técnico que não era unânime com a torcida (Estevam Soares) e um jovem contratado em setembro que saiu da reserva para brilhar (Jobson). Hoje, Bruno Mendes é a esperança e já sabe bem o papel que tem pela frente.

– Vim para ajudar o Botafogo, me dediquei em uma posição que era carente na equipe. Espero continuar desse jeito atual, marcando gols, me firmando e seguindo como titular – destacou Bruno Mendes.

Em 2010 e 2011, as rodadas finais no Brasileirão foram preponderantes para selar o destino do Botafogo na disputa pela Libertadores e os muitos tropeços determinaram o insucesso do clube. No ano passado, inclusive, o aproveitamento foi de 19,4%, número muito pequeno.

Não é fácil conquistar a vaga na Libertadores, mas Bruno Mendes tem a fórmula do que a galera quer ver até o término do campeonato.

– É importante ter dedicação. Da minha parte, os torcedores estão vendo isso, essa dedicação que tenho dentro de campo. Com firmeza as coisas vão para a frente e tudo dará certo – comentou o camisa 38.

- Bota nos últimos sete jogos desde 2007:

2011 – Fracasso
O fracasso no Brasileiro do ano passado veio na reta final. Com chances de brigar pelo título, o Alvinegro deu vexame. Foram cinco derrotas, um empate e uma vitória. Aproveitamento de time rebaixado, com 19,04% dos pontos.

2010 – Ficou no quase
O Alvinegro teve um aproveitamento apenas regular na reta final, com 52,38% dos pontos. Foram três vitórias, dois empates e duas derrotas, e a vaga na Libertadores não veio por pouco.

2009 – Superação
Lutando contra o rebaixamento, o Glorioso teve campanha de campeão. Foram cinco vitórias e duas derrotas, com aproveitamento de 71,42% dos pontos nas sete últimas partidas. A boa campanha rendeu a permanência na Série A do Brasileiro.

2008 – Fiasco
O Alvinegro chegou a disputar uma das vagas na Libertadores, mas o rendimento baixo não permitiu que o time conseguisse a vaga. Foram cinco derrotas, um empate e uma vitória: aproveitamento de 19,04%.

2007 – Derrapada
O time virou sensação da competição e liderou o Brasileiro por 11 rodadas. Porém, caiu de rendimento e não se classificou nem sequer para a Libertadores. Na reta final, foram três vitórias e quatro empates e um aproveitamento de 67,90%.


Raphael Bózeo e Vinícius Perazzini Rio de Janeiro (RJ) Leia mais no LANCENET!