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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Em carta, irmãos Moreira Salles deixam claro que não querem "ser donos do Botafogo"


Bilhete foi enviado ao clube junto com auditoria feita pela Ernst & Young; em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, João diz que intenção dos empresários foi indicar possíveis saídas




João Moreira Salles — Foto: Reprodução


O estudo encomendado junto à Ernst & Young poderá ser a única contribuição dos Moreira Salles ao projeto Botafogo S/A. Ao jornal Folha de São Paulo, João Moreira Salles disse que os empresários não pretendem se tornar acionistas majoritários do clube.


- O que meu irmão e eu fizemos foi apenas contratar um estudo sobre a situação do clube, um diagnóstico dos problemas, seguido de indicações de possíveis saídas. Recebemos o trabalho e o passamos à diretoria do Botafogo.


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Ao encaminharem o documento ao Botafogo, João e Walter enviaram junto uma carta, na qual esclarecem não terem a intenção de assumir o clube.


O estudo prevê uma mudança no modelo atual de gestão do clube com a criação de uma SPE (Sociedade de Propósito Específico). Para isso, será necessária uma alteração no Estatuto do Botafogo. O assunto será discutido em reunião do Conselho Deliberativo em setembro.


Veja a carta enviada ao Botafogo pelos irmãos:

"Nosso compromisso com o Botafogo cessa com a entrega do estudo. Não temos projetos políticos pessoais em relação ao Botafogo. Não seremos candidato a nada, tampouco temos predileção para que o clube se torne isto ou aquilo – seja agremiação sem fins lucrativos, clube social, fundação ou empresa. Acima de tudo, não queremos ser donos do clube. Se essa possibilidade surgisse graças a mudanças no estatuto, nem assim nós a perseguiríamos. Nossa única intenção ao contratar a EY foi entregar ao Botafogo um roteiro realista dos caminhos possíveis a serem percorridos. A partir daí, caberá ao clube, e só a ele, definir o seu futuro".


Fonte: GE/Por GloboEsporte.com — Rio de Janeiro

Mufarrej encoraja projeto dos Moreira Salles: "Pelo Botafogo, fico em 10º plano"


Presidente afirma que ainda não foi definida uma liderança para tocar a SPE, que irmãos não serão os condutores do processo e garante empenho para a ideia sair do papel já em 2020



Fred Gomes/GloboEsporte.com



Assunto que adoça e não sai da boca dos alvinegros, a entrada de investidores no futebol do Botafogo com a formação de uma SPE (Sociedade de Propósito Específico), plano proposto pelo estudo encomendado pelos irmãos Moreira Salles, é debatida diariamente pelo clube. Mas quando a "Botafogo S/A" sairá do papel? Que benefícios imediatos trará? O torcedor pode esperar por um timaço já em 2020?

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O GloboEsporte.com fez essas e outras perguntas ao presidente Nelson Mufarrej em entrevista com mais de uma hora de duração. Mufarrej explicou que não pode ser específico ainda por se tratar de um processo em formação. Segundo ele, o comando da operação não está definido e nem quem serão os investidores. Garantiu, porém, que há enorme entusiasmo dele e de seus pares em viabilizar o "Novo Botafogo" o mais rapidamente possível.


Foi além. Se o acerto for formalizado, deixará o comando do futebol, carro-chefe do clube. Problema para Mufarrej?


- Já me perguntaram: "O que o senhor, como presidente, acha disso? Então o senhor vai ficar no segundo plano". Pelo Botafogo, eu fico em 10º plano.


Confira o papo na íntegra abaixo:

O Conselho Diretor já aprovou o estudo encomendado pelos Moreira Salles. Para ser oficialmente avalizado, basta a anuência do Deliberativo em setembro, certo? Quando efetivamente deve começar? O que precisa ocorrer para o projeto começar logo em janeiro de 2020?


Primeiro lugar: quando tivemos naquela sexta-feira (26 de julho) na Ernst & Young, ficou combinado de que assinaríamos uma carta de concordância ou não. Eu tomei a iniciativa de logo dizer a todos presentes que estávamos plenamente de acordo. E que se houvesse essa carta, que nos mandassem o mais rapidamente possível para pegar a assinatura de todos os vice-presidentes que estavam presentes e dos que não estavam presentes.


Essa carta não veio, mas o projeto em si está aprovado, não tenho o que dizer nada contra o projeto, mas é um projeto ainda conceitual. Agora sim ele tem de sair do papel, têm as etapas a serem cumpridas.


Só que essas etapas, na minha opinião, têm que ser muito rápidas. Porque entre dezembro e janeiro nós vamos poder transferir os direitos federativos para a SPE que vai ser feita.


Caso contrário, só no ano seguinte. Não tem jeitinho, é aquilo ali, e isso tem que ser respeitado. Isso nos preocupa. Existe um trabalho que está começando a ser feito. É preciso saber quem vai fazer parte da SPE, ou seja, quem são os investidores efetivamente.



João Moreira Salles — Foto: Reprodução



Preocupação em evitar o nome "Projeto Moreira Salles"

Com relação ao nome que foi dado, "Projeto Moreira Salles", isso incomoda muito a eles. Eu gostaria que todos falassem "Projeto dos Investidores". Não tenho dúvida, acho eu, de que eles vão fazer parte. Mas eles não querem que fique essa responsabilidade. Eles deram o projeto para nós. Simplesmente falaram "Toma esse projeto, Botafogo". Os botafoguenses de relação com eles que participaram diretamente desse processo e que vão efetivamente começá-lo. Eles não participaram.


Foi a Ernst & Young, teve a parte jurídica. Então, outras pessoas que vão se arrumar para cumprir todas as etapas necessárias para a formação e efetivação desse projeto. Esse é o funcionamento. Temos 15 dias de agosto, setembro, outubro, novembro e 15 dias de dezembro por causa das festas, e a CBF fecha também. E a gente tem o início de janeiro. É um tempo muito rápido.


Eu vejo esse projeto como importantíssimo para a sobrevivência do Botafogo, a nossa sobrevivência. Nós, botafoguenses, estamos ansiosos para que esse projeto se realize.


"Pelo Botafogo, eu fico em 10º plano"


Já me perguntaram: "O que o senhor, como presidente, acha disso? Então o senhor vai ficar no segundo plano". Pelo Botafogo, eu fico em 10º plano. Isso aí me dá tranquilidade e um incentivo de trabalhar para que esse projeto saia. E que a gente chegue ao final com todo mundo vendo o Botafogo numa nova fase.


É difícil? É difícil. Mas aí digo a todos os botafoguenses que fatalmente podem ajudar o Botafogo: "Venham ajudar o Botafogo". O Botafogo precisa dessa ajuda, de pessoas que vão se unir pelo engrandecimento e para o Botafogo voltar a ser aquele Botafogo que conhecemos com Garrincha, Amarildo, Quarentinha, Nilton Santos, Manga... Aquele clube que mais cedeu jogadores à seleção brasileira. Isso é muito importante.



Nelson Mufarrej — Foto: Fred Gomes/GloboEsporte.com


É um momento importante do Botafogo, e a gente precisa de muita união para colocar realmente esse projeto em andamento final. Ou seja, a partir de janeiro de 2020.


E qual é o passo a passo para que seja iniciado já em 2020?

Eu não sei ainda se a Ernst & Young vai continuar, se ela já avançou em algum ponto no projeto em si. Não temos ainda uma concepção efetiva de quem irá. É dos grandes botafoguenses? Dos grandes investidores que vão se unir? Alguém vai chamar? Ou é através desse projeto da Ernst & Young? Hoje (sexta) completam duas semanas que tomamos conhecimento do projeto. Várias pessoas estão se movimentado, inclusive eu. Toda a diretoria sente a movimentação, mas uma pessoa tem que liderar. E ainda não existe essa pessoa liderando.


Os irmãos não vão liderar, eles vão ficar equidistantes examinando como vai ser o andamento desse projeto. Se vão participar ou não, eles que vão determinar. Por isso, eu já estou chamando de grupo de investidores. Eles podem estar ou não. Eles já disseram isso: "Talvez não".


Todo mundo estava achando inicialmente que um dia eles chegariam aqui na Sala da Presidência e falariam: "Dá licença, presidente, botamos o dinheiro aqui e nós que vamos gerir". Ótimo se eles fizessem isso. Estaria abraçando muito a eles. Mas eles não querem. A gente não pode exigir isso deles.


Há pessoas mais extrovertidas e outras introvertidas, que não gostam de aparecer. Eles vão ao estádio e ficam na arquibancada sentados, vibrando pelo Botafogo. São pessoas muito simples, discretas, inclusive com todo o poderio econômico que eles têm.


Eles (Moreira Salles) deram o pontapé inicial, o jogo já começou. A bola já começou a rolar e tem que rolar nesses 90 minutos, ou seja, nesses cinco meses restantes.


Mas quais são as etapas efetivamente?


Penso inicialmente que você tem que ter a liderança, tem que ver realmente quem são os investidores porque você só pode formar a SPE se você os tiver. Você pode formar a SPE com cinco ou seis investidores. O local já temos, bom que o Botafogo tem várias sedes. Não tem problema. Quando não se tem o local, é preciso procurar um e alugá-lo.


É preciso ver também que a Companhia Botafogo (pessoa jurídica criada em 2007 para administração do futebol alvinegro) tem a concessão do estádio. A concessão do Nilton Santos vai para a SPE? Não. Continua com o Botafogo. Pode ser uma locação ou um acordo. São etapas cheias de detalhes que vamos ter. Para eu falar todas as etapas, posso estar errando.


É preciso também saber quantos serão os investidores. Disseram que é preciso R$ 332 milhões, mas vamos arredondar para R$ 300 milhões. Pode-se pegar 30 investidores com R$ 10 milhões. Evidentemente que vamos ter que levar esses detalhes para o Conselho Deliberativo ou para a Assembleia Geral.


Será em setembro essa sessão no Conselho?


Setembro vai ter uma reunião do Conselho Deliberativo, eu gostaria de ter antes. Até para se houver uma necessidade de alteração no Estatuto do Botafogo, que é pequena. Não tem nada de mirabolante no meu entendimento, mas estamos vendo isso friamente. Tomara que seja antes. Fazendo uma comissão estatutária rapidamente, aprova isso, e acho que a Assembleia Geral também aprova. Acho que é interesse dos botafoguenses. Não vejo nenhum botafoguense contra esse projeto.


O botafoguense quer ver o Botafogo sem essas dificuldades que temos e sem essas dívidas que nos atrapalham. São penhoras atrás de penhoras a cada dia. Eu chego aqui, vejo o celular e teve mais uma penhora. Risco de penhora é o termo mais usado aqui (risos).


A gente tem que sair correndo para tentar negociar essas ações a fim de que a receita não seja totalmente comprometida.


A "venda" ou a "locação" do futebol para a Botafogo S/A que será criada não prejudicará o desenvolvimento do clube social? Pela ideia com o aporte financeiro, os salários do futebol ficariam em dia. Mas e os dos funcionários?


É um outro ponto. A parte de pessoal vai ter que ser realocada. Quando o futebol passar para a SPE, como vai ser gerida a dívida existente? Vai ser gerida pelo Botafogo de Futebol e Regatas ou pelo outro Botafogo, que é a SPE? Ela que vai dar o dinheiro e controlar a negociação dessas penhoras? Isso tudo vai ter que ser definido.


Vamos dizer que as partes do futebol e das penhoras foram todas para a SPE, então ali vai ficar um grupo de pessoas que está administrando. E aqui vai ficar um grupo bem menor. Você vai resumir o Botafogo de Futebol e Regatas ao remo, que é um esporte estatutário.


General Severiano vai ficar aqui com os Esportes Olímpicos, que hoje temos os projetos incentivados. Com a parte social, que a gente tem a piscina. Temos as escolinhas, temos o Mourisco, onde há uma receita muito boa da Churrascaria Fogo do Chão. Isso em princípio fica com o Botafogo. Hoje ela (receita da churrascaria) é direcionada para o pagamento de uma parcela de dívida.


São muitos detalhes para se chegar em dezembro e se fazer a SPE, e o Botafogo de Futebol de Regatas permanecer com suas atividades.


Mas com eles assumindo, o senhor acha que fica sustentável a situação dos funcionários do Botafogo de Futebol e Regatas?

Ah, fica. Talvez tenhamos que manter o atual quadro de funcionários aqui em General Severiano. Mas no Nilton Santos há funcionários que vêm para cá e que talvez fiquem somente no estádio. O piscineiro, por exemplo, vai ficar aqui. Se eu tenho quatro piscineiros, vou ficar com os quatro, porque o movimento de sócios é o mesmo.


Acho que dá para viver tranquilamente. Tem o shopping, que também nos dá uma receita.


A Sociedade de Propósito Específico (SPE) será formada apenas por alvinegros ilustres ou também contará com o investimento de empresários sem vínculo com o clube?


Ainda não há uma definição. Citei o exemplo de 30 investidores, sejam empresários ou ex-empresários que tenham dinheiro e queiram investir na SPE. A SPE tem que ser lucrativa, dar retorno aos investidores. Não estão dando dinheiro para o Botafogo. Há entrada e saída de dinheiro com retorno. O grupo ou uma pessoa que coordenar esses investidores que vai poder dizer efetivamente se vai ser com 30 investidores ou 100, por exemplo. Se a pessoa com valor menor vai poder entrar ou não.

Acho que esse é o momento mais delicado: conseguir os investidores e definir como se fazer (a SPE).


Pelo que apresentaram no estudo, seriam investidos cerca de R$ 300 milhões imediatamente para acabar com todas as dívidas bancárias, trabalhistas e cíveis. Feito isso, o Botafogo, mesmo que não se transforme numa potência inicialmente, conseguirá honrar com seus compromissos com o futebol?


Isso eu acredito que sim. Senão, é melhor nem fazer.


Vejo o seguinte: hoje o futebol tem que ter toda a atenção canalizada para a base, onde você tem a formação dos jogadores. No Brasil, há um celeiro de crianças que gostam e praticam futebol. Temos que saber explorar isso. Hoje os clubes têm que produzir os seus jogadores, não só para se tornar um ativo, mas também para trazer os resultados.



Nelson Mufarrej — Foto: Fred Gomes/GloboEsporte.com


Isso de dizer "eu tenho dinheiro e compro qualquer um" vai acabar. Acho que é preciso maior apoio das federações, da própria CBF, dando premiações mais fortes para incentivar os clubes a formarem bases fortes. Para que o futebol brasileiro volte a enfrentar uma seleção ou um clube inglês, italiano, francês ou espanhol na mesma condição ou melhor até. A gente ainda tem a supremacia, porque os bons jogadores vão para fora. A base é a sustentação do futebol brasileiro.


Há uma previsão de uma injeção de cerca de R$ 30 milhões para contratações em 2020 por parte dos investidores. Por mais que ainda não estejam definidos, eles já se comprometeram a formar um time competitivo visando Copa do Brasil e competições sul-americanas?


Se eles se comprometeram não sei, ainda não falaram comigo. De todos que a gente imagina que serão investidores, a intenção deles é essa. É um período muito curto. Em 2020, para se formar isso é preciso de um investimento muito grande. Não sei se com R$ 30 milhões, a gente consegue formar uma boa equipe. Apesar de termos jogadores que são nossos e permanecerão em 2020, e esse planejamento tem que ser feito. Não posso dizer se são R$ 15 milhões, R$ 30 milhões ou R$ 50 milhões. O investidor que vai analisar qual é a melhor estratégia.



Eu chego para você e digo "R$ 30 milhões está tudo bem, tá ótimo". Aí o cara chega e diz: "Não é nada disso, para formar um timaço preciso de R$ 80 milhões", ou então: "eu com R$ 10 milhões resolvo".


É possível esperar um Botafogo forte em 2020, talvez já como a segunda força do Rio de Janeiro? Já voltar a rivalizar com o Flamengo em condições de igualdade, por exemplo?


Até hoje a gente bate de frente com o Flamengo. Evidentemente que sim. Mas acho que isso tudo no momento é só suposição. O objetivo é voltar a fazer o Botafogo altamente competitivo.


Escutamos que após a reunião com a EY, o ex-presidente Montenegro o cumprimentou, dizendo que o senhor era o primeiro a deixar a vaidade de lado ao entender que o melhor é transferir o comando do futebol para outras mãos a fim de salvar o Botafogo. Não se incomoda mesmo em deixar a direção do carro-chefe do clube?


Se chegarem agora, a gente interrompe a entrevista, e disserem: "Presidente Nelson Mufarrej, o senhor vai ficar ali olhando. O senhor entrega seu cargo? Acabou, entrego a hora que quiser". Não por falta de capacidade, vamos colocar bem isso, sim para ajudar o engrandecimento do Botafogo.


Falei exatamente isso: não sou um cara vaidoso, sou vaidoso para certas coisas, mas não me apego a cargos. Exerci vários cargos no Botafogo e na vida pública. Quero contribuir a um cargo que exerço. Aprendi com meu pai. Ele não era um cara vaidoso.


É necessário que se crie um novo CNPJ até a primeira semana de janeiro para que o projeto entre em ação em 2020. Há algum risco de não dar certo e isso só se tornar viável em 2021?


Eu sou um cara altamente otimista. A gente fica preocupado e querendo saber como está, mas todos estão com esperança de que saia em 2020. A gente sabe da situação do Botafogo em 2020. É muito séria.


A receita do sócio-torcedor passará para a SPE, certo?


Sim, acredito que sim, porque é receita do futebol. Tudo que for receita do futebol vai passar para a SPE, a não ser o Nilton Santos, que é uma concessão da Companhia Botafogo.


Fonte: GE/Por Fred Gomes — Rio de Janeiro

Análise: Botafogo acorda na etapa final, e atacantes, enfim, voltam a decidir, na vitória sobre Athletico


Diego Souza e Luiz Fernando são as principais figuras alvinegras na virada por 2 a 1 sobre o Athletico-PR; time faz primeiro tempo muito ruim, porém volta mordendo do intervalo e vence



Alexandre Durão


Desligado no início, mordedor no segundo tempo. Assim foi o Botafogo nos 2 a 1 sobre o Athletico-PR, neste domingo, no Nilton Santos. Começou com a marcação desajustada e a criação praticamente nula, terminou tendo os homens de frente como peças-chave do triunfo. Diego Souza e Luiz Fernando marcaram os gols e jogaram muito. Lucas Campos foi uma grata surpresa, mudou a cara da equipe.



Melhores momentos: Botafogo 2 x 1 Athletico-PR pela 14ª rodada do Brasileirão 2019


O time de Barroca não vencia com gols de atacantes há nove jogos. A última vitória decidida por um jogador do setor foi a sobre o Vasco (1 a 0), em 2 de junho. Diego marcou na oportunidade.


Acorda, Botafogo


O Botafogo começou muito mal contra os reservas do Athletico-PR. Aos três minutos, Bochecha deu um exemplo do quanto o time estava frio e desligado, tentou dar passe de letra na saída de bola, e o rival quase abriu.


O Furacão sobrava em campo até chegar ao gol, aos 15 minutos, momento em que o Alvinegro ainda não tinha finalizado. Falha da defesa, que bateu cabeça, e especialmente de Marcelo Benevenuto. Entregou no pé de Thonny Anderson. Após o jogo, Barroca admitiu o apagão no começo.


- A gente não entrou na nossa plenitude de estar concentrado e ligado, a gente errou no timing e em algumas atitudes. Você erra um passe, vai pressionando errado, e o jogo vai ficando difícil. A gente não entrou no nosso nível.



Marcelo Benevenuto vacilou no gol — Foto: Alexandre Durão


- Mas mérito (pela virada) dos jogadores também. Talvez foi o intervalo mais tranquilo que tive no Botafogo, quando as dificuldades são coletivas, a responsabilidade é do treinador. Procurei focar nas questões coletivas para que a gente voltasse a ter predominância coletiva, e acho que deu certo.


A sorte é que o Athletico também deu de bandeja o empate. Marcelo Benevenuto fez cruzamento na direção do goleiro Caio, que saiu mal, trombou em Pedro Henrique, e deixou Luiz Fernando na boa.


O gol fez o Botafogo crescer em volume de jogo e agressividade, mas insistia em cruzamentos, e Rodrigo Pimpão, em uma tarde ruim, tomava decisões erradas quando tinha espaço nas costas de Abner.


No primeiro tempo, o Botafogo deu muito espaços pela direita. Marcinho fechava a marcação no meio, e um corredor se abria pelo seu lado. Pimpão também não apresentava combatividade habitual nas recomposições.



Eduardo Barroca, técnico Botafogo — Foto: Alexandre Durão



Marcação se encaixa, e time passa a ter o controle do jogo


Botafogo voltou do intervalo com outra pegada, com o time mordendo e levando vantagem nas divididas. A marcação se encaixou, e o Athletico não produziu nada de interessante na etapa final. Luiz Fernando manteve o nível, e Diego Souza cresceu muito, sobretudo após Lucas Campos substituir Rodrigo Pimpão, aos 15 minutos.


Diego passou a cair mais pela direita, revezando-se com Lucas, que, liso, puxou vários contra-ataques e superou seus marcadores com facilidade. De lá, conseguiu dribles, cruzamentos e ganhou várias divididas.


O gol da virada veio em pênalti sofrido pelo veloz Lucas Campos, que foi atropelado por Pedro Henrique. Diego não perdoou e bateu muito bem.


Nos minutos finais, o camisa 7 foi fundamental. Pisou na bola, usou o corpo e manteve o Botafogo no campo de ataque. Luiz Fernando também teve participação marcante. Se já não tinha o mesmo ímpeto ofensivo, mostrou disposição para voltar, combater e chutar bolas para fora. Também foi inteligente ao prender a bola consigo nos acréscimos.


Diferença entre 1º e 2º tempos

As estatísticas do site Sofa Score escancaram a mudança do Botafogo do primeiro para o segundo tempo. Se levou um baile em finalizações na etapa inicial (13 a 4), superou o rival na complementar (7 a 5). Abriu mão dos muitos cruzamentos improdutivos. Foram 16 antes do intervalo e apenas seis após o retorno.


Diferença dos números do Botafogo no 1º e no 2º tempo — Foto: SofaScore



Legal também o fato de o time ter buscado o um contra um. Foram 23 tentativas de dribles na partida, com 12 acertos (quatro de Luiz Fernando). O Athletico tentou apenas quatro e acertou a metade.


Fundamental foi ver o ataque voltar a funcionar, e Luiz Fernando não escondeu a alegria com isso. Em contrapartida, disse que a importância da autoria dos gols fica em segundo plano, independentemente da posição.


- É muito importante. Eu e Diego fomos felizes e pudemos ajudar o Botafogo. O Lucas Campos entrou muito bem, é um moleque que batalha bastante e merece. Ficamos felizes, mas sendo atacante ou zagueiro fazendo gol, o importante é o Botafogo vencer.



Fonte: GE/Por Fred Gomes — Rio de Janeiro