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quarta-feira, 5 de abril de 2023

Presidente do Botafogo na Conmebol de 93 lembra histórias e vê chance de taça em 2023



Mauro Ney Palmeiro conta bastidores da montagem do elenco campeão continental, único título internacional do Glorioso no Maracanã



O Botafogo começa nesta quinta-feira a caminhada na edição de 2023 da Copa Sul-Americana, tentando repetir um feito que está perto de completar 30 anos: conquistar o segundo título continental mais importante da América do Sul, como fez a equipe de Sinval, Eliel, Perivaldo e companhia em 1993, ao vencer o Peñarol nos pênaltis no Maracanã.




Em 1993, Botafogo vence o Peñarol nos pênaltis e é campeão da Conmebol (https://ge.globo.com/video/em-1993-botafogo-vence-o-penarol-nos-penaltis-e-e-campeao-da-conmebol-3015272.ghtml)


Presidente do clube na conquista daquela Copa Conmebol, Mauro Ney Palmeiro, que assumiu o clube em meio à renúncia de Emil Pinheiro após a perda do título brasileiro de 1992 para o Flamengo, lembrou como foi a montagem daquele elenco.


- A montagem do elenco, nós pedimos o apoio de uma pessoa que se diz tricolor, mas é muito botafoguense, que é o Gerson Canhotinha de Ouro (risos). Ele nos ajudou muito, foi ver quais os jogadores que poderiam ser aproveitados imediatamente no profissional. O Gerson foi lá, assistiu vários treinos e nos disse que Willian, goleiro, André, Cláudio, Rogério, Clei, André Silva, Moisés, Nelson, Marcelo e Marcos Paulo poderiam ser aproveitados imediatamente no time principal, que dariam conta do recado, e que o Botafogo precisaria de uns quatro ou cinco reforços, que foram trazidos.


"No caso, o Perivaldo, que veio do Pelotas, e três jogadores do São Paulo: Eraldo, Eliel e Sinval. Do Londrina, vieram Carlão e Alécio. Assim foi feito o time. Um time modesto, mas um dos mais intensos da história do Botafogo. Não tinha bola perdida para aqueles jogadores", completou.


O caminho do Glorioso na Conmebol começou contra o Bragantino, campeão paulista de 1992 sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, mas que vinha tentando se reestruturar e entrosar, após perder o treinador e ter mudanças no elenco.


- O sorteio da Conmebol era semidirigido. Ildo Nejar nos ajudou muito, porque conhece tudo de Conmebol. O Botafogo caiu na chave que desejava porque o brasileiro que era dessa chave era o Bragantino, que vinha de um título paulista, em 1992, mas estava se reestruturando, havia emprestado vários jogadores, eles estavam voltando, era início de temporada, não tinham se entrosado novamente - lembrou Palmeiro.


Após duas vitórias sobre os paulistas, o time carioca avançou para as quartas, em que enfrentou o Caracas e depois para a semifinal, contra o Atlético-MG. No primeiro jogo, no Mineirão, contra o Galo, derrota por 3 a 1, mas na volta, vitória por 3 a 0 e vaga na decisão. Perguntado sobre em qual jogo começou a vislumbrar o título, Mauro Ney foi taxativo:


- A volta da semifinal contra o Atlético-MG, aqui no Caio Martins, quando devolvemos os 3 a 1 que eles fizeram no Mineirão com um 3 a 0. No Caio Martins, fizemos um gol aos 38 do segundo tempo, talvez um dos mais bonitos que eu vi na vida. Cruzamento do Perivaldo na direita, como ela veio o Eliel pegou. Era um craque, que nos foi emprestado pelo São Paulo. Fundamental na nossa conquista. Pegou de primeira, foi um golaço. Esse gol nos deu a classificação para a final contra o Peñarol - destacou.





Mauro Ney Palmeiro com a réplica da taça da Copa Conmebol de 1993 — Foto: Giba Perez



Imbróglio no aeroporto

A primeira partida da final contra o Peñarol foi no Uruguai. Empate em 1 a 1 com gol de Perivaldo. Mas a volta não foi tranquila. Em meio à transição da moeda no Brasil para o Real, o elenco do Botafogo quase ficou preso no aeroporto de Montevideo.


- Na volta do jogo contra o Peñarol fomos barrados no aeroporto porque não tínhamos como pagar. Não lembro se nossas notas estavam carimbadas ou não. Quem chega para dar um abraço no Carlos Alberto [Torres]? O lateral do São Paulo, [Pablo] Forlan. Se não fosse ele, talvez a gente estivesse lá até hoje (risos). Ele resolveu tudo no aeroporto - revelou.


No Maracanã, novo empate, dessa vez em 2 a 2, e o drama da disputa de pênaltis. Com Willian brilhando sob as traves e os cobradores precisos, o Botafogo venceu por 3 a 1 e se sagrou campeão.


- Nossos pênaltis foram muito bem batidos e debaixo das traves estava o Willian, um goleiraço que o Botafogo teve. Grande goleiro Willian Bacana - exaltou o ex-presidente.





Jogadores do Botafogo erguem a taça da Copa Conmebol de 1993 — Foto: Julio Cesar Guimarães / O Globo



Chance do bi?

A história em 2023 é bem diferente da de 30 anos atrás, o elenco modesto deu lugar a uma das maiores folhas salariais do Brasil graças ao investimento do empresário americano John Textor, que comprou a SAF do Botafogo em 2022. Mas o dinheiro, por si só, não garante nada.


Eliminado do Carioca antes da semifinal, o time e, principalmente, o técnico português Luís Castro se veem pressionados já neste começo de ano por um melhor desempenho para repetir o título continental. Segundo Mauro Ney, o clube tem o que precisa para ficar com a taça.


- O time é bom, não é ruim. Tem bons jogadores. Mas está faltando alguma coisa, sinto isso. O Botafogo fez boas apresentações esse ano e deu uma queda agora. Tem a camisa. A camisa é importantíssima. Tem potencial sim, mais um ou dois jogadores e o time está pronto, não tenha dúvida disso não.


O Botafogo estreia na Copa Sul-Americana de 2023 nesta semana. A equipe viaja para o Chile para encarar o Magallanes na primeira partida da do torneio continental, às 21h. No grupo, ainda enfrentará a LDU e o Universidad César Vallejo, que é treinado pelo uruguaio Loco Abreu.




"Não tem muito para elogiar no Botafogo", diz Pedro Dep | A Voz da Torcida (https://ge.globo.com/futebol/voz-da-torcida/video/nao-tem-muito-para-elogiar-no-botafogo-diz-pedro-dep-a-voz-da-torcida-11501349.ghtml)


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Fonte: GE/Por Giba Perez — Rio de Janeiro