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sábado, 14 de dezembro de 2013

Ídolos do Botafogo festejam vaga na Libertadores após 17 anos de espera



Grandes nomes da história do clube ressaltam a importância de o time ser reforçado para fazer uma boa campanha na competição mais importante da América em 2014




Os torcedores do Botafogo em todo o Brasil estão eufóricos com a classificação para a Libertadores de 2014. A vaga foi assegurada após o Lanus derrotar a Ponte Preta na final da Copa Sulamericana. Quarto colocado no Campeonato Brasileiro, o clube de General Severiano dependia do triunfo argentino para entrar na fase preliminar do torneio. Além da torcida, grandes ídolos da história também vibraram muito com a volta do Glorioso à competição mais importante do continente, um objetivo que era perseguido há 17 anos e que agora finalmente se tornou realidade. É o caso do ex-zagueiro Gonçalves, que esteve em campo na última participação Alvinegra na Libertadores, em 1996 (veja o jogo contra o Grêmio no vídeo).




- Torci muito para que o Botafogo tivesse novamente esta oportunidade para ter uma maior visibilidade no cenário internacional. O clube vinha fazendo bons Brasileiros, mas acabava ficando fora na reta final. Felizmente, a equipe este ano teve fôlego para ficar nesta quarta colocação. Participei da última campanha do clube na Libertadores. Foi uma experiência bacana. Na época fizemos uma boa primeira fase contra os times chilenos, mas acabamos sendo eliminados nas oitavas pelo Grêmio, que acabou sendo campeão. Fizemos jogos equilibrados contra eles. Empatamos no Rio (1 a 1) e perdemos em Porto Alegre (2 a 0).

Outro grande nome do Glorioso, o ex-atacante Jairzinho, também exaltou o retorno do clube pela importância da competição.

- O Botafogo está de parabéns, pois desde 1996 estava buscando este objetivo. Todos os clubes grandes, como o Botafogo, sempre almejam grandes conquistas como a Libertadores e o Mundial. O clube voltou com mérito, já que liderou parte do Brasileiro.

Jairzinho exalta o retorno do Glorioso à Libertadores (Foto: Divulgação)

Feliz com a participação do Botafogo na Libertadores do ano que vem, o ex-atacante Donizete diz que a diretoria precisa manter a base do elenco e fazer contratações pontuais, mas de impacto, para reforçar o time, já que é uma competição que requer regularidade por parte das equipes.


- A Libertadores exige experiência, ainda mais de clubes como o Botafogo, que não têm tantas participações - analisa ele, que participou da campanha de 1996 e foi campeão do torneio em 1998 pelo Vasco.


Apoio da torcida

Na opinião de Gonçalves, a classificação premia o bom trabalho feito ao longo destes dois anos pelo Osvaldo de Oliveira, fazendo uma mescla de jovens promessas com jogadores experientes como Seedorf, Jefferson e Bolivar. No entanto, ele também alerta sobre a importância de o Alvinegro fazer um bom planejamento para que possa fazer uma boa campanha e voltar a brilhar no cenário internacional.

- É preciso contratar uns três jogadores de peso, com experiência de Libertadores, pois a garotada tem qualidade, mas não tem bagagem. Prova disso é que mesmo terminando em quarto no Brasileiro, o time oscilou bastante ao longo da competição.


O eterno Furacão da Copa tem o mesmo pensamento:

- Para ter sucesso na Libertadores é necessário ter um elenco forte em todas posições, pois as contusões, expulsões e suspensões são inevitáveis. Estamos falando de uma competição com nível superior até mesmo ao Campeonato Brasileiro, com times experientes e de tradição de outros países. Daí a necessidade de um bom planejamento.


Para os botafoguenses mais supersticiosos e defensores da crença de que "há coisas que só acontecem com o Botafogo", uma boa inspiração para o clube em 2014 pode ser o título da Conmebol, que o Glorioso conquistou em 1993, no Maracanã, após derrotar na final o Penãrol na disputa de pênaltis por 3 a 1 - tempo normal acabou empatado em 2 a 2, enquanto que no primeiro jogo disputado no Uruguai também houve empate em 1 a 1. Mesmo com uma equipe sem grandes estrelas, o time Alvinegro conquistou a taça sob o comando do experiente técnico Carlos Alberto Torres.

Mesmo assim, além de um time forte e competitivo, Gonçalves ressalta como pontos fundamentais para o Glorioso fazer uma boa campanha saber utilizar o fator campo e a presença da torcida.

- O torcedor vai precisar dar um crédito e ter uma participação maior no estádio para incentivar e fortalecer a equipe. Os times argentinos e uruguaios, como Boca Juniors, River Plate, Nacional e Peñarol se tornaram fortes nesta competição justamente por aproveitarem muito bem o fator campo e a pressão da torcida quando jogam em casa. O próprio Grêmio, talvez até mesmo pela proximidade com estes países, faz isso muito bem.

Gonçalves Botafogo em Florianópolis (Foto: Globoesporte.com)
Segundo Jairzinho, que conquistou a Libertadores de 1976 pelo Cruzeiro, Oswaldo está de parabéns pelo trabalho realizado, que garantiu para o Glorioso um título carioca e a vaga na Libertadores. Porém afirma que isto já faz parte do passado e que o novo treinador terá ainda mais trabalho.

- Cada técnico tem uma filosofia, um método de trabalho. Quem entrar vai ter uma responsabilidade ainda maior, pois vai participar de uma competição importante. Neste caso será fundamental ele ter uma forma de jogar no Carioca e outra para atuar na Libertadores.

Já o Pantera considera que a fase preliminar da Libertadores pode ser um bom teste para o Alvinegro chegar na fase de grupo com o time mais acertado.

- O Botafogo não tem que ficar escolhendo adversário. O clube precisa montar um time competitivo em condições de brigar com qualquer um. Todas as equipes entram pra vencer e com o Alvinegro não pode ser diferente.

Donizete considera que fase preliminar da Libertadores pode ser um bom apronto para o Botafogo (Foto: Daniel Cardoso)

Por Eduardo de SousaRio de Janeiro

De Seedorf a Libertadores, vice de futebol do Bota abre o jogo para 2014


Chico Fonseca diz que holandês está nos planos do clube, considera sorteio do grupo positivo e não prevê chegada de nomes de impacto para a próxima temporada



Chico Fonseca fala em responsabilidade
administrativa para 2014 (Foto: Divulgação)
O Botafogo já vem se preparando para transformar 2014 em um grande ano para o clube com a volta para a Taça Libertadores depois de 17 anos de ausência. O vice-presidente de futebol, Chico Fonseca, mostra confiança no que vem sendo feito, no elenco já formado e garante entrar em qualquer competição para conquistar o título.

Apesar da grande questão sobre o futuro de Seedorf, Chico diz que o holandês está nos planos para o ano que vem. Ele ainda explicou a decisão sobre a saída de Oswaldo, considerou o sorteio dos grupos da Taça Libertadores positivo e afirmou que dificilmente haverá alguma contratação de impacto.

- Sem chance. A não ser que o nome de impacto concorde com os números do Botafogo - disse Chico Fonseca, em entrevista ao GloboEsporte.com.

Por enquanto, a única contratação bem encaminhada é a de Jorge Wagner, que está disputando o Campeonato Japonês com o Kashiwa Reysol e já assinou um pré-contrato com o Botafogo. Confira a entrevista com o dirigente falando sobre os planos para 2014 e explicando as decisões tomadas neste fim de temporada.

Libertadores

- O sorteio foi bom. Caso a gente passe pelo Deportivo Quito (na pré-Libertadores), o grupo que teremos pela frente é interessante, mas quem quer ganhar a Libertadores não pode escolher adversário nem onde vai jogar. Entro em todas as competições para ganhar. Jogar para participar não faz parte do meu perfil, nem do da diretoria. Se vai ganhar é outro detalhe.

Cautela financeira

- O que a gente fez com bastante sucesso foi tentar manter o elenco o máximo possível na medida do planejamento que discutiu desde o ano passado. Temos as peças principais e uma espinha dorsal que deve continuar. Na minha opinião, o Botafogo chegou aquém do que a gente esperava. Esperávamos mais do que o quarto lugar. Tem elenco e tinha para ganhar o campeonato, mas por diversos fatores que foram acontecendo ao longo do ano não conseguimos chegar. Estamos tentando manter o elenco e trazer alguns reforços, sempre pensando que deve haver responsabilidade administrativa para gerir, principalmente agora com o programa que vai substituir a Timemania e terá penalidades técnica pesadas. Da mesma forma que se faz com qualquer empresa, o clube não poderá gastar mais do que arrecada. É pensar cada vez mais em custo beneficio, gastando dentro do orçamento e com eficiência. Com uma folha mediada, o Botafogo conseguiu fazer isso e chegou ao quarto lugar. Vamos procurar ter mais eficiência.

Seedorf

Pode ser que resolva a vida de outra forma, mas acho difícil. Tem contrato vigente e acho que vai cumprir. Vamos chegar a uma conclusão na volta (de Seedorf).
Chico Fonseca


- No nosso planejamento está a permanência dele. Seedorf tem contrato com o Botafogo até o meio do ano que vem. Nós não chegamos a conversar detalhadamente sobre o que vai acontecer, mas temos na cabeça o necessário para que se prorrogue um pouco o contrato para cobrir toda a Libertadores. Quando o contrato termina e não vai até a final da última partida do calendário é preciso sentar e conversar na hipótese de ele querer ficar. Pode ser que resolva a vida de outra forma, mas acho difícil. Tem contrato vigente e acho que vai cumprir. Vamos chegar a uma conclusão na volta dele. Quando assinou com a gente, pediu que fosse dessa forma, pois havia feito assim ao longo da carreira. Mas o calendário brasileiro é diferente.

Oswaldo

- Oswaldo foi um consenso. Chegamos a um entendimento, pois havia um ciclo de trabalho que já tinha chegado ao seu limite, havia desgaste com jogadores, comissão técnica, diretoria, isso é natural como em um casamento. No futebol, mais ainda, pois envolve paixão e emoção. Semanalmente você está sofrendo à espera de um momento de alegria. O sentimento da torcida passa para o vestiário. É uma profissão extremamente emocional. Foram dois anos no clube basicamente com a mesma comissão e os mesmos jogadores. Só aconteceram mudanças pontuais. Estava na hora de Oswaldo mudar de ares. Ao longo do ano já vinha recebendo propostas e foi permanecendo. A gente sabia que ele era importante e foi. Ajudou a revelar jogadores da base e reconhecemos isso.

Novo técnico

- Ainda não foi resolvido. O Eduardo Húngaro, como qualquer outro de fora, está sendo analisado. Estamos discutindo nomes em função de salário, tempo de contrato, várias coisas.

Reforço de peso

- Sem chance. A não ser que o nome de impacto concorde com os números do Botafogo. Estamos conversando com alguns empresários de atletas de impacto, mas há diferença entre a proposta e o que eles querem. Se houver acordo, alguém vai ter que ceder muito e não vai ser o Botafogo. Não podemos prometer o que não podemos cumprir. Por isso, quem veio para o Botafogo renovou o seu contrato, como o Bolívar, que só jogou em clubes de alto nível e está acostumado com compromissos em dia. Renovou porque confia e acredita no trabalho.


Demissões na comissão técnica


- O processo de reformulação do departamento de futebol não começou hoje, mas em 2012, quando a diretoria do Botafogo passou a juntar a base com o profissional. Depois da minha chegada como vice de futebol, em setembro de 2012, intensificamos essas modificações, que eram planejadas e foram analisadas ao longo de um tempo. Analisamos todo um desempenho e várias situações. Fomos fazendo as modificações em relação a profissionais. Quando entra um médico, por exemplo, pode ter alguém que não queira continuar e ache melhor mudar. Nem sempre é o clube que toma essa decisão. Não poderíamos virar o balde e mandar todo mundo embora, até porque nem todo mundo é excelente que tenha que ficar, nem tão ruim que tenha que sair. Os profissionais do Botafogo são do maior gabarito. É o mesmo caso do Oswaldo. Ao longo do período, vai havendo um desgaste natural. Vitórias e derrotas contribuem para isso e criam arestas. Uma roda quadrada não gira e é de incumbência do gestor acabar com isso e decidir sobre demissões e saídas. Tomamos providências, mas nada que afete a filosofia do departamento.

Saídas e chegadas

- Queremos usar jogador como moeda de troca. A gente quer manter boa parte do elenco, mas 10% ou 15% podem sair nos ajudando a contratar algum outro jogador. Não é nossa intenção vender ninguém. Dentro do planejamento para 2014, apesar das dificuldades, não existe essa previsão de equilibrar o orçamento com venda do atual elenco. A gente consegue passar o ano com outros efeitos que não com venda. Um caso como o do Vitinho não posso evitar. Não tenho como impedir que um jogador seja assediado, receba uma fortuna para ir embora. Estamos em um país livre. Minha saída é oferecer um salário maior ou igual, mas não tenho condição. Isso é mercado.

Por Thales Soares Rio de Janeiro