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domingo, 14 de fevereiro de 2021

Análise: Botafogo precisa definir novo técnico para aproveitar reta final como pré-temporada


Com pouco tempo até a estreia no Campeonato Carioca de 2021, comandante terá missão de reencontrar padrão de jogo e fazer elenco comprar ideia para uma postura diferente em campo




Não há mais o que falar sobre o Botafogo nesta temporada. Já deu. Por mais que o time de jovens mostre mais vontade do que se viu ao longo de 2020, é difícil cobrar motivação quando a equipe parece entrar em campo contentada com a derrota. No último sábado, os alvinegros perderam pela 20ª vez nesse Campeonato Brasileiro: 2 a 0 para o Goiás.


O resultado mais comum do Botafogo na temporada não merece mais atenção. O que dá pra fazer nesse momento é falar de futuro, é pensar no que vem pela frente. E, para isso, o clube não pode demorar muito a definir o novo técnico, situação que está sendo negociada desde a demissão de Eduardo Barroca, há oito dias.


Depois de decisões erradas e cinco técnicos na temporada, é até aceitável que o clube pesquise e analise com mais cuidado o próximo nome que comandará o time. Mas o Botafogo não tem tanto tempo.



O treinador precisa chegar o quanto antes para aproveitar a reta final do Brasileirão como pré-temporada. O calendário de 2021 começará em três semanas com a estreia no Campeonato Carioca diante do Boavista, no dia 7 de março.




O Botafogo de 2020 parece entrar em campo já contentado com a derrota — Foto: Vitor Silva/Botafogo


Sem se preocupar com performance no Campeonato Brasileiro, o novo comandante tem que usar seu tempo apenas com quem tem garantia de continuidade no elenco para fazer valer sua filosofia, coisa que ninguém conseguiu no último ano, a não ser Paulo Autuori em determinado momento.



Padrão de jogo é urgente para esse Botafogo que passou a maior parte de 2020 perdido em campo. Desanimador olhar para um time que muitas vezes não sabia o que fazer com a bola. O cenário foi pior quando a equipe saía atrás do placar (quase sempre) e se desestabilizava facilmente. Isso, claro, tem a ver com a falta de experiência do elenco também.


Esta Série B vai ser uma das mais difíceis para o Botafogo não só em termos financeiros. O time vai encontrar adversários já estruturados e tecnicamente equilibrados. A maioria das equipes vai manter a base e sofrer poucas mudanças.


Para o novo técnico conseguir um trabalho minimamente decente é preciso que a diretoria jogue junto e dê opções ao profissional. É um exercício difícil lembrar quantas vezes nos últimos anos o Botafogo sofreu com a falta de um meia de criação. As apostas no mercado foram erradas.



Melhores momentos de Goiás 2 x 0 Botafogo, pela 36ª rodada do Brasileirão 2020


Como um time que contratou 25 reforços em 2020 termina a temporada sem opções dignas para todos os setores do campo? Todos! Contra o Goiás, o time foi a campo com três zagueiros titulares e nenhum no banco de reservas. A posição foi uma das mais criticadas no ano.



Não à toa a última vez que o Botafogo não sofreu gols no Brasileirão foi justamente diante do Goiás, no 0 a 0 válido pelo primeiro turno. Desde então, foi vazado em todos os jogos.



- Se o Botafogo não vem vencendo, primeiro é porque vem tomando os gols. O primeiro passo para conseguir um resultado positivo é evitar isso, minimizar erros. Isso não tem acontecido, e os adversários aproveitam. É ruim ser uma das equipes que mais tomou gol, é isso que nos colocou nessa posição - analisou o técnico interino Lucio Flavio.


Gestão, elenco e comissão técnica precisam estar juntos para fazer um Botafogo diferente a partir de agora. Se a diretoria falhou em 2020, os jogadores também tiveram sua parcela de culpa. O desânimo que se alastrou foi determinante. Quando se aceita a derrota antes de tentar a recuperação quase nada pode ser feito. Exemplo contrário é o próprio Goiás, que pode até ser rebaixado, mas será lembrado por não ter jogado a toalha tão facilmente.


O Botafogo caiu por esforço próprio. Não tem mais o que falar e fazer sobre o passado, que fica como aprendizado para o futuro. Bola pra frente sem aceitar mais que dirigentes e jogadores manchem essa história.



Fonte: GE/Por Emanuelle Ribeiro — Rio de Janeiro