Páginas

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Loco inaugura novo muro em General Severiano e ouve gritos de "volta"


Atleta recebe homenagem, na noite desta sexta-feira, em frente à sede do clube




Link permanente da imagem incorporada



Foi dia de Loco Abreu em General Severiano. Nesta sexta-feira, o ex-atacante uruguaio e ídolo da torcida do Botafogo participou da pré-inauguração do reformado muro dos ídolos em frente à sede do clube. Abreu assinou seu nome abaixo de sua caricatura na famosa parede, localizada junto ao Canecão, no bairro de Botafogo, e ouviu os gritos de "volta" da torcida.


- Uh, terror, Loco Abreu é pichador - gritavam os alvinegros, enquanto o atacante assinava o muro.


Indagado sobre os pedidos da torcida para retornar ao Botafogo, Loco Abreu, de 39 anos, foi bem claro quanto ao seu desejo.


- Eu também peço muito a minha volta (risos). Mas não depende de mim. Tem gente que manda e decide o elenco para o ano que vem. Por mim, eu já estava treinando - brincou Loco.

Neste sábado, antes da partida do Alvinegro contra o Santa Cruz, no Nilton Santos, Loco será mais uma vez homenageado. O ex-atleta irá até o meio da torcida "Loucos pelo Botafogo", que organizou toda reforma do muro e da praça do Manequinho, com ajuda financeira da prefeitura e de sócios do clube, e puxará uma música em ritmo escolhido por ele.


- Para mim é uma honra ficar ao lado de tantos craques. Craques importantes não só para o Botafogo, mas para o Brasil. Mas o mais importante é que o nosso Fogão está de volta à Série A, como tem que ser. E amanhã vamos comemorar o título, se Deus quiser - disse Loco, logo na chegada.


O atacante, que jogou no Botafogo entre 2010 e 2012, garantiu não ter se surpreendido com o carinho da torcida.


- Para mim não é surpresa. Nunca deixaram de apoiar. Os caras sempre estão presentes, e isso é essencial.

A inauguração oficial acontecerá no dia 22 de novembro. Neste dia, tanto o novo muro dos ídolos como as reformas na praça do Manequinho serão apresentadas em sua totalidade. A "pré-estreia" foi adiantada após o jogador ficar sabendo da homenagem que receberia no muro e ter demonstrado desejo de estar presente.

Link permanente da imagem incorporada

Loco Abreu seria o último ídolo a ser retratado no desenho, que foi inaugurado em 2008. As reformas começaram no mês passado, sete anos depois, passando pela mão do artista Tadeunak. Após conversas entre membros da torcida, no entanto, ficou decidido que Seedorf também receberá a homenagem.

O evento estava previsto para começar às 18h. No entanto, devido ao trânsito do Rio de Janeiro, o uruguaio atrasou quase duas horas. Na chegada, o jogador foi recebido com festa por mais de 100 torcedores presentes em frente à sede de General Severiano, que entoavam cantos famosos da torcida desde as 16h. Loco foi até o muro, assinou embaixo do seu desenho.


Por João da Mata e Pedro Veríssimo Rio de Janeiro/GE

Terra de Heleno e excursões explicam paixão pelo Bota no interior de Minas


Cidade natal de ídolo e viagens à Zona da Mata criam laço entre clube e torcida. Seis dos sete municípios com mais curtidas alvinegras no Facebook são da região mineira




Heleno de Freitas nasceu em cidade da
Zona da Mata (Foto: Agência O Globo)
Tem muito botafoguense feliz com o retorno do time à Série A em um pedaço alvinegro de Minas Gerais. O mapa de curtidas feito pelo GloboEsporte.com em parceria com o Facebook deu um panorama nacional da concentração de torcedores dos clubes pelo Brasil na internet. E por mais que seja um clube nacional, o projeto mostrou a força do Botafogo na Zona da Mata mineira. Seis das sete primeiras cidades colocadas na concentração de curtidas do time são da região: Lima Duarte, Pirapetinga, Santos Dumont, Piraúba, Juiz de Fora e São João Nepomuceno.


Questões geográficas, esportivas e o fato do ídolo Heleno de Freitas ter nascido e passado boa parte da vida em um município da Zona da Mata ajudam a justificar o grande número de torcedores do clube da Estrela Solitária na região.


Quando se fala em torcida por times cariocas em Minas Gerais, a explicação mais óbvia é a proximidade com o Rio de Janeiro. A sexta cidade com maior concentração de curtidas alvinegras no mapa é Juiz de Fora, que fica a cerca de 180 km da capital fluminense. Conhecido reduto de botafoguenses, é o maior município da região.


A facilidade para percorrer distâncias permitia que o clube da Estrela Solitária fizesse excursões, pré-temporadas e jogos oficiais pela redondeza. A cidade preferida para isso sempre também era Juiz de Fora. Após a construção e inauguração do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, em outubro de 1988, as visitas alvinegras se tonaram frequentes, fossem para jogos amistosos contra equipes locais ou até mesmo para usar o apoio dos alvinegros do interior para fugir da pressão da torcida no Rio de Janeiro, quando a equipe lutava para escapar de rebaixamentos, como em 99, quando venceu a Portuguesa por 1 a 0, e em 2004, no empate diante do Vitória, em 1 a 1. Só que o time não vinha para Juiz de Fora apenas em momentos ruins. Em 2003, quando liderava a Série B do Brasileiro e vivia boa fase, o Glorioso colocou mais de 20 mil alvinegros no Mário Helênio e venceu o América-MG por 2 a 1. A última visita ao município, porém, foi com derrota. Em 2014, o Goiás mandou o duelo em Juiz de Fora e venceu o Glorioso por 2 a 0, pelo Brasileirão.


Quanto às pré e inter-temporadas, na última década o Botafogo foi duas vezes para a região. No início dos anos 2000, a equipe fez a preparação para o Estadual em Cataguases. Em 2006, depois de ter sido campeão Carioca, o Fogão aproveitou a pausa do Brasileirão e retornou a Juiz de Fora para um período de treinos. Na época, o time do técnico Cuca ficou duas semanas na cidade e fez dois jogos contra Tupi-MG e uma seleção formada por destaques do interior, que disputaram o Campeonato Mineiro. Vitórias por 4 a 3 e 3 a 0, respectivamente.


Bandeira alvinegra no canto da mesa
 confirma paixão de Mário Guerra pelo Botafogo

(Foto: Reprodução/Facebook)
Na visão do Doutor em Jornalismo Esportivo, ex-repórter de campo e botafoguense, Márcio Guerra, as idas do Botafogo a Juiz de Fora contribuíram para a paixão alvinegra não só na cidade, mas também na região. Porém, ele acredita que a influência da imprensa juiz-forana da época também justifica o tamanho da torcida do Fogão na Zona da Mata.


– Não existe nenhum estudo que explica essa paixão. Mas o Botafogo e os times do Rio de Janeiro vinham muito para Juiz de Fora nos anos 40, 50 e 60. Além disso, as rádios de Juiz de Fora, como a Industrial e a PRB-3, transmitiam muito do Maracanã, tinham cabines montadas lá e grande audiência na cidade. O rádio era o veículo da moda, e o Botafogo formou grandes equipes naquele período, o que atraía muito a atenção das pessoas. Daí em diante, as transmissões prosseguiram e a paixão dos botafoguenses foi passando de geração em geração, o que pode justificar o tamanho da torcida na região – explicou.


Quem participou de várias coberturas envolvendo o futebol carioca e o próprio Botafogo foi o jornalista Nelson Júnior. Botafoguense e repórter da antiga Rádio PRB-3, ele afirma que nas épocas de cobertura do Alvinegro passou a ser menos torcedor e mais jornalista. No entanto, mesmo levando com profissionalismo o acompanhamento das partidas do clube no Rio e em Juiz de Fora, Nelson guarda com carinho um momento, após a conquista do Carioca de 1989.

Nelson Junior (esq.) é figura certa em jogos do Botafogo (Foto: Reprodução/Facebook)

– Nós fizemos a cobertura da final contra o Flamengo em 89 no Maracanã e foi algo fantástico. Só depois do jogo que comemorei realmente como torcedor, pois estava transmitindo a partida e sempre fui muito profissional. Mas o que veio depois é o que me lembro com muito carinho. Algum tempo após a conquista, o clube veio a Juiz de Fora para um período de treinamentos. Na época, Emil Pinheiro era o presidente. Quando ele me viu, me reconheceu, já que fazíamos muitos jogos no Maracanã. Ele achava que nós fôssemos uma rádio do Rio de Janeiro, pela frequência com que transmitíamos nos estádios cariocas. Na oportunidade, eu fiz uma matéria com ele. Quando acabou, ele tirou um broche do blazer dele, com uma estrela, e me deu. Acho que foi uma prova de reconhecimento pelo trabalho. Tenho ele até hoje e guardo com muito carinho – contou.



SÃO JOÃO NEPOMUCENO: BERÇO DE ALVINEGROS

Estátua de Heleno de Freitas comprova como ídolo alvinegro é figura importante em São João Nepomuceno (Foto: Fellype Alberto)

Garrincha, Jairzinho, Túlio Maravilha: o número 7 sempre esteve em evidência na história do Botafogo. Curiosamente, a sétima cidade com maior concentração de curtidas do Alvinegro é São João Nepomuceno, município que reúne personagens importantes na história do clube.


O maior deles é Heleno de Freitas. Nascido e criado na cidade, o atacante foi um dos primeiros grandes ídolos da história do Botafogo e o principal "filho" de São João, com direito a estátua no centro da cidade. Prima de Heleno, Clélia de Freitas Botti, de 97 anos, conviveu com o craque durante a infância e afirma que o fato dele ter muitas amizades na cidade contribuiu para que a torcida alvinegra no município aumentasse quando ele acertou sua ida para o Botafogo.


Clélia de Freitas Botti, prima de
Heleno de Freitas
(Foto: Tamires Freitas/Arquivo Pessoal)
– Ele jogava bola o dia inteiro na rua com os meninos quando era criança, adolescente. Só dava alguma confusão quando quebravam alguma vidraça. Mas ele era muito querido, todos gostavam muito dele. Quando começou a jogar pelo Botafogo, no Rio, certamente a cidade começou a torcer por ele, pois ele e a família eram muito conhecidos na cidade – disse.

De acordo com Clélia, a fama de brigão e de um cara mal visto pelos adversários não se confirmava entre as pessoas de São João, onde existia um Heleno brincalhão, bem diferente do que muitos falavam.


– Na rua ele não brigava, levava tudo na brincadeira. Todos gostavam dele. Ele nunca foi de brigar com os amigos por causa de pelada, nunca foi. Mas quando ele entrava em campo, ele se transformava – lembrou.


O GloboEsporte.com também conversou com outra pessoa da família do ídolo alvinegro. Helenize de Freitas é sobrinha de Heleno, mas afirmou que, embora grande parte da simpatia da cidade pelo Botafogo parta do tio, um outro personagem também tem sua parcela de responsabilidade pelo fato da cidade ter muitos alvinegros.


Embora fosse gaúcho de nascimento, João Saldanha tinha laços fortes com a família são-joanense. Tio de Bebeto de Freitas, ex-presidente do Botafogo, que é primo de Heleno de Freitas, o jornalista fazia visitas frequentes ao município na década de 1950. Segundo Helenize, a figura do ex-técnico da Seleção também chamava muito a atenção dos alvinegros da cidade.


– Não era só por ele, não. Quando o Tio Heleno vinha para cá, geralmente vinha também o João Saldanha, que era uma pessoa muito festejada e conhecida na cidade. A família era muito ligada a ele. Na verdade, todos na cidade eram. Quando ele chegava era uma festa. Chegava com aqueles carros grandes, bonitos e todo mundo sabia que era ele que estava chegando. Tem muita história – concluiu.

Embora fosse gaúcho, João Saldanha costumava ir a São João Nepomuceno com frequência (Foto: agência Gazeta Press)

Por Bruno Ribeiro Juiz de Fora, MG/GE

Cheio de dúvidas, Ricardo Gomes não revela time e treina várias opções


Daniel Carvalho dificilmente atuará. Neilton e Carleto também estão com problemas médicos e podem ser desfalques. Técnico aguarda o parecer do DM do Botafogo




Ricardo Gomes ainda não tem certeza de qual time poderá colocar em campo contra o Santa Cruz neste sábado. Isso porque três jogadores podem ser desfalques por questões médicas. Daniel Carvalho é o que tem a maior probabilidade de não jogar. O meia sentiu uma lesão na coxa direita contra o Luverdense, realizou exame na quinta à noite, mas ainda não tem o resultado. Neilton, por sua vez, sofreu um pisão no pé na mesma partida e está com dores. Carleto sente o púbis desde o primeiro turno e pode ficar fora. Além dos três, Renan Fonseca também está suspenso e não poderá atuar.

Ricardo Gomes testou várias opções no treino para enfrentar o Santa Cruz (Foto: Vitor Silva / SSPress / Botafogo)
Em coletiva após o treino, o técnico esclareceu apenas a vaga na zaga. No caso de Carleto atuar normalmente, quem atuará no lugar do Renan é Diego Giaretta. Caso Carleto não entre em campo, Giaretta vai para a lateral, e Emerson irá para a zaga.


- Temos a possibilidade do Emerson e do Giaretta (para a vaga do Renan Fonseca). Mas depende da situação do Carleto também. Não é essa minha dúvida (Ronaldo ou Navarro). Minha dúvida é contar ou não com o Daniel e o Neilton - disse Ricardo.


No treino desta sexta-feira, Ricardo Gomes testou uma série de opções em atividade técnica. Navarro treinou no ataque e está disponível para o jogo contra o Santa Cruz. Para o lugar de Daniel Carvalho, Elvis e Diego Jardel são alternativas.


O provável time é: Helton Leite; Luis Ricardo, Roger Carvalho, Giaretta (Emerson) e Carleto (Giaretta); Rodrigo Lindoso, Camacho, Willian Arão e Diego Jardel (Daniel Carvalho); Neilton (Ronaldo) e Navarro.


O duelo com o Santa Cruz será às 17h30 (de Brasília) deste sábado. E pode sacramentar o títullo da Série B para o Botafogo. Para isso, porém, o Alvinegro precisa vencer e torcer para o América-MG, que joga às 21h, perder ou empatar.


Por Jessica Mello Rio de Janeiro/GE

Boa fase, assistências, ação social e "atleta de novo": o D. Carvalho do Bota


Após quase dois anos longe dos gramados, meia volta ao futebol no Botafogo, tem boas atuações, é o garçom do time e inspira o filho a seguir mesma carreira





Daniel Carvalho chegou de mansinho. Em fevereiro, passou a treinar no Nilton Santos. Sem contrato, apenas na vontade. Recuperando, aos poucos, a forma física, foi chamando a atenção de René Simões, então técnico alvinegro. E o voto de confiança foi dado no fim de abril. Firmou a relação de trabalho com o clube e foi conquistando seu espaço. Especialmente nesta reta final de Série B, tornou-se peça importante do meio-campo alvinegro. Armador, é o garçom do time, com oito assistências. Uma das principais, talvez, veio nesta terça-feira, ao tocar para Ronaldo fazer o gol do acesso do Botafogo à primeira divisão do futebol brasileiro contra o Luverdense.


Foram quase dois anos parado até voltar ao futebol. Seu último clube havia sido o Criciúma, em 2013. Hoje, como o próprio afirma, é um atleta novamente.


- Me sinto bem. Estou conseguindo correr, marcar, dar assistências... Hoje posso me considerar de novo um atleta. No início, não sabia se seria. Sabia que sofreria. Sabia que teriam muitas críticas, torcedor e imprensa não teriam paciência comigo. É problema meu que parei de jogar. Mas, hoje, me sinto muito bem. Pena que o meu melhor momento acabou sendo na reta final. Agora, entrando de férias, é me cuidar muito bem e ano que vem é dar continuidade - disse, em entrevista do GloboEsporte.com.

Daniel Carvalho é o jogador que mais deu assistências no Botafogo nesta temporada (Foto: Jessica Mello)

Um contato para uma renovação de contrato para o ano que vem não aconteceu ainda por parte da diretoria do Botafogo. Daniel Carvalho, no entanto, se diz tranquilo e tem uma única certeza, por ora: em 2016, estará jogando futebol, seja onde for.


Seja nos campos ou não, o meia de 32 anos tem uma vida já preparada para quando o corpo não lhe permitir mais atuar na profissão desejada. Em Pelotas, na região sul do Rio Grande do Sul, sua cidade natal, conta com três empreendimentos: uma academia e um parque aquático, ambos ainda em construção, e um complexo esportivo, onde tem o seu time de futsal.


É na cidade também que se concentram suas ações sociais. Recentemente, ele contou com o apoio dos companheiros de Botafogo, especialmente do goleiro Jefferson, para leiloar camisas autografadas do Alvinegro. Toda a renda arrecadada - o próprio Daniel também doou um valor - foi revertida em doações para os desabrigados pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul.


Sobre esses assuntos e mais, confira a entrevista completa com o jogador:



Festa da torcida

- Foi legal. Sinceramente, não imaginava que poderia ir tanta gente. Sentimento de dever cumprido, de que fizemos tudo o que precisava ser feito para subir, tudo corretamente, tudo direitinho, honestamente, um ajudando o outro. Acho que merecíamos, porque esse grupo sabemos que não é diferenciado em termos de técnica, não temos tanta qualidade, mas em termos de um ser amigo do outro, o comprometimento que um assumiu com o outro, nada mais justo que essa classificação de acesso com três rodadas de antecedência.

Torcedor está satisfeito com o acesso? Está. Mas só vai estar completamente com o título".
Daniel Carvalho


Respirar mais aliviado?

- Não, porque se não conseguirmos esse título, a lua de mel já acaba com o torcedor. Com certeza o torcedor vai cobrar o título. Nós também não estamos contentes só com o acesso, queremos o título. Nesses três jogos, até a definição do título, sabemos que teremos bastante responsabilidade e que a cobrança será muito maior. Torcedor está satisfeito com o acesso? Está. Mas só vai estar completamente com o título.


O cara que mais deu assistências

- Brinco que o meu gol é dar passe para o colega fazer. Nunca fui um jogador de finalizações. Sinto-me muito contente, não pelo passe para o gol do Ronaldo, mas, sim, pelos próprios jogos, podendo cumprir o meu objetivo que é de colocar os companheiros na cara do gol. Às vezes não acontece, não sai o gol. Não posso dar o passe e ir lá finalizar. Até porque, se eu fosse finalizar, as chances de errar seriam muito maiores. Fico contente pelo meu desempenho nos jogos, porque sempre consigo uma bola, no mínimo, deixar o colega em situação de chute. Fico muito feliz quando consigo participar, dar uma assistência. Essa sempre foi a minha característica. Nunca fui de fazer gols. Aliás, essa foi a maior propaganda enganosa (risos), quando na minha estreia eu fiz um gol. Passei uma imagem, todo mundo achava que eu poderia ser goleador e, se não me engano, tenho três gols só.

Daniel Carvalho foi contratado pelo Botafogo no fim
de abril deste ano, após um período de
treinos (Foto: Satiro Sodré / SSPress)

Falou com quem primeiro após o acesso?

- Peguei o celular, comecei a responder todo mundo, família, namorada, amigos. Era muita gritaria no vestiário. No telefone mesmo, acho que foi o meu pai, que me ligou quando eu estava dentro do ônibus. Mas também estava uma gritaria. Nem conversamos direito. No hotel mesmo é que acabei retornando as ligações.

Família presente em Criciúma

- Foi legal, não só por ter a família lá. Por poder estar lá convivendo com eles um pouco. Porque eu fico aqui no Rio, e eles ficam lá no Sul. Temos pouco convívio de estarmos juntos pessoalmente. Então foi um final de semana bacana, legal. Meu filho adora estar com o meu afilhado e com a minha sobrinha também. Eles ficaram brincando. Minha mãe estava lá, meu irmão, minha irmã, amigos... Foi algo diferente. Sabíamos que, dentro do Brasileiro, seria a única partida que poderia reunir toda a família. Vamos ver se no último jogo, contra o América-MG, conseguimos reunir todo mundo aqui no Rio.

Entrada em campo com o filho

- Já tinha entrado em campo com ele em um outro jogo, agora não me lembro qual. Mas nesse jogo (contra o Criciúma) entrou eu, meu filho, meu afilhado, minha sobrinha... Entrou todo mundo. Foi um dia especial. Poderia ter encerrado com chave de ouro, com o acesso, mas não conseguimos. Mas o Criciúma também conseguiu se distanciar da zona do rebaixamento. Sou um cara que tem um carinho pelo Criciúma também, joguei lá, fui muito bem garantido. Então, conseguimos o acesso na rodada seguinte, o Criciúma venceu mais uma, praticamente está fora de risco de rebaixamento, todo mundo ficou feliz.

Nunca tive frescurinha, nunca tive vaidade de achar que preciso estar em ótimos lugares para ser feliz. Estando bem acompanhado, como com o pessoal do Bota no dia a dia,
e estando feliz, isso é indiferente".
Daniel Carvalho


Clima no sábado atrapalhou?

- Onde o Botafogo estiver, especialmente no interior, sempre vão lotar os hotéis. Várias pessoas querem ter uma foto com um jogador. Ainda mais quando está o Jefferson, um ídolo não só do Botafogo. Todo mundo adora ele. Goleiro de seleção brasileira. Então claro que leva gente. O que aconteceu em Criciúma foi que perdemos por méritos do Criciúma. Não conseguimos ter a competência de fazer os gols nas chances que criamos. Não acho que existiu um "oba oba". O que aconteceu lá, acontece em todos os jogos do Botafogo.

Da seleção brasileira à Série B


- Sou super tranquilo. Até brinco que já joguei quatro ou cinco Champions League e vou jogar agora lá no interior da Série B. Isso faz parte. Foi o que eu escolhi. Nunca tive frescurinha, nunca tive vaidade de achar que preciso estar em ótimos lugares para ser feliz. Estando bem acompanhado, como com o pessoal do Botafogo no dia a dia, e estando feliz, isso é indiferente. Passamos por algumas dificuldades nessa Série B, alguns campos que para treinar era de péssimas condições, algumas vezes viajávamos um dia antes para poder descansar porque a viagem era muito cansativa, e, quando ia treinar, a situação era delicada... Até brincava, coitado do Jefferson, era o único cara que não podia estar com a gente naquele exato momento, porque, querendo ou não, é o goleiro da seleção brasileira. Mas eu nunca tive vaidade. Qualquer lugar está bom, qualquer coisa está boa. O importante é estar feliz e com prazer.


"Polêmica" do cartão contra o Criciúma


- Existiu essa polêmica. Todo mundo falou que eu ia forçar o cartão. Mas, às vezes, as pessoas não sabem, não convivem conosco no dia a dia... Eu e o Ricardo já tínhamos conversado, comissão técnica também, que a cada quatro ou cinco jogos que eu viria em sequência, ficaria de fora do próximo. Isso porque, no decorrer do ano, sempre sentia uma lesão muscular após o quinto jogo. Contra o Criciúma eu estava indo para o quinto jogo. Foi algo combinado para eu não forçar a musculatura. Já vinha desgastado, já vinha sentindo um desconforto. No jogo, estávamos perdendo, eu fui ser substituído, não sabia o que era para fazer, se era para tomar ou não. O combinado era para tomar, mas nós estávamos perdendo, ficando sem o acesso... Então saí normal, saí correndo e não tomei o cartão. Mas deu a coincidência. Fui para o sexto jogo (contra o Luverdense) e senti a coxa de novo. Às vezes as pessoas têm maldade em julgar, achando que queremos receber o cartão ou ser poupado por sacanagem. Não é isso. Existem algumas coisas que conversamos internamente e temos de resolver depois. No meu histórico, a cada cinco jogos, eu sinto uma lesão muscular. Era para descansar um jogo e poder jogar na outra semana. O resultado não permitiu, fomos para o jogo, senti a coxa, mas ao menos consegui dar o passe do acesso. Acho que ficou de bom tamanho (risos).

Diretoria do Botafogo ainda não procurou o jogador para analisar uma renovação de contrato (Foto: Vitor Silva / SSPress)


Condicionamento físico

- Quando jogávamos na terça ou na sexta, sempre o primeiro dia da semana, quando tínhamos a semana cheia, eu trabalhava em separado com o Emílio (Faro), na academia. Um trabalho em separado, tão ou mais forte que os jogadores que foram ao campo. Mas às vezes sai, "ah, o Daniel Carvalho foi poupado por dores musculares". Não, o Daniel não foi poupado. Ele está fazendo um trabalho forte na academia para que possa chegar na hora do jogo, correr e jogar bem, sem sentir nenhum desconforto. Isso deu resultado. Se analisar hoje, tirando o Renan (Fonseca), que é um anormal (o zagueiro atuou todas as partidas da Série B), acho que sou o jogador que tem mais jogos pela Série B. Tive uma sequência muito boa esse ano. Lesões, pouquíssimas. Quando tive, recuperei logo. Fisicamente, esse ano não foi o problema. Acho que o maior foi o ritmo mesmo, que precisava voltar a pegar. Mas não era fácil pois fiquei quase dois anos parado.

Me sinto bem. Estou conseguindo correr, marcar, dar assistências... Hoje eu posso me considerar de novo um atleta. No início, não sabia se seria. Sabia que sofreria. Sabia que teriam muitas críticas, torcedor e imprensa não teriam paciência comigo. É problema meu que parei de jogar. Mas, hoje, me sinto muito bem. Pena que o meu melhor momento acabou sendo na reta final. Agora, entrando de férias, é me cuidar muito bem e ano que vem é dar continuidade.

Hoje eu posso me considerar de novo um atleta. No início, não sabia se seria. Sabia que sofreria. Sabia que teriam muitas críticas".
Daniel Carvalho


Renovação
- Ninguém me chamou. Eu também não vou sair atrás, até porque não cabe. Existe um contrato, que eles têm de dar uma posição até 30 de novembro. Eu estou tranquilo. Brinco, "voltei para o mercado". Se eu não ficar no Botafogo, acho que tenho condições de continuar jogando em outro clube. Onde, eu não sei. Estou tranquilo, estou contente nesta reta final. Se eu continuar no Botafogo, legal, vou ficar com o maior prazer e satisfação. Se eu não ficar, vou continuar torcendo. Tomara que faça um grande trabalho na Série A. Mas o importante é que estou feliz. Sei que não preciso ficar com uma pulga atrás da orelha para provar para alguém que tenho potencial para jogar ano que vem. O que estou fazendo nos últimos meses me dá credibilidade para me considerar um jogador de novo. Coisa que não fazia nos últimos anos, pouco antes de parar.

Independente de onde eu for jogar, tenho certeza que vou continuar jogando.

Até quando vai jogar?


- Estou com 32 anos. Ano que vem estarei com 33. Claro, não vou ser um Zé Roberto (risos). Mas se eu continuar me cuidando como me cuidei esse ano, se continuar a melhorar e evoluir a parte física, creio que posso jogar mais uns dois ou três anos. Varia muito. Sou aquela pessoa que não gosto de "ficar roubando", como se diz na linguajar de jogador. Se eu achar que não tenho mais condições, só tendo lesões, sem corresponder, aí eu paro. Única coisa que não quero é ficar forçando uma situação em que o corpo não permite e não ajuda.

Projetos fora futebol

- Temos uma academia que está em obras, temos um parque aquático, também em obras. Todo o investimento que faço é em Pelotas (sul do Rio Grande do Sul), que é onde eu nasci. Tem também o centro esportivo, que tem quadra de futsal, grama sintética... Meus investimentos sempre foram lá. Tendência é, quando eu parar, tocar tudo isso em Pelotas.

Tenho ainda o time de futsal também, tem a equipe adulta e juvenil. Equipe infantil é a que está indo melhor, está na semifinal do estadual. Domingo agora tem o segundo jogo. Espero que vá para a final. Gurizada está fazendo bonito. Consigo acompanhar pela internet só, de longe. Mas eu gostaria de poder acompanhar mais de perto.

Filho vai seguir os passos de jogador?

- Ele (João Paulo, 7 anos) treina segunda e quarta no Internacional. Quando temos folga segunda, eu consigo viajar para lá e acompanhar ele, ver os treinos. Ele é fanático. Só quer saber de jogar bola. Onde tem um espacinho, ele está jogando. Ele já tem uma vantagem, que é de ser canhoto. E canhoto ou é bom ou é ruim, a gente não conhece um canhoto mais ou menos (risos). Espero que o meu filho seja um canhoto bom. E estude! Mas, se no futuro, ele quiser ser jogador de futebol, vai contar com o meu apoio.

Ele está em uma fase agora de querer colocar luvas. E eu brinco com ele, "não, meu filho! Goleiro, não, goleiro não dá dinheiro" (risos). Mas sei que ele está gostando dessa fase de jogar futebol. Tomara que ele possa continuar com essa vontade.

Ele gosta de jogar no ataque. Mas não é que nem o pai, não gosta de marcar muito, só fica lá na frente. Às vezes eu grito, falo para ele, não adianta só ficar lá na pescaria, né? "Volta, tem de ajudar!". Se não, ele fica só parado lá na frente. Mas é a fase, a idade. Agora ele já vai um pouco mais para trás. Para a idade dele, ele já é bem grandinho, tem altura e força, maior que os amigos. Aí ele fica lá na frente, se prevalece, e chuta forte. Mas agora ele já tem muito mais noção do que tinha há uns anos.

Doação após as chuvas em Pelotas (RS)

- Eu tento fazer todos os anos. Já fiz jogo de futsal, jogo de futebol de campo beneficiente. Para tentar ajudar. Não conseguimos ajudar tudo o que gostaríamos. Mas tudo o que podemos, ajudamos. Lá em Pelotas, de 30 dias, 21 choveram. Achei que poderia ajudar de alguma forma. Na mesma hora que eu pedi a ajuda, o Jefferson se comprometeu a ajudar, doou a camisa. Teve uma de todo o time também, assinada. Foram muito bem vendidas as camisas. Deu perto de 11 mil reais tudo o que juntamos. Ainda não deu para comprarmos tudo, pois é meu pai e minha madrasta quem estão fazendo isso. Eles vão ao supermercado, comprar comida, água... Já foram com uns três carros descarregar. Ainda tem dinheiro para comprar e doar.


Por Jessica Mello Rio de Janeiro/GE