Páginas

terça-feira, 11 de junho de 2013

Crea-RJ forma comissão e promete punição aos culpados por falhas no Engenhão

Instituição, no entanto, alega que, por lei, não pode realizar intervenções referente às obras



Relatório de fotos mostram atual situação do Engenhão (Foto: Divulgação)
Estádio possui muitos erros de projeto
(Foto: Divulgação)
Após o prefeito Eduardo Paes formar uma comissão com três engenheiros, que analisaram e detectaram falhas no projeto da cobertura do Engenhão, garantindo que o estádio precisará ficar fechado por 18 meses para reparos, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) se manifestou e, através de uma nota oficial, anunciou que também formará uma comissão de especialistas. A intenção, no entanto, é apurar se houve falha de algum dos profissionais que pertencem ao quadro da instituição.

O Crea-RJ, no entanto, afirma que a Lei "não permite que se realize intervenções ou laudos, no que se refere às obras." Por isso, promete sanções aos engenheiros, caso sejam comprovadas falhas no desenvolvimento do projeto do estádio.


Leia a nota na íntegra:

"O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro está formando uma Comissão integrada por especialistas para determinar responsabilidades e possíveis falhas no exercício profissional em relação à obra do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão. Os relatórios, até o momento, apontam o projeto da cobertura como centro dos problemas.
Baseado em relatórios de acompanhamento de fiscalização da atividade profissional, que identifica os engenheiros envolvidos na construção do estádio, o Crea-RJ tomará todas as medidas legais e possíveis para definir responsabilidades e, se for o caso, aplicar as devidas sanções.

Todas as Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs), que são obrigatórias, serão avaliadas. O Crea-RJ sabe, entretanto, que alguns dos profissionais envolvidos na construção do Engenhão, especialmente da estrutura metálica que sustenta a cobertura, são de outros estados, o que implicará em ações de outros Conselhos Regionais. “No que diz respeito aos profissionais com registro no Crea-RJ, vamos apurar responsabilidades”, disse o presidente Agostinho Guerreiro.

A Lei que instituiu os Conselhos, infelizmente, não permite que se realize intervenções ou laudos, no que se refere às obras. Portanto, o Crea-RJ somente pode fiscalizar o exercício profissional"


Leia mais no LANCENET! 

Engenhão: consórcios analisam e não há prazo para início das obras


Imediatismo fica apenas na notificação da Prefeitura do Rio, e Racional Delta Recoma pede para receber os laudos da comissão especial



Engenhão: prazo para reabertura é de 18 meses a
partir do início das obras (Foto: Fred Huber)
A Prefeitura do Rio notificou na segunda-feira, via Diário Oficial, os consórcios Racional Delta Recoma e Engenhão para que dessem início às obras de reforço estrutural dos arcos e cobertura do estádio, interditado desde o dia 26 de março. Embora a palavra "imediato" esteja escrita no comunicado, ainda não há um prazo para que a intervenção aconteça.

Em comunicado oficial, a Secretaria Municipal de Obras informou que aguarda a resposta dos consórcios sobre as notificações. No entanto, não estipula um prazo, e a expectativa é de que a situação se prolongue. Inicialmente, a previsão é de que o Engenhão fique 18 meses fechado para a correção dos problemas.

"A publicação no Diário Oficial formaliza e dá ciência às partes sobre a conclusão do relatório final da Comissão Especial, designada para analisar os laudos e estudos técnicos existentes sobre o Estádio Olímpico João Havelange, através do Decreto n 37.152/13. A partir da ciência formal sobre a quem cabe a responsabilidade legal, devemos aguardar a resposta dos consórcios devidamente notificados", diz o comunicado da Secretaria de Obras.

O processo começou no dia 15 de maio, quando uma comissão especial formada por três engenheiros foi instaurada pelo prefeito Eduardo Paes para analisar os laudos que tratavam dos problemas do Engenhão. Depois de 23 dias, eles anunciaram que o estádio deveria ficar 18 meses fechado e que havia, sim, o risco de desabamento da cobertura.

O consórcio formado por Racional, Delta e Recoma disse, em comunicado, não ter recebido os laudos feitos pela comissão especial. Com isso, só vai se pronunciar oficialmente sobre o ocorrido depois de ter os documentos em mãos para analisar e tomar uma posição sobre a sua reponsabilidade na restauração da cobertura.

- O Consórcio Racional Delta Recoma, responsável pela primeira fase das obras do Estádio Olímpico João Havelange, confirma o recebimento da notificação da Prefeitura do Rio, mas esta não veio acompanhada do laudo da Comissão Especial designada pela Secretaria Municipal de Obras, que analisou os laudos e estudos técnicos relativos à citada construção. O consórcio aguarda cópia deste laudo para assim fazer uma análise minuciosa e tirar suas conclusões sobre as ocorrências apontadas na obra do Engenhão. Apenas após este fato o Consórcio Racional Delta Recoma irá se pronunciar sobre o caso - informou o comunicado.

Da mesma forma, o Consórcio Engenhão confirmou o recebimento da notificação, mas não deu uma posição sobre o caso. No entanto, fez questão de frisar que a comissão apontou erro de cálculo no projeto executivo como motivo da interdição.

- O Consórcio Engenhão informa que recebeu e está analisando a notificação da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro para adotar as ações necessárias. Não obstante, a Comissão Especial de Avaliação do Engenhão apontou que a causa que motivou a interdição do estádio decorreu de erro de cálculo do projeto executivo, não cabendo ao Consórcio a responsabilidade técnica. O Consórcio Engenhão ressalta que está acompanhando o caso com a mesma responsabilidade e comprometimento com que vem atuando desde 2007, após a entrega da obra - comunicou.

O Botafogo segue em silêncio sobre o assunto, e não há previsão de uma manifestação oficial. O clube cogita entrar com uma ação na Justiça para reparar os danos sofridos com a interdição do estádio e negocia para utilizar o Maracanã na sequência do Campeonato Brasileiro depois da Copa das Confederações.

No momento, o Engenhão vem sendo utilizado pela seleção da Itália, que disputará a Copa das Confederações e faz sua estreia na competição contra o México, domingo, no Maracanã. O Botafogo está de folga até terça-feira, quando os jogadores se reapresentam no estádio, apesar da interdição.

Por Fred Huber e Thales Soares Rio de Janeiro

Relatório de entrega do Engenhão apontava mais de 50 ações ignoradas


Vistorias relatavam parafusos soltos, peças amassadas e deformações 'acima da tolerância do projeto' do estádio feito para o Pan de 2007



Torcida do Botafogo promove um abraço em
torno do Engenhão (Foto: Thales soares)
Dois consórcios, cinco empresas e pelo menos três relatórios que apontavam falhas na montagem do estádio João Havelange. Esse é o início da conta de tantos problemas, além da pouca ou nenhuma manutenção que gerou um Engenhão interditado sete anos depois. O estádio, fechado para obras de reforços na estrutura do teto, já tinha série de recomendações para correções desde antes de ser entregue. Em 2006, 2007 e 2008, muitos dos atuais problemas do campo do Botafogo já eram conhecidos pelos consórcios construtores e pelos engenheiros do estádio.

Em 21 de julho de 2006, uma vistoria da empresa Alpha Projetos, do engenheiro Flavio D´Alambert, gerou um relatório com fotos e comentários a respeito de "deformações" e "não alinhamento" das estruturas da cobertura do estádio João Havelange. Pouco depois, em fevereiro e abril de 2007, uma nova vistoria constatou 56 ações pedidas, mas não realizadas, de um total de quase 70 no relatório chamado "Pendências da cobertura EOJH" (Estádio Olímpico João Havelange). O GLOBOESPORTE.COM teve acesso aos documentos, aos quais a comissão de avaliação do Engenhão, nomeada pela prefeitura, também tomou conhecimento durante a investigação para análise das causas e soluções para desinterdição do estádio.

Em outro relatório, denominado "Não Conformidades encontradas no Lado Oeste", o projetista do teto sugere série de intervenções imediatas e constata mais problemas na obra.

"É inquestionável que existem muitas deficiências na estrutura da cobertura do setor Oeste. Para além das que são visíveis nas fotografias obtidas pelo Consórcio II, nós pudemos observar outras, que se repetem em várias localizações. Encontramos: ligações com parafusos não instalados; peças não montadas; porcas não montadas e parafusos com comprimento insuficiente; parafusos mal instalados; peças empenadas; chapas torcidas", diz um trecho do relatório de 2007, assinado pela Alpha Projetos.

Foto de 2007 comparada à de uma semana atrás: problemas seguiram sem soluções (Foto: Divulgação)

À época, D´Alambert assinou a vistoria com pedido de "reparos e providências", mas ressaltou que "as não conformidades não oferecem risco de colapso da estrutura". Os engenheiros destacados para analisar o caso pela prefeitura afirmam, porém, que o erro foi de projeto.

- Levamos em conta todos laudos e memórias de cálculo. Um doente (o estádio) foi identificado. Agora fizemos uma ressonância magnética e constatamos os problemas - disse na coletiva de imprensa da sexta-feira passada o engenheiro Sebastião Andrade.

Para Flavio D´Alambert, se tivessem seguido as recomendações dos relatórios e o manual de manutenção, o estádio não teria chegado ao ponto de interdição.

- Em qualquer obra é normal encontrar não conformidades, que precisam ser corrigidas. Ainda mais numa obra complexa. Mas, até pelas fotos divulgadas pela prefeitura, é possível perceber que não foi feito quase nada para os reparos - explica D´Alambert.

No relatório de "Pendências da cobertura", a empresa do projetista constatou que pouco foi feito para realização de melhorias no estádio. Foram mais de 50 pontos descritos como "não realizados" e três "rejeitados" - quando o material colocado foi esmagado ou amassado. Em outro trecho, a vistoria supõe que a "anomalia, como não foi verificada deficiência de projeto, ocorreu durante o procedimento de içamento do módulo ou descimbramento."

A prefeitura do Rio diz que os problemas no estádio foram causados por erro de projeto. “O monitoramento de rotina realizado pelo consórcio teve continuidade e detectou falhas na cobertura do estádio, que poderiam oferecer risco à segurança dos frequentadores em determinadas condições. O laudo técnico embasa a recomendação de interdição estádio. Conforme apresentado, o erro não é de execução e sim de cálculo”, respondeu a prefeitura em nota.

Nessa segunda-feira, os consórcios Delta, Racional e Recoma, da primeira fase da obra, e Odebrecht e OAS, da segunda etapa, foram notificados pela prefeitura para iniciarem as obras de reforço na estrutura do Engenhão. As novas intervenções têm previsão de duração de 18 meses. Interditado desde fim de março, o Engenhão foi fechado após a prefeitura receber um relatório da empresa alemã SBP, que calculou até três vezes mais riscos de colapso na cobertura do que outras companhias do ramo, como a canadense RWDI e a inglesa BRE.

Por Raphael ZarkoRio de Janeiro

Meias se tornam artilheiros, e time joga conforme Oswaldo desejou

Sistema de jogo do treinador, que foi duramente criticado, mostra eficiência e treinador colhe os furtos do trabalho à frente do Botafogo



Oswaldo de Oliveira - Botafogo (Foto: Paulo Sérgio/LANCE!Press)
Oswaldo de Oliveira mantém suas
convicções no comando do Botafogo
(Foto: Paulo Sérgio/LANCE!Press)
A conquista de um título não foi a única mudança do Botafogo deste ano em relação ao do ano passado. Agora, o 4-2-3-1 de Oswaldo de Oliveira, que foi duramente criticado e quase posto de lado, mostra eficiência e o treinador colhe os frutos do seu trabalho e da insistência que teve com a tão criticada tática.

A principal mudança se reflete na evolução dos meias - principal engrenagem da tática de Oswaldo - na participação dos gols do Alvinegro. O artilheiro da equipe em 2013 é o uruguaio Lodeiro, com dez gols, seguido de perto por Seedorf - outro apoiador - e Rafael Marques, centroavante que por vezes recua para o meio de campo, ambos com oito gols marcados.

No ano passado, a artilharia do Glorioso ficou dividida entre os centroavantes Elkeson, Herrera e Loco Abreu, com 18, 15 e 12 gols, respectivamente. Por outro lado, os meias não faziam gols com tanta frequência. Tanto que o principal jogador de meio-campo na tabela de artilheiros foi o holandês Seedorf, que estreou no somente segundo semestre.

- Acho que se você ficar ali na frente parado, se torna um jogador mais fácil de ser marcado. Nos últimos dois jogos finalizei pouco, mas ajudei na marcação e dei passe para o  gol (contra a Ponte Preta). Isso que é o principal. Sempre falo que o importante é ajudar o Botafogo - afirmou o atacante Rafael Marques, que já fez dois gols no Campeonato Brasileiro deste ano, em entrevista à Rádio Brasil.

Durante o Brasileirão do ano passado, - criticado - Oswaldo chegou a admitir uma mudança de esquema e usar dois atacantes de ofício na equipe. Hoje, com o bom momento do Botafogo, pouco se ouve esse pedido. Sintoma que a “teimosia” de Oswaldo de Oliveira deu certo.


Leia mais no LANCENET! 

Botafogo tem reunião sobre o Maracanã marcada para quinta-feira


Clube quer saber do consórcio vencedor da licitação as condições para utilizar o estádio no Brasileiro depois da Copa das Confederações



Maracanã: Bota espera levar clássico com o
Fuminense para o estádio (Foto: AFP)
Com a informação do prazo de fechamento do Engenhão (ao menos 18 meses), o Botafogo começa a se estabilizar na busca por uma casa para a disputa do Campeonato Brasileiro. O palco preferido ainda é o Maracanã e uma reunião está marcada para quinta-feira, quando haverá a segunda conversa com o consórcio vencedor da licitação do estádio.

Nesta reunião, o Botafogo espera conhecer as possibilidades existentes de acordo para atuar no Maracanã em alguns jogos no Campeonato Brasileiro. Outras praças já fizeram propostas ao clube, como Brasília, mas por enquanto a ideia é permanecer no Rio, como prefere o departamento de futebol.

O Botafogo está sem o Engenhão desde o dia 26 de março, quando foi interditado pela Prefeitura do Rio. Na sexta-feira, a divullgação do prazo de 18 meses para corrigir o problema da cobertura pegou o clube de surpresa, o que criou a necessidade de agir rapidamente.

Por enquanto, o Botafogo tem atuado como mandante em Volta Redonda, onde tem bom aproveitamento e venceu os dois jogos disputados no local pelo Campeonato Brasileiro. O primeiro cofronto depois da paralisação para a Copa das Confederações será contra o Fluminense, no dia 7 de julho, ainda sem local definido.

Com relação ao procedimento a ser tomado em razão do fechamento do Engenhão, a diretoria do clube ainda vai se reunir para tratar do assunto. É possível que entre com uma ação na Justiça para pedir ressarcimento por causa da impossibilidade de utilizar o estádio para jogos.

Por Fred Huber e Thales Soares Rio de Janeiro